Tag: Christina Applegate

  • Review | Disque Amiga Para Matar – 1ª Temporada

    Review | Disque Amiga Para Matar – 1ª Temporada

    Comédia de Liz Feldman, a primeira temporada de Disque Amiga Para Matar começa mostrando a personagem Jen Harding (Christina Applegate) recebendo apoio de uma vizinha e sendo bem grossa com a mesma, ao falar de seu luto, pois acabou de perder seu esposo, atropelado. O luto e a perda são tratados de uma maneira semelhante ao que se viu na 1ª Temporada de After Life, ainda que a identidade seja completamente diferente do que Ricky Gervais faz, até por conta do escopo em que se baseia, voltada par uma amizade feminina.

    Jen tem verdadeira obsessão com carros batidos, ela tenta a todo custo encontrar por si mesma a identidade de quem matou seu esposo, e entre os afazeres de mãe e corretora de imóveis, ela encontra com Judy Hale (Linda Cardellini), outra maníaca depressiva que afirma ser viúva e que a faz ir a um grupo de apoio e reabilitação. A amizade entre as duas não demora a de desenrolar, e isso causa suspeitas, que são desbaratadas ainda no piloto, aliás, fato que faz a série parecer madura. Elas descobrem hobbies e gostos em comum, se decepcionam entre si, e percebem as mentiras e engôdos que cada uma das duas carrega, incluindo segredos bem sórdidos.

    A estranheza no comportamento das duas mulheres é evidente, nenhuma amizade se torna tão forte e intensa sem motivos, e já no piloto se revela porque uma se aproximou da outra. Neste momento, impressiona bastante o quão complexada é Judy, ela se vê como alguém inferior, principalmente por conta de sua antiga relação com Steve (James Marsden), e é bizarro como o tom de humor negro funciona de maneira fluída, mérito é claro de Feldman, que escreveu algumas séries entre elas sendo 2 Brooke Girls a mais famosa, e claro, os produtores associados Will Ferrell e Adam McKay, que mesmo interferindo pouco na boa historia que Feldman conta, emprestaram seu prestígio para um comédia bem mais dedo na ferida do que a filmografia compartilhada dos dois normalmente traz.

    O sorriso que Cardellini coloca em tela faz com que pareça insana sua insegurança.  Isso casa bem com as mentiras frágeis que ela dá e claro, com o comportamento resoluto da personagem de Applegate. Mesmo com poucos capítulos (10, com duração em torno de 30 minutos) o elenco tem tempo para desenvolver suas pequenas características e a identidade própria de cada um. O toma lá da cá sentimental envolve as esferas profissionais das mulheres, e o cuidado para revelar bem aos poucos os segredos dessa primeira temporada faz com que o seriado soe como um belo pastiche de thrillers.

    O caso da morte do marido de Jen deixa claro a dúvida das mulheres, se ele não é resolvido por conta da morosidade das autoridades, por conta da falta de provas, ou culpa da postura da vingadora de Jen, ou mesmo por uma soma dos dois fatores, e essa dúvida faz a temporada soar ainda mais charmosa. Os episódios mostram as garotas evoluindo seus quadros emocionais, aprendendo a liberar seu espírito livre e até sua libido. Aos poucos elas se envolvem amorosamente com outras pessoas e vão chegando perto da verdade a respeito do trauma.

    A forma que as duas lidam com novos sentimentos, como repulsa ou culpa é impressionante. A série fala principalmente sobre a dificuldade de lidar com a rejeição, e mesmo quando soa óbvio, há um cuidado para não deixar o roteiro soar artificial. O final varia bem entre o melodrama e o agridoce, é uma pena que haja uma prévia do destino dos personagens no titulo do seriado (chama Dead To Me no original), mas seus perto do fim há muito surpresas e um baita gancho, que faz essa Disque Amiga Para Matar um programa divertido, carismático e que casa bem com as famigeradas maratonas dos serviços de streaming.

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  • Crítica | Perfeita é a Mãe!

    Crítica | Perfeita é a Mãe!

    Na mais nova comédia dirigida por Jon Lucas e Scott Moore, Perfeita é a Mãe acompanharemos uma série de Mães que decidem reverter o quadro de suas vidas através de aventuras e descobertas, lógico, perante uma série de situações hilárias.
    Assim que a personagem Amy Mitchell (Mila Kunis), uma mulher bastante dedicada e independente, descobre que seu marido mantém um relacionamento extraconjugal virtual, ela logo percebe que mudanças serão necessárias em todos os âmbitos de sua vida. Não obstante todos os problemas vindo à tona em seu relacionamento, Amy ainda terá de enfrentar o antagonismo de Gwendolyn (Christina Applegate), que em primeira instância denota ser dona de um caráter totalmente oposto ao seu.
    A obra segue uma cartilha bastante conhecida do grande público, se assumindo de forma despretensiosa e sem grandes ambições, almejando apenas o entretenimento. Algumas questões técnicas me incomodaram bastante, entre elas – o uso excessivo do elemento cênico conhecido como Slow motion ’- que no filme é levado ao extremo, fazendo com que à obra em determinados momentos se pareça com um “clipe” musical estendido! Entre uma chuva de clichês, achei algumas piadas bastante deslocadas, um elenco que em quase todo o tempo nos entrega atuações mecânicas, salvo Kathryn Hahn (Carla), que está bem em seu papel.
    Mesmo diante tantas questões que particularmente não dialogam comigo, justamente por achar o filme dono de uma fórmula bastante artificial e desgastada, reconheço sua intenção, e creio que dentro de sua proposta funcione bem. É uma certeira pedida para o espectador que busca momentos de comicidade, sabendo que tem em sua frente um produto que não terá a presunção de enganá-lo e que lhe entregará possíveis gargalhadas.

