Tag: Andy Weir

  • VortCast 48 | O Que Estamos Lendo?

    VortCast 48 | O Que Estamos Lendo?

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Jackson Good (@jacksgood), Thiago Augusto Corrêa (@tdmundomente) e Rafael Moreira (@_rmc) se reúnem para mais uma série de indicações literárias que vão desde literatura fantástica a romances policiais, ficção científica a reportagens jornalísticas.

    Duração: 126 min.
    Edição: Thiago Augusto Corrêa e Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira
    Arte do Banner: 
    Bruno Gaspar

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    Indicações Literárias

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    Tempo do Desprezo – The Witcher: Volume 4 – Andrzej Sapkowski (Compre aqui 1 | 2)
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  • Resenha | Guerra do Velho – John Scalzi

    Resenha | Guerra do Velho – John Scalzi

    De vez em quando nos cai em mãos um livro com uma premissa interessante, muito criativa e, ao mesmo tempo, tão, tão simples que é impossível não se perguntar “Como ninguém tinha pensado nisso antes?”. Guerra do Velho, de John Scalzi, é assim. Ao pegar o livro e ler a frase na 4ª capa, nossa primeira reação é: “Uót? Como assim?!”. Mas é isso mesmo. Aos 75 anos, idosos são recrutados pelas FCD (Forças de Defesa Coloniais) – uma espécie de exército interestelar – que os deixa em condições de lutar, tanto para conquistar novos territórios (leia-se “planetas”) como para defender as colônias já existentes.

    “Eu odeio este lugar. Odeio que a mulher que viveu comigo durante 42 anos esteja morta, que em um minuto, numa manhã de sábado, ela estivesse na cozinha misturando massa dae waffle em uma tigela e me contando sobre a briga na reunião do conselho da biblioteca na noite anterior e, no minuto seguinte, estivesse no chão, contorcendo-se enquanto o derrame partia seu cérebro ao meio. Odeio o fato de suas últimas palavras terem sido: ‘Onde eu botei a porcaria da baunilha?’.”
    (pag.15)

    John Perry, o protagonista, ao completar 75 anos, se alista, assim como tantos outros. Era para ter se alistado junto com Kathy, sua esposa. Porém, ela faleceu em decorrência de um AVC e ele parte sozinho para essa nova etapa de sua vida. Lógico que nada é de graça. Para serem rejuvenescidos e estarem em condições de “ir à guerra”, os que se alistam assinam um contrato de dois anos de serviços à FCD (extensíveis a 10 anos em caso de guerra) e passam a ser considerados mortos na Terra, abrindo mão de todos seus bens. A forma como os futuros soldados são rejuvenescidos é um mistério. Aliás, quase tudo o que envolve as FCD é um mistério para quem está na Terra. Não há qualquer informação sobre sua forma de atuação, seu nível tecnológico ou como obtêm as tecnologias utilizadas. Enfim, ninguém sabe “quem são, o que comem, como se reproduzem”.

    Não pense você leitor que usei o humor de forma gratuita na frase acima. O livro é narrado em primeira pessoa por Perry. E o narrador tem um humor bem sarcástico, o que garante algumas boas gargalhadas durante a leitura. É possível afirmar que a obra é um “crossover” entre Tropas estelares (de Robert A. Heinlein) e Perdido em Marte (de Andy Weir). Há toda a temática envolvendo o treinamento dos futuros soldados, de Tropas estelares, somada ao sarcasmo do narrador, como no livro de Weir. Perry pode não ser um cientista tão nerd quando Mark Whatney, mas os comentários ácidos, muitas vezes politicamente incorretos, o poder de observação e a capacidade de pensar fora da caixa para resolver problemas são bastante semelhantes. Além disso, o fato de o narrador ser uma pessoa de 75 anos bem vividos, experiente e maduro dá uma perspectiva interessante sobre essa nova situação que ele e seus colegas septuagenários vivenciam.

