Tag: robocop

  • VortCast 67 | RoboCop

    VortCast 67 | RoboCop

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Filipe Pereira, Bruno Gaspar, Julio Assano Júnior (@Julio_Edita) recebem Anderson “Perna” Meira (@ThePerna) para comentar sobre a série de filmes iniciada em 1987 pelas mãos de Paul Verhoeven: RoboCop. Neste episódio, comentamos sobre as discussões envolvendo o universo cyberpunk dos filmes, curiosidades e todos os temas político-sociais.

    Duração: 109 min.
    Edição: Julio Assano Júnior
    Trilha Sonora: Julio Assano Júnior e Flávio Vieira
    Arte do Banner:
     Bruno Gaspar

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    Crítica RoboCop: O Policial do Futuro
    Crítica RoboCop 2
    Crítica RoboCop 3
    Crítica RoboCop (2014)

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  • Review | Robocop: Prime Directives

    Review | Robocop: Prime Directives

    Em 2001, uma mini serie canadense continuava a historia de Robocop- O Policial do Futuro, se passando aproximadamente quatro ou cinco anos depois dos eventos originais. Page Fletcher interpreta Alex J. Murphy e o tira de aço, e curiosamente, para muitos varejistas, este foi vendido como Robocop 4, inclusive no Brasil, obviamente em uma tentativa errada e falaciosa de faturar um troco em cima de pessoas incautas.

    A política em Delta City obrigou os policiais a utilizarem armas não letais, fato que conversa diretamente com a ideia de fazer um produto para toda a família, como foi em Robocop 3  de Fred Dekker, que inclusive, teve classificação PG 13. Os vilões parecem tirados diretamente dos seriados da Sabam, como Power Rangers e As Tartarugas Ninjas: A Proxima Mutação.

    No primeiro episódio há uma tentativa de criar uma rivalidade para Robocop, com um antigo companheiro seu tendo a memória ligada a uma outra versão robótica. A tentativa de colocar o herói com um doppelganger não funciona, a trama é muito infantil para causar impacto e o ritmo é terrível, há momentos onde se percebe claramente a vontade de somente encher linguiça com a trama.

    Para piorar o quadro, outro opositor, com a mente de um policial é tornado personagem recorrente. John T. Cable Maurice Dean Wint é transformado em um Robocop cromado, mais poderoso a principio que o original, e igualmente capaz de ficar dividido entre a humanidade e a robótica. A cena de resgate das memórias de Cable é feia em um nível absurdo, Wint entortaa boca,pois é a única coisa que lhe resta para expressar algo, e esse momentos são terríveis. A  união dos dois, pós combate é uma das coisas mais esdrúxulas em todas as mídias de Robocop.

    Além dos defeitos visuais que o seriado tem, ele ainda possui uma trilha sonora repetitiva, com uma música que lembra os clássicos do western que toca de maneira repetitiva toda vez que os dois autômatos se cruzam. Mesmo sendo apenas 4 episódios o programa soa excessivo tanto em tempo de duração quanto em exploração de tema. As continuações no cinema escritas por Frank Miller não possuem a metalinguagem do filme de Verhoeven e carecem de bons conceitos, e Prime Directives tem conceitos legais, mas que são mal explorados e muito mal guiados também. A câmera nervosa que predomina os últimos episódios quebra qualquer impacto ou expectativa minimamente positiva que poderia ocorrer. O seriado do Canadá é extremamente enfadonho e com capítulos com duração grande e sem um bom ritmo em nenhum dos episódios.

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  • Crítica | Robocop 2

    Crítica | Robocop 2

    Robocop 2, continuação menos inspirada de Robocop: O Policial do Futuro, começa emulando características do primeiro, com comerciais que visam defender o povo da ultra violência, mas que são quase tão agressivos quanto os modos das gangues que atacam a cidade. Irvin Kershner – o mesmo que conduziu O Império Contra Ataca – traz a luz uma criminalidade menos estilosa, ao mesmo tempo em que ela aparenta ser mais normal, no sentido de não ser irônica, ela também é mais caricatural, no sentido de aparentar se compor basicamente pelos latinos que normalmente são relegados ao papel de vilões maniqueístas nos filmes de Hollywood.

