Tag: Matrix

  • Crítica | Matrix Revolutions

    Crítica | Matrix Revolutions

    Crítica Matrix Revolutions

    Matrix Revolutions é o terceiro filme da saga idealizada pelas irmãs Wachowski, e carrega muitas expectativas, em especial, ter que fechar as pontas soltas de Matrix Reloaded, dar sequência aos conceitos filosóficos primordiais de Matrix e pincelar questões ligadas a aceitação de gênero. Todas essas resoluções teriam de ocorrer em pouco mais de duas horas. Se perder em meio a essas demandas é fácil.

    Filmado em conjunto com Reloaded, o longa se inicia em um cenário de limbo, com o Neo (Keanu Reeves) aguardando seu destino enquanto seus amigos tentam resgatá-lo, num conceito bem mais filosófico que as brigas envolvendo Trinity nos dois primeiros. Este trecho é obviamente um paralelo com o purgatório, lugar onde as almas se preparam para o julgamento de danação ou paraíso segundo a fé cristã católica. Este momento serve para lidar com a obsolescência dos programas, e para ratificar o sentimentalismo e “humanidade” desses seres.

    Se a Matrix é programada para domar os homens e precisa se alimentar das emoções deles em um esquema de vida falso, mas que necessita ser congruente para quem nela vive, pode-se dizer que é preciso sensibilidade para equilibrar tudo. Se as máquinas têm anseios e sentimentos, seria natural que os programas do simulacro também fossem igualmente sentimentais, que tivessem desejos e inseguranças. O conceito de um casal de programas, querer que sua filha (Sati) viva apesar da programação de destino fatal relegado a eles faz sentido, e conversa bem com o segmento O Segundo Renascer, do compilado de animações Animatrix, lançado em 2003. Se conceitos relacionados ao potencial de Merovingio e Persephone são abandonadas nesta parte, essa questão é um ponto positivo, e conversa bem com a condição do Agente Smith (Hugo Weaving), já que após sua derrota ele se reinventa, e age como um vírus predatório. Esses programas buscam viver a todo custo, assim como Roy Batty em Blade Runner, buscam se adaptar e seguir vivos, mesmo que essa condição comprometa o funcionamento básico da matrix.

    O subtexto mais rico certamente tem a ver com a transição de gênero. A jornada de Neo não é só um paralelo com Cristo, há a percepção que sua identidade no mundo real também não é “verdadeira” quanto deveria ser. Para muitos, o fato dele ter poderes fora da Matrix é incongruente ou é a demonstração cabal de que Zion era outra camada de simulação, hoje faz  mais sentido comparar isso com a descoberta da identidade, no caso de Neo sua relação com os poderes, enquanto para as diretoras têm toda a conotação de gênero. A Matrix não permite que Neo tenha poderes não por ele estar acima do código-fonte, mas por conta das habilidades que ele sequer tem consciência. Para acessar essa condição, Neo precisou se entender, descobrir quem ele era, assim como ocorreu com as cineastas anos depois.

    Da parte da ação houve um salto de qualidade. Os confrontos melhoraram muito entre Reloaded e Revolutions, inclusive no que toca o agente Smith. Foram utilizados mais dublês e efeitos práticos, além de mais cenas noturnas que disfarçam melhor as fragilidades dos efeitos em computação gráfica. Outro bom ponto são as batalhas em Zion, que lembram animes de mechas e robôs gigantes, tais como Gundam. Aqui também se dribla a máxima de batalha em várias frentes carente de emoção, diferente de outros filmes, é fácil ter empatia pelos humanos nessas lutas.

    Essa terceira parte também faz justiça a Niobe (Jada Pinkett Smith). Sua jornada é bem pontuada e mesmo com pouco tempo de tela se percebe a difícil decisão que ela teve que tomar. Trinity também é valorizada, sua relação com Neo é mostrada como um grande pilar na franquia, e Carrie-Anne Moss está de novo muito bem.

