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  • Review | Gotham – 3ª  Temporada

    Review | Gotham – 3ª Temporada

    Após  Gotham 2ª Temporada que ficou conhecida por abrir mão de qualquer fidelidade ou mínimo respeito pelo que é tradicional nos quadrinhos do Batman, Gotham volta para sua terceira temporada com um desencontro amoroso de James Gordon (Ben McKenzie), fazendo lembrar uma das principais influências para o seriado existir, que era Smallville, cujo espírito era também resgatar o passado, mas do Super-Homem ao invés do Batman. Por mais que a frustração romântica seja grande, não demora até o policial ter de enfrentar uma das muitas bizarrices que a cidade – ainda sem o Batman – produz.

    O personagem em questão, é só mais um dos bandidos soltos pela zona urbana, e foi liberto pelo vilão Hugo Strange (BD Wong). A cidade está louca ( o nome desse segmento é Mad City, para pontuar melhor ainda as obviedades) e entre os muitos fugitivos do Asilo Arkham está Barbara (Erin Richards), agindo como uma versão millenium da Arlequina, conversando com os foras da lei, entre eles, o Pinguim/Oswald de Robin Lord Taylor, que se torna um informante da polícia. Junto a Barbara, está Thea Galavan (Jessica Lucas), que desde que perdeu seu irmão, tem procurado alguém para ser sua dupla. As inversões de valores se tornaram algo tão corriqueiros que em meio as loucuras da série, isso nem choca tanto.

    Mad City compreende os 14 episódios e toda a polícia tem muito mais trabalho que o normal nos outros dois anos, e Jim tem de lidar não só com Harvey Bullock (Donal Logue), mas também com um novo elemento que além de ser extremamente enxerido, também vira um possível par romântico. A Valerie Vale (Jamie Chung), que vem a ser tia da famosa fotografa que namora Bruce/Batman Vick Vale, mas mesmo assim, James demonstra saudade de sua amada Leslie Lee Thompkins, interpretada por Morena Baccarin, que ganha mais destaque neste terceiro ano.

    Já da parte do jovem Bruce (David Mazouz), há não só um assumir de responsabilidades em suas empresas – isso feito obviamente com a supervisão de Alfred (Sean Pertwee) – mas Mazouz também vive o estranho 514, um clone seu, que é só uma das piores idéias que poderia ocorrer em uma série já pessimamente pensada, junto a tudo que ocorre com a versão de Hera Venenosa. A Ivy Pepper, que antes era feita por Clare Foy sofre a ação de um meta-humano, e envelhece horrores, era para ela morrer, mas é pouco exposta e só envelhece, para se tornar Maggie Geha. Essa solução que o produtor Bruno Heller e seus roteiristas tomaram talvez tenha ocorrido para se livrarem da questão de sexualizar uma criança, já que a Selina Kyle de Camren Bicondoya já era utilizada desta forma, e obviamente sofria com rejeição por parte das pessoas mais preocupadas com a ética e moralidade.

    A questão de Pinguim prefeito pode parecer uma loucura, mas há de se lembrar que a primeira menção a isso não é de Gotham e sim de Batman: O Retorno, a diferença é que aqui de fato ocorreu com o vilão vencendo as eleições, e de certa  forma, faz sentido dentro desse universo galhofa em que o programa é inserido. Em se tratando de uma cidade doente, é natural que seu mandatário eleito seja um lunático homicida.

    Mas algumas situações seguem sem uma resposta plausível. Bruce cresce, ao ponto de já se pensar nele como possível Batman, mas ele não tem uma relação maternal com Leslie, James não consegue ser um policial correto, ao invés disso ainda faz as vezes de Serpico, Dirty Harry e outros tiras anti heróicos, e por quais motivos os roteiristas transformam dois vilões em quase um casal homossexual, para estigmatizá-los como insanos logo depois, da mesma forma que fizeram com Barbara antes. E o pior, nenhum dos loucos da série fogem da caricatura, e mesmo quando soavam irreais – afinal, são personagens de historias em quadrinhos –

