Crítica | Z.A.N.
De Thiago Moyses, Z.AN. é um filme brasileiro diferenciado, para o bem e para o mal. Sua linguagem não é o português brasileiro, e sim o inglês, mirando o publico internacional e ele foi gravado por 5 dias apenas, com uma carga horário severa, com 20 horas diárias, com uma equipe de produção bem reduzida. A intenção de seu feitor era aludir a um estilo kafkiano, apesar do reduzido orçamento que dispunha.
As imagens que abrem o longa mostram roupas cintilantes, que sobressaem em meio a tela escura e aos estranhos sussurros que permeiam esse longa.A primeira inteiração dos personagens humanos dão conta de Adam Manish (João Meira), em uma sessão de terapia, e logo passa para um momento onírico, que pode ou não ser uma ilusão do protagonista. As pessoas parecem estar sob efeito de uma forte emoção ou um mal súbito, babam como pessoas raivosas, e o fato de não ter explicações ou ambientação para normalizar tais coisas, faz tudo soar estranho e bem tosco.
O filme se leva a sério demais, apesar da estética claramente trash. Há uma abertura com efeitos em 3d dos mais artificiais possíveis, fato que faz perguntar se o filme foi editado em um programa primário como Windows Movie Maker. As cores estouradas contam com retoques digitais terríveis e com imagens que invadem a tela sem qualquer textura, mas uma vez que as cenas onde isso corre são viajandonas, até se torna passável, em comparação por exemplo com os momentos “atuados”, essas sim são sofríveis, mas até do que os momentos que emulam os descanos de tela dos computadores antigos.
A sincronia com a dublagem é terrível, e não há necessidade nenhuma de se falar tudo em inglês, pois as maioria das cenas mostram que claramente a historia se passa no Rio de Janeiro. Mais do que isso, o elenco não faz nenhum dos momentos falados parecer de verdade, a dicção da maioria dos atores não combina com o anglo saxão, e ainda há o agravo da maioria dos livros em consultórios serem em português, assim como os jornais impressos mostrados.
A ideia de evocar uma hipnose lisérgica, típica de quem usou LSD é até inteligente, mas falta investimento em efeitos para fazer isso ter algum efeito que não o humorístico. Até a corrida de Adam parece a de um sujeito com restrições mentais, Meira não consegue dar qualquer presença para o seu personagem, ele é andrógino e só, nenhum personagem foge do estereotipo ou bidimensionalidade e a insistência em manter o som alto faz o incomodo do filme se maximizar.
Ao menos a criatura monstruosa do trem funciona, ela assusta por seu aspecto brilhoso, embora pareça uma gostosa ervilha na boca de um banguela, difícil de engolir e digerir. Há momentos que Z.A.N. lembra Kung Pow, por conta de seu idioma escolhido, e toda a questão envolvendo os estágios da evolução humana – da onde viria o nome do filme – pretensiosa ao extremo. O filme tem falhas grotescas de continuidade, e os cenários de CGI parecem terríveis, que pioram ao ver que boa parte dos figurinos se assemelham a fantasias de carnaval. O trabalho de Moyses parece esforçado, mas há muitas idéias mas pouco pragmatismo na hora de realizar em tela.