Tag: Michael Nyqvist

  • Sai de Cena o ator sueco Michael Nyqvist, de Millenium

    Sai de Cena o ator sueco Michael Nyqvist, de Millenium

    Michael Nyqvist, ator sueco que se tornou conhecido por interpretar Mikael Blomkvist, ao lado de Noomi Rapace, na trilogia original que adaptou os livros da série Millenium, de Stieg Larsson, faleceu aos 56 anos de idade, após lutar contra um câncer no pulmão, segundo informações do The Guardian.

    A família de Nyqvist lançou uma declaração nesta terça-feira informando “com profunda tristeza o nosso amado Michael, um dos atores mais respeitados e completos da Suécia faleceu tranquilamente cercado por sua família após uma batalha de um ano contra um câncer no pulmão. A alegria e a paixão de Michael eram contaminantes para aqueles que o conheciam e o amavam. Seu charme e carisma eram inegáveis, e seu amor pelas artes eram sentidos por todos que tinham o prazer de trabalhar com ele”.

    Nyqvist além de seu trabalho na série Millenium, ganhou notoriedade ao participar de Missão: Impossível – Protocolo Fantasma, De Volta ao Jogo, além de trabalhos mais intimistas como A Jovem Rainha, Amor e Revolução, A Garota do Livro e a minissérie de TV Madiba, que conta um pouco da história do líder político Nelson Mandela.

    O astro sueco está no elenco dos ainda inéditos Hunter Killer, ao lado de Gary Oldman e Gerard Butler, e Radegund, de Terrence Malick.

    Acompanhe-nos pelo Twitter e Instagram, curta a fanpage Vortex Cultural no Facebook, e participe das discussões no nosso grupo no Facebook.

  • Crítica | A Garota do Livro

    Crítica | A Garota do Livro

    garota-do-livro

    Escrito e dirigido por Marya Cohn, A Garota do Livro estreou em 2015 e deu um fôlego de originalidade de roteiro à indústria do audiovisual que atualmente baseia as suas histórias em adaptações de outras mídias, refilmagens ou continuações.

    O longa traz a história de uma jovem editora de livros que é forçada a lidar com um autor best-seller que a fez passar pelo maior trauma da sua vida no passado. Dividido entre o passado e o presente, o roteiro de Marya Cohn consegue se estruturar em bons personagens, principalmente na protagonista Alice. O seu grande trauma é construído aos poucos assim que ela tem o encontro com Milan e serve como ligação com o passado em bonitas cenas que vão revelar um dos maiores pesadelos que uma jovem pode ter. Alice é no fundo uma batalhadora, que apesar de ainda possuir uma grande ferida aberta e ser controlada pelo seu pai, consegue seguir com a sua vida.

    Contudo na parte final do filme o roteiro se perde nas ações sem fundamento da protagonista. Alice que estava até então se livrando do trauma de Milan e do controle de seu pai para se tornar de vez uma mulher independente, tenta através de escolhas bobas reconquistar o seu interesse romântico, modificando radicalmente o tom da personagem e do próprio filme, que deixa de ser um drama profundo para finalizar o filme com uma comédia romântica.

    A direção de Marya Cohn conseguiu construir uma narração visual através de bons enquadramentos e a direção do elenco no geral é satisfatória. Porém a sua consistência falha ao escolher mal e não conseguir trabalhar direito com as duas atrizes que interpretaram Alice, que acabam por prejudicar o trabalho final em um filme que poderia ser muito melhor do que é.

    Emily Vancamp se esforça e até consegue obter alguma entrega na atuação, mas a sua limitação como atriz prevalece, igualmente Ana Mulvoy-Ten, a sua versão mais jovem. Quem segura o filme é o sempre bom Michael Nyqvist (o Mikael Blomkvist da trilogia sueca Millenium) e Ali Ahn, que interpreta a melhor amiga de Alice. Destaque ainda para Michael Cristopher e Talia Balsam que dão vida aos pais de Alice.

    A fotografia de Trevor Forrest tem tons marrons e azuis no presente, deixando um ar mais naturalista e de sépia para retratar o passado, deixando um onírico que conseguiu servir como as lembranças ruins de Alice. A edição de Jessica Brunetto é fluida e deixa o filme com um bom ritmo, que apesar de ser um pouco mais lento, não é maior do que deveria.

    A Garota do Livro tem o mérito de ser uma história original que pode agradar a quem deseja fugir de adaptações.

    Texto de autoria de Pablo Grilo.

