Crítica | A Última Premonição
O Terror permanece como gênero popular no país. Tanto no cinema, quanto em home vídeo, novas produções, mesmo sem atores consagrados, são lançados, provando o prazer do público brasileiro pelo medo. No cinema, a Playarte Pictures faz do estilo uma das bases para suas estreias: em fevereiro, o austríaco Boa Noite, Mamãe entrou em circuito. Em Março, Adrian Brody estrelava Visões do Passado. Por mais que o interesse se mantenha em alta, o público cativo sabe normalmente o que esperar de uma produção do estilo. Há pouca novidade narrativa no gênero, dando vazão a uma repetição temática explícita que abusa de conceitos visuais de filmes anteriores, com um uso limitado para compor os mesmos tipos de susto.
Dirigido por Kevin Greutert (Jogos Mortais 6 e Jogos Mortais – O Final), A Última Premonição com Isla Fisher não foge desta regra de pouca novidade, reciclando conceitos antigos em um roteiro simples e semelhante a outras histórias. Na trama, Fisher é uma jovem mulher que sofre um grave acidente. Enquanto se recupera, começa a ter estranhos pesadelos descritos pelos médicos como um trauma devido ao acontecimento. À procura de novos ares, a moça e seu marido se mudam para uma antiga vinícola e, sentindo a culpa pelo acidente, as visões voltam a aparecer deixando-a em risco.
Em local naturalmente diferente da cidade em que viveram, inicialmente, a história suscita suspeitas e possíveis ganchos amedrontadores vindo deste ambiente desconhecido. O roteiro se mantém no limite entre uma possível loucura da personagem central e a referida premonição do título, recurso explorado em excesso em diversas produções mas normalmente mal realizado. Aqui a suspeita permanece no trauma da esposa e em uma possível alteração sensível devido à gravidez, fator cuja intenção é ampliar a fragilidade da moça.
O argumento central, envolvendo as visões, é fraco, sem nenhuma nuance para causar sustos. Em uma história diminuta, a trama se esforça ao máximo, esticando seus ganchos até, inevitavelmente, inserir uma reviravolta após falhar em promover qualquer sensação de suspense. Novamente, a reviravolta se revela como um outro recurso repetido ao extremo atualmente, e necessário em certos filmes de terror como um apelo desesperado para causar alguma comoção no público. Nele se revela uma contradição no argumento, demonstrando que não haveria nenhuma necessidade de inserir uma premonição. A reviravolta, embora exagerada, tem maior força narrativa, embora inserida somente para causar certo suspense depois de uma trama fraca. Talvez se esta história fosse desenvolvida desde o início, o filme seria uma obra melhor.
A Última Premonição demonstra o desgaste dos clichês do Terror e a necessidade de uma trama mais afiada para que o propósito inicial da trama, o medo, seja funcional. O enredo não é tão desequilibrado como outras obras recentes, mas não apresenta nenhum elemento que a destaque. Um destes filmes de fácil absorção e esquecimento breve.