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  • Crítica | Resident Evil 4: O Recomeço

    Crítica | Resident Evil 4: O Recomeço

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    Os efeitos em slow motion nos minutos iniciais de Resident Evil 4: O Recomeço já escancaram lastimavelmente que Paul W. S. Anderson voltou à cadeira de diretor apresentando os aspectos muito negativos que lhe são peculiares, especialmente no estilo videoclíptico que imitam porcamente o visual e estilo de Matrix.

    O começo da trama é efetuado por mais um recordatório, tornando claro que os produtores julgam que seu público sofre de amnésia crônica. A ideia de arquitetar um plano com dezenas de clones a uma instalação de segurança máxima é demasiado fraca, só servindo para tornar a Alice de Milla Jojovich em algo menos poderoso. Mesmo voltando a ser humana de novo, a protagonista e heroína de ação consegue sobreviver à queda de um avião. Após a mini odisseia, ela toma um aeroplano e viaja até o Alaska à procura de sobreviventes, sem qualquer explicação mínima, mas somente uma tela preta informando que seis meses haviam se passado.

    Milla volta à sua canastrice habitual. Os personagens secundários são sofríveis, mesmo os que funcionaram bem em Resident Evil 3 A Extinção. As mudanças de personalidade são “justificadas” por uma lavagem cerebral e controle da mente, e por incrível que pareça esses ainda os problemas pequenos. Wentworth Miller faz do seu Chris Redfield um prisioneiro que aparenta ser badass, mas que, diante dos perigos que se aproximam, pouco tem ação. O CG, antes bem feito, volta a ser tosco; parece até ter piorado em comparação com o filme anterior. A desconstrução de Claire Redfiled (Ali Larter) é de uma incompetência ímpar. As situações de perigo se tornaram fúteis mais uma vez, os zumbis pouco ameaçam – mesmo com todos os upgrades, Alice volta a ser intocável, executando exibições de saltos ornamentais dignas de uma gata molhada.

    Resident Evil 4 Recomeço 3

    A desconstrução do que foi visto anteriormente torna-se estranha, por perceber-se o óbvio fato de que o roteiro também era de W.S. Anderson. Entretanto, de todos os aspectos patéticos, o pior momento é de Albert Wesker. Sua palidez mórbida, os óculos escuros – que servem até como arma – e sua falta de talento dramatúrgico são sensacionais, e formam o arquétipo de um dos piores vilões que o cinema já produziu, graças e muito ao desempenho ridículo de Shawn Roberts, que só faz estalar o pescoço e ameaçar Alice. Mas não há como culpar somente o intérprete, que está limitado por um realizador que não parece saber instruir seus subalternos. Wesker é uma amálgama de Neo e Agente Smith, o que deve tornar a figura de Anderson em algo insuportável na roda de amigos ligados aos irmãos Watchowski.

    A batalha final é anticlimática, sem pé nem cabeça, e mesmo após todas as pirotecnias, a Umbrella está firme novamente, pronta para aprontar mais confusões e para infernizar a vida de Alice e do público do cinema. A cena pós-crédito é um acinte, e mostra que nada está tão ruim que não possa piorar mais ainda, encerrando o filme de modo quase tão desrespeitoso quanto Resident Evil 2: Apocalipse.

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  • Review | The Flash – 1ª Temporada

    Review | The Flash – 1ª Temporada

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    A boa aceitação da primeira temporada de Arrow, produzida pelo canal estadunidense CW, permitiu que a DC Comics e a Warner alçassem voos maiores em suas produções sobre super-heróis que até então estavam desacreditadas por conta de Smalville – As Aventuras do Superboy. Aliado a isso, os estúdios precisavam correr atrás da Marvel Comics, considerada anos luz à frente no que diz respeito ao mais novo selo chamado de “universo cinemático”. Assim, antes de mesmo de existir o seriado do Flash, Barry Allen (Grant Gustin) foi testado em dois episódios da segunda temporada do arqueiro esmeralda e que culminou no acidente que o tornou no velocista escarlate, sendo sua aceitação muito positiva, fazendo com que o pequeno crossover já ganhasse sinal verde para a produção do seriado solo.

