Crítica | Operação Final (2)
Chris Weitz é um homem de cinema com trabalhos bem diversos. Seu trabalho como roteirista está presente em Rogue One, FormiguinhaZ e Cinderela, filmes bem diversos em temática, e ele conduziu A Bússola de Ouro, O Céu Pode Esperar e Lua Nova. Sete anos após realizar o drama Uma Vida Melhor, ele dá a luz a Operação Final, em parceira com a Netflix. A história do filme retorno a 1960, onde uma força militar israelense vai atrás de um fugitivo nazista da Segunda Guerra Mundial, Adolf Eichmann, que era o responsável pelo gabinete de assuntos judaicos na época e que diferente de Himmler, Goebbels e Hitler, não havia tirado a própria vida.
A história acompanha Peter Malkin, transitando em um carro antigo, munido de sua farda e de um desejo intenso de fazer justiça. O personagem executado por Oscar Isaac é determinado, e faz um serviço detetivesco para achar os fugitivos do Julgamento de Nuremberg.
Malkin e Eichmann tem uma história pessoal juntos, e isso é explorado através das idas e vindas do roteiro, que retorna ao passado para mostrar o destino que as outras gerações tiveram, em meio a isso se percebe o avanço de grupos nazistas na América do Sul, em especial no cenário argentino, que é onde se passa a maior parte da história Malkin é um sujeito exemplar, sempre calado e observador, seu olhar é cheio de compaixão com os que sofreram com o holocausto, e essa solidariedade é as vezes confundida por terceiros como pena , fato que deixa alguns israelenses envergonhados. Sua rotina é a de jantar com sua mãe , uma senhora bastante idosa e que não está mas tão plena de suas faculdades mentais.
Toda essa excessiva necessidade de humanização do personagem faz o filme soar um pouco maniqueísta. O trabalho de investigação a respeito da pessoa que possivelmente é Eichmann envolve uma garota, chamada Sylvia (Haley Lu Richardson), que se envolve com Klaus, filho de Ricardo Klement, que aparenta ser somente um pacato senhor vindo da Palestina, interpretado por Ben Kingsley. Quando o grupo de soldados o acha não demora até ele se permitir ter orgulho pela patente que tinha, lembrando até o número de seu alistamento e aceitando seu destino.
O suspense do filme e a construção da desventura de Eichmann é muito bem feita, mas as camadas exploradas vão muito além disso, compreendem uma ideia por parte dos israelenses que não consegue ter paz enquanto os responsáveis pelos atos do holocausto não estejam devidamente julgados e punidos, mesmo que isso não traga nem as pessoas que se foram e nem a paz dos que ficaram. O consolo de ver a justiça sendo feita ainda que seja em partes funciona como um breve alívio de uma dor que acompanhou todo um povo, o roteiro de Mathew Orton faz questão de não desumanizar o personagem, ainda que seja preocupante para o espectador que tenha qualquer simpatia pela digital de Adolf / Ricardo, pois o tempo ter passado não aplaca qualquer ato nefasto anterior, ainda mais os que foram cometidos por ele. Acreditar que ele era só uma máquina na engrenagem é sinônimo de ingenuidade e até imaturidade.
No entanto, sentimento é até esperado, de certa forma, pois Weitz propõe tantas camadas no personagem de Kingsley e amarra isso tão bem na relação com Malkin que não é inesperado que o espectador mais desatento ao quadro histórico não duvide dos crimes que Eichmann cometeu. As faces que o fascismo toma normalmente apelam para sentimentos muito humanos e para comportamentos típicos do homem comum, sendo falacioso e dissimulado para parecer um homem como outro qualquer e esse é um dos maiores perigos do nazi fascismo.