Tag: Steven Knight

  • Crítica | Calmaria

    Crítica | Calmaria

    “Isso muito Black Mirror!”. A frase que se transformou em uma espécie de meme na internet poderia se encaixar aqui. Vejam bem, poderia. Caso Calmaria fosse um bom filme, com certeza seria comparado a algum episódio da bem sucedida série sci-fi que tem surpreendido pessoas por seus roteiros inventivos. Entretanto, esse thriller estrelado por Matthew McConaughey e Anne Hathaway só conseguiu me remeter ao clássico trash O Passageiro do Futuro.

    Dirigido e roteirizado por Steven Knight, britânico que roteirizou o sensacional Senhores do Crime (dirigido pelo mestre David Cronenberg), escreveu e dirigiu o ótimo Locke (estrelado unicamente por um inspiradíssimo Tom Hardy), além de fazer parte das ótimas séries Peaky Blinders e Taboo, ao mesmo passo que cometeu os argumentos de A Garota na Teia de Aranha e de O Sétimo Filho, seu novo longa é um thriller neo-noir estrelado pela proeminente dupla de atores mencionada acima (McConaughey e Hathaway), Djimon Hounson, Diane Lane e Jason Clarke. Na trama, um pescador obcecado em fisgar um atum que ele jura o provocar pessoalmente é procurado por um antigo amor de seu passado que quer o contratar para matar seu marido. Enquanto se decide sobre cometer ou não o assassinato, fatos estranhos passam a acontecer ao redor do pescador.

    O roteiro é uma completa bagunça. A tentativa de Knight criar algo “inteligente” acaba se tornando somente pedante. O cineasta tenta incluir elementos de clássicos literários como O Velho e o Mar e Moby Dick, mas o faz de forma rasa e pretensiosa. Pior, só faz a história se tornar mais desagradável ao paladar do espectador. Ao longo do desenvolvimento da trama, elementos noir são adicionados, mas de forma atabalhoada e incoerente. Aos trancos e barrancos a história vai se tornando cada vez mais sentido e cômica até culminar em um plot twist que praticamente cospe na cara do espectador. Nem M. Night Shyamalan em seus piores momentos conseguiu conceber algo tão bizarro quanto o que é visto em tela.

    No que diz respeito à direção, Knight é ainda mais equivocado. O cineasta não consegue criar um clima decente de mistério e todas as suas tentativas de subir o tom soam bregas. Há um momento especial que resume isso: a primeira aparição de Hathaway. É uma cena tão caricata que poderia estar Uma Cilada para Roger Rabbit. O que deveria causar admiração, causa risada. A direção passeia com a câmera mostrando detalhes da atriz. Sua aliança é mostrada em destaque, sua forma de andar, a trilha sonora ganha um tom mais solene… até que ela diz que vai pagar a bebida do personagem de McConaughey. Nesse momento há um movimento de câmera súbito que fecha no rosto de Hathaway fazendo uma tentativa de expressão de femme fatale enquanto corta subitamente para McConaughey engolindo a bebida rápido em um momento de surpresa. Não tive como não pensar no clássico filme de Robert Zemeckis. A diferença é que Eddie Valiant (Bob Hoskins) e Jessica Rabbit atuam muito melhor que a dupla de protagonistas de Calmaria. Além não estarem bem separadamente, a dupla não tem a menor química. Simplesmente não convencem. Clarke está tão canastrão que acaba odioso por sua interpretação preguiçosa, não pela natureza horrenda de seu personagem. Já Lane e Hounsou são completamente desperdiçados pelo diretor. No final das contas, o longa se torna um sofrido exercício cinematográfico pretensioso que subestima a inteligência do espectador.

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  • Crítica | Senhores do Crime

    Crítica | Senhores do Crime

    Com roteiro de Steven Knight, esta é mais uma parceria de David Cronenberg e Viggo Mortensen que, a exemplo de Marcas da Violência, deu certo. Tanto a direção de Cronenberg como a atuação de Mortensen estão impecáveis. Uma ótima explanação sobre como construir uma narrativa concisa e estruturar um personagem excepcionalmente crível. É perceptível a evolução de ambos, em comparação ao anterior.