    Peter Weller retorna ao papel principal, inclusive fazendo sua contra parte, Alex Murphy, em flashbacks, onde se percebe o peso dos anos sobre se rosto e calvície. O roteiro de Frank Miller e Walon Green tenciona mergulhar na origem do homem por trás da máquina. Esse começo reúne elementos de premissa muito promissores, e que aos poucos, são deixados de lado.

    A OCP se mostra ainda mais maligna que no primeiro filmes, armando para que a polícia entre em greve, para fazer com que eles se endividem, para então conseguir comprar os direitos de proteção a Detroit, para enfim privatizar a cidade. Novas tentativas de substituir o policial de aço são feitas e todos os Robocop 2 são fracassados – talvez seja esse um comentário metalinguístico involuntário, referindo ao fato de não ter mais o diretor holandês nessa obra também. O modo como os opositores encontram para hackear herói é meio pueril, assim como a idéia de ter um vilão infantilizado como chefe do crime organizado. A questão de tomada de controle do vigilante foi referenciada levamente, na versão de 2014, o famigerado Robocop do brasileiro José Padilha, ainda que lá a prerrogativa fosse mais adulta que aqui.

    A cena em que a medula e olhos de Cain (Tom Noonan) estão presos ao seu cérebro, e são mostrados fora do corpo, como parte da engrenagem da nova encarnação de Robocop 2 é absolutamente esdrúxula. O nonsense não chega nem perto de ser aceitável, é só bobo, diferente do que Paul Verhoeven propunha antes. A nova face da OCP, liderada por Surgeon General (John Ingle), Holzgang (Jeff McCarthy) e assessorada por Donald Johnson (Felton Perry), que estava no primeiro filme é bem diferente dessas mesmas contrapartes no filme original e parecem um trio de patetas, que querem lucrar desesperadamente mas não sabem como fazer isso.

    A luta final é terrível, o stop motion é mal utilizado e burrifica ainda mais o roteiro que já não era grandes coisas. Essa cena rivaliza com uma outra, que mostra as partes de Robocop separadas entre si como a mais ridícula de toda a franquia, mesmo considerando que a parte 3 é pior, essa tem muito mais momentos de pura tristeza. A ideia de renovar a ganância OCP  soa como mera copia do episodio original com a diferença básica de que a maior parte dos conceitos aqui são mal pensados, simplesmente não encaixam, por serem só versões pioradas do que já foi explorado antes. Robocop 2 poderia ser maior, fundamentalmente se desse vazão aos novos questionamentos, como a tentativa de Murphy em se aproximar da sua família, mas ao invés disso investe em ser mais um produto de ação genérico.

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  • Crítica | Robocop: O Policial do Futuro

    Crítica | Robocop: O Policial do Futuro

    Critica irônica sobre a sociedade americana, disfarçada de filme genérico de ação, Robocop: O Policial do Futuro é um filme de Paul Verhoeven, talvez seja o primeiro longa seu no cinema grande de Hollywood de sucesso comercial indiscutível. Já no início é estabelecida uma questão primordial, que é a de se contar a história através dos noticiários de televisão, onde se denuncia a enorme onda de violência da cidade de Detroit, fato esse que se agravaria inclusive no espectro de realidade da cidade, anos depois.

    Logo, outro núcleo importante é mostrado, que é o dia a dia dos policiais, com Alex J. Murphy (Peter Weller) tendo de conviver com um cenário conturbado na delegacia policial, junto aos seus amigos lamentando pela morte de mais um homem. Ele se aproxima de Anne Lewis (Nancy Allen), uma mulher destemida e bela, que seria sua parceira de patrulha. Em pouco menos de dez minutos, também é mostrada uma reunião de OCP onde Dick Jones (Ronny Cox) , o chefe executivo tenta mostrar a ação de seu androide, além é claro de outro personagem, o ambicioso Bob Morton (Miguel Ferrer) , um sujeito que também é bastante caricatural, expondo assim a visão crítica do diretor holandês sobre os ícones estadunidenses.

