Sob Total Controle é um dos filmes da mostra internacional do É Tudo Verdade. O documentário ficou conhecido mundialmente por expor os podres do governo de Donald Trump ao lidar com a pandemia de Covid-19. Dirigido pelo trio Alex Gibney, Ophelia Harutyunyan e Suzanne Hillinger, a produção, além de informar sobre a cobertura de uma pandemia, também serve de comentário metalinguístico, mostrando as dificuldades de uma equipe de filmagem em fazer um filme com o isolamento social dos entrevistados e de pessoas ligadas aos fatos.
Dois elementos saltam aos olhos do espectador logo de cara: a primeira é a narração que poderia causar incomodo mas, dado o modo lunático como os EUA lidaram com a pandemia em seu início, se faz necessária. Pois as imagens sozinhas talvez pudessem elucidar o suficiente, sendo necessária a exposição. A outra questão curiosa são as cenas de negacionistas ignorando ou agredindo pessoas comuns em mercados, lojas e afins. Agindo de maneira covarde e perigosa do ponto de vista sanitário, cenas que não nos chocam tanto por sabermos que em nosso país a ações ainda piores.
Para as futuras gerações, especialmente para alguém que não sabe pouco respeito desses tempos de pandemia em 2020-21, o documentário será um bom ponto de partida sobre o impacto mundial da Covid. Pois detalhe bem os acontecimentos, incluindo o primeiro surto em Wujan na China, com direito a entrevistas com o até então presidente americano. Uma das problemáticas que o diretor lida nessa obra é sobre o futuro, a evolução da doença, suas mutações e demais aspectos impossíveis de prever, determinando como ainda é incerto o futuro após o impacto dessa doença.
Além disso, o documentário também mostra como o estado norte americano surpreendeu a comunidade mundial negativamente, colocando Robert Redfield, um virologista controverso, a frente de organizações como o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças). As frases polêmicas do virologista são anteriores a pandemia. No primeiro surto de HIV sugeriu uma medida religiosa de celibato para evitar a propagação da AIDS. Demonstrando como fundamentalismos são tão perigosos como doenças. Outro exemplo negativo é a entrevista com Vladimir Zelenko, o sujeito que descobriu a hidroxicloroquina como forma de lidar com a doença nos Estados Unidos. O mesmo medicamento que não tem qualquer comprovação contra o vírus e que ainda é defendido pelo governo brasileiro como parte do fajuto tratamento precoce para coronavírus.
Assistir Sob Total Controle causa um pouco de agonia, ainda mais em plateias mais sensíveis. A série de eventos que poderiam ajudar a evitar a catástrofe são inúmeras, e ver como as autoridades foram ou passivas ou deliberadamente mesquinhas e desonestas em nome de qualquer ideologia irrealista é desolador. As coletivas de imprensa, então, são um show a parte. Enquanto o imunologista Dr. Anthony Fauci falava para as pessoas não irem para lugares de fácil aglomeração, a equipe econômica de Trump o contradizia na mesma entrevista. É tragicômico, e incomodamente semelhante ao que ocorreu no começo da pandemia no governo brasileiro e nos choques entre Henrique Mandetta, o ministro da Saúde, e o presidente do Brasil Jair Bolsonaro. A imitação é barata e triste.
O documentário tão intenso que chega a ser tragicômico. A adjetivação poderia soar como pejorativa, mas não é. Para qualquer analista que vive em um cenário ainda tão assolado por essas questões certamente se sensibilizará com o olhar desesperado dos entrevistados. Olhares honestos de pessoas da indústria médica ou farmacêutica que falam a respeito dos esforços para driblar o governo a fim de dar alguma segurança ao povo.
“Meninos mimados não podem reger a nação.” – Criolo
Ah, mas eles são mimados. Mimados ao ponto de, na simples ameaça de retirar ou extinguir qualquer um de seus privilégios com outros países, eles invadem seu país (que eles consideram inferior em quaisquer sentidos), e lhe fazem acreditar que essa é a melhor coisa a se fazer – porque sim. A direita não joga para perder, e é vingativa e manipulativa (ou persuasiva, como preferem dizer os marketeiros) de uma forma que a esquerda nunca parece querer aceitar. Marketeiros esses que não precisam de diploma, e sim, habilidades oriundas de uma vida de criar problemas, para apresentar soluções. A guinada da direita no primeiro e terceiro mundos não é à toa, e é isso que a recente obra do premiado jornalista americano Michael Wolff reitera, mergulhando de cabeça no fenômeno Donald Trump. Algo que foi fabricado as custas do ódio, do medo, da desinformação, e da (outra expressão publicitária) flexibilização da realidade. Muito chique. E oportuno.
