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  • Crítica | Zumbilândia: Atire Duas Vezes

    Crítica | Zumbilândia: Atire Duas Vezes

    Dez anos atrás em 2009 estreava o surpreendente sucesso Zumbilândia, comédia rasgada e de humor negro que reciclava o exploitation recente de zumbis. O filme de Ruben Fleischer foi bem recebido e acabou ficando marcado por ter um elenco afiado e que faria muito sucesso, ao menos no caso de três de seus quatro protagonistas. Depois de uma série  que não passou de um piloto malfadado, finalmente o diretor de Venom retorna, para apresentar Zumbilândia Atire Duas Vezes, reforçando uma das regras estabelecidas por seu protagonistas, Columbus de Jesse Eisenberg.

    O quarteto está em crise. Wichita (Emma Stone) não quer desenvolver uma relação duradoura em meio a um mundo pós apocalíptico, Little Rock (Abigail Breslin) quer conhecer novas pessoas e encontrar um par e Talhahese (Woody Harrelson) tem um complexo paterno estranho em relação a LR, agindo como um pai super protetor e sufocante.

    É bem positivo que o roteiro sinalize que nem tudo está igual, ainda que as evoluções de drama dos personagens não escondam a reciclagem de conceitos. Columbus continua muito inseguro, as duas irmãs vivem fugindo e o homem de meia idade age como se estivesse sozinho, com dificuldades de socializar. Não há nada muito novo, mesmo os personagens novos são bem protocolares, exceção claro de Madison, uma bela menina vivida por Zoey Deutch que é bastante futil e burra, desafiando a ideia de que é preciso ser esperto para sobreviver.

    Há de destacar que os zumbis evoluíram, e ganharam novas classificações da parte  dos  heróis, e isso conversa diretamente com os últimos volumes da quadrilogia de George  A. Romero, em especial Dia dos Mortos e Terra dos Mortos. Há muitos momentos inspirados em matéria de “videoclipe”, como quando toca Master Of Puppets do Metallica, com cenas de violência em Slow Motion. Outros bons momentos incluem Columbus lendo as revistas de Robert Kirkman, The Walking Dead, e achando elas irreais demais. As alfinetadas em outros produtos de zumbis são bem encaixadas, assim como as brincadeiras com os doppelgangers dos personagens originais e a chacota com pacifistas e Justice Warriors.

    Em determinado ponto o longa se torna um road movie que visa a direção de uma adolescente confusa. A abordagem em cima das mudanças típicas da puberdade é apresentada de maneira bem engraçada.

    Há algumas coisas bem incomodas, como o fato das regras que Columbus estabeleceu pularem na tela de forma engraçadinha o tempo todo, fazendo lembrar os piores momentos do programa CQC, além é claro das referencias no final, com direito a Deus Ex Machina e desfecho típico de telenovela das sete, mas Zumbilândia: Atire Duas Vezes exagera o que deu certo no primeiro tomo, de maneira tão acertada que maximiza todas as boas sensações, com direito a uma cena pós crédito incrivelmente engraçada e esperada por quem curtiu o primeiro filme.