    Os roteiros são confusos, e muitos elementos são adicionados para encher linguiça. Como parte da tentativa de tornar problemática a jornada de Selina, sua mãe aparece, basicamente para causar rebuliços na sua relação com Bruce, que nem bem são um casal, mas já tem brigas como se fossem. O mesmo ocorre de certa forma com Pinguim e Edward Nygma (Cory Michael Smith) que rompem sua amizade após o primeiro se eleger prefeito. O Charada aliás assume sua faceta de bandido, se aproximando de outros criminosos, fazendo com que o quase romance dos dois vá por água abaixo, com direito a muitas cenas de vergonha alheia da parte do político. Até Jim embarca nessa onda de brigas com seus parceiros, chegando ao cúmulo de matar o marido de Lee, no dia do casamento da mesma, uma vez que ele está infectado por um estranho vírus e está prestes a matar Leslie.

    Gotham seria tão mais honesta caso fosse uma comedia rasgada, ao invés de se levar a serio quanto a tramas politicas e no mergulho, ate as partes dramáticas sao desmedidas, seja a reação intempestiva de Leslie depois de ser salva por Gordon, ou as ilusões com fantasmas que Cobblepot sofre, mesmo Jerome (Cameron Monaghan), que poderia ser um bom adendo ja que seu interprete é bom ator acaba caricato demais, mesmo o ardil do Charada, que envolve muitos personagens e que teoricamente seria um belo plano soa caricato ao extremo. O fato de se levar a serio denigre também outro aspecto da serie, que é a questão de ser um produto de época.  Caso o tom cômico prevalecesse boa parte das sequências fariam sentido, assim como as liberdades poéticas referentes ao amadurecimento de clones,  ou o que ocorre com Hera Venenosa, mas não,  Heller não tem humildade para incorporar o camp de fato aos roteiros, então todos os exageros de atuação não passam de péssimas versões mesmo.

    Toda a sequencia de luta entre Jerome e Bruce até tem momentos emocionantes, mas ela não faz sentido, o príncipe aristocrata de Gotham não tem motivos para ter sua índole discutida ou corrompida, isso pouco importa, e é ridículo a cidade inteira caindo na porrada em um parque. Alem dos outros vilões introduzidos nas temporadas anteriores e ate do Chapeleiro Louco (Benedict Samuel), ha também o Senhor Frio (Nathan Darrow) e outros mais obscuros Victor Zsasz (Anthony Carrigan), mas um outro segmentos mais novo foi inserido, a Corte das Corujas, que “coincidentemente” é muito  mal enquadrada. A historia que ficou famosa após o arco de Scott Snyder na fase Batman: Corte das Corujas, do Morcego nos Novos 52, e fica deslocada demais dessa posição cronológica da origem do Batman. Os momentos finas, onde Lee utiliza da substancia tóxica para realizar sua vingança demonstra que a principal obsessão dos roteiristas é transformar os possíveis pares de Jim em vilãs,e surpreenderá se Valerie também não se tornar má caso reapareça.

    A união de vilões, sobretudo Charada e Barbara faz a cidade perecer, envenenada por uma droga que deixa a maior parte das pessoas agressivas.  No entanto a decisão de tomar o poder é tardia, os dois aliados só decidem isso após toda a zona urbana já estar tomada pelo caos. Outra questão que pairava sobre os episódios, e no capitulo final é dita com todas as letras é a origem de vários vilões através das experiências do professor Hugo Strange.

    Ao menos os capítulos são movimentados, Coblepott ludibria Nygma e ratifica sua parceira com Hera e Senhor Frio, personagens morrem e alianças são desfeitas, Gordon quase sucumbe ao mal  com a desculpa do tal vírus do mal. Há uma tentativa de redenção nos momentos finais, próximo aos créditos, onde Bruce salva uma pessoa, já  como um vigilante pró Batman, e incrivelmente isso é bem feito, apesar de ainda ser uma má ideia utilizar a figura do pequeno Wayne em Gotham, mas que ele está lá, é importante dá importância, sobretudo nas cenas em que ele está fora da cidade, em seu treinamento, no entanto, isso não salva o programa da obvia mediocridade deste terceiro ano.