O mundo não é ruim, a gente que é, e na busca pelo poder vale ficar um pouco pior. FogoeFúria já contém um conteúdo tão sensacionalista, e explosivo, que nem precisava ter ganho esse título. Já nascido em 2018 para ser o best-seller do jornal The New York Times, a obra expõe a articulação para o nascimento e para a manutenção do governo do playboy bilionário Donald Trump, que duvidava ser eleito presidente dos EUA até o último minuto da contagem dos votos. Por trás dele, os figurões da mídia que aceitam ir para suas festas, em especial o conglomerado Fox (desmontado após sua popular compra multibilionária pela Disney), dando toda a voz e o apoio ao símbolo que o pele laranja representa aos velhos donos dos poderes. Com o mimado dos cabelos amarelos, estava assegurado que a América iria voltar a um tempo em que existiam fronteiras no mundo, evitando as possíveis consequências financeiras de uma imigração descontrolada, e foi essa dose de exclusão, desumanidade e violência que aconteceu, como prometido, para envergonhar os grandes presidentes de outrora.
Isso porque a receita, até agora, não apresentou falhas. É criada a insegurança diante de um mundo imprevisível, e cheio de crises, e nesse meio tempo, já está devidamente vestido (como o inseguro Trump acha imprescindível estar, 24 horas por dia) um político republicano apresentando o calmante ao povo confuso: o futuro é o passado – e, junto com ele, valores ultrapassados para mascarar as novas ganâncias velhas, de sempre. Como parte inexorável aos seus planos, alguns veículos de comunicação parecem se render a eles, e os que não acreditam em suas promessas mofadas, como o já referido jornal TNYT, a eles uma guerra entre mídia e governo começa – geralmente com o primeiro fazendo seu eleitorado desacreditar do jornalismo afiado que combate suas mentiras. Ops: flexibilizações da realidade. Agora, a direita tem um novo ambiente para chamar de seu: a internet se mostrou e continua a ser uma grande frente para Trump, repleta de soldados fiéis para adorar e defender a imagem nacionalista de seu líder, enquanto ele recebe bilionários na Casa Branca que o hospeda para garantir as vontades dos verdadeiros faraós do império, cujo poder não tem prazo para acabar.
Com um acesso invejável aos bastidores do jogo político de Washington D.C., a realidade que Michael Wolff nos revela é absolutamente não partidária ao transmitir a sensação de fato em trabalhar diretamente com um despreparado Donald Trump, e a lógica presidencial conflituosa na qual sua gestão se baseia. Afinal, o confronto com ele é sempre um prazer, e a paranoia que se instalou no período pós-Barack Obama é onipresente, jogando o país e o mundo chefiado pelos EUA (no soft e hardpowers que o país exporta) a sentimentos similares, possibilitando assim a existência de outros Donald Trumps, em outros hemisférios. Não obstante, seria ilusório o fato de FogoeFúria não evidenciar a fonte ideológica e perturbadora do “trumpismo”. Steve Bannon, merecendo aqui um capítulo exclusivo por ser o homem da vez, é o sujeito que se infiltrou na Casa Branca dentro da mala de Trump, e camarada dos que controlam todo o establishment do país do Capitão América. Para entender um, precisamos ficar a par da história do outro, no caso, de Bannon, o portador e disseminador dos valores de quem elegeu, em 2017, e dos outros projetos de Trump espalhados por ai.
Tal qual um Kevin Feige que cria seu próprio universo a seu modo, ele o compartilha ao redor do planeta com diversos atores sob uma única singularidade: o futuro é hostil, e o conservadorismo é a única arma contra ele – mesmo que seja preciso atacá-lo pelas costas para atender a interesses de velhas raposas. Com base num retrato verídico de um governo feito por teorias, e crises internas, a instigante publicação da Editora Objetiva nos deixa claro: é preciso reconhecer os nossos vilões enquanto eles não destruam o que sobrou da ética, e da cidadania que ainda temos, infectando a solidariedade dos grupos sociais de um estado, ou nação, e intoxicando os corações em troca do controle das nossas opiniões. Bannon é o estrategista que separa os povos para enfraquecê-los, e cirúrgico na ação, aplica o remédio através de quem ajuda a brilhar – mas sem confiar em ninguém, pois sabe que o cérebro criador de mitos é ele mesmo – enquanto que, no contexto americano, Trump, trabalhando na sala de Justiça mas desejando jogar golfe, finge reger o Titanic num mar que seus mentores e seu orientador supremo conhecem como a palma da mão. O mundo é uma farsa, e ironicamente, na era da informação, ele nunca pareceu tão fake quanto agora.