    Curiosamente apesar de alguns problemas, ao fim, de uma forma singela o filme nos passa uma mensagem bastante interessante sobre à importância das Mães e seus respectivos papéis angulares seja em nosso cotidiano ou no aspecto social, importância essa, que pode gerar uma pertinente reflexão há ser analisada pelo público.

    Texto de Autoria de Tiago Lopes.

  • Crítica | Tudo Por Um Furo

    Crítica | Tudo Por Um Furo

    Anchorman-2

    Adam McKay é responsável por dirigir alguns dos filmes mais hilários da carreira de Will Ferrell, como Ricky Bob: A Toda Velocidade, Quase Irmãos, Os Outros Caras e, claro, Âncora – A Lenda de Ron Burgundy. A esperada continuação do filme mais notável da parceria entre McKay e Ferrell começa tão estúpida e boba quanto o primeiro episódio, com toda a gritaria típica dos filmes do ator e a estupidez de Ron, mostrando a perfeita caricatura do jornalista televisivo moderno.

    A trajetória de Burgundy é interrompida com poucos minutos de exibição. Seu status quo é quebrado e a lenda é contestada, sendo logo mandado embora. A sequência de eventos que ocorre após a fatídica notícia é absolutamente hilária, sendo praticamente impossível para o espectador não rir. O renascer deste como jornalista após a humilhante constatação de sua incompetência é reunir a sua trupe novamente – nada mais clichê e certamente não poderia ser menos engraçado do que foi, pois cada um dos seus coadjuvantes está em uma situação das mais curiosas e absurdas: Champ Kind (David Koechner) tornou-se dono um restaurante fast-food que serve asinha de morcego empanada; Brian Fantana (Paul Rudd) faz ensaios fotográficos com pequenos gatos e se excita deveras com isto; enquanto Brick Stamland (Steve Carrell) acredita estar morto e é tão burro que vai ao próprio enterro. Toda a ironia da antiga rotina deles, ao invés de se repetir, é substituída por cenas ainda mais “babacas” que as anteriores.

    Tudo dentro do roteiro faz parecer um teatro dos absurdos. O machismo e racismo de Burgundy parecem não ter diminuído nada com o passar dos anos. Associados à intelectualidade média de norte-americano, esses preconceitos fazem da comédia algo sem muito compromisso com o politicamente correto, o que é muito raro, principalmente com o fato de não ser associada somente a jocosidades sexuais por necessidade. Todos os grupos secularmente excluídos recebem sua dose de gracejos: negros, gays, mentalmente prejudicados, latinos e mulheres.

    Seu retorno obviamente não é fácil, e ele tem de enfrentar novas rivalidades dentro da emissora, que só circula notícias, e na casa de sua esposa e atual ex, Veronica Corningstone, a ainda bela Christina Applegate. O método antiquado como Ron vê o mundo cobra o seu preço. Há necessidade de se reinventar como profissional da informação e como figura masculina, e sua saída é usar um discurso ufanista e sensacionalista voltado para o público que está dentro do maior denominador comum. Sua seleção de matérias visa reforçar a ideia de que a América é o melhor lugar do mundo para se viver, ignorando tudo o que aconteça à volta do mundo e que seja relevante. A falta de noção impera no modo de operar do laureado e premiado jornalista, e a ausência de limites faz com que todos não achem estranho ensinar o público a enrolar e fumar cachimbos de crack na televisão ao vivo. Tudo é tão absolutamente louco que, por mais nonsense que seja o cenário, o circo midiático maluco torna-se lógico e faz total sentido dentro daquele universo tão estapafúrdio.

    Uma boa novidade é o romance em que se metem Brick Tamland e Chani Lastname (Kristen Wiig), uma personagem desequilibrada mentalmente com direito a alguns distúrbios e transtorno obsessivo-compulsivo, inclusive com o mesmo background de origem militar para tais demências. Quando este tem de ir ao seu encontro, é apresentada a ela uma miscelânea enorme de variações de preservativos, inclusive os que não funcionam na prevenção de gravidez. A primeira interação do responsável pela previsão do tempo na tela verde é tão incrivelmente idiota que se torna uma das cenas que mais causaram gargalhadas nos últimos tempos.