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  • Crítica | Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros

    Crítica | Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros

    Jurassic World 1

    Os acordes de John Williams são lembrados em estilo diversificado, agora com a batuta de Michael Giacchino, seguido de uma cena de ovos eclodindo, dando prosseguimento ao processo chamado vida. O diretor e roteirista Colin Trevorrow faz em Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros uma homenagem ao trilogia original e ao filme Mundo Perdido de 1925, ao mesmo tempo em que situa o público no universo estabelecido que pressupõe a abertura do dantesco parque temático Mundo Jurássico, na mesma Costa Rica onde aconteceram os eventos de Jurassic Park e de  Jurassic Park: Mundo Perdido e Jurassic Park III da franquia. O encanto do menino Gray (Ty Simpkis) relembra o quão era bela a expectativa do público, em 1993, por ver os seres pré-históricos revividos e convivendo com a humanidade.

    Nos primeiros minutos da produção, há uma clara crítica ao excessivo gasto para produzir a estrutura artificial do Parque dos Dinossauros,  aludindo aos preços de naming rights (diretos reservado de nome) da nova criatura geneticamente criada, Indominus Rex. Como um magnata entediado, que faz as vezes de John Hammond, Masrani (Irrfan Khan) é o responsável por injetar dinheiro no Parque e também por financiar as atividaded de Claire (Bryce Dallas Howard), uma executiva de sucesso que graças a sua dedicação a carreira é uma parente relapsa.

    Na introdução da personagem de Chris Pratt, Owen Grady, descobrimos seu ofício como adestrador de velociraptores. Owen é o típico herói arquetípico, belo, audaz, corajoso, tendencioso e desbravador, seu modus operandi é intervencionista, como o de um exímio caçador, parecido demais com seu Starlord de Os Guardiões da Galáxia, um perfil que se torna irresistível para a quadrada Claire que tenta em vão esconder sua rendição amorosa.

    Ao menos na esfera de expectativas, o filme entrega bem seus préstimos, mantendo um suspense que encontra no público uma boa resposta. Mantém-se uma leve excitação sobre o visual de Indominus, com a sábia decisão de não escancarar sua aparência no primeiro ataque. A primeira intervenção entre o monstro e homens é breve, mas guarda uma dose de violência grande, cuidadosamente feita para não chocar as plateias conservadoras e famílias, parte do público alvo. Enquanto esse dinossauro impacta pela violência, os velociraptores estabelecem uma forte crítica a manipulação genética e a produção de híbridos com a possibilidade de se tornarem uma arma bélica, uma análise incomum para um filme para as massas.

    Os clichês seguem firmes e mais repetidos do que as histórias anteriores, curiosamente reprisando arquétipos dos filmes passados como a versão do CEO intervencionista, piloto de aeronaves como o presidente de Bill Pullman em Independence Day, (ainda que seu desfecho seja muito mais realista do que a vista no filme de Rolland Emerich).

    Os personagens centrais evoluem durante a história, principalmente Claire que deixa a pompa de lado, agindo de modo mais enérgico, provando que sua corrupção era fruto da falta de tempo e que a negligência não fazia parte de sua índole e caráter. Apesar de não apresentar nada que seja realmente inédito – ainda mais com trailers bastante reveladores – o roteiro mantém interessante viradas.

    A personagem de Pratt é superexposta e cada aparição o amplia como uma espécie de mito, ampliando as habilidades e capacidades sobre-humanas, seja no adestramento dos animais, como também nos atos heroicos, estilo sempre em voga em Hollywood, como também visto na persona de The Rock em Terremoto: A Falha de San Andreas, ainda que Owen Grady seja uma figura muito mais aceitável e carismática do que os heróis genéricos dos subprodutos de ação do cinema blockbuster.

