Culpa é um filme Gustav Möller, se passa na Dinamarca e começa com um telefone fixo tocando, e sendo atendido por Asger Holm (Jakob Cedergren), atendente da polícia local responsável pelo disque-emergência local. Ele recebe uma estranha ligação, de Iben Oskegard (Dessica Dinnage) em meio a tantas dessas que ocorrem no dia, ele gasta sua energia e atenção, pois parece se tratar de uma situação calamitosa, de sequestro, e raramente esse tipo de interação acaba bem, dada inclusive a dificuldade em a condição em que uma pessoa está em ligar quando está raptada.
O filme tem uma duração curta, de apenas 85 minutos e isso facilita o interesse do grande público nele, visto que ele passa quase todo no mesmo cenário e é bem parado,muito dependente do desempenho dramático de Cedergren, que evidentemente, não decepciona. Quase a totalidade do roteiro ele está sozinho e a câmera varia os planos em cima de si, mais até do que a quantidade de variações de angulações das lentes são as camadas de angustia que o ator imprime, acertando demais em sua performance, capturando bem a atenção de quem o assiste.
Quando o caso vai se agravando, Holm apela para um modo mais simples de comunicação, onde a vitima só responde sim ou não. A tática é inteligente na teoria, mas na prática se mostra um artifício não tão eficaz, e ali começa a sensação do personagem de que o insucesso pode chegar. Ele guia uma equipe que persegue o carro que leva a moça, fala com a filha da raptada, consegue descobrir o veículo onde a mulher está e um possível motivo para tal. Toda a investigação é muito bem encaminhada apesar de limitação física imposta a si.
Faz lembrar bastante dois filmes não tão antigos e de produção americana, Wheelman, com Frank Grillo, da Netflix, e Locke, com Tom Hardy, a diferença é que o senso de urgência que ocorre com Culpa é muito maior, afinal uma pessoa está prestes a morrer e o personagem enfocado está impotente, de mãos atadas e longe dela, sem conseguir de fato defende-la do destino cruel que outro ser humano abusador a causa. Essa sensação de desespero é muito facilmente passada ao espectador, e apesar de não ser um produto extraordinário em matéria de cinema, a obra de Möller acerta demais ao apelar para um caráter universal como faz.