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  • Crítica | Venom

    Crítica | Venom

    Parasita é dito como um organismo que vive de ou em outro organismo, dele obtendo alimento e não raro causando-lhe dano, e é esse o termo utilizado para designar as criaturas alienígenas que o Projeto Vida encontram em uma das suas naves interespaciais na nova adaptação de quadrinhos da Sony. Isso não é por acaso, a intenção de Venom do diretor Ruben Fleischer (de Zumbilândia e Caça aos Gangsteres) é claramente a de falar desse tipo de relação mesquinha em seu pretenso filme de herói (ou anti-herói), mas ele passa por uma dificuldade básica de encontrar sua identidade, mesmo passando pelas mãos de tantos roteiristas.
    A história já começa bifurcada, mostrando as duas partes que deveriam formar o personagem Venom. Nos laboratórios do Instituto Vida, há  Carlton Drake (Riz Ahmed), um personagem maniqueísta, interesseiro, bandido e assassino e essa definição é dada pela outra parte estudada, o Eddie Brock de Tom Hardy, um homem de vida simples e de muitas obsessões, jornalista de TV incisivo e bastante intrépido. As coincidências do roteiro fazem os dois núcleos se encontrarem e o resultado dessa reunião é explosivo. A vida pessoal de Eddie é dinamitada, ao ponto dele sua esposa Annie (Michelle Williams), emprego e até mesmo o lugar onde morava.
    A quantidade de personagens pára exatamente aí, praticamente só há esses três no filme de quase duas horas de duração. Muitos textos críticos ao longa falavam que o jeito que Hardy atua é diferente demais de todo o resto do elenco, e de fato é, mesmo levando em conta Williams e Ahmed. Nos quadrinhos o personagem depende demais do Homem-Aranha e a pergunta sobre esse projeto da Sony de explorar o universo do Cabeça de Teia sem seu carro chefe daria certo, ao menos até agora é negativa. A tentativa de transformar Venom num filme sobre transtornos esbarra na falta de complexidade de todos os personagens e nas situações banais que ocorrem. Nem mesmo a tentativa de Hardy em soar como um louco que não se adapta a um novo mundo funciona.
    Passa aproximadamente um hora de filme para finalmente a figura do Venom completa aparecer, e até esse ponto, muita história tediosa e sem sentido ocorre. As cenas de ação também não fazem muito, são genéricas, fato que faz tudo não ter muita coerência, incluindo aí a tentativa de mostrar Brock como detentor de um certo monopólio da virtude. Se todas as pessoas mostradas são rasas e não agem de maneira realmente humana, não há tanto impacto na postura diferenciada já que não há muito com quem comparar.
    Ao menos no que toca Eddie Brock o que se esperava era que o personagem fosse mostrado como um ser com dualidades, mas isso pouco se vê. A transição de ser parasitário para um realmente simbiótico é muito brusca, em um momento o alien trata Eddie como lixo, e logo depois se tornam super-amigos, e isso não faz o menor sentido diante das condições mostradas em tela, já que não houve uma mínima construção narrativa para a mudança dessas relações.
    Venom não funciona como filme de ação e isso nem passa necessariamente pela presença ou ausência do Aranha, sua concepção primordial foi um equívoco e o roteiro é na mesma medida pretensioso e bagunçado, sem conseguir atingir praticamente objetivo nenhum de seus produtores, não conseguindo ser um filme de monstro, herói, tampouco ficção científica escapista, tendo poucos momentos divertidos e muitos mal calculados, cuja graça é quase nenhuma. O filme ainda possui uma cena pós-créditos que abre possibilidade de uma continuação, que claramente só ocorrerá se o espectador ignorar todos os terríveis erros da história para que renda bilheteria suficiente para gerar um Venom 2.

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  • Crítica | Caça aos Gângsteres

    Crítica | Caça aos Gângsteres

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    Imagine-se em um bar. Daí aparece aquela mulher linda e maravilhosa. Você fica olhando de longe, admirando seu charme, seu sorriso, sua beleza estonteante e começa a achar que ela é especial. Única. Então você se aproxima e começa a conversar com ela. Em poucos minutos percebe que ela é superficial e comum. Essa é a sensação provocada por Caça aos Gângsteres. O filme tem muito estilo e apresentação pra pouco conteúdo.

    Passado em 1949, o impiedoso mafioso nova iorquino Mickey Cohen, vivido por Sean Penn, comanda com braço de ferro o crime organizado na cidade de Los Angeles. Sua influência vai além dos criminosos comuns, chegando ao escalão da polícia e aos políticos da região. Porém, um pequeno grupo de policiais liderados pelos sargentos John O’Mara e Jerry Wooters, vividos respectivamente por Josh Brolin e Ryan Gosling, resolve desmantelar a organização de Cohen.

    A trama é um completo decalque de Os Intocáveis, o já clássico filme dirigido por Brian De Palma. Porém, as semelhanças param por aí. Não vou comparar os dois filmes, vou apenas estabelecer alguns paralelos. Enquanto Eliot Ness e seus companheiros eram personagens bem delineados, com motivações profundas e críveis, nesse aqui as motivações são as mais mundanas possíveis. Um não quer que o filho ache que ele não fez nada enquanto a máfia dominava, o outro é o detetive que reluta em entrar no grupo e por aí a banda segue.