    Assim como Marcas da Violência, o filme se inicia com cenas fortes, perturbadoras. Mal tendo tempo se ajeitar na poltrona, o espectador assiste a um acerto de contas bastante sangrento em uma barbearia e a um parto – igualmente trágico – de uma adolescente que morre ao dar à luz. As sequências dão início às duas linhas narrativas da trama: uma vingança familiar envolvendo a máfia russa de Londres e o destino de uma jovem imigrante sob a proteção de um clã, cuja trajetória será revelada aos poucos através da tradução de seu diário.

    A crueza e a violência não são gratuitas. A direção segura de Cronenberg não deixa que descambe para a banalidade. Apesar de o espectador saber desde o início que a trama envolve a versão russa da Cosa Nostra ou da Yakuza, a Vory v Zakone, fica difícil categorizar o longa-metragem. Os detalhes da estória e do caráter de cada personagem são revelados aos poucos, causando certa inquietação enquanto assistimos. Não há como prever o que virá a seguir.

    O estranhamento causado pelos temas escolhidos para seus filmes se encontra presente, não tão explícito, mas mesmo assim inconfundível. Percebe-se, pelas gargantas cortadas, pelos dedos decepados, pelas peles tatuadas, a obsessão orgânica do diretor, tão evidente em Gêmeos: Mórbida Semelhança, de 1988. Mas aqui está contrabalançada por outras questões não menos vigorosas. Destaque para a solidão sistemática dos personagens centrais: o filho psicopata marginalizado (Vincent Cassel), a parteira em busca de respostas (Naomi Watts), o motorista enigmático (Viggo Mortensen), a jovem prostituta sem esperanças (Sarah-Jeanne Labrosse).

    Mortensen mais uma vez se transforma. A interpretação concisa e contida é hipnótica. Nitidamente dedicado à mesma técnica de caracterização que Robert De Niro, Marlon Brando e Al Pacino, veste o personagem como se fosse uma segunda pele. “O diabo está nos detalhes”. As tatuagens, o sotaque, os maneirismos parecem pertencer a ele, não ao personagem.

    Armin Mueller-Stahl, Watts e Cassel também estão muito bem em seus papéis. O personagem de Mueller-Stahl, Semyon, chega a lembrar um pouco Don Corleone. Como se não bastasse, a trama é envolvente, a fotografia é primorosa – vide a nítida diferença entre os ambientes da Vory e de Anna. E a trilha sonora – sensatamente silenciada em alguns momentos – é bastante competente.

    Texto de autoria de Cristine Tellier.

  • Crítica | O Sétimo Filho

    Crítica | O Sétimo Filho

    Setimo Filho 1

    Após um começo de carreira intimamente empenhado em retratar batalhas épicas, como as dos elogiados da década passada Nômade e O Guerreiro Gengis Khan, o diretor russo Sergei Bodrov foi escalado para encabeçar o blockbuster de capa e espada O Sétimo Filho, uma aventura epopeica fantástica que conta a trajetória lendária de Bem Barnes (Tom Ward), um rapaz cuja profecia garantia poderes incríveis e possível soberania sob um mundo completamente destroçado por trevas e desesperança.

    O que se vê já nas primeiras cenas é um arremedo de referências a contos “medievais” diversos, com inspirações visuais e grandes semelhanças com a última trilogia que Peter Jackson capitaneou, além de conter o mesmo espírito aventureiro das adaptações de livros da saga Eragon, incluindo a desfaçatez de roteiro, em comum principalmente os defeitos de concepção de personagens.

