Tag: Andrew Stanton

  • Crítica | Wall-E

    Crítica | Wall-E

    Wall-E é um dos filmes da Disney/Pixar menos midiático, ainda que seja sempre muito elogiado por parte de crítica e pública. A obra começa tocando Put On Your Sunday Clothes nos pequenos rádios presos ao robozinho que entitula o filme de Andrew Stanton, enquanto passeia pelas ruas de uma Terra devastada por problemáticas ecológicas e pelo consumo selvagem e desenfreado dos insumos.

    O lugar que serve de cenário é uma área urbana, de metrópole fato que ajuda o intuito colecionista de Wall -E. As pilhas de lixo são grandes como os arranha-céus a sujeira é o estado normal do planeta e a criatura orgânica mais próxima de alguma torcida é uma baratinha que anda com o protagonista, o mesmo tipo de bicho que em outros tempos, causaria asco e até fobia nos humanos.

    Qualquer cenário pós apocalíptico não poderia ser pior do que ter o planeta natal dos homens e mulheres tomado pela imundície e pelos descartáveis, soterrado por lixo. O filme possui atores reais, distanciando neste inicio as figuras animadas em 3d dos meros humanos que vivem em colônias espaciais. Incrivelmente são os seres digitais que parecem menos falsos e artificiais, a humanidade perdeu seu contato com o real e vive em seu simulacro e auto alienação, enquanto o pequeno robozinho, cercado e feito de sucata se encanta pelas faces da cultura humana, acumulando tudo que meramente lembrasse a face humana.

    Por mais que a rotina do protagonista seja repleta de momentos bonitos e cheios de ternura, o dia a dia é monótono, e isso só muda com a chegada de EVA, uma máquina de reconhecimento enviada como sonda a Terra rompe um pouco com a solidão do herói da jornada. Ele tenta ser romântico, mas não tem retribuição em um primeiro momento e esse gelo é quebrado bem aos poucos.

    Passa-se quase 40 minutos para aparecer o primeiro humano dito normal, em animação 3d, e o que se vê é que a raça bípede está acomodada, todos obesos, sentados, sendo servidos pelas máquinas, reféns da tecnologia e dos vícios inerentes a estar sempre conectado. A crítica comportamental é evidente, e toda paranoia dos humanos com possibilidades de contaminação por conta do planeta ou mesmo de Wall E é a simples e melhor mostra do quão presos a rotina de nada fazer eles estão.

    Há duas demarcações que demonstram a crítica do roteiro de Stanton, Jim Reardon baseado no argumento do próprio diretor e Pete Docter, que é o inicio do filme, mostrando o planeta tomado de plástico, papel e sujeira em geral, e também as super telas que entretém e distraem os homens obesos, que não fazem nada além de comer e gastar seu tempo comprando ou assistindo algum show bobo e fútil.

    O comandante da expedição que retornaria a Terra vibra ao perceber que não precisaria voltar ao lugar de origem da espécie, para assim continuar gozando das benesses da inércia e do conforto de ter uma máquina para cada mínima função do seu cotidiano. O final do filme mostra uma pequena disputa, movida pela ignorância das máquinas em relação a condição de vida na Terra, apimentado pelo receio de ter que lutar pela sua própria sobrevivência. A sequencia como um todo guarda momentos de humor, mas mesmo toda alivio cômico não apaga a mensagem voltada tanto para preservação, como também não diminui a força da situação calamitosa de isolamento dos seres pensantes.

    Os créditos finais mostram o destino dos homens na Terra, como eles passariam a viver em seu lar novamente, e é até otimista dado toda a desolação antes mostrada, a riqueza de Wall-E mora exatamente no discurso sério que propõe, sem descuidar da leveza a que a historia submete seu público, fazendo um tipo de poesia com a problemática que pode perfeitamente ser o futuro humano em alguns anos.

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  • Crítica | Toy Story

    Crítica | Toy Story

    Situado em uma época que animações infantis eram quase todas feitas de modo cartoonizado, na metade dos anos 90, Toy Story entrou para a história como a primeira animação longa-metragem em 3d, fazendo um sucesso estrondoso, trazendo uma historia terna, bonita e bem ao estilo Disney. Co-produção com os estúdios Pixar, a historia gira em torno da insegurança do xerife Woody, interpretado por Tom Hanks na versão original, com voz de Alexandre Lippiani (e posteriormente de Marco Ribeiro em outras dublagens e em continuações), toda a trajetória do herói é contada sobre a vivência deste personagem, que personifica a premissa do filme: e se brinquedos tivessem sentimentos.

