Crítica | Zama
Conduzido pela diretora argentina Lucrecia Martel, Zama conta a história de um oficial da coroa espanhola, no final do século XVII, nascido na América do Sul, que está no aguardo de ordens reais concedendo-lhe a transferência da cidade onde está para um lugar melhor. O personagem-título é interpretado por Daniel Giménez Cacho, que empresta seu semblante e trejeitos a fim de convencer o público da história que será contada.
A reconstrução de época bem desenvolvida, faz um retrato detalhado do período, digno de filmes como Barry Lyndon de Stanley Kubrick. Os detalhes em cenários e maquiagens são belíssimos, assim como o uso de locações campestres e praianas, essa imersão ajuda o espectador a se ambientar não só com a época, mas também com o contexto histórico existente. Além disso, soa bastante acompanhar o homem fardado transitando em meio a uma terra que transborda sexualidade.
Zama é um sujeito asqueroso, distante demais do ideal que se espera dos servidores da realeza. A questão é que grandes tramas ameaçam acontecer mas jamais chegam a ser concluídas. A rotina do homem é enfadonha, fato que tenta justificar a falta de ação e de eventos que minimamente chamem a atenção dos espectador. Os anos passam e a mensagem do rei nunca chega.
No terço final uma nova trama aparece graças a morosidade das ordens reais. Após ser rejeitado por praticamente todos os governantes e demais pessoas da cercania. Seu nome cai em desgraça e correm boatos de que sua cabeça está a prêmio. Ao se aventurar com um grupo de soldados, ele sai em definitivo do estado incômodo em que estava para basicamente abraçar um estilo de vida muito diferente e repleto de provações diárias.
A tentativa de movimentar a história é bastante tímida, e nos momentos finais a fotografia de Rui Poças passa a ser ainda mais valorizada graças as cenas externas. O advento do misterioso personagem de Matheus Nachtergaele, de identidade não definida é um sopro de carisma, mas é ainda mais tardia do que a virada que ocorre com o protagonista. Seu destino trágico se assemelha um pouco a proposta do filme, que pesa muito em seu caráter hermético.
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