    Matrix Revolutions não é um fechamento ideal, mas a decisão de Neo em estabelecer a paz entre os dois povos guerreiros é sábia, mostra que seus poderes enquanto paralelo de Cristo não são só de onipotência, mas também de conhecimento e sabedoria, finalizando bem seu papel de sacrifício. Ao menos nesse ponto o roteiro seguiu tão inspirado quanto o filme original, e certamente essas continuações seriam melhor construídas caso houvesse um espaço de intervalo maior entre elas.

  • Crítica | Matrix Reloaded

    Crítica | Matrix Reloaded

    Crítica Matrix Reloaded

    Matrix foi um sucesso estrondoso e mudou os paradigmas do cinema de ação. Natural que continuações surgissem, e em 2003 Matrix Reloaded foi anunciado em conjunto com sua continuação, Matrix Revolutions, ambos gravados simultaneamente. Segundo as irmãs Wachowski, a história sempre foi pensada para ser uma trilogia, embora o primeiro filme tenha um fechamento satisfatório.

    O início desse remete ao primeiro, com uma cena de ação com Trinity (Carrie-Anne Moss) em um momento de perigo iminente, com uma possibilidade de fracasso ligeiramente provável. Essa sequência é breve, e serve para mostrar que as lutas com arame seguem bem feitas e, em contrapartida, também prevê o uso de computação gráfica mais extensivo nessa parte da saga, quase sempre com problemas.

    No primeiro filme, a cidade dos humanos, Zion, é apenas citada. Já aqui é um cenário grande, belo à sua maneira, mesmo que seja paupérrimo, com famílias amontoadas em pequenas baías que se assemelham ao cenário favelizado dos morros cariocas e em diversos outros lugares suburbanos nas metrópoles do mundo. A liberdade de escolha tem um preço.

    Muito se reclama a respeito dos roteiros das sequências, mas a realidade é que os paralelos com as mitologias e religiões segue sendo um ponto bem explorado. Entre eles está na adulação que boa parte dos habitantes de Zion fazem a Neo, tratado realmente como uma figura divina, inclusive com sacrifícios e oferendas. A reação que Keanu Reeves tem a esses momentos de agradecimento surpreende pelo desempenho do intérprete, conhecido por não ter dotes dramáticos tão valorosos, a exemplo de Drácula de Bram Stoker, mas o destaque maior está obviamente na referência ao culto a personalidade, denunciado por Cristo, mas tão presentes nas religiões.

    Outro fator é a figura de Morpheus como o profeta que prepara a vinda do Messias. Laurence Fishburne ratifica e evolui sua variação de João Batista. Tal qual era o primo carnal de Cristo que anunciava a vinda do Escolhido à Terra, ele segue auxiliando o Salvador. Batista vivia no deserto se alimentando de gafanhotos e mel, enquanto Morpheus no primeiro Matrix se alimenta sem luxos, de forma precária e ainda arrasta os seus seguidores da Nabucodonosor a fazer o mesmo. Aqui outro sacrifício também é mostrado, já que ele abriu mão da relação com Niobe (Jada Pinkett Smith), cortando os vínculos carnais.

    Há muitos bons conceitos, como a expansão dos programas, representados de forma complexa, com anseios humanos, como também os novos personagens introduzidos que ajudam a expandir a mitologia da série de filmes, ainda que muitos deles não tenha nenhum aprofundamento. Outro destaque fica para as cenas de ação, em especial a de perseguição na auto-estrada, certamente o ápice emocional do filme. O segmento põe à prova toda a extensa preparação do elenco que durou oito meses, e isso é visto nos momentos de luta, como nos choques de carros e perseguições que resgatam os clássicos Bullit e Operação França, em um circuito de cinco quilômetros, feito exclusivamente para a produção.

    Há muitas fragilidades no filme, em especial o primeiro embate de Neo com a nova versão do Senhor Smith. Um produto que foi tão bem cuidado não merecia uma computação gráfica tão artificial quanto esta, e isto resume os problemas de Matrix Reloaded, um produto mal-acabado tecnicamente, imaturo enquanto história solo e pouca dramaticidade. Tudo parece mecânico e presunçoso, e essa é uma história de homens, não de máquinas.