    Esse era o primeiro filme longa-metragem da Pixar, o logo da empresa já é mostrado aqui como o pequeno abajur chamado Luxo Jr. (que era estrela dos curtas apresentados antes de Toy Story), e já no início é apresentada uma aventura infantil, onde o imponente cowboy detém Bart Caolho, na brincadeira orquestrada por Andy Davis que tem como vilão o Cabeça de Batata (um dos mais impacientes amigos de Woody durante todo o filme, curiosamente). O garoto que é dono dos brinquedos e ser supremo daquele universo faz o que quer com os bonecos, bonecas e acessórios.

    Mal dá para perceber nesse início que a casa em que a família que Andy mora é grande demais para a família Davis, com apenas três pessoas, e que Molly, a irmã mais nova do menino  dorme em seu quarto por conta da mudança e por seu quarto já não está mais habitável, no entanto isso é subalterno, o que realmente importa é a criatividade monstruosa do garoto, que faz toda uma narrativa coesa com brinquedos pré escolares, uma boneca de porcelana, dinossauro, um cachorro mola, um cofre etc. Para muitos fãs, é a inventividade da criança que ajuda a dar vida aos brinquedos.

    A música de Randy Newman pontua bem todas as emoções e receios dos brinquedos, que sempre ficam apreensivos em datas festivas, por conta do medo de serem substituídos, e o xerife apesar de parecer melhor resolvido que os outros, também demonstra fragilidades em seu pensamento, acreditando que pode ser substituído. No Brasil as músicas são executadas por Zé da Viola, um músico, que dá versões lindas para os temas de cada um dos personagens.

    Incrivelmente a fluidez dos movimentos dos brinquedos soa natural, quase tudo que os envolve prima pela naturalidade, levando em conta obviamente que é plástico e não carne que é aritculada, desde os brinquedos maiores até os pequenos tem algum destaque e uma particularidade, como os soldados verdes que servem de vigia e cuidam do perímetro do quarto de Andy. A parte em que um deles se fere ao tenta espionar a abertura dos presentes é sensacional, pois o coloca aos cuidados médicos de soldados específicos, fazendo lembrar os clássicos filmes de guerra como Platoon ou Tora Tora Tora, e toda a inteiração deles emulando ao comportamento dos fuzileiros americanos.

    A chegada do astronauta que co-protagonizaria o longa  traz um paradigma já visto nos cinemas. O gênero western, nos Estados Unidos deixou de ser popular graças ao boom de filmes sobre máfia, tornando a criminalidade do faroeste em algo desorganizado o suficiente para não ser mais tão atraente. A exploração do Western Spaghetti nos filmes de ação italianos mostrou como os europeus se valiam de tramas mais genéricas para ganhar alguns trocados, e tiveram suma importância para o cinema de ação, mas foi justamente com Star Wars que os faroestes italianos foram rareando, ao ponto de deixar de ser moda. Em seu lugar vieram cópias das space operas, que logo rarearam também por ter custos bem mais altos e resultados mais precários.  O script faz questão de referenciar todo esse cenário, ainda que de forma bem leve.

    A parte dramática casa bem com o humor ácido do roteiro de Joss Whedon, Andrew Stanton, Joel Cohen e Alec Sokolow, as questões envolvendo rejeição e substituição são questões que conversam com as pessoas mais adultas, ainda que isso tenha bastante eco com toda a questão de aceitação típica das épocas iniciais da vida de crianças, nas fases escolares., podendo ocasionar casos sérios até de bullying.

    É curioso como mais da metade das tiradas cômicas funcionarem com os adultos. O ideal da Pixar sempre passou por ter uma camada de diversão e escapismo que abraça as crianças, enquanto há todo um arcabouço dramático que contempla adultos. Aqui se vê referências leves a Star Wars e Jornada nas Estrelas, por exemplo, além de referencias a marcas conhecidas e outras próprias, como o Pizza Planet, tal qual ocorria com os filmes de Quentin Tarantino, que também tinha marcas próprias. Mesmo as fragilidades da produção, como os humanos feios e cabeçudos, fazem sentido nesse primeiro capítulo, e ajuda a salientar que essa é uma historia sobre brinquedos, caso não tenha ficado claro no título.