  • Crítica | Missão: Impossível – Protocolo Fantasma

    Crítica | Missão: Impossível – Protocolo Fantasma

    Missão Impossível 4 - Protocolo Fantasma

    O começo do ano 2000 foi bom para Tom Cruise devido ao sucesso de bilheteria e sua participação em filmes blockbuster, como a adaptação de Guerra dos Mundos de Steven Spielberg. Foi aproximadamente em 2005 que seu nome perdeu parte do status, graças a seus afastamento nas telas ao se dedicar ao casamento com Katie Holmes, um enlace lembrado pelo público nos pulos desenfreados no sofá de Oprah, fato que fez a mídia chamar-lhe de maluco para baixo. No ano seguinte, o nascimento da filha foi o centro de suas atenções e, ainda assim, o ator estrelou Missão: Impossível 3, seu último filme de grande sucesso.

    Em seguida, participou de longas-metragens interpretando personagens menores ou diferentes de seus heróis habituais: um congressista em Leões e Cordeiros, drama político de Robert Redford; Operação Valkyria como um militar que deseja acabar com os planos da Alemanha, e se destacou com muita maquiagem e pelo em Trovão Tropical. A produção Encontro Explosivo foi lançada para realocar o astro em seu papel de ação, um status que sempre foi constante em sua carreira, muitas vezes em detrimento do ator potencialmente talentoso em certos papéis. O filme foi um fracasso, marcou mais um passo ruim de sua carreira e parecia anunciar a morte de um dos últimos astros de Hollywood.

    O sucesso de Tom Cruise surgiu em uma época em que astros eram a grande estrela sem depender da qualidade. Mesmo filmes com uma bilheteria mais fraca alcançavam o esperado pelas produtoras. Um reflexo do mercado que hoje não mais se vê motivo pelo qual muitos outros colegas de profissão hoje estão em papeis secundários ou produções duvidosas, seja por opção ou por um mal gerenciamento da carreira que ainda os vê como astros acima de qualquer produção.

    Missão: Impossível – Protocolo Fantasma carregava a responsabilidade de demonstrar que o astro ainda era uma figura rentável na indústria, ao mesmo tempo que era um desafio para Brad Bird na direção. Até então, o diretor havia feito apenas grandes animações, como Gigantes de Ferro, Os Incríveis e Ratatouille. Como nas três histórias anteriores, a produção é coerente com sua temporalidade no quesito linguagem cinematográfica enquanto manter certa personalidade de seu diretor. O filme já está situado na era do realismo Bourne, porém, como a franquia permite cenas mirabolantes, o roteiro de Josh Appelbau e André Nemec preservam a coesão em grandes cenas impossíveis e ao mesmo tempo realistas, um paradoxo que parece impossível.

    Assim como o James Bond em Skyfall representava uma queda e reinvenção da personagem, o protocolo fantasma do título é instaurado após um ataque terrorista ao Kremlin, fortaleza russa, encerrando a força-tarefa Missão Impossível. Fora de um campo de restrições implicitamente anacrônicos, Ethan Hunt e sua equipe atuam para recuperar dados de diversos mísseis nucleares roubados durante a explosão. Interceptando a compra destes dados, a equipe segue em missão por diversos locais do globo – Rússia, Dubai e Índia – à procura do vilão terrorista. Cenários que não só engrandecem a trama visualmente como proporcionam grandes cenas de ação, como a insana escalada de Junt no lado externo do prédio Burj Khalifa, conhecido com o mais alto do mundo.

    No papel de Hunt, Tom Cruise continua sendo um grande símbolo. Demonstra não só seu antigo status de astro como também sua dedicação ao não utilizar nenhum dublê em suas cenas, trazendo mais autenticidade para a história. Bird, em seu primeiro filme live action, sabe trabalhar as cenas de ação tanto em seus picos máximos de tensão quanto aproveitando pequenos detalhes que trazem conflito à missão. Como destaque, a sensacional perseguição em meio a uma tempestade de areia em Dubai, claustrofóbica e tensa ao mesmo tempo, e que encerra o ato nesta cidade dos Emirados Árabes. Uma diferença das histórias anteriores é o tratamento dado às cenas de ação exageradas: a própria equipe assume o perigo e incredulidade diante de alguns atos de Hunt, como se soubessem que, diante de uma situação sem fugas, é necessário encontrar um caminho  mesmo que seja, aparentemente, impossível. O jogo de rir de si quebra o exagero que os filmes anteriores consideravam normal e reforça o teor realista – na medida do possível – da história.