     

  • Crítica | Animatrix

    Crítica | Animatrix

    Crítica Animatrix

    Após o sucesso de Matrix muito se produziu a respeito desse universo. O longa cooperativo Animatrix certamente foi a mais acertada dessas empreitadas e gerou uma certa unanimidade entre os aficionados pela obra das irmãs Wachowski. A produção reúne nove histórias curtas conduzidas por mestres da animação japonesa, segmento que inspirou demais o roteiro e abordagem visual vista do filme de 1999.

    O Voo Final de Osíris, começa com uma batalha de espadas simulada entre um casal que tripulam a nave Osíris. O segmento eleva o conceito da Mulher de Vermelho para algo além. Se no filme das Wachowski o personagem Mouse fantasiava com sua criação, aqui há um paralelo com o sexo já na introdução, com os personagens usando suas lâminas para simular um combate, mas também para tirar a roupa um do outro, mostrando que a liberação da libido é um elemento fundamental nessa saga.

    A ação  não demora a ocorrer, com um ataque de Sentinelas a Zion e a animação em 3D funciona à perfeição, ao contrário de Matrix Reloaded, méritos claros a Andrew R. Jones que trouxe a equipe responsável pelo filme  Final Fantasy, e conseguiu mostrar suas qualidades — anos depois ele ganharia o Oscar de efeitos visuais por Avatar e Mogli: O Menino Lobo.

    As acrobacias, violência e a ideia da rivalidade entre homem e máquina ganham muito sentido aqui, e esse é sem dúvida o modo ideal de explorar o universo de Matrix. As histórias curtas e com personagens que não estão nos filmes dá a dimensão de como esse mundo é único.

    Outro bom segmento é O Segundo Renascer. Seu início é psicodélico, abusando de cores gritantes para mostrar o começo dos conflitos dos autômatos com a humanidade. Retirado dos arquivos de Zion, se nota que a revolta dos mecânicos se deu por conta da escravidão. Questões como segregação são levantadas e mostradas de maneira simples e sem rodeios.

    O curta, dirigido por Mahiro Maeda, conhecido por Blue Submarine Nº. 6 tem bons elementos de ficção científica, fazendo alusões a conceitos de Isaac Asimov, ainda que referencie a revolta das máquinas, algo que o autor de Fundação não gostava de abordar, mas aqui além de ser palatável ao grande público, ainda evita arquétipos bobos ou maniqueístas.

    Há elementos de temática samurai no segmento Era Uma Vez um Garoto, de Shinichiro Watanabe, e O Robô Sensível, de Peter Chung. Cada um deles se dedica a desmistificar o universo de Matrix, tornando-o menos pueril, mostrando que na briga entre humanidade e máquinas, não há apenas um lado certo, e sim uma complexa e intensa relação problemática.

    Animatrix expande o universo e gera boas discussões. Um bom exercício imaginativo e especulativo, e poderia ser repetido mais vezes, de maneira estendida como há muitos anos se promete.

  • Crítica | Matrix Ressurrections

    Crítica | Matrix Ressurrections

    Crítica Matrix Ressurrections

    Matrix Ressurrections é o quarto filme da saga iniciada em Matrix, lançada 18 anos após o terceiro volume da saga, Matrix Revolutions. Todo seu material de divulgação dava conta da possibilidade de um reboot, com elementos que ressuscitariam os conceitos da trilogia original.

    É bem difícil falar a respeito da obra dirigida por Lana Wachowski — Lilly não quis retornar por motivos pessoais — sem falar a respeito dos rumos narrativos da história. Contudo, há uma ideia que beira o genial na história e que faz um bom comentário metalinguístico, especialmente no que envolve o personagem de Keanu Reeves. Associar os eventos da trilogia a outro tipo de simulação é bastante válido, e gera momentos verdadeiramente hilários.

    Fora isso, os novos personagens são em sua maioria muito divertidos e icônicos, e até melhor aproveitados do que na versão de 1999, onde a maioria da trupe comandada pelo Morpheus de Laurence Fishburne são apenas estilosos, e não tem muita importância ou tempo de desenvolvimento.