    Dentro ainda das sensações típicas da vida adulta, há o momento em que Woody perde a cabeça, ao ver um caminhão vindo, ele assume para si o protocolo de brinquedos e “desmaia”. Seu desespero era tanto por perder seu “dono” que ele tenta se suicidar, pois para ele não há mais motivos para existir sem o humano para o qual tem devoção. A montanha russa emocional pelo qual o filme passa traz a tona os medos mais primitivos e primários, além de desconstruir paradigmas preconceituosos, principalmente ao mudar para o cenário do quarto de Sid, que aliás, é um belo advento por referenciar os Terror Giallo italianos e até Canibal Holocausto, clássico do found footage, além do Gabinete do Doutor Caligari e A Pequena Loja de Horrores.. Aqui, os brinquedos mutantes do garoto mau não são como seu proprietário, mas são julgados por sua aparência, que além de enganosa, evidencia que Woody precisa evoluir muito para ser um sujeito bom.

    Passa mais da metade do filme para enfim dar continuidade a jornada de Buzz, e para ter para ele uma música dedicada na voz  de Zé da Viola – Voar eu não vou nunca mais – e ter a revelação de sua real origem, que aliás é tão chocante que o faz desmaiar após cair para sua quase morte. Além de ser um paralelo simples e inteligente com o mito da Caverna de Platão. Esse momento também abre referências a Al Toy’s Barn, a loja de brinquedos do vilão humano do 2ª filme, no comercial que o astronauta assiste, além de ser a chance de Tim Allen e Guilherme Briggs brilharem como o deprimido e inseguro brinquedo ter noção do que é, além de mostrar o quão frágil é a psique deles, com o segundo personagem caindo facilmente em depressão.

    Toda a mentalização, sobre dedicar sua vida em torno de um ideal, mesmo que no caso dos brinquedos seja servir a um amo/criança é bem madura, principalmente no que toca o desenvolvimento da imaginação das crianças, e essa é a maior missão de Woody, Buzz e os demais brinquedos, mesmo os rejeitados e alterados por Sid fazem isso.

    Mesmo que o sentimento de fraternidade de Woody e Buzz seja trabalhado de maneira um pouco rápido no que toca o convencimento que o xerife faz ao patrulheiro espacial, toda a trajetória para este rumo faz um enorme sentido e evolui ainda mais nos outros filmes. Nesse  ainda, a evolução de Woody é enorme, pois ele passa por cima de seus preconceitos, arquiteta um plano que foge as regras não ditas e impostas aos brinquedos e é claramente a frente do seu tempo e a frente do estigma que o toca de fazer referência a uma época tão distante como a do velho oeste. Ele até mais que Buzz merece o espaço, a fronteira final como ápice.

    Proximo dos  atos finais, há um trabalho em equipe, dos brinquedos de Andy, relembrando que essa não é uma fita individualista, e mesmo no natal, onde o vaqueiro assume que o patrulheiro espacial é mais importante que ele, há uma clara demonstração do quanto eles são íntimos e amigos, superando a vaidade individualista de ambos, trazendo uma historia que fora os moralismos, é rica e cheia de nuances. A Pixar não poderia ter uma pedra fundamental melhor que Toy Story, sem sombra de dúvida.

    https://www.youtube.com/watch?v=KYz2wyBy3kc

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  • Crítica | Toy Story 4

    Crítica | Toy Story 4

    Havia uma promessa após Toy Story 3 que a saga de Woody e dos outros brinquedos finalmente chegaria ao fim. Ocorre que, nove anos depois a Disney/Pixar trouxe enfim um novo capítulo para a franquia, dessa vez dirigido por Josh Cooley, em uma história que prometia poucas surpresas.

    Na trama, já se sabia que Woody reencontraria Betty, a pastorinha de porcelana que não aparecia desde o segundo filme. A trama começa nove anos antes do presente, em um dia chuvoso que marca o retorno de vários brinquedos antigos do Andy. A sequência em si além de animada é bastante emocionante, e marca a ideia central do filme, de que brinquedos vem e vão. Os momentos de ação melhoram ao ser pontuados pela música brasileira de Zé da Viola, que retorna para traduzir os temas de Randy Newman, incluindo uma música inédita.

    Woody tem que se adaptar a uma nova condição, sendo muitas vezes ignorado por Bonnie, mas sem jamais culpar a menina por isso. Neste ponto, há homenagens a momentos clássicos, como quando o vaqueiro e Buzz passeiam pelo Pizza Planet. Sua interferência em tudo é um aspecto que ele percebe que precisa mudar, mas essa evolução terá de esperar pela aproximação de um novo personagem, um garfinho criado pela menina durante sua ida ao jardim de infância.

    O novo paradigma traz uma nova sensação ao brinquedo, a vontade de não querer existir. O personagem funciona como um pupilo de Woody, mas também ensina algumas coisas, dentro daqueles aspectos estereotipados de filmes otimistas, mas que aqui funciona muitíssimo bem, em especial no que toca a sensação de não mais pertencimento a uma classe ou a um grupo específico. De certa forma, o Garfinho e Woody compartilham parte do mesmo destino, e aos poucos o caubói copia elementos de personagens diferentes entre si.

