Bem-vindos a bordo. Filipe Pereira (@filipepereiral | @filipepereirareal), Bruno Gaspar (@hecatesgaspar | @hecatesgaspar), Jackson Good e Nicholas “Aoshi” Prade se reúnem para comentar sobre as principais adaptações de games para o universo do cinema.
Duração: 141 min.
Edição: Flávio Vieira Trilha Sonora: Flávio Vieira
Arte do Banner: Bruno Gaspar
A nova versão cinematográfica de Mortal Kombat teve uma recepção negativa pela crítica e por boa parte do público médio. Apesar de alguns tropeços, não é o equívoco completo. O filme é conduzido por um iniciante, Simon McQuoid, e roteirizado por Greg Russo com auxílio de Dave Callaham. Para não ter tanta interferência do estúdio, a equipe aceitou um orçamento pequeno e isso influencia diretamente a direção de arte e o departamento de efeitos visuais.
O início estabelece o quão bom será o nível das lutas com uma sequência sensacional situada no Japão de 1617 em cena já exibida em prévias para imprensa e espectadores. Nela é estabelecida a rivalidade entre dois dos mais populares personagens da franquia, Sub-Zero e Scorpion, os “ninjas” coloridos (aqui sem cores tão vivas com um visual semelhante ao reboot de Mortal Kombat (2011) do que nos primeiros jogos para arcade), como a base da história dessa trama.
No presente, o filme cai na tolice de utilizar um personagem novo para desenvolver a trama. O Cole Young de Lewis Tan é apresentado como a esperança do filme. Tan tem alguma experiência em filmes voltados para o público nerd, foi Shatterstar em Deadpool 2, mas isso não se traduz nem em bom desempenho dramático, em carisma ou qualquer coisa que o valha. O mesmo pode se dizer também de Chin Han como Shang Tsung. Até parece imponente em sua cena de introdução, mas resulta numa promessa não cumprida. Ele mal luta, tem uma motivação terrível e sem sentido, que resulta na preparação dos guerreiros adversários antes do torneio onde as forças de Outworld estão em vantagem.
Os jogos de Mortal Kombat mudaram bastante desde o primeiro game. Por mais que exista uma historia que se tornou até um modo de jogo, na época do auge nos fliperamas as pessoas só se interessavam pelas batalhas e pelo sangue jorrando. No filme as lutas poderiam ser mais expandidas. Tudo é muito posado. O longa tenciona pegar elementos de Merantau, Operação Invasão ou da saga de Tony Jaa iniciada em Ong Bak, mas não tem lutas tão bem elaboradas.
Outro incomodo são as habilidades arcanas, condição mística dada aos combatentes da Terra como uma dádiva dos Deuses Ancestrais (conhecidos como Elder Gods) e que justifica as habilidades e poderes dos personagens. Isso não tem absolutamente nada a ver com o que se entende por Mortal Kombat, ainda mais se levar em conta o arco de Jax Briggs. Se era para abrir mão de história, como ocorre em Godzilla vs Kong, era melhor dar pouca visibilidade e espaço para isso. Faltou equilíbrio.
A caracterização do personagens também é estranha. O Kano de Josh Lawson até tem alguns bons momentos, mas irrita por ser um cuspidor de referências populares da Warner e não parece o vilão da Red Dragon. Liu Kang, Kung Lao, Rayden, Kabal, Reiko e Myleena são diferentes demais, além de sub aproveitados. Em um jogo que tem quase uma centena de personagens, é natural que ao tentar traduzi-los em tela não haja tempo para todos eles. Nesse ponto, Paul W. S. Anderson acertou em Mortal Kombat (1995) com poucos participantes, sem o mesmo problema que tanto essa produção e Mortal Kombat: Aniquilação possuem, com a maior parte dos personagens entrando em cena somente para agradar os fãs.
O clímax do filme envolve uma grande batalha simultânea com várias lutas ocorrendo ao mesmo tempo, como já havia sido com Aniquilação. Ao menos há representação de alguns fatalitys. A questão realmente incômoda é a importância dada a Cole Young e a desvalorização de vários personagens clássicos, a exemplo do Príncipe Goro que nem parece ser um antigo campeão do torneio. Fora isso, a história é muito corrida. Além de Cole e um pouco dos membros das Forças Especiais quase não se trabalha o passado e histórico dos personagens. A maioria é mera representação gráfica dos lutadores do jogo. E por mais que haja um sem número de fan services, não compensa a falta de conteúdo.
A recepção para Mortal Kombat seria certamente mais positiva caso fosse apenas um filme de luta como os clássicos trash de Jean-Claude Van Damme como Kickboxer e O Grande Dragão Branco que inspiraram Ed Boon e John Tobias na criação dos jogos. É preciso um torneio qualquer, uma desculpa para as pessoas brigarem e pronto. Aqui, sequer há o torneio. Ao menos há violência gráfica como jamais visto nos materiais oficiais da franquia. O maior dos erros certamente é a pretensão de contar a história de vários personagens em uma única obra. Por mais que o filme tenha seus momentos divertidos, uma reformulação de equipe criativa seria bem vinda para futuras sequências. Não que a fidelidade da história ou o visual seja imprescindível. Mas ao menos a ação precisa ser boa. As lutas precisam empolgar e, como não faltam personagens, seria bom que os acréscimos de elenco fosse de atores com mais experiência em filmes de artes marciais, valorizando aspectos positivos de Mortal Kombat além da sanguinolência.
