Tag: Erica Awano

  • Resenha | Holy Avenger: Paladina

    Resenha | Holy Avenger: Paladina

    Na última semana de novembro a Jambô Editora anunciou seu último lançamento do ano para a linha Tormenta, a mais bem sucedida franquia de RPG nacional. Em um ano de estrondoso sucesso da campanha de financiamento coletivo da nova edição do livro básico do cenário, com quase 2 milhões de reais arrecadados em pouco tempo, parecia que nada mais poderia surpreender os fãs do RPG de fantasia mais querido do Brasil. Pois a surpresa veio com o anúncio de Holy Avenger: Paladina, há poucos dias da CCXP em São Paulo. Mesmo tendo sido lançada poucos dias depois do anúncio, a primeira leva de exemplares presentes no estoque do stand da Jambô na convenção simplesmente se esgotou antes do último dia do evento.

    A série original foi publicada mensalmente no país de 1999 a 2003, com 40 edições, dois capítulos extras, seis especiais e mais vários derivados, como livro de referência com regras para o antigo sistema de Dungeons and Dragons 3ª Edição (o d20 System). Das páginas da revista especializada em RPG Dragão Brasil, Holy literalmente foi parar no outro lado do mundo, sendo reconhecida pelo ministro da cultura do Japão como um legítimo mangá. Com toda essa bagagem, o roteirista e co-criador de Tormenta Marcelo Cassaro retorna ao texto junto com a mangaká Erica Awano, que novamente assume os desenhos. Quem também retorna é o artista André Vazzios para dar vida e cores à exuberante arte da capa de Awano. Com essa equipe original, seria possível repetir o sucesso de Holy Avenger vinte anos depois? Tudo indica que sim!

    A história se passa no tempo atual do cenário de Arton, o que significa que pode haver alguns spoilers para quem não leu outros materiais da casa, como os romances de Leonel Caldela e Karen Soarele. Nada que estrague a diversão de quem não se importa em ser atualizado aos poucos ou de quem está entrando em contato com o material pela primeira vez. Na verdade, parece haver um certo didatismo não exagerado para que iniciantes possam apreciar a obra sem ter que enfrentar 20 anos de material publicado. Aqui descobrimos a história de uma velha conhecida dos leitores das seções de cartas da Dragão Brasil e da extinta Dragon Slayer: a Paladina! Assim como o Paladino era apenas um personagem cômico que respondia as cartas dos fãs da revista antes de se tornar o ser poderoso das histórias em quadrinhos originais, a Paladina é apresentada aqui como muito mais do que um estereótipo de personagens femininas. Ela tem carisma e personalidade, um background que justifica seu nome peculiar e muita atitude! Seu coadjuvante, Francis, também é bastante peculiar: um bruxo da Tormenta que nasceu com a mácula da invasão infernal que dá nome ao cenário.

    Uma grata surpresa é ver velhos conhecidos de volta, mesmo que na forma de easter eggs pelas páginas. Uma das personagens originais também está de volta já nesse primeiro volume, porém bastante modificada para fazer mais sentido tanto com a lore do mundo de Tormenta quanto com as regras do RPG – algo banal pra quem não joga, mas essencial para os fãs mais ardorosos. O livro é dividido em cinco capítulos, cada um como se fosse uma edição da antiga revista mensal, com 22 páginas. Todo o clima das aventuras originais está ali, inclusive as eventuais aparições das versões chibi de Awano e Cassaro (encarnado no Capitão Ninja), fazendo divertidas considerações sobre a história. Também é interessante ver aparições pontuais de personagens de outras mídias, como a Guilda do Macaco –  mesa de RPG oficial da editora, transmitida via streaming ao vivo no Twitch e mais tarde publicado no YouTube.  É também muito interessante a nova interpretação que Cassaro dá ao Deus da Justiça, Khalmyr, aqui apresentado em sua versão mais legal de todos os tempos! (Sim, Khalmyr pode ser legal! Deixem de ser implicantes com personagens ordeiros, que coisa!)

    Com 128 páginas e capa dura, Holy Avenger: Paladina é uma grata surpresa nesse fim de ano e já prepara o terreno para a nova versão de Arton que veremos a partir de 2020. É uma excelente porta de entrada para iniciantes, mas também de passagem para aqueles que já conhecem os personagens e querem se aventurar de novo pelas terras artonianas.

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  • Resenha | MSP 50 Artistas

    Resenha | MSP 50 Artistas

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    A importância de 50 anos de carreira é sempre um marco louvável que marca homenagens e edições especiais, não importando qual a vertente artística do autor. Celebrando o cinquentenário em 2009, a obra de Maurício de Sousa recebeu homenagens diversas e foi prestigiada de maneira inédita em uma edição especial reunindo 50 artistas de quadrinhos, que recriam os populares personagens com traços diferentes daqueles fundamentados pelo quadrinista.

    No prefácio que abre MSP 50 – Maurício de Sousa por 50 Artistas, o editor Sidney Gusman ressalta a especialidade desta comemoração e a fonte de inspiração da homenagem vinda de uma edição comemorativa dos 80 anos de Albert Uderzo, um dos criadores do Asterix. O sucesso da edição foi tamanho que dois outros volumes surgiram em seguida, além de uma edição dando maior liberdade aos desenhistas e roteiristas da Maurício de Sousa Produções.