    Se nos outros três capítulos da saga tratam de rejeição, esse tem como um tema central o pertencimento, no caso, o lugar de destino dos brinquedos, não importando se eles são de material descartável, duradouro ou de qualquer outra natureza. Com a adesão de Betty à trama se discute de maneira não-panfletária o lugar que cada brinquedo tem, além de belíssimas reflexões a respeito de consciência, no arco de Buzz.

    Há duas personagens femininas fortes: Betty e Gabby Gabby – personagem que segundo os trailers era vilã e tirana mas que no decorrer dos 100 minutos, desconstrói essa imagem. A postura de ambas é bem diferente, e as duas causam diferentes emoções no protagonista, uma fazendo com que ele deseje ser independente e aventureiro, e outra reforçando o apego dele ao seu dono, e o desenvolvimento desse aspecto por parte de Woody talvez seja um dos pontos mais maduro e profundo de todo o roteiro de Andrew Stanton e Stephany Folsom.

    Os novos brinquedos também são muito bem apresentados, em especial o curioso Duke Caboom, dublado por Keanu Reeves, personagem esse que garante boas risadas e reflexões sobre superação de obstáculos. Há outros que apelam para eventos mais óbvios, mas ainda assim são bem carismáticos, como os brinquedos prêmios de jogos no parque. Os antagonistas são desenvolvidos, em sua maioria, como personagens multidimensionais, e o rumo destes redime um pouco Lotso, Pete Fedido e outros vilões já apresentados na série.

    Os brinquedos quebram muito dos protocolos, e isso ajuda o dar peso nas escolhas que o filme toma, fazendo com que as tiradas cômicas sejam muito mais significativas. A mensagem de que não dá para carregar todos os brinquedos sempre é muito bem explorada, ainda que a história de Toy Story 4 tenha algumas fragilidades. A vida é feita de transições, e mesmo pequenos ritos introduzidos no filme fazem um enorme sentido aqui. Para quem acompanhou todas as aventuras dos brinquedos de Andy e Bonnie é impossível não se importar com toda a carga dramática apresentada nesta sequência, e para ajudar o longa é visualmente belo, divertido e com uma bela carga dramática, pontuando bem o caráter e o espírito que a Pixar traz desde o primeiro Toy Story.

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  • Crítica | Procurando Dory

    Crítica | Procurando Dory

    Procurando Dory - poster

    Desde 2006, após o novo acordo firmado entre Walt Disney Pictures e a Pixar Animation Studios, uma nova fronte de produção de longas-metragens foi estabelecida procurando valorizar as obras lançadas, dando sequência narrativa a continuações aguardadas pelo público. Foi diante deste cenário que Toy Story 3 foi concebido e a partir dele, atualmente, as sequências são lançadas intercaladamente com novos produtos do estúdio.

    Após 13 anos do lançamento do primeiro filme, Procurando Dory chega aos cinemas carregado de expectativa. A produção de 2003, Procurando Nemo, se mantém como um ponto de mudança no estúdio, mantendo a qualidade técnica e ampliando o espectro do roteiro em uma obra capaz de agradar a crianças e adultos. Obras posteriores deram maior importância à parcela adulta das histórias, característica que se tornou fundamental nas obras da Pixar.

    A trama traz o retorno das personagens centrais da obra anterior, desenvolvendo a mesma dinâmica de uma aventura. O enfoque passa a ser da esquecida peixinha Dory à procura de seus pais, perdidos na época da infância. O roteiro de Victoria Strouse e Andrew Stanton, este último também diretor da obra, se mantém eficiente tanto na fronte do humor quanto na vertente sentimental. Porém, com uma base sólida, afinal o público já conhece as personagens, optou-se por desenvolver uma trama divertida em que o riso se destaca na maior parte do tempo em diversos tipos de situações diversas. Permanecendo sob a mesma tônica familiar da história anterior mas com aventura distinta, a obra não necessita da história anterior como sequência cronológica.

    À procura de manter a qualidade obrigatória das produções da casa, personagens coadjuvantes são bem realizados para, além de se destacar com apoio, estabelecerem um papel ativo na aventura, trazendo carisma ao público. Como o polvo Hank, dublado na versão brasileira por Antônio Tabet. Hank é um personagem mal-humorado e com um passado aparentemente traumático, nunca revelado ao público. São os coadjuvantes que possibilitam boas piadas em cenas precisas de alívio cômico.