A proposta de Mortal Kombat Legacy era muito interessante, a Machinima produziu episódios bem curtos para a web contando suas próprias versões da origem dos personagens clássicos de MK. Sonya Blade, Jax, Johny Cage, Scorpion, Sub-Zero entre outros, algumas vezes se valendo de atores “famosos” como Jeri Ryan, Michael Jai White etc. A proposta de não linearidade e tramas espaçadas funcionou, caiu nas graças do público e a Warner comprou os direitos de distribuição digital do material, produzindo uma segunda temporada, exibida em 2013.
As coisas mudaram um pouco, o foco nos primeiros episódios é o de introduzir Liu Kang, (Brian Tee) e Kung Lao (Marc Dacascos), mostrando os motivos que fizeram Liu abandonar a ordem dos monges e se revoltar contra seus antigos irmãos. Fora as risíveis vestimentas do porteiro preferido de Hollywood, como um monge multicolorido, pouco há que se reclamar destes episódios – a história seria retomada mais tarde.
Sem muita enrolação, o portentoso deus do trovão Rayden, interpretado pelo inexpressivo David Lee McInnis (que faz sentir saudades de Christopher Lambert) é mostrado explicando a alguns lutadores como funciona o torneio – a sucessão de frases feitas e show off de poder é digna de um tela class de Hermes e Renato. O pior disto tudo é o fato dos produtores terem simplesmente ignorado a versão da primeira temporada, feita por Ryan Robbins, em que mostravam um sujeito pirotécnico num manicômio, preso por falar sandices, e que só fora libertado após reaver seus poderes do raio.
A história da disputa entre Kenshi e Ermac é bem contada. A história de Kitana e Mileena pouco acrescenta ao que já fora mostrado na primeira leva, no entanto a de Scorpion e Sub-Zero é bem legal, pois em pouquíssimo tempo é possível entender a rivalidade entre os dois, a questão familiar que envolve os dois lados, a antiga amizade sendo encurtada por uma tola tradição de rivalidade, e uma trégua que durou muito pouco. O mashup com os episódios mais antigos funciona neste exemplar, ao contrário dos outros. No entanto algumas questões primordiais ficam em aberto, mas o desfecho da historieta é sensacional.
O segmento dos shaolins é o que mais difere do cânone. As motivações que fizeram Liu Kang sair do templo não são ruins, a velha historinha de amor que termina de forma trágica já era esperada. O que torce o nariz dos fãs é o modo como ele se permite seduzir por Shang Tsung, supostamente se aliando ao vilão e ao lado de Outworld. Destaque para o retorno de Cary–Hiroyuki Tagawa ao papel do feiticeiro milenar.
Dado o orçamento paupérrimo é natural que a produção ganhe ares de trash – especialmente com a escolha de Dacascos para o elenco. No entanto, mesmo comparada a primeira temporada, esta perde muito, o que é uma pena. Uma terceira tentativa será realizada, com o retorno de Jeri Ryan e possivelmente de outros atores, a expectativa é que Kevin Tancharoen, o realizador, consiga o êxito que esta season não teve.
Eu ainda estou de ressaca pelo final do ano, depois de uns 10 dias de bebedeira, comida, churrasco. Meu estômago grita e meu fígado virou uma geleia disforme. Ainda assim, venho cumprir o meu dever para com o Vortex Cultural, e dizer aqueles que foram para mim os 10 melhores jogos de 2011. Vou começar de baixo pra cima. Porque eu estou com vontade, e não porque é mais legal.
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10. Infinity Blade II
Simplesmente, precisava ter um jogo de iOS, numa lista de 2011. E além de Angry Birds, que ainda é o mais jogado no meu iPad, eu gostei do Infinity Blade II. Apesar de repetitivo, tanto quanto o I. Os gráficos são bacanas e é bastante viciante.
Mas, vou falar a verdade, eu não achava o último jogo pra fechar a lista, e resolvi colocar essa joça.
9. L.A. Noire
Esse jogo entrou na lista, muito mais pela ambientação, tema, trilha sonora, gráficos e até pela inovação. Porém, o gameplay dele, realmente não me agradou. Achei o jogo facílimo demais, e o lance de interpretar se a pessoa está mentindo ou não é bem bizarro, por ser tão exagerado. Mas toda a ambientação Noir, fizeram valer a pena os 4 dvds pra xbox do jogo.
Acho que Gears of War é o ápice do massavéio no videogame. Mais até do que calófidãti. Principalmente, pelo game play single player, que provavelmente é o mais próximo de Stallone Cobra que o mundo do video game chegou.