    As duas figuras centrais do elenco são as personagens de Jeff Bridges, Master Gregory, um aposentado e deprimido guerreiro, único remanescente vivo de uma ordem de honrados cavalheiros, já extinta; e Mother Malkin, personagem que quase custou o Oscar a Juliane Moore, compondo uma caricata vilã que se vale de um sex appeal que jamais condiz com as feições repletas de maquiagem exagerada da maniqueísta figura, a rainha das trevas daquele mundo. Malkin e Gregory enfrentam um embate ainda no início do filme, exibindo uma relação emotiva das mais artificiais possíveis, tão tosca quanto o esdrúxulo figurino dos intérpretes.

    Mesmo com o exagero gráfico dos efeitos especiais e com as risadas maléficas que lembram vilões de desenhos animados da Filmation, não há como esconder a pobreza dos diálogos e do argumento primário. Baseado “livremente” nos livros da série O Aprendiz de Joseph Delaney, o roteiro de Charles Leavitt, Steven Knight e Matt Greenberg tropeça em si mesmo, apresentando um conjunto de pessoas tão mal construído que faz lembrar todo o espectro genérico das aventuras de He-Man, She-Ra e das adaptações em live action de Dungeons & Dragons, piorando a disposição das cenas pela postura de absoluta seriedade da película, que consegue ser digna de deboche desde o começo da exibição.

    Após fracassar algumas vezes em procurar o sétimo filho de um sétimo filho, Gregory finalmente se depara com Barnes, mas percebe ter se equivocado ao confiar no poder de luta de um rapaz que jamais tinha visto guerrear. O mocinho se envolve com uma menina de feições belas e com características semelhantes às das princesas Disney mais afeitas a ação, compondo, então, mais um par romântico típico das aventuras épicas.

    Os momentos de reclusão de pupilo e mentor nas montanhas verdejantes até guardam boas cenas de ação, talvez o único ponto realmente positivo do filme de Bodrov, quando o equilíbrio consegue ser estabelecido. Ainda assim, falta inspiração tanto na caracterização dos virtuosos quanto nas atuações, sendo a maioria sem convencimento algum ou completamente patética. Os veteranos Moore e Bridges, no auge da afetação que negaram em todos os papéis que já fizeram, personificam os papéis mais dignos de reprovação da filmografia de ambos, certamente.

    O que deveria ser poético apresenta-se pífio. Os momentos de exaltação soam ridículos e fazem rir. O Sétimo Filho talvez consiga enganar alguns (poucos) ardorosos maníacos por aventuras fantásticas, mas, para o espectador minimamente exigente, o resultado é um filme enfadonho, difícil de digerir. Tudo graças aos inúmeros defeitos encontrados na execução do roteiro, piorados pela expectativa da filmografia de seu diretor.

  • Crítica | A 100 Passos de Um Sonho

    Crítica | A 100 Passos de Um Sonho

    A culinária como metáfora ao cinema. E não só ao Cinema, mas a qualquer arte: Passou do ponto e o caldo engrossa pra nunca mais voltar atrás. É puro tempero, pura experimentação a partir de um paladar refinado, mesmo a favor de quem não sabe distinguir o bom do ruim, um queijo assim, um queijo assado; um quadro sagrado de um quadro estragado. Não há remendos ou curativos, isso é arte médica. Seja na panela ou numa câmera, a metalinguagem entre duas ou mais formas de expressão se faz valer na formação de um manifesto emocional ou cultural, na compatibilidade entre visões de mundo que se chocam e viram uma só. Lindo, tudo na teoria é lindo, mas em A 100 Passos de Um Sonho a culinária é mero subtexto e coerência extravisual de duas culturas (indiana e britânica), usando uma combinação de ingredientes como contraponto realmente fraco a pré-conceitos sociais, ou seja: uma mera desculpa para fazer o filme parecer comida fina, quando é só arroz e feijão requentado.