    A mesma atenção técnica se mantém na animação, ainda que nesta série não exista a intenção de certa transposição da realidade. Equilibrando-se em um registro visual realista nos cenários mas cartunesco nos personagens, o filme se aproxima do desenho animado tradicional ao humanizar ações através dos animais. Personagens expressivos que vivem dramas humanos como a perda de memória, a visão ruim dos olhos e falta de autoestima.

    Se o enfoque da história é uma aventura pautada pelo riso, o drama está situado no tradicional curta exibido antes do filme. Piper segue o estilo narrativo dos curtas-metragens anteriores ao não utilizar nenhum diálogo, pautado por uma animação realista apresentando com sensibilidade um registro quase documental do crescimento de um pequeno pássaro, que sofre a transição da proteção materna para o descobrimento do mundo, e sabendo que deve aprender a ser autossuficiente.

    Estreando no primeiro lugar nas bilheterias americanas e mantendo a mesma posição na semana seguinte, Procurando Dory é um reencontro com personagens conhecidas do público e marcadas anteriormente por um registro sentimental em uma história leve e mais cômica.

      

  • Crítica | John Carter: Entre Dois Mundos

    Crítica | John Carter: Entre Dois Mundos

    Mostrando que o cinema de ficção científica está cada vez mais em alta, John Carter: Entre Dois Mundo, baseado no clássico romance A Princesa de Marte de Edgar Rice Burroughs, finalmente chega aos cinemas, porém infelizmente com a impressão de que chegou tarde demais.

    Somos apresentados a John Carter, um capitão veterano da Guerra de Secessão nos EUA, que tenta fugir a qualquer custo de continuar servindo em mais guerras e conflitos. Carter acaba sendo teletransportado inexplicavelmente para Marte e é a partir daí que a trama se desenvolve. Em um planeta em que sua estrutura óssea e gravidade o permitem pular mais alto do que o normal e ter força sobre-humana, acaba atiçando a curiosidade da raça dos Thark, uma das raças habitantes de Barsoon. Ainda que contra a sua vontade ao primeiro momento, Carter se vê envolvido em um conflito épico entre duas facções do planeta e acaba tendo que redescobrir a sua humanidade e os valores que quer defender para salvar a vida da Princesa Dejah Thoris e de toda uma população.

    Ao contrário do que muita gente desavisada pode achar, John Carter foi um personagem criado em 1912 e serviu de inspiração para uma série de histórias, dentre elas incluindo Star Wars e Avatar. Porém o fato de estar saindo nos cinemas pela primeira vez depois de tanto tempo dá uma impressão errada quanto a quem foi realmente o precursor no estilo.

    Trata-se de uma clássica história da jornada de um herói com todos os seus elementos clássicos presentes: a luta de um homem contra os fantasmas de seu passado, a princesa que foi prometida em casamento para o vilão com o intuito de terminar a guerra, um plano malévolo de dominação mundial e a superação do personagem lutando por uma causa, buscando sua redenção.

    O filme foi dirigido por Andrew Stanton – conhecido pelos seus trabalhos em grandes animações como Vida de Inseto, Procurando Nemo e WALL-E– que trabalhando juntamente dos roteiristas Mark Andrews e Michael Chabon não conseguiram convencer a história nas telas, tornando-o superficial e sem plots emocionantes.

    O destaque do filme fica por conta dos efeitos especiais, os quais foram abusados sem dó e nem piedade, e que são levados aos extremos. Em muitos momentos se tornam enfadonhos acabando por somar negativamente em uma história mal conduzida.

    Por outro lado, a concepção visual da raça dos Thark, por exemplo, teve um resultado excelente. Estes personagens são carismáticos e tornam o longa metragem no mínimo interessante, ao contrário dos atores de verdade, Taylor Kitsch e Lynn Collins, que esbanjam simplicidade em suas atuações, tornando os momentos em que contracenam juntos (mais de 60% do filme) extremamente desgastantes.

    O recurso 3D utilizado no filme não é excepcional, mas compõe bem os quadros utilizados. Serve apenas pra criar satisfatoriamente o efeito de profundidade nas cenas, principalmente naquelas que aparecem grandes cidades e paisagens.

    Uma obra que se torna fraca pelo mérito da forma como foi produzida, não da história original em si. De fato cumpre o seu papel em se tornar um grande blockbuster e diverte tanto quanto assistir filmes de aventura clássicos. Acho que é o suficiente para fazer alguém ir vê-lo nos cinemas.

    Texto de  autoria Pedro Lobato.