    Esse epílogo serve basicamente para justificar a construção do conceito de tira total que permeavam os materiais de divulgação, sendo a frase inclusive parte do slogan brasileiro do filme. A tentativa via  ED 209 falha obviamente graças a falta do fator de julgamento humano – a cena em questão inclusive é exagerada num nível absurdo, sarcástica e repleta de gore –  mas iria para frente em uma espécie de reimaginação do conto de Frankenstein. A gênese para isso, é quando Murphy encontra o bando de Clarence Boddicker (Kurtwood Smith) e é apresentado como uma das camadas do crime que toma a cidade de assalto. A morte do policial é agressiva em um nível poucas vezes vistos, com uma violência gráfica atroz, mas esse não seria o fim do tal herói.

    Na mesa de cirurgia, enquanto os profissionais de saúde tentam resgatar o que restou de sua carcaça, Murphy relembra dos momentos que teve com seu filho e com sua esposa, além é claro de perceber o momento de sua “execução”. Logo depois o maquinário é colocado e ele passa a enxergar sob o visor de Robocop e não demora a ele ter suas funções e habilidades mostradas para os seus empregadores e financiadores. O primeiro assalto impedido pela máquina de combate é em uma loja de conveniência, onde um sujeito assalta uma senhora com uma metralhadora, logo depois uma dupla de arruaceiros tenta estuprar uma mulher fazendo uso de um canivete, e o policial atira no meio de suas pernas. A violência envolvida no conceito em torno de Delta City contamina população e também o vigilante pré fabricado para si.

    Robocop tem o componente humano que seu anterior não tem, que é a possibilidade de ter alma, mas até esse aspecto é explorado tardiamente, no começo ele age como uma máquina de matar. Ao ver uma mulher sofrendo estupro, ele decide dar um tiro nas partes intimas do violador. A violência e agressividade não choca quase ninguém pois até a moça agradeceu o policial por te-la salvado.

    O lema do Murphy robotizado é vivo ou morto você vem comigo, um contraponto curioso ao executado por T-800 em Exterminador do Futuro, que dizia venha comigo se quiser viver. A diferença entre as duas inteligências artificiais não pára aqui, uma vez que todo o ideal por trás da Skynet tem muito a ver com o que a OCP faz, com a diferença que a segunda organização é mais cínica e preocupada em capitalizar a todo custo, e não necessariamente com dominação mundial. A visão que Verhoeven e o roteirista Edward Neumeier e Michael Miner tem é muito mais pragmática que a de James Cameron.

    Os trinta minutos finais tem uma freada brusca nas descobertas que propõem, para finalmente dar um pouco de ação e extravaso para Murphy, onde ele finalmente bate de frente com os homens que infligiram mal ao seu antigo corpo orgânico, obrigando-o a ter uma vida cibernética, dividindo-o entre homem e ciborgue. A sequência em si contém momentos épicos, como o exagero que torna um dos opositores em uma massa deformada, graças ao ácido que cai em si, e pior, o faz ser executado em um atropelamento que espalha os seus membros, simbolizando ali a condição que ocorre a todo o povo de Detroit, que é refém da OCP, de Jones e companhia, além de ser mais um indicio cíclico da queima de arquivo dos personagens do filme.

    O objetivo de Verhoeven nunca foi o de redefinir nada, nem de redefinir a roda, mas sim fazer uma reflexão contemplativa do modo de vida americano extremamente consumista, não à toa os comerciais inseridos no filme são tão inspirados. Seu intuito não é fazer o espectador ter repulsa a isso, tampouco há admiração do mesmo por tais práticas, há só uma observação atenta a esse estilo de condução de vida, sem maiores julgamentos morais, ainda que haja sim um pouco de discussão ética, que por sua vez, nem é velada, uma vez que Murphy sofre em pele, músculos e mente a interferência de uma multinacional que visa apenas lucro.

    A sequencia final também é repleta de simbolismo, descarregando enfim todo a ironia que Verhoeven viu no texto inicial, destrinchando de maneira agressiva o terrível circulo vicioso de violência e agressividade que recai sobre a nação americana. A repetição da cena em que os estupradores pegam uma refém, com Jones tentando usar o presidente da OCP como escudo é a prova cabal de que o realizador queria mostrar que a história moderna dos EUA é redundante, como a de um cachorro correndo atrás do próprio rabo, mostrando a violência implacável só aumentando graças a necessidade de vingança que impera no ideal do americano médio.