    Outra questão bastante positiva é a fotografia, assinada por Daniele Massaccesi, que já vinha trabalhando como operador de câmera em filmes com as Wachowsky e com o diretor Ridley Scott, além do veterano John Toll de Coração Valente, Além da Linha Vermelha e também A Viagem, O Destino de Júpiter e Sense8, produções das diretoras que criaram Matrix. A mudança nas cores da simulação, saindo o verde dos códigos para o azul semelhante a pílula também serve bem como um comentário a respeito da mudança de abordagem desta parte da saga.

    Jessica Henwick, Yahya Abdul-Mateen II e Jonathan Groff estão muito bens em seus papéis, até Pryanka Chopra Jones, introduzida em segundo momento, é bem utilizada. Carrie-Anne Moss e Jada Pinkett Smith também acrescentam bastante em seu retorno, o ponto negativo na atuação recai sobre Neil Patrick Harris, que varia entre o personagem discreto e o canastrão sem nuances, e nem a desculpa de programação salva esse desempenho.

    Após Neo fazer um acordo com as máquinas para que deixasse a humanidade de Zion em paz no final do último filme da trilogia acompanhamos o desenrolar desse ato. Esse armistício tem um bom desenvolvimento, e ver como o quadro evoluiu é uma boa surpresa, tanto visualmente quanto em conceito, dado que boa parte da política mostrada aqui foi plantada nos filmes anteriores. O problema mesmo é a função de Neo na simulação.

    O personagem de Reeves era o escolhido, como Jesus Cristo que se entregou em sacrifício para derrotar um vírus. No entanto, nesta versão o personagem estar na posição em que inicia o filme, com tanto acesso a questões que lembram o funcionamento de um simulacro, não faz nenhum sentido. Se é preciso que se mantenha um inimigo por perto, não faz sentido dar-lhe recursos que podem ser encarados como armas.

    Importante lembrar que na gênese do projeto Matrix, as irmãs Wachowski queriam que os humanos fossem como computadores. Em conversa com os estúdios se decidiu que seriam baterias. A opção deste novo filme de aludir a isso, mesmo que de forma não literal é ótima, pois além de remeter a ideia original, ainda traz novas camadas para a discussão. Visto que a mente humana tem maior capacidade criativa que uma máquina, faz todo sentido utilizar no simulacro a força e esforço criativo a favor da simulação, ao invés de apenas consumir a energia oriunda dela.

    O filme reforça o subtexto sobre assumir a real identidade de maneira ainda mais certeira, com todo o roteiro sendo menos sutil que na trilogia original. Isso poderia ser encarado como algo ruim, mas já que boa parte do público julgou mal alguns dos conceitos de Matrix Reloaded e Revolutions, é bom que esteja aqui para não haver dúvidas.

    A solução final de Matrix Ressurrections é apressada, e parece ser uma sina em tudo que envolve a série pós-1999, mas as atuações, atmosfera cyberpunk e as cenas de ação lembram os momentos áureos do cinema das Wachowsky, e trazem um bom fôlego ao filme.

  • Crítica | Matrix

    Crítica | Matrix

    Duas décadas após seu lançamento, Matrix continua atual em linguagem e temática, embora se baseie demais no conceito de Complexo de Frankenstein – tão criticado por Isaac Asimov. As primeiras sequências de ação envolvem Trinity (Carrie-Anne Moss), que após se ver cercada diante da polícia, consegue se desvencilhar facilmente através de golpes graciosos, que desafiam a gravidade e maximizados pelo bullet time de das irmãs Lilly e Lana Watchowski.

    A ação ainda melhoraria consideravelmente com o acréscimo dos agentes liderados por Smith (Hugo Weaving). Após a fuga da moça, o vilão já sabe da existência de Neo antes mesmo dele aparecer. Quando o protagonista messiânico surge já estão estabelecidas as referências visuais da série. Aliás, importante que se diga, as referências com o cristianismo em Matrix só não são mais manjadas e amplamente conhecidas quanto o didatismo da “Jornada do Herói”, de Joseph Campbell, no entanto, outra temática fica de lado a quem normalmente analisa este roteiro. O Complexo de Frankenstein está posto como pilar da história, e nada mais natural, afinal se trata de um conflito entre humanos e máquinas, mas o conceito da matrix envolve um simulacro mantido por inteligências artificiais que propiciam algum conforto a quem é escravizado, mesmo que esse conforto seja moderado, e como o domínio dessas máquinas é total e a infiltração dos agentes é facilitada por conta das regras do jogo, todos são potencialmente inimigos. A invisibilidade desses inimigos não só faz eco com a Guerra Fria, encerrada quase uma década, mas evolui a paranoia.