    Assim como nos começos dos episódios de Arrow, onde Oliver Queen conta sua história, o simpático Barry Allen diz a seus espectadores que é o homem mais rápido que existe e que, desde pequeno, sempre acreditou no impossível e que as circunstâncias o transformaram no impossível e isso contrasta (talvez de forma proposital) com Arrow, um seriado com maior influência na realidade. Em Flash, o impossível é levado muito a sério, sem medo de ser brega ou confuso, não só por conta de um dos mais legais super-heróis já criados, uma vez que, quase sempre, o Flash é o responsável por alterações temporais e transições entre os mais diversos universos existentes nas HQ’s da DC Comics, mas também por conta do ótimo elenco carismático que acabou por entregar uma ótima temporada de estreia, com mais altos do que baixos, dando indícios de que permanecerá nas telas por muito mais tempo do que sua primeira tentativa de vingar na televisão nos anos 90.

    Quando criança, Barry presencia o cruel assassinato de sua mãe por algo inexplicável, um homem de amarelo se movendo extremamente rápido. Seu pai, Henry (John Wesley Shipp, o Flash/Barry Allen dos anos 90), o maior suspeito de cometer o ato, é julgado e condenado a passar o resto de sua vida no presídio de Iron Heights. Desta forma, Barry tem como objetivo provar que algo de errado havia naquela noite para, enfim, fazer justiça e tirar seu pai da prisão. Assim, ele entra para a polícia de Central City e vira um perito forense, muito semelhante aos que encontramos em seriados como CSI, com o intuito de juntar o maior número de provas possível e comprovar que, de fato, o impossível existe. Com a morte de sua mãe e a prisão de seu pai, Barry foi criado pelo detetive Joe West (Jesse L. Martin), crescendo junto com Iris (Candice Patton), filha de Joe, por quem tem um amor platônico.

    Ao voltar de Starling City, Barry Allen, um fanático por ciência, é atingido por um raio vindo da explosão de um acelerador de partículas criado pelo Dr. Harrison Wells (Tom Cavanagh), fundador dos Laboratórios S.T.A.R. e após passar meses em coma, Barry acorda extremamente bem, porém, com a habilidade de se movimentar em velocidades difíceis para o olho humano acompanhar. Assim Barry passa a ser estudado por Wells e seus dois ajudantes, Cisco Ramon (Carlos Valdes) e Caitlin Snow (Danielle Panabaker), os dois únicos cientistas que ficaram ao lado do exilado Wells, tido pela população como o responsável pelo acidente que vitimou muitas pessoas. Mas a vontade de Wells em querer ajudar Barry, sendo seu mentor, ajudando-o ao lado de Cisco e Caitlin, é motivadora, o que demonstra de certa e errônea forma sua motivação de querer dar a volta por cima. Wells tem suas próprias motivações para querer ajudar Barry, e o final do episódio piloto já planta uma interrogação na cabeça do espectador.

    Muitas das pessoas dadas como mortas ou desaparecidas, assim como Barry, foram afetadas diretamente pelo acidente com o acelerador de partículas, o que nos remete diretamente a Smallville, onde alguns dos personagens foram afetados pela chuva de meteoros que trouxe Kal-El ao planeta. Essa decisão arriscada de usar o acelerador de partículas como “catalisador” transformando pessoas comuns em heróis e vilões em Central City deu muito certo, principalmente da maneira inteligente em que essas pessoas com super-poderes, os meta-humanos, como são chamados, foram integradas às subtramas. O desfile de vilões com super poderes foi alto, em torno de 17, sem contar o Capitão Bumerangue que estava agindo em Central City, mas fez parte do crossover com a terceira temporada de Arrow e o Rei Relógio, que apareceu pela primeira vez na segunda temporada do vigilante de Starling City. Assim, podemos dizer que muito da primeira temporada de Flash foi feito no já conhecido formato de “monstros da semana”, mas sem comprometer nem um pouco a trama principal que foi discutida praticamente em todos os 23 episódios. Com tantos vilões “descartáveis”, poucos se destacaram, porém com apresentações memoráveis, entre eles Prisma (Ladrão Arco-Íris), responsável por mexer com a cabeça do Flash, colocando-o diretamente em combate com o Arqueiro Verde; a dupla Capitão Frio e Onda Térmica, reeditando a parceria de Wentworth Miller (extremamente caricato e carismático) e Dominic Purcell, os astros de Prison Break; os dois Mago do Tempo, Trapaceiro (novamente e brilhantemente vivido por Mark Hamill), Gorila Grodd (assustador e em CGI) e, claro, o Flash Reverso.