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  • Crítica | Decisão de Risco

    Crítica | Decisão de Risco

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    Dirigido por Gavin Hood, Decisão de Risco narra uma situação que inicialmente seria apenas a operação de captura de uma das cinco maiores terroristas, em Nairóbi, no Quênia, transformando-se em uma operação de eliminação de três perigosos terroristas em vias de cometer um atentado. Da Inglaterra, a coronel Katherine Powell (Helen Mirren) e o general Frank Benson (Alan Rickman) acompanham a movimentação através de drones estrategicamente posicionados.

    Mesmo não sendo o foco da narrativa, não é possível ignorar o questionamento sobre o uso dos drones como aparato militar. E o roteiro o faz de modo mais coerente e eficiente que a miscelânea mal estruturada do Robocop, dirigido por José Padilha. O grau de miniaturização dos artefatos impressiona e, mesmo duvidando que aqueles usados no filme sejam “de verdade”, uma pesquisa rápida esclarece que a mecânica de voo utilizada neles é perfeitamente factível.

    Apesar de, a princípio, parecer que a intenção da história é essa discussão sobre o uso dos drones, o roteiro vai bem além. Assistindo ao filme, o espectador se pergunta: até que ponto é aceitável bisbilhotar e invadir a intimidade de uma casa? Qual é o limite entre o respeito à privacidade e a prevenção de violência de qualquer tipo? E, polarizando ainda mais, quanto falta para que essa tecnologia deixe de ser aplicada apenas como recurso militar em defesa da segurança mundial e passe a fazer parte do cotidiano?

    Mas o ponto central da trama não é esse. É uma versão do clássico “dilema do bonde” ou “dilema do trem”. Apresentado a voluntários pelo filósofo e psicólogo evolutivo Joshua Greene, da Universidade Harvard, em linhas gerais, propõe o seguinte:

    Um trem está prestes a atingir cinco pessoas que trabalham desprevenidas sobre a linha. Você tem a chance de evitar a tragédia acionando uma alavanca que leva o trem para um desvio, onde ele atingirá apenas uma pessoa. Você mudaria o trajeto?

    A maioria das pessoas diz que é aceitável mudar o trajeto e matar uma pessoa em vez de cinco. Há, nessa reação uma mescla entre o impulso biológico de preservação da espécie e a consciência moral de favorecer um “bem maior”. Mas a ética de escolher o mal menor tem alguns problemas. É possível mensurar o valor de uma vida para conseguir tomar essa decisão? Quem garante que essa outra pessoa que se escolheu matar não seria responsável por atos infinitamente mais benéficos à humanidade que as outras cinco, que foram salvas? E, não só isso, multiplique-se a quantidade de pessoas por milhares ou milhões e chegamos a uma situação similar à maioria dos regimes totalitaristas. O extermínio dos “diferentes” para benefício da maioria. Visto dessa forma, a decisão ainda é válida?

    Sobre a questão de mensurar o valor da vida, há uma cena bastante instigante, em que o general Benson está aguardando a decisão dos membros do alto escalão sobre a ação contra os terroristas, e uma executiva do governo norte-americano entra em contato. Ela explica que eles – exército e/ou governo americano – fazem uso de uma escala de pontuação (algo como a escala Richter de terremotos) para avaliar estatisticamente a situação e evitar que dilemas éticos e morais “atrapalhem” a tomada de decisão. E que, na presente operação, essa pontuação indica que a decisão correta é exterminar os terroristas o mais rápido possível.

    Inevitavelmente, a opinião do espectador oscila à medida que acompanha o evoluir da situação, já que não há uma verdade absoluta que dê conta de resolver esse dilema ético. Afinal, como é dito logo no início do filme, “Na guerra, a primeira coisa que perece é a verdade”. Em cada um dos locais em que a ação se desenrola, exibe-se uma das facetas da questão. Se, em dado momento, o espectador está convicto de sua opinião, no momento seguinte algo pode fazê-lo mudar de ideia com a mesma convicção anterior.