    “Mas, por fim, vocês devem se importar porque são velhos o bastante para saber que devem. Esse é um dos motivos pelos quais as FCD selecionam idosos para se tornarem soldados. Não é porque vocês todos estão aposentados e são um peso para a economia. É também porque vocês viveram o bastante para saber que há mais na vida do que a própria vida.”
    (pag.169)

    O próprio autor afirmou que escreveu pensando no livro de Heinlein. Guerra do Velho não dá tanta ênfase à discussão sobre a ideologia militarista. Mas não deixa de falar a respeito. Há algumas boas discussões sobre a necessidade da existência dos militares, da própria FCD. E mesmo sobre a necessidade de entrar em guerra com os habitantes de outros planetas, do porquê de se ter como premissa que as outras civilizações são a priori inimigas dos humanos, do motivo de as FCD preferirem usar armas em vez de diplomacia.

    “— Malditas pessoas de carne e osso, ficando no caminhos dos ideais pacíficos — eu disse.”
    (pag.212)

    A porção sci-fi da história também não deixa a desejar. Boas ideias, bem factíveis tendo em vista o nível da tecnologia atual. A melhor sacada é a forma como rejuvenescem os recrutas. Soltei um palavrão (em tom de elogio, lógico) ao descobrir, junto com o narrador, o que iria acontecer. É, com certeza, um dos melhores capítulos do livro. E o que é mais interessante, totalmente compatível com o conhecimento científico que temos hoje. Não é magia, nem um salto de fé. É ciência. E o mesmo se aplica à concepção das armas, naves e raças alienígenas.

    É preciso destacar que Perry é um mestre na arte de segurar o leitor imerso na história. A narrativa é tão envolvente que, arrisco dizer, mesmo quem não é leitor assíduo de ficção científica se delicia com a narrativa. Indubitavelmente, é uma leitura difícil de largar. Mas engana-se quem pensa que o autor consegue isso colocando um “gancho” a cada final de capítulo. Nada disso. Há “ganchos”? Lógico. E nem poderia ser diferente. Como todo bom contador de histórias sabe, criar suspense é imprescindível para tornar a história interessante. Mas Perry consegue isso com um texto conciso, limpo, sem firulas. Vale agradecer ao tradutor, Petê Rissati, por manter a qualidade da voz narrativa. Uma constante nos comentários de quem já leu é que começar a leitura significa ler 50, 60 páginas sem perceber o tempo passar. O texto flui tão bem, o narrador conduz a história com tanta habilidade que mesmo nos trechos mais introspectivos, filosóficos até, o ritmo da narrativa se mantém.

    Se há algo que se possa chamar de defeito, é o fato de ser o primeiro livro de uma série. É possível lê-lo sem o compromisso de continuar? Sim, certamente. Mas há tanto a ser descoberto no universo criado por Scalzi, que é difícil se separar dos personagens. Queremos mais 🙂

    Texto de autoria de Cristine Tellier.

  • Resenha | Perdido em Marte – Andy Weir

    Resenha | Perdido em Marte – Andy Weir

    Perdido em Marte - Andy Weir - capa

    “Estou ferrado.
    Essa é a minha opinião abalizada.
    Ferrado.
    Seis dias após o início daqueles que deveriam ser os dois meses mais importantes da minha vida, tudo se tornou um pesadelo.
    Nem sei quem vai ler isto. Acho que alguém vai acabar encontrando. Talvez daqui a cem anos.”

    E é assim que conhecemos o protagonista, Mark Watney, um astronauta que, assim como seus companheiros na missão, tinha duas especialidades. No seu caso, ele era botânico e engenheiro mecânico. Como ele próprio se define, “um faz-tudo que brinca com plantas”. O leitor é apresentado a ele em meio a uma crise. Há seis dias, Watney foi abandonado em Marte durante uma tempestade de areia. Após ser arrastado – e perfurado – por uma antena, foi dado como morto por seus colegas, já que o traje espacial avariado parara de enviar seus sinais vitais.

    A partir daí o leitor acompanha a clássica jornada de um homem sozinho em ambiente hostil, lutando por sua sobrevivência. Só que não. De clássica, a jornada tem apenas sua estrutura, pois, de resto, o autor faz uso de uma originalidade, de recursos estilísticos e de linguagem que tornam a história bastante incomum. Para os fãs de sci-fi, lembra demais O Guia do Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams, pela capacidade de “entupir” o texto de cientificismos sem, entretanto, deixá-lo maçante ou ininteligível. Ambos usam o humor e o sarcasmo como ótimo contraponto ao teor científico da narrativa. Só que enquanto Adams pende mais para o humor, Weir carrega a tinta no sarcasmo. E é divertido demais de ler.