    O Flash Reverso, Eobard Thawne, é o principal vilão da primeira temporada: guarda uma sinistra relação com o Dr. Wells e está sempre um passo a frente de Barry Allen. Vindo do futuro, mas enfrentando Flash há séculos, ficou preso no final do século XX no dia em que a mãe de Barry morreu, e procura desesperadamente voltar para seu tempo. Durante as suas aparições, fica muito claro que ele odeia o Flash com todas as suas forças, mas sem explicar o motivo, o que adiciona ainda mais mistério à trama.

    Como previsto, também houve pequenas participações dos personagens de Arrow durante o decorrer da primeira temporada. Felicity Smoak (Emily Bett Rickards) apareceu, algumas vezes, assim como Oliver Queen/Arqueiro (Stephen Amell), Ray Palmer/Átomo (Brandom Routh), Laurel Lance (Katie Cassidy) e Quentin Lance (Paul Blackthorne).

    Mas o seriado não teria sucesso sem o elenco principal, que é realmente competente. Além de Grant Gustin, Tom Cavanagh, Candice Patton, Jesse L. Martin, Carlos Valdes e Danielle Panabaker, ainda conta com Rick Cosnett interpretando Eddie Thawne, um personagem conhecido dos fãs dos quadrinhos, mas que aqui (ao menos por enquanto) é apenas o parceiro de Joe na polícia e noivo de Iris, além, de obviamente, ser um parente muito distante de Eobard Thawne, o Flash Reverso. Grant Gustin possui uma ótima química com todos os atores que estão com ele em tela, principalmente quando está sozinho com Tom Cavanagh, John Wesley Shipp e Jesse L. Martin, sempre responsáveis por cenas muito emotivas. Além do mais, a dupla Caitlin e Cisco são os alívios cômicos do seriado, cabendo a Cisco, principalmente, um nerd “nato”, ser o responsável por referências a filmes cult ou de ficção científica, além de fazer ótimas sacadas na hora de dar nome aos heróis e vilões da série. O lado mais fraco do elenco fica por conta de Candice Patton, que trouxe uma Iris completamente sem sal e sem um pingo de carisma, algo que chega a ser unânime entre os fãs.

    Fica registrado, portanto, que a primeira temporada de Flash foi uma ótima surpresa, com ótimos momentos e muito mistério em torno das motivações do Dr. Wells e Barry Allen. Nesse aspecto, o episódio mais memorável da primeira temporada, sem dúvida foi o “mítico” episódio 15, que teve uma ótima cara de season finale, culminando em Flash correndo tão rápido que conseguiu, sem querer, viajar algumas horas ao passado, exatamente no ponto em que o episódio se iniciou, o que alterou, pelo menos um pouco, a realidade, criando sua primeira linha paralela, mas não o suficiente para alterar o futuro. E o finale propriamente dito foi ótimo, porém aberto, que terá resolução somente no primeiro episódio da segunda temporada. Se pudermos fazer um paralelo com Lost, a escotilha foi aberta, e agora só em outubro saberemos o que tem lá dentro. Uma dica: o capacete de Jay Garrick já espirrou para dentro desta Terra.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.