    E a montagem do filme colabora para esse alternar entre as diversas facetas da questão. Cada um dos cenários tem seus próprios pequenos dilemas. Em Nairóbi, Jama Farah (Barkhad Abdi) se arrisca para conseguir se aproximar do local onde os terroristas estão reunidos. Na cabine de operações, Steve Watts (Aaron Paul) e Carrie Gershon (Phoebe Fox), de certa forma representando o espectador, questionam as decisões tomadas e as ordens recebidas. No QG, a coronel Powell se esforça para chegar a termo da missão, driblando meandros legais. No gabinete do Ministério da Defesa estão o ministro Brian Woodale (Jeremy Northam), o procurador-geral George Matherson (Richard McCab), a conselheira parlamentar Angela Northman (Monica Dolan) deliberando sobre a decisão a ser tomada e pesando as implicações éticas, legais e políticas, sempre mediados pelo general Benson. Sem se demorar demais em cada um dos quatro locais, a montagem consegue dar ao filme o ritmo correto, nem lento nem corrido demais, fazendo as mudanças de locação agirem de forma a manter a tensão da narrativa.

    A direção de fotografia também está muito bem feita. Sem exagerar nos close-ups, consegue deixar o cubículo em que estão os operadores ainda mais claustrofóbico. Usa alguns enquadramentos das filmagens aéreas para intensificar a tensão e o suspense da trama. E, sendo um filme de guerra, sem ser um filme de ação, a câmera mantém-se sóbria, sem muitas movimentações, muitas vezes sendo apenas mera espectadora dos eventos.

    Além de os personagens serem suficientemente bem construídos a ponto de fazer o espectador se importar com eles, o elenco garante boas atuações. Helen Mirren e Alan Rickman (em seu último papel no cinema) em ótimas performances, dão a seus personagens a dose correta de seriedade e de urgência nas cenas. Aaron Paul, assim como o Jesse Pinkman em Breaking Bad, dá à trama a carga emocional necessária. E vale destacar Barkhad Abdi, que dá a seu personagem a justa dimensão da dificuldade de ação de um agente disfarçado num local como aquele.

    Um filme de guerra sem oficiais berrando ordens no campo de batalha, nem saraivadas de tiros, nem soldados olhando fotos da família. Um roteiro que facilmente poderia pender para a pieguice, mas que consegue não apenas se sustentar como um ótimo suspense mas também instigar o público a (tentar) escolher um lado.

    Texto de autoria de Cristine Tellier.

  • Agenda Cultural 57 | Aquela Agenda de Várzea

    Agenda Cultural 57 | Aquela Agenda de Várzea

    Bem vindos a bordoFlávio Vieira (@flaviopvieira), Filipe Pereira, Nicholas Aoshi (@nicprade), Fábio Candioto (@fabiozcan), Jackson Good (@jacksgood) e Bruno Gaspar (@hecatesgaspar) saem de suas cavernas para comentar sobre os principais lançamentos… do início do ano.

    Duração: 81 min.
    Edição: Nicholas Aoshi
    Trilha Sonora: Nicholas Aoshi
    Arte do Banner: 
    Bruno Gaspar

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    Crítica RoboCop

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    Podtrash 188 – Doido para Brigar… Louco para Amar
    Lado B – Janeiro de 2014
    Alerta Vermelho #66 – Exterminador do Futuro
    Minicast Sons of Anarchy S07E03

  • Crítica | RoboCop (2014)

    Crítica | RoboCop (2014)

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    O cineasta holandês Paul Verhoeven marcou uma geração de jovens dos anos 90 com suas produções marcadas pela violência gráfica e distopias futuristas. Com três clássicos nas mãos (Robocop, Vingador do Futuro e Tropas Estelares), o diretor estabeleceu uma linguagem própria e uma base considerável de fãs mesmo dentro da crítica, mas não resistiu à modernização e ao crescimento da “caretice” de Hollywood no final da década. Tanto é que Verhoeven acabou voltando desiludido para a Holanda e lá produziu o excelente A Espiã e, o ainda não lançado no Brasil, Steekspel. Como já era de se esperar, a onda de remakes atingiu seu legado, e em 2012 foi refilmado O Vingador do Futuro, fracasso retumbante e totalmente esquecido pelo público.