Apesar do jogo ser repetitivo, pouco criativo e bastante nos trilhos. Matar aquele mundaréu de alienígenas escrotos, com armas como a lancer, afinal, uma metralhadora com uma serra elétrica no lugar da faca da baioneta, é foda. Fora os big bosses, que são realmente fodas.
7. Mortal Kombat – Não sei o número, deve ser 27 –Ouça o podcast
Não tem nem muito o que falar desse jogo. Ele, tal qual Street Fighter IV, voltou às origens da série, o que é muito bom. Por vários motivos, o primeiro é que sou mesmo um nostálgico, e depois é que aquela fórmula é a que funcionava, então pra que tentar melhorar e cagar tudo?
Fora toda a violência, o sangue, e em especial os Fatalities. Enfim, um jogo obrigatório, pra quem jogava muito no SNES, e diversão, numa festa com vários jogadores, garantida.
6. Fifa Soccer 12
Aqui o motivo é simples, tem que ter um futibas numa listinha de top 10. E eu como antigo fã de PES, admito, que foi pro abraço, Fifa já a algum tempo é superior ao PES. E não vou dar nenhum detalhe mais sobre isso. Apenas precisa ter.
5. The Elder Scrolls V: Skyrim
Se essa fosse a lista de mais supervalorizados do ano. Skyrim seria o primeiro. Isso colocando qualquer coisa no meio, filmes, músicas, hq, livros. Fato é que, Skyrim, não é um jogo ruim, de forma nenhuma. Apenas não me pegou o suficiente para dizer que valia o jogo do ano. Inclusive, os gráficos e a beleza do mundo, completamente vivo. É o que colocam Skyrim, nessa posição, porque, se fosse pelo gameplay realmente, talvez sétimo seria o lugar correto. O que mais me incomodou, foi o combate. E também não sou um grande fã dos RPG´s medievais.
Battlefield no campo dos FPS, não teve pra ninguém. Eu nunca fui um dos maiores fãs da série, sou uma viúva do CS, admito, mas que fique claro, não jogo mais, a não ser para fins nostálgicos. Mas o meu maior problema com o Battlefield, sempre foi, que é muito favorável ao sniper, classe que odeio. Porém, uma inovação ótima, é o fato de podermos ver o reflexo da mira, e ai pelo menos correr do camper maldito, ou tentar pegá-lo por trás, uiiii.
E o que não pode faltar, é elogios a engine Frosbite 2, e aos gráficos. O principal mesmo, é que, enquanto eu vejo o COD, sentado no próprio saco, enquanto o Battlefield, inovando e tentando melhorar.
3. Minecraft
O jogo mais criativo dos últimos tempos. Falo isso sem dúvida nenhuma.
Muitas vezes ficamos apenas ressaltando gráficos, um roteiro bom – Esse caso, cada vez mais díficil – quando o que vai mais surpreender é um jogo simples, que só te deixa quebrar e colocar blocos variados. Quase pixels gigantes.
Fora os vários modos de jogos. Survival, pra ficar matando uns bando de bicho safado, que sempre vão te dar uns sustos fodas. E criativo, que é o meu preferido, que você pode ficar brincando e criando pixel arte. Ou simplesmente gastar um tempo de ócio, ouvindo o relaxante som dos blocos quebrando.
Portal 1, foi talvez, tão inesperado quanto Minecraft. Um jogo totalmente despretensioso, vindo de graça com o Orange Box. E simplesmente, foi descoberto e foi um real estouro. Pra mim um dos melhores jogos dos últimos tempos. Tanto pela jogabilidade, quanto pelo humor negro e irônico da sua companheira Glados.
Portal 2, perdeu o elemento surpresa, afinal, todos estavam esperando e com muita expectativa. E o melhor de tudo, cumpriu as expectativas. O humor da Glados, melhor do que nunca. As inovações dos sistemas de portais. Dos cubos de companhia. Enfim, o único ponto negativo que tenho que ressaltar, é a dificuldade do jogo. Que foi muito baixa, talvez para abrigar os jogadores mais novos, que não vieram de Portal 1.
1. Batman Arkham City
Aqui o bicho pegou, o jogo do morcegão, foi foda, com certeza o jogo que mais joguei em 2011. E vou continuar jogando em 2012. Mundo aberto. História boa. Combates fluídos. fator replay enorme. Enfim, pra mim, o batman merecia o bi campeonato do GOTY, mas tudo bem, isso não importa. É mais um título do que qualquer coisa.
Mas enfim, o lance de jogar com a Mulher Gato e Asa Noturna o mais interessante é que mudam os personagens, muda o modo de jogar, isso que eu achei sensacional. Fora a trilha sonora incidental, que beira a perfeição. E o primeiro achievement do jogo, é do caralho.
Não poderia faltar, o FDP do jogo mais merda do ano. Da década, da história. Duke Nukem “Forevis”, foi uma das maiores decepções que já tive no mundo gamístico. Já falei pra caramba sobre esse jogo, tanto no podcast, quanto nos comentários no review escrito. Enfim, passe longe, muito longe.
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