    O elenco estelar encabeçado por Gosling e Brolin tem atuações rasas, ainda que existam alguns breves momentos inspirados, mas nada além disso. Em nenhum momento o espectador consegue sentir empatia pelos heróis, chegando até mesmo a uma certa indiferença ser despertada.  É possível que os personagens profundos como um pires tenham influenciado nesse aspecto. Nem Sean Penn se destaca em meio às interpretações desfiladas na tela. Aliás, chega a dar pena a sequência em que o oscarizado ex-marido da Madonna tenta emular o icônico Tony Montana (Al Pacino em Scarface, outro filme do Brian De Palma). O diretor Ruben Fleischer não soube aproveitar o material humano que tinha em mãos. As cenas de ação são genéricas e não empolgam. Fora que a trilha sonora é completamente equivocada. Em vez de elevar a tensão da cena, dá nos nervos do espectador.

    O ritmo do filme é até interessante, sem muita enrolação, indo direto ao ponto. O diretor faz um uso interessante da câmera lenta em algumas cenas. Porém, os clichês vão se amontoando pelo caminho. Um fato é intrigante: os personagens são policiais, estão trabalhando à margem da lei, são conhecidos pelos bandidos da cidade, não usam máscaras pra fazer as batidas nos locais “secretos” onde a bandidagem opera, e custam a ser identificados mesmo frequentando bares e restaurantes apinhados de meliantes. É algo que não faz muito sentido e acaba passando batido no roteiro. Como ponto positivo, temos a impecável ambientação de época. A Los Angeles recriada é maravilhosa e os  figurinos são de encher os olhos. A direção de arte, de efeitos especiais e a cenografia merecem parabéns.

    Caça aos Gângsteres poderia ter sido um filmaço. Só conseguiu ser esteticamente lindo. Faltou cérebro nele. Cultuaram demais o corpo e esqueceram da mente.

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  • Crítica | Zumbilândia

    Crítica | Zumbilândia

    zumbilandia

    George Romero, considerado o pai do gênero, imortalizou o que conhecemos como filmes de zumbis. Desde então, não temos nos deparado com grandes novidades depois de toda a invasão de zumbis na cultura pop, salvo raras exceções. Apesar da ideia velha, Ruben Fleischer dá uma nova roupagem e tenta mesclar terror com muito bom humor. OK, isso não é novidade, vide o ótimo Todo Mundo Quase morto, mas Zumbilândia vem com a proposta de um humor mais escrachado, mais ‘americano’.

    A história é simples, Columbus (Jesse Eisenberg), personagem central da história nos apresenta o mundo de Zumbilândia, revelando algumas regras que ele diz ser fundamental para sobreviver nesse mundo, tudo isso de maneira hilária. Apesar de ser um jovem medroso, Columbus decide cruzar os EUA para encontrar seus pais, mas no meio do caminho encontra Tallahassee (Woody Harrelson), um caçador de zumbi, e decide acompanhá-lo para chegar em segurança no seu destino mais facilmente.

    Durante a jornada dos dois, duas irmãs se juntam à eles, a mais jovem Little Rock (Abigail Breslin) e Wichitta (Emma Stone), o que acaba colaborando ainda mais na construção da história e trazendo ótimas risadas ao telespectador, como em dado momento onde decidem se esconder na mansão do um ator conhecido de Hollywood e o encontram se passando por um zumbi para se misturar a multidão de mortos-vivos.

    Não tenho o que falar do elenco, apesar de ser um filme que não exige grandes atuações, todos estão muito bem. Woody Harrelson está incrível bancando o maluco depressivo, Jesse Eisenberg interpreta o nerd loser magistralmente, Emma Stone continua lindíssima e esbanjando talento, o mesmo vale para Abigail Breslin. O ponto forte é a participação especial do tal ator hollywoodiano, o que só vem a enriquecer ainda mais o filme.

    Enfim, se ainda não tiveram a oportunidade de conferir, assistam sem medo. Apesar de não ter grandes novidades para o universo dos mortos-vivos, com certeza te fará rir bastante.