    Agora é a vez de Robocop, considerado por muitos seu melhor filme nos EUA. A MGM já tentou refazer o filme algumas vezes, mas não encontrava a pessoa certa. Após ver o sucesso dos dois Tropa de Elite, acabaram-se as dúvidas. A visão política e social de José Padilha, combinada a intensas cenas de guerra urbana das autoridades contra os “inimigos”, assemelhava-se bastante à proposta de Verhoeven. Logo, o brasileiro foi chamado para dirigir o projeto.

    A história se passa em torno do incorruptível e incansável detetive Alex Murphy (Joel Kinnaman), que investiga, na cidade de Detroit, crimes que sobem cada vez mais na escala de poder. Após seu parceiro Jack Lewis (Michael K. Williams) ser baleado em uma operação, ele decide investigar sozinho a rede de corrupção da cidade, mas sofre um atentado que quase tira sua vida. Nisso entra a Omnicorp e o plano de trazer para o mercado doméstico a produção de soldados robôs com a função de proteger o país. O presidente da companhia, Raymond Sellars (Michael Keaton), empenha-se arduamente com a ajuda do apresentador de TV Pat Novak (Samuel L. Jackson). Assim, decidem transformar o moribundo Murphy em uma máquina, porém os planos da empresa não saem como planejados.

    As comparações com a obra original serão inevitáveis, mas ao contrário dos remakes/reboots lançados atualmente no mercado, o novo Robocop possui história própria a ser contada de forma singular. Esse mérito podemos dar a Padilha, que não caiu na tentativa de recriar o filme de Verhoeven, tampouco de inovar completamente retirando a essência política da história. Porém, faltam ao remake a originalidade e a anarquia criativa do original justamente como sátira de um universo policialesco e anestesiado, sofrendo com a violência endêmica sem conseguir reagir dentro dos moldes de uma sociedade democrática. Dessa forma, Robocop surge como a união dos traços marcantes da modernidade: a automatização robótica e o discurso policial como salvador da pátria. E, neste aspecto, Padilha flerta timidamente com esses temas, sem causar nenhum tipo de reação ao espectador.

    A Detroit do filme de 1987 era realmente suja, decadente e claramente violenta, em uma previsão profética do que se tornaria a cidade hoje. Porém, no remake ela é uma cidade moderna, com policiais honestos morando em bairros de classe média alta sem nenhuma preocupação. Nem de longe passa a imagem falada na história de que Detroit estava entregue à violência.

    As inserções televisivas, e satirizadas ao extremo pelo diretor do original, foram diminuídas em um único personagem, Pat Novak, apresentador de algo como um programa da Fox News, ou mesmo um Datena ou Cidade Alerta no Brasil. Reacionarismo e discurso da ordem através da violência contaminando o debate, mas que não causam nenhum efeito além de informar friamente o espectador. A TV possui esse único papel: o jornalismo-marrom. Não vemos nenhuma propaganda contra a radiação solar ou programas de humor com bordões ridículos que pareciam entreter a todos, elementos que marcaram o tom humorístico televisivo de 1987, ausência essa que transparece sisudez.

    Os acertos do filme se dão pela visão política interna e global, que provavelmente teve o dedo de Padilha. A questão não é somente a segurança interna de uma cidade dos EUA, e sim como o império já se alastrou pelo mundo e os robôs e drones são usados pela máquina militar a fim de estabelecer seu poder, como mostra a cena inicial em Teerã, na qual um ED-209 executa um garoto. Também é interessante o papel da China na história. Murphy é transformado no Robocop em uma linha de montagem na Ásia, e quando foge, sai em uma linha de produção tão automatizada quanto ele, lembrando as fábricas da Samsung, Apple e outras multinacionais. Definitivamente, os EUA deixaram de concentrar todo o poderio industrial do planeta. Porém, isso poderia ter uma contradição, já que o crescimento econômico da China é acompanhado de crescimento político, e nesse contexto talvez uma invasão ao Irã não aconteceria ali tão perto dos chineses.