    A história do filme. Uma história de superação. Após perder a matriarca num incêndio doméstico, uma família liderada pelo pai e pelos sonhos deste e do filho mais velho se mudam de continente, em busca do sucesso e acolhimento europeu, além das espetaculares cores do oeste regional que se refletem na matéria-prima do que a família sabe fazer: cozinhar. Acabam atraindo a atenção da Madame Mallory (Helen Mirren), que como numa fábula de Pavel Bazhov não tenta lhes passar para trás e garantir a soberania de seu restaurante tradicional (como diz o slogan do pôster), mas quase os acolhe, com amor e admiração conquistados pouco a pouco pela própria família Kadam, numa excessiva duração do filme. Nada mais convencional, essa versão de Ratatouille no mundo real. Só não vale perguntar quem seriam os ratos se a visão do filme não fosse fabulesca…

    O Cinema como metáfora à culinária. Como captar com a íris de uma câmera o frescor (e o vigor, o brio) do ambiente e mixar, com a força visual de um bólido errante na tela, a infinita abundância de cores dos sítios franceses e âmbitos urbanos de Paris, ao que é mostrado no prato, em todo seu colorido que vem destes lugares? A fotografia do filme, resumindo, é espetacular. Uma cena, em especial, quando um dos casais nessa história dividida entre realização pessoal e sucesso comercial, caminham juntos pelos prados cintilantes durante a aurora crepuscular, é absolutamente exemplar a beleza que surge em nossos olhos, e debulha em prol de qualquer conceito sensorial a favor da imagem, degustada pelos nossos olhos. Quanto aos ouvidos, a trilha-sonora cumpre seu papel primordial e nada destacável a quem não se impressiona fácil, aqui, regida pelo famoso A. R. Rahman, o maestro da boa trilha de Quem Quem Ser Um Milionário?, que sabe a hora certa para pincelar no prato seus timbres extra-diegéticos, em certos momentos-chave do filme. Ainda assim, o choque musical entre ocidente e oriente em As Aventuras de Pi e Viagem a Darjeeling, principalmente o segundo, é apenas ‘‘mais completo”, para não usar de superlativos.

    Mas aonde está a alma do filme?, é a pergunta. A 100 Passos de Um Sonho é motivacional como deseja ser, ou só um filme para assistir antes de dormir e ter bons sonhos? Os matizes da culinária apresentada, e sem uma introdução adequada ao espectador que gostaria de conhecer mais do que rola nos comes e bebes da Índia, fazem relevo ou oposição ao brilho dessa história de esperança e sonho em família? A resposta é não, eles não fazem, e o filme nem chega perto de fazer, pura e simplesmente por não tentar não se ater ao lugar comum dos ‘‘filmes-estômago”. Um subgênero que já nasceu saturado esse, das iguarias e petiscos, que encontra na sua essência a razão para se colocar no Cinema, pois assistir a um filme é afinal saborear uma iguaria com os cinco sentidos, mas entendê-lo é comer de olhos vendados.

  • Crítica | Locke

    Crítica | Locke

    Se há uma coisa que une todos os seres humanos é a que somos frutos de escolhas, acertadas e erradas, de nós e de nossos pais. Nossas escolhas, por vezes, são condicionadas dentro desses caminhos já existentes, e raramente conseguimos romper com esse círculo vicioso. E é mais ou menos sobre isso que a nova produção do experiente roteirista, e novato diretor, Steven Knight trata. Ivan Locke (Tom Hardy) é responsável por uma obra de importância muito grande no interior da Inglaterra, porém decide pegar o carro e ir a Londres para acompanhar o parto de Bethan (Olivia Colman), uma mulher com quem teve um caso extraconjugal. E isso terá consequências nada práticas na vida de Locke. Filmado todo dentro de um carro em movimento, Locke tinha tudo para ser um filme monótono, pois deposita todas as suas fichas em Tom Hardy e na construção dos diálogos.

    Felizmente, tudo é tão bem construído que os 85 minutos do longa passam voando. Inicialmente, temos dificuldade em entender as razões pelas quais o protagonista faz escolhas tão contrárias à sua, até então, natureza íntegra, como abandonar a obra que seria responsável pelo “maior depósito de concreto da Europa fora do setor militar e nuclear”. Pelo telefone (usando o bluetooth do carro), ele tenta convencer um subordinado e um superior que não vai poder estar lá no dia seguinte, no horário da entrega pela qual é responsável, mas que tudo dará certo.