    Os momentos finais aludem ao desfecho do primeiro filme, reprisando os mesmos heróis. Apesar de não apresentar uma obra prima, Trevorrow resgata parcialmente a aura do original, baseado nos livros de Michael Crichton, lembrando o espírito presente no reboot da franquia Planeta dos Macacos. Ainda assim peca ao repetir os mesmos erros de um sem número de filmes de aventura atuais, principalmente por não ousar em quase nada e reforçar a exaustão todo o conjunto de clichês de ação e aventura.

  • Crítica | Golpe Duplo

    Crítica | Golpe Duplo

    Golpe-Duplo-poster

    No início de 2000, roubos e assaltos com temática cinematográfica voltaram à tona e se tornaram uma vertente popular. Diversos filmes, sendo o remake Onze Homens e Um Segredo o mais significativos destes, pontuaram as telas com ladrões charmosos, grandes feitos glamourosos e reviravoltas como uma constante em suas histórias.

    Vindo de um fracasso de bilheteria dirigido por M. Night Shyamalan, Depois da Terra, o carismático Will Smith retorna às telas ao lado de Margot Robbie (O Lobo de Wall Street) formando uma dupla de golpistas nesta produção que segue a fórmula do roubo de maneira genérica. Tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, o filme estreou em primeiro lugar na bilheteria, demonstrando que, apesar do enredo simples, a popularidade de Smith é capaz de garantir uma base de público nos cinemas.

    A dinamicidade didática de Golpe Duplo se apresenta desde o título brasileiro. A trama é dividida em dois atos passados entre um período de três anos, justificando, portanto, os dois golpes citados, e nos dando a impressão de que a fraqueza da história inicial promove uma segunda de maior impacto.

    De maneira rápida, o golpista Nicky conhece Jess e descobre sua habilidade em roubar. As cenas partem do pressuposto de que o personagem é um especialista no que faz, e não só demonstra superioridade de furtos em relação à moça como faz um jogo cênico apresentando tudo que é capaz de roubar. Em seguida, faz uma rápida introdução à técnica do crime para Jess – arte que o próprio disse denotar tempo para aprender – com pseudo-conceitos teóricos sobre distração, teatralidade e outras maneiras de conquistar pessoas, logo aceitando-a no bando.

    Como ladrão charmoso, a personagem vive de pequenos roubos e esquemas locais que exploram uma cidade de grande rotação turística, dentro de um sistema de furtos generalizados entre cartões, dinheiro, joias, roupas e tudo o que pode ser furtado e revendido por uma grande equipe de especialistas. As apostas estão no sangue de Nicky, assim cenas frívolas, como a do apostador viciado que não resiste à tentação, surgem como um conflito para uma trama que não possui nenhum.

    O primeiro ato da trama encerra em uma hora e salta temporalmente para três anos depois. Surge um novo golpe que, coincidentemente, reúne o mesmo casal, separado após o último. Em cena, entra Rodrigo Santoro como Garriga, dono de uma equipe de carros de corrida na Argentina. O destaque da imprensa brasileira é feito em demasia: Santoro destaca os cartazes brasileiro, e, de fato, é louvável que o ator prossiga na carreira internacional. Porém, seu papel ainda se mantém próximo do estereótipo, o de um latino-americano representando um hermano argentino.

    A obra é voltada para o entretenimento rápido. Sem profundidade de nenhuma personagem, o enfoque está centrado nos roubos, no glamour que o cinema produziu dos furtos, e nas naturais reviravoltas que parecem surgir para subjugar o público, como se dissessem: sim, nosso roteiro é superficial mas será capaz de te surpreender.

    Durante a exibição, o público pode ser divertir. Mas desde já é possível observar que Golpe Duplo não será o grande redentor de Smith que, há dez anos, começava uma excelente fase com Eu, Robô, Hitch – Conselheiro Amoroso, À Procura da Felicidade e Eu Sou a Lenda, filmes que fundamentaram ainda mais sua credibilidade, o que justifica a boa bilheteria de sua mais recente aparição.