    Esta edição comemorativa, lançada em capa dura pela Panini Comics, apresenta 50 autores com suas interpretações pessoais de personagens clássicas de Maurício, promovendo uma gama de leituras e estruturas quadrinescas diferenciadas, como charges, tiras e narrativas curtas. A pluralidade é o grande argumento destas visões, algo trabalhado para que cada autor desse sua visão pessoal e artística sobre tais personagens. Ainda que todas as histórias tenham diferenças entre si, a homenagem explícita se mantém em diversas histórias. Parte dos autores preferiu transformar sua trama em um parabéns agradecido ao autor, bem como poucos que possuíam personagens populares próprios realizaram um crossover entre universos.

    Em maior ou menor grau, a interpretação pessoal se destaca. Outra boa parte das narrativas causa impacto pela diferença do estilo e do equilíbrio entre homenagem e conceito próprio, caso do conhecido Ivan Reis, oriundo dos quadrinhos de heróis, que cria um vilanesco Cebolinha, ou de Fabio Yabu, que promove uma ficção científica reflexiva sobre a infância. Outros nomes desconhecidos, até então, por minhas leituras, se destacam, como Otoniel Oliveira, que realiza uma bela história com Franjinha e Marina; Samuel Casal, cuja atmosfera e ausência de cores se adequaram perfeitamente ao Penadinho; e Erica Awano e seu traço em mangá no ambiente rural de Chico Bento. Três exemplos que se sobressaem visualmente pela diferença dos traços tradicionais da turminha, com perspectivas particulares deste universo.

    Graças à popularidade de seus personagens, as histórias dessa edição são especiais pela leitura pessoal no ideário de cada um. Destaca-se a importância deste ou daquele personagem, a maneira sensível pelo qual cada artista compõe sua trama a partir do cânone, sem perder a identificação emotiva, afinal a leitura primordial da Turma da Mônica é feita na tenra idade, um batismo universal para a maioria dos leitores brasileiros de quadrinhos.

    A comemoração dos 50 anos de carreira de Maurício de Sousa é coerente com a força de seu trabalho, reconhecido mundialmente e um dos grandes destaques brasileiros nos quadrinhos. Porém, a interpretação de cada homenagem produz momentos delicados. Afinal, neste 50 anos, o criador da Mônica trabalhou ao lado de uma equipe cujos créditos nunca foram devidamente apontados. Infelizmente, muito material produzido em décadas passadas foi assinado coletivamente por uma equipe cujo líder é Maurício de Sousa, o autor e empresário simultaneamente. Dessa forma, algumas destas homenagens, ao afirmarem sobre o seu cinquentenário, dão a impressão de que sua carreira foi fundamentada de maneira solo, sem o apoio desta equipe que, somente em lançamentos atuais, ganhou o devido crédito pelo trabalho. Uma afirmativa que não retira o talento fundamentado em anos de criação, mas que deve ser pontuado para evitar qualquer centralização indevida.

    Mesmo com este problema, que ainda deve ser sanado pelos estúdios, Maurício de Sousa é um dos grandes quadrinistas brasileiros, e sua força é demonstrada nessa homenagem que espelha suas personagens e a tradição fundamentada por elas, sendo mais um marco na trajetória deste autor ímpar.

  • Resenha | Holy Avenger: Edição Definitiva – Vol. 1

    Resenha | Holy Avenger: Edição Definitiva – Vol. 1

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    “Lisandra. Criada por animais em uma ilha selvagem, esta jovem vivia feliz em seu mundo puro… Até que os sonhos vieram. Sonhos sobre o Paladino, um herói com o poder do Panteão. Sobre como ele havia sido derrotado por forças malignas. E sobre como Lisandra poderia ressuscitá-lo se encontrasse suas gemas divinas — os vinte Rubis da Virtude. Para ajudar Lisandra surgem Sandro, filho do maior ladrão do Reinado, Niele, a bela e maluca arquimaga élfica, e Tork, o troglodita anão.”

    Holy Avenger surgiu em 1998 dentro da revista Dragão Brasil, revista brasileira especializada em RPG (role playing game) e possúia um grande destaque à época. A história apresenta 40 edições que foram lançadas à época e, hoje, podemos conferir uma das HQs mais relevantes do mercado nacional sendo publicada em um material de luxo que agrada aos olhos de qualquer fã.

    O roteiro simples, porém cativante de Marcelo Cassaro não deixa a desejar. A história de Holy Avenger tem personagens carismáticos e uma narrativa envolvente. Soma-se a isso a arte de Erica Awano, uma expoente da arte em mangá no Brasil, com traços sutis, porém significativos, as quais podem ser visualizadas em um formato maior do que antigamente graças a essa edição definitiva.

    O material de luxo é de encher os olhos de qualquer pessoa que encontra o encadernado em uma livraria, porém possui um problema que incomoda qualquer um que acompanhava a série antigamente. Nas edições antigas sempre haviam algumas poucas páginas coloridas no começo das revistas. Estas, porém, foram simplesmente negligenciadas e esquecidas na edição definitiva. Isso pode parecer pouco, mas é um erro bastante grave considerando que a edição definitiva deveria possuir o ápice de qualidade em sua publicação – isso se aliando ao fato de que as páginas coloridas eram de excelente qualidade-, ainda mais considerando o preço “salgado” que está sendo comercializado, representando um certo descaso por parte da editora com o público.

    Pois bem, tirando  o problema da ausência de algumas páginas coloridas que simplesmente sumiram da edição, o material é de qualidade e poder relembrar as histórias de Lisandra e seu grupo de aventureiros  é sempre uma excelente pedida, ainda mais se você for fã de jogos de RPG e afins.

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    Texto de autoria de Pedro Lobato.