    A falta de tato social de Ron continua intacta, se não aumentada. O affair que tem com Meagan Good  (Linda Jackson) o faz exagerar ainda mais com os estereótipos raciais. Até na mesa da família da moça utiliza-se de todo tipo de insinuação sexual, especialmente das mais sujas, com o que ele acha ser natural, unicamente pelo fato dos presentes serem negros, o que, em sua cabeça, os faz mais liberais nos assuntos relacionados ao coito poli e monogâmico. Um drama dos mais trágicos acontece com ele, e Burgundy se enfia numa luta contra o vício em crack que o faz agir como um pai ausente e irresponsável seletor de notícias. Quando cobre uma aleatória perseguição de carros, consegue uma entrevista de Veronica com Yaser Arafat, que vem a falar de sua tentativa de pacifismo com Israel. Seus índices de audiência atingem picos estratosféricos, mas sua fama é interrompida por um acidente que tira a sua visão, e consequentemente a capacidade de comunicar notícias via teleprompter.

    Depois da volta por cima e reinvenção enquanto cego, Ron Burgundy tem à sua frente um dilema moral: continuar a carreira cobrindo fatos sem importância ou ir ver o seu filho homenageá-lo em um recital. Sua escolha é a moralmente correta e ele se alinha com as coisas que o fazem bem, reatando as suas amizades e retornando ao seu verdadeiro amor, como na maioria dos último bons filmes de Ferrell. Ficaria um gosto de decepção se não fosse pela ótima cena repaginada da batalha entre jornalistas que reúnem ainda mais cenas de notícias, com participações especiais das mais diversas, entre humoristas e atores consagrados. Uma épica batalha contendo muita violência e referências das menos cabíveis possíveis, num dos exercícios de Deus Ex Machina com justificativa das melhores possíveis e um argumento providencial muito bem encaixado.

    O humor de Tudo por um Furo é universal, mas o roteiro faz ainda mais sentido para quem é comunicólogo. Todas as sandices mostradas em tela fazem da obra algo difícil de se levar a sério, obviamente não fazendo uso de humor inteligente ou cerebral. Por isto mesmo é uma obra única, por ser pensada e feita como uma troça de uma indústria que se leva demasiado a sério pela responsabilidade de informar. O filme é corretissimamente pensado e acerta muito dentro de sua proposta. Analisar algo fora desse escopo é total perda de tempo.

  • Crítica | O Âncora: A Lenda de Ron Burgundy

    Crítica | O Âncora: A Lenda de Ron Burgundy

    o ancora

    Mesmo depois da tragédia de Os Candidatos, resolvi ver outro filme do Will Ferrell. Dessa vez, O Âncora, que não poucas pessoas disseram que era bom. Realmente, é melhor que Os Candidatos, mas se só isso não diz muito, O Âncora falha em ter exatamente muitos dos elementos de que não gostei no anterior.

    A ideia é excelente. Ferrell interpreta Ron Burgundy, um jornalista local de San Diego, famoso na cidade, juntamente com sua equipe, por comandar o jornal de liderança no horário, durante a machista década de 70, quando o movimento feminista começava a sair das universidades e dos protestos nas ruas para engrossar a luta diária das mulheres no dia a dia por melhores condições, igualdade e, principalmente, respeito e reconhecimento no ambiente de trabalho e na sociedade. Nesse aspecto o filme é primoroso, pois, se as mulheres reclamam de como são tratadas hoje, nessa época era absurdamente pior, e soa ridículo vermos hoje como os personagens da época as tratavam – mas não soa de modo algum irreal, o que transforma algumas situações engraçadas, mas aquele engraçado que incomoda, no bom sentido.

    Também há a boa ridicularização do papel da mídia na sociedade, que sempre se desvia de histórias relevantes, mas que poderia desestabilizar o status quo para cobrir eventos com gatos fantasiados e partos de animais em zoológicos que são tratados como a maior notícia do mundo, sem a menor cerimônia. Além, é claro, de tirar um sarro do ego enorme de jornalistas da TV que se acham o centro do universo por terem 30 minutos diários de aparição.

    No entanto, o outro lado, o do riso forçado, das esquetes fora de contexto e dos exageros, não me pegam. Ainda não entendo porque Steve Carrell é tratado a toda hora como gênio do humor, já que parece interpretar o mesmo personagem, do mesmo jeito, em todo filme, com as mesmas caras, bocas, frases e trejeitos. Sua única exceção parece ter sido no excelente Pequena Miss Sunshine, quando justamente saiu do seu estereótipo.

    Do final não daria para esperarmos muito, nem sei se o filme deveria tentar algo além do desfecho onde inimigos fazem as pazes e resolve os conflitos nesse tipo de filme justamente pela proposta de satirizar o  gênero, mas seria interessante ver uma elaboração mais inteligente do que essa.

    Como resumo da obra, O Âncora é um filme redondo, que funciona para a plateia certa, mas cansa o espectador que exija algo a mais. Possui bons momentos, e deixa a profundidade que poderia alcançar ser atrapalhada pelo humor raso que tenta forçar a todo instante.

    Texto de autoria de Fábio Z. Candioto.