    A jornada rumo a verdade continua cheia de simbolismos, a mansão antiga e deteriorada é repleta de escadas empoeiradas, como os castelos antigos típicos das historias medievais. O encontro com o mentor – Lawrence Fishburne – prossegue repleto de falas e enigmas, desafios de inteligência e fé ao escolhido, que precisa provar não só aos outros o seu valor, mas a si mesmo. Cada simbolismo dentro do simulacro tem uma resposta prática no mundo real, como o paralelo das pílulas com o sinal que é emitido do recém liberto da ilusão para a nave de fuga, no caso a Nabucodonosor, comandada por Morfeus e seus tripulantes.

    A cena em que Neo finalmente se liberta das amarras da Matrix se dá em outro simulacro, onde luta contra Morfeus após “aprender” kung fu – chega a ser cômico que os homens e mulheres a bordo da Nabucodonosor se reúnam para assistir a luta em um painel de algoritmos. A questão da paranoia se agrava em outro treinamento, onde o mentor explicita o óbvio: se uma pessoa não é um liberto, é obviamente um deles. Ainda que tenham aparência e física humanas, eles ainda são codificados, é preciso demarcar essas diferenças na cabeça do público e de Neo.

    Matrix conta com momento memoráveis, como a visita ao Oráculo que faz com que Neo se desiluda dos delírios de grandeza e sofra uma provação, mas a lição prática que sofre, ao conversar com um menino sobre como entortar colheres e o quanto elas são reais funciona melhor na prática. Mesmo que no momento seguinte ele não use isso a seu favor no momento seguinte. O momento da luta no banheiro é um dos ápices de cenas do tipo, seja pelos detalhes bem pensados pela direção de fazer a tentativa de fuga de Neo pelas paredes, reverberando na queda dos azulejos na parte de fora como também na troca de golpes entre Morpheus e Smith, onde os socos secos são fortes o suficiente para quebrar paredes, mas não o suficiente para matar o líder dos rebeldes. A poeira caindo sobre a pele deles mostra o quão humanos e falíveis podem ser os personagens, embora Weaving só esteja assim por sua contraparte no filme estar imitando a condição de ser humano. A conversa entre os dois sobre as versões antigas da Matrix onde todos eram felizes é bastante profunda para um filme dessa natureza.

    A sequência dos tiros ao entrar no prédio, com o futuro casal destruindo absolutamente tudo que anda e respira impacta mais pelo prejuízo ao cenário do que pelas mortes e pelos efeitos especiais em si, pois para Trinity e Neo foi tudo muito fácil. O uso indiscriminado da câmera lenta faz lembrar os clássicos de Sam Peckinpah, um especialista em faroestes modernos. A luta no metrô é muito bem coreografada e estava lá o embrião do que Chad Stahelski (dublê de Neo à época) e David Leitch fariam em De Volta ao Jogo e seus filmes posteriores. As frentes de batalha remetem a Star Wars, onde as lutas entre Jedi e Sith passam ao mesmo tempo que as batalhas espaciais, aqui mostradas entre o Kung Fu dentro do simulacro e as Sentinelas tentando destruir a Nabucodonosor.

    Neo precisou perecer para assumir finalmente sua condição, em mais uma referência óbvia ao cristianismo, mas o simbolismo é ainda mais universal, representando qualquer possibilidade de que a salvação da humanidade viria dela própria. Ainda assim, o que as Watchowski fizeram foi um trabalho hercúleo, e que jamais se imaginou funcionar tão bem, desde a trilha sonora repleta até as doses de filosofia oriental.

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