    O papel da família de Murphy também se tornou muito maior no remake. Enquanto no original sua família era uma simples lembrança distante, agora sua esposa, Clara Murphy (Abbie Cornish), possui participação ativa, na tentativa de humanizar o personagem. O que faria sentido se seu papel não fosse cada vez mais diminuído conforme o filme avança, até chegar a uma cena final um tanto quanto embaraçosa no heliporto. Seu filho então é praticamente um poste. Até o ator mirim de Homem de Ferro 3 foi mais importante.

    Também é menos impactante a figura do vilão. Enquanto Kurtwood Smith dá vida ao impressionante e odiável Clarence Boddicker, em cuja cena da morte de Murphy traumatizou uma geração de crianças, Antoine Vallon (Patrick Garrow) não cativa em momento algum, servindo somente para ser morto no final em estéril cena de tiroteio que causou um pouco de vertigem, tamanha velocidade e quantidade de cortes. Toda a gangue de Boddicker era marcante, enquanto a gangue de Vallon é representada somente por dois policias corruptos, personagens também unidimensionais e sem graça. Também é difícil estabelecer uma violência tão grande em um filme PG-13, a praga do cinema moderno, em que todos os filmes precisam ser “para a família”.

    Como era de se esperar, as cenas de ação do Robocop moderno não suportariam mais aquela velocidade lenta da década de 80, e o protagonista consegue pular e saltar a fim de cumprir objetivos, em cenas bem realizadas e que não incomodam, como era o medo de muita gente. Apesar de ser boa, a estética de videogame e FPS incomoda um pouco não só pela filmagem, mas também pela falta de uma ameaça realmente importante ao espectador. A cena de luta com os ED-209 foi bem feita, e 9 entre 10 espectadores esperaram uma referência ao fato de ED não conseguir descer escadas, o que infelizmente não ocorreu. A referência maior ficou na aparência do protagonista, com traços que lembram a “armadura” original, inclusive seu tom de cinza, que a deixou muito bonita. Depois transformada em preta, perde um pouco esse charme, lembrando mais os soldados do BOPE e a temática de “policialização” do debate político.

    Como elemento em desarmonia, a trilha sonora original, composta por Basil Poledouris, foi repaginada e usada em alguns momentos estranhos, não encaixando neles muito bem. As músicas de cenas de ação e principalmente dos créditos finais tampouco soaram como complemento ao filme, parecendo mais com o restante da produção, dando uma sensação de “faz sentido, mas tem algo errado aqui”.

    A ciência também possui um papel maior no filme de 2014. Explicações técnicas do cientista responsável pelo projeto, Dennett Norton (Gary Oldman), estão sempre presentes, seja em cena, seja em narração, o que se torna algo desnecessário. Também há a boa e velha ciência hollywoodiana com seus termos do tipo “queimadura de 4º grau em 80% do corpo” e “ele está sobrescrevendo as prioridades do sistema”, sempre usadas para justificar uma guinada fácil no roteiro. Como quando Murphy, inexplicavelmente, passa a sentir emoções novamente mesmo quando essa capacidade foi biologicamente retirada. O detalhe da mão humana também é complicado: apesar de eficiente dramaticamente, pois deixa Murphy ainda com toque humano, torna todo o projeto do robô mais difícil, afinal, basta uma queda da moto em alta velocidade, um pisão de ED-209 ou simplesmente um tiro para incapacitar sua mão.

    Robocop (2014) é um bom filme, mas possui os defeitos clássicos do cinema moderno: excesso de explicação, violência sem peso dramático, resoluções fáceis e rápidas e personagens unidimensionais. A impressão presente no final da projeção é que vimos um filme inteiro como robôs “com 2% dopamina” no sangue. A produção tem seus méritos e consegue trazer novos debates, mas sem brilho e empatia. Não será esquecido como o remake de O Vingador do Futuro, mas tampouco figurará entre os clássicos do gênero. Que sirva ao menos para Padilha conseguir se estabelecer no mercado norte-americano e produzir obras melhores por lá.

    Texto de autoria de Fábio Z. Candioto.