    Depois, liga para casa e explica, de maneira muito tensa, à sua esposa Katrina (Ruth Wilson) por que não estará em casa para ver o jogo com seus dois filhos que o esperavam. A revelação também acaba implodindo seu até então sólido casamento. A motivação para abrir mão de um bom emprego e de seu casamento é a de que Locke foi abandonado pelo pai, e não quer que seu filho bastardo tenha o mesmo destino que o dele, o de crescer sem uma presença paterna ao lado. Conforme o filme avança, nos deparamos com vários problemas que vão surgindo, intercalando as várias ligações que Locke faz e recebe. Problemas tanto na obra, que oferecem uma crescente tensão, quanto em casa, onde sua esposa passa, em algumas ligações, da negação ao rompimento; até mesmo com Bethan, uma desconhecida, mas que tem seu apoio neste momento difícil. Locke, com sua voz calma e leve, mas com acentuado sotaque britânico, cresceu com um pai ausente e que agiu errado com ele, portanto fez questão de fazer tudo certo na vida.

    Era o melhor empregado da firma de construção, e era o único a entregar os planos para a prefeitura antes do prazo, além de ser marido e pai exemplar. Mas um erro, em uma noite regada a vinho, colocou tudo a perder. Locke poderia muito bem não assumir a criança e manter sua vida, mas a rigidez moral de fazer o certo, mesmo em uma situação impossível, o leva a acompanhar o parto dessa criança, que não nascerá sozinha no mundo. Como não vemos nenhum outro personagem do filme, Locke sustenta-se somente pela excelente atuação de Tom Hardy, que luta internamente contra si ao dar notícias tão ruins a todos apenas por acreditar que está fazendo a coisa certa para a criança. A fotografia, que joga, a todo momento, com as cores e sombras típicas de uma autoestrada, ajuda a compor esse cenário solitário e melancólico no qual o personagem está inserido por escolha própria.

    Enquanto está indo para Londres, no carro, realiza diálogos imaginários com o pai, também em cenas fortíssimas. A relação de raiva e culpa fica ali escancarada, assim como as cicatrizes que nunca irão sarar. O personagem tenta tornar sua dor menor ao não fazer o mesmo com a criança, que não tem culpa de nada. Essa difícil linha divisória entre o “certo” e o “errado” é que colocará o espectador em um dilema, pois se ele agiu errado “uma única vez” ao ter um caso fora do casamento, está agindo certo com Bethan, mas sua esposa também está agindo certo ao abandoná-lo e dizer que a diferença entre uma ou nenhuma vez faz toda a diferença. Também estão certos seus colegas de trabalho ao ficarem possessos com ele por abandonar a obra em um momento tão crucial.

    Porém, a força do filme está justamente em se concentrar nesse momento intenso da vida do protagonista, onde o dano causado pelo pai se torna mais importante do que todo o resto, e isso ele precisará resolver, pois a responsabilidade de não reproduzir um ciclo de descaso é maior em seu interior do que o casamento ou o emprego. Usando uma tecnologia moderna de comunicação a serviço do filme, a obra também é um retrato de uma época em que as interações e relações são moldadas de acordo com o aparato tecnológico que nos cerca.

    Fica difícil não imaginar como seria a história de Locke se ele vivesse na década de 70 e não conseguisse resolver, através do telefone e dentro do carro, todos os seus problemas, nem se teria a mesma força para largar tudo e acompanhar de perto o parto de seu filho. Mas tudo isso fica a cargo do espectador refletir, como possivelmente fará, a respeito do filme, de suas próprias escolhas e como elas o trouxeram até aqui. Algo que, no final, todos nós fazemos.

    Texto de autoria de Fábio Z. Candioto.