    A nova trama alinha um novo personagem, William Brandt, parceiro que se iguala com Hunt como um espião bem treinado, além de retomar Simon Pegg como bom alívio cômico, bem composto para descontrair certas cenas sem destoar por completo do foco da ação, além de trazer uma participação de Ving Rhames como o parceiro Luther Stickell. A produção conseguiu 694.713.380 milhões na bilheteria mundial. Não só o maior retorno para a franquia – atualmente, Missão Impossível – Nação Secreta chegou a marca dos US$300.000.000 – como também uma das maiores bilheteiras da carreira de Cruise. Prova de que o astro conseguiu ser uma exceção no mercado, e manteve seu status de astro capaz de se reinventar no melhor que consegue fazer: sendo um astro de ação carismático, rentável e autêntico.

  • Crítica | Os Homens que Não Amavam as Mulheres (2009)

    Crítica | Os Homens que Não Amavam as Mulheres (2009)

    poster-os-homens-que-nao-amavam-as-mulheres

    O mundo é um lugar terrivelmente perigoso para aquele que não detém poder, seja do domínio físico, financeiro ou social. Dentre todas as minorias, a adição de um cromossomo X é capaz de tornar o indivíduo ainda mais propenso a toda sorte de violências, físicas e morais. O principal olhar a que o diretor Daniel Alfredson se volta é o da mulher como objeto dos desejos do mundo, e coloca o homem como potencial causador de danos. Isso é claro e reflete boa parte da realidade, onde a violência doméstica é uma realidade na vida de tantas meninas, e onde o assassinato é “uma consequência natural do estupro”.

    Baseado na obra literária de Stieg LarssonOs Homens que não Amavam Mulheres (de Niels Arden Oplev) é o primeiro de uma trilogia de filmes policiais muito bem-sucedidos em amarrar as vidas de seus dois protagonistas, Lisbeth Salander (Noomi Rapace) e Mikael Blomkvist (Michael Nyqvist), em uma trama de mistérios e dramas do passado sem jamais sugerir um abuso de coincidências, ou carregar um excesso de bagagem. A obra desenvolve seus personagens secundários em cima de estereótipos conhecidos e, mesmo aqueles que pouco aparecem, quando surgem, motivam o desenvolvimento da história.

    Traumas do passado são estabelecidos em flashbacks inseridos de forma inteligente para que o espectador conheça Lisbeth apenas o quanto Mikael a conhece, e apresentando a quem assiste as mesmas conexões emocionais que o jornalista tem com a hacker: a paixão. O repórter idealista é fascinado por seu trabalho e sua função na sociedade, e desta forma aceita ajudar o industriário Vanger a encontrar sua sobrinha Harriet, morta há mais de 40 anos, em meio a uma trama de conspiração e abusos. Inicialmente relutante, o mistério o provoca e convida Lisbeth para uma parceria, bem como ao envolvimento emocional. Enquanto isso, a hacker Lisbeth torna-se a representante máxima das mudanças de um mundo complexo e objetificante, pois ela é antes de tudo uma apaixonada. De acordo com Aristóteles, paixão é a falta daquilo que se quer, pois logo que se tem não há mais espaço para a paixão, apenas para o dia a dia e para a monotonia. E desta forma Lisbeth interessa-se mais por mistérios do que por pessoas, abandonando ambos assim que sejam dissolvidos ou saciados.

    É um filme sintético em todas suas características, e usa-se disso para resolver de forma coerente o desfecho do repórter Mikael e do mistério, que para muitos pode soar menos impactante do que deveria. Falta, porém, um fechamento melhor para Lisbeth Salander que, apesar de ser o real fio condutor e a síntese de toda trama, sai assim como veio. O motivo disso é a forma como o filme se monta sobre uma trilogia, esperando para desenvolver outros aspectos da personagem em algum outro momento. Neste ponto, a versão americana, de David Fincher, se mostra melhor sucedida no retrato dos dois protagonistas, fazendo com que as pequenas mudanças da trama ou detalhes de suas jornadas trabalhem mais em função de Lisbeth e seu arco-íris de emoções, tão complexo em sua formação, mas primário na forma como se expõe.

    Com uma fotografia mais quente do que se poderia esperar, o longa prefere utilizar-se da cenografia para dar às paisagens suecas o tom inóspito e potencialmente perigoso que a narrativa exige. Em Estocolmo, personagens são sufocados pela simples proximidade de pessoas; já na ilha onde ocorre boa parte da trama, a solidão é desoladora, e mesmo a mínima cabana que age de quartel general para as investigações da dupla mostra-se maior em seu interior do que exteriormente. Ao olhar em volta, tudo parecerá longínquo, trabalhoso e misterioso demais. Esta cidade fantasma ressalta a ideia de que somente pessoas com motivações prioritariamente introspectivas seriam capazes de se atrair por qualquer coisa que resida sob aquela neve e segredos.