    “Mudando de assunto, hoje é o Dia de Ação de Graças. Minha família deve estar reunida em Chicago para o jantar de sempre na casa dos meus pais. Imagino que não esteja sendo muito divertido, já que morri há dez dias. Caramba, não faz muito tempo que eles saíram do meu funeral.
    Fico pensando se algum dia vão descobrir o que realmente aconteceu. Tenho estado tão ocupado tentando me manter vivo que nunca pensei no que meus pais devem estar passando. Neste momento, estão sentindo a pior dor que alguém pode suportar. Eu daria tudo para avisá-los que ainda estou vivo.
    Vou precisar sobreviver para me redimir.”

    A história basicamente é contada em primeira pessoa, pelo próprio Watney, ao atualizar o diário de bordo da missão com vídeos quase diários. Já seria interessante o bastante se fosse apenas isso, já que a formação científica do personagem torna-o bastante detalhado e didático em suas explicações.

    E seu humor bastante ácido é o complemento perfeito. Mas é lógico que qualquer leitor, assim como o personagem, se pergunta: “Mas e a Nasa? E seus companheiros de missão? será que alguém sabe que Watney não morreu?”. Nesses trechos – que são poucos e breves, felizmente – o narrador em terceira pessoa dá aquele gostinho ao leitor, de saber algo que o protagonista (ainda) não sabe.

    Como em toda boa jornada, a história de Watney é uma sucessão de conflitos/problemas a serem resolvidos com alguns momentos esparsos de calmaria. A probabilidade de as coisas darem errado é aumentada exponencialmente, tanto pelo ambiente inóspito em que ele se encontra quanto pela escassez de recursos, sejam eles para sobrevivência sejam para colocar em prática as ideias criativamente malucas que o personagem tem – por exemplo, acender um fogo dentro do veículo espacial. Por outro lado, acompanhamos a equipe em terra queimando neurônios para encontrar soluções viáveis para resgatá-lo antes que ele morra por inanição.

    Há comentários de leitores reclamando de que diário de bordo do protagonista é nerd de mais e dramático de menos. Ora bolas! O personagem “é” um nerd – significando alguém aficionado por um assunto a ponto de estudá-lo extensiva e ostensivamente. Um astronauta não é uma pessoa comum, no sentido de ser mediano, com conhecimentos, motivações e reações medianos. Obrigatoriamente, o astronauta tem de ser alguém “fora da curva”. E esse fora da curva implica em ser mais pragmático que dramático em situações limítrofes. Watney até tem seus cinco minutos de drama, que estão bem descritos logo no início do livro. Mas a sua natureza nerd logo prevalece e o faz tomar as rédeas da situação.

    “Supondo que eu não faça nenhuma merda com a hidrazina, ainda resta a questão da queima do hidrogênio. Vou acender uma fogueira. Dentro do Hab. De propósito.
    Se você perguntasse a qualquer engenheiro da Nasa qual seria a pior hipótese para o Hab, eles responderiam: ‘Incêndio”. Se você perguntasse qual seria o resultado, eles responderiam: ‘Morte por carbonização’.
    Mas se der tudo certo, vou estar produzindo água de modo contínuo, sem a necessidade de armazenar hidrogênio nem oxigênio. Ela será liberada na atmosfera como unidade, mas o reaproveitador de água irá coletá-la.”

    Para quem apenas assistiu ao filme, dirigido por Ridley Scott, tem-se a impressão de que é só uma versão de O Náufrago no espaço. Mas o livro é muito, muito mais que isso. Como adaptação, o filme consegue até ser fiel ao livro, na medida do possível. Afinal, é impraticável espremer em duas horas toda a saga do personagem. A essência dele não se perde, mas sua verve sarcástica e desbocada fica amenizada (e muito!). Perde-se toda a parte “científica” das atividades de Watney, suas reflexões, suas constantes críticas ao gosto musical e televisivo duvidoso de seus colegas de missão, seus debates solitários sobre o que fazer e como resolver cada um dos problemas que vão surgindo. E é justamente isso que deixa a narrativa envolvente. O autor consegue juntar humor, drama e suspense na medida certa de forma que é quase impossível largar a leitura antes do final.

    Texto de autoria de Cristine Tellier.