    Reprimida por aqueles que a rodeiam, Lisbeth torna-se uma pessoa agressiva e de difícil convivência, e encontra em seus processos mentais um ponto de fuga para a gigantesca pressão do mundo em lhe frustrar e machucar. Eis que então o sexo é outra constante na trama, especialmente por ser um ato polissêmico, de natureza complexa, porém de fácil aplicação, capaz de atuar como barganha, método coercivo e compensação afetiva, que exemplifica a forma como age o sexo na mente daquele que é violentado.

    Enquanto para o autor da violência o ato não passa de alguns segundos dentre toda uma vida, para quem sofre da violência é um ato que persegue e assombra. Não à toa, vítimas de estupro relatam duvidar da veracidade do ato, colocando a violência para dentro de suas mentes, aceitando posições de inferioridade e trazendo pra dentro de si dragões que lhes rasgam ao sair.

    Velado, latente e introspectivo, o machismo é uma condição não aparente que desperta uma forma corrosiva de convivência onde a moral está no centro do jogo. É permitida a quebra da moral (resumida naquilo que se faz em seus porões, longe da vigilância do mundo), não a quebra da aparência, pois a aparência é essencial para o prejulgamento social. Enquanto emoldura o violento em um quadro como uma caricatura fascista, ajuda a esconder os demônios pessoais que a sociedade compartilha ao fomentar, mesmo que com palavras, todo tipo de misoginia, discriminação e violência.

    Texto de autoria de Marcos Paulo Oliveira.

  • Crítica | De Volta ao Jogo

    Crítica | De Volta ao Jogo

    De volta ao jogo - poster brasileiro

    Não é novidade que Keanu Reeves divide opiniões em relação a sua forma de atuação, bem como aos filmes que escolhe atuar. Desde sua participação na franquia Matrix, o ator passou a oscilar em papéis de maior ou menor expressividade dentro de Hollywood. Vimos Reeves participando de grandes produções, desde Constantine a filmes de baixo orçamento, como Sem Destino. Certo é que o recluso ator tem voltado a aparecer cada vez mais no circuito comercial, a começar pelo exagerado filme de fantasia samurai 47 Ronins e agora com De Volta ao Jogo.

    O filme conta a história do personagem que intitula originalmente o filme, John Wick, um assassino de aluguel que se aposentou do mundo do crime pra viver uma vida pacata ao lado de sua esposa. Uma vida perfeita até que uma doença levou a vida de sua mulher. Como último presente em vida, ela lhe presenteou com um pequeno cachorro e uma mensagem carinhosa para que John não desistisse.

    O destino de John muda completamente quando um capanga da máfia russa resolve invadir sua casa, espancá-lo, matar seu cachorro e, por fim, roubar seu Boss Mustang 1969. Por esse motivo, John retorna ao seu eu do passado para se vingar dos agressores da memória de sua esposa.

    A sinopse aparenta ser boba, talvez um pouco ingênua, mas a simplicidade do plot não faz jus ao filme em si. O roteiro simples e direto não diminui a execução soberba e as excelentes cenas de ação que são apresentadas durante a obra. Chad Stahelski, dublê responsável por cobrir Brandon Lee no clássico O Corvo, apresenta um trabalho impecável, refletindo sua longa carreira no cinema. Em De Volta ao Jogo, os movimentos de câmera frenéticos e cortes rápidos que acompanham lutas – técnica muito utilizada com o intuito de conceder dinamicidade às cenas ao mesmo tempo que facilita a filmagem da ação propriamente dita – dão lugar a uma filmagem precisa, calma, que explora cada momento das cenas de ação, extremamente bem elaboradas e coreografadas.

    De Volta ao Jogo empolga. E não só empolga como diverte. O envolvimento da trama e das situações absurdas em que John é posto – bem como em todas as situações do filme que giram em torno da fama que o personagem tem entre os assassinos no submundo – gera momentos hilários. Humor involuntário, porém natural, que cativa o espectador a embarcar com mais naturalidade na vendeta de John Wick e observar as centenas de mortes que seguem dali em diante.

    Michael Nyqvist também merece o devido destaque por sua participação, bem como Willem Dafoe, e até Ian McShane em um papel mais singelo. Porém, os holofotes mais uma vez estão mirando em Keanu Reeves, o qual incorpora com naturalidade a personalidade obscura e contida de John Wick. Gostando ou não de Reeves, ele tem nossa atenção.

    Texto de autoria de Pedro Lobato.