Um dos indicados ao Oscar de melhor documentário em 2017, A 13ª Emenda traz novamente Ava DuVernay à famosa premiação, e novamente com a questão negra nos EUA. Se em seu badalado filme anterior Selma ela contou a história de uma pequena parte da luta de Martin Luther King pelo direito ao voto dos negros segregados, agora ela amplia o foco e se volta à questão do encarceramento em massa da mesma população negra nos EUA.
O documentário é extremamente atual e necessário em tempos de criminalidade em alta, juntamente da desigualdade social e do crescimento de discursos extremistas, que geralmente se associam as narrativas construídas pela mídia para culpar as minorias étnicas, que geralmente já sofrem diariamente as chagas da extrema pobreza, e também precisam arcar com a responsabilidade da “onda de criminalidade”. Não a toa grande parte do que é tratado no documentário se aplica perfeitamente ao Brasil, pois copiamos com detalhes a política de guerra as drogas e combate a criminalidade com a militarização da polícia e o discurso “anti-bandido”.
Com a ajuda de diversos intelectuais e ativistas, entre eles Angela Davis, DuVernay traça um excelente pano de fundo histórico na questão negra dos EUA, desde o final da escravidão, o caos econômico que isso gerou, e como os estados do sul se readaptaram a nova condição, ao se utilizar de uma dúbia frase da 13ª emenda da constituição americana, que acabou com a escravidão, para continuarem utilizando o trabalho barato dos negros pobres americanos, mas agora sob a ótica da criminalização desta população. A 13ª emenda diz que “Não haverá, nos Estados Unidos ou em qualquer lugar sujeito a sua jurisdição, nem escravidão, nem trabalhos forçados, salvo como punição de um crime pelo qual o réu tenha sido devidamente condenado.” Ou seja, era necessário achar justificativas para prender a população negra. Primeiro foram às leis de vadiagem, segregação, depois o combate ao tráfico de drogas e a suposta criminalidade, juntamente com todo o aparato midiático criado para fortalecer o imaginário coletivo de que o homem negro era mais propenso ao crime. A utilização do filme O Nascimento de uma Nação, de D.W. Griffith e o posterior ressurgimento da KKK são imprescindíveis para se entender este contexto.
Extensivamente amparado em dados, o documentário mostra o crescimento da população carcerária dos EUA aliado também a claros interesses corporativos na privatização das cadeias e no fornecimento de serviços como manutenção e alimentação para os presídios, pago com dinheiro público. Corporações essas que auxiliavam congressistas em leis que aumentavam as formas de encarceramento e penas mais duras, numa espiral perversa tendo como alvo a população negra e posteriormente latina dos EUA. Os dados são assustadores: Os EUA possuem a maior população carcerária do mundo, e a população negra masculina dos EUA é de pouco mais de 6% enquanto é mais de 40% da população carcerária, e também já existem mais negros presos hoje do que haviam negros escravizados no século XIX.
Porém, aqui os mesmos problemas de Selma se repetem, e também uma tendência entre documentaristas ativistas. A vontade de se enfatizar a mensagem é tão grande que apenas mostrar os dados não é suficiente. Em uma mistura de Christopher Nolan, Michael Moore e Oliver Stone, DuVernay coloca trechos de rap sobre a situação do negro nos EUA com montagens visuais um tanto distrativas e que fogem da seriedade do documentário. Outras montagens, com discursos de campanha claramente racistas de Donald Trump de fundo com imagens de negros sendo abusados nos anos 50, esfregam na cara do espectador de forma desnecessária o que o documentário por si só já deixa bem claro. Também faltou uma crítica a administração Barack Obama, que manteve e reforçou as políticas encarceradoras de seus antecessores, mas que nem é citado no documentário, como se ele não tivesse a menor responsabilidade sobre o que foi realizado em seu mandato.
De qualquer forma, mesmo com problemas, A 13ª Emenda é um documentário essencial para se entender a questão negra, a questão criminal e racial da chamada “Guerra as drogas” e principalmente, entender o contexto político não só dos EUA, mas também do Brasil e do mundo.
No Brasil, o ano de 2017 começou com um assassino de extrema direita invadindo uma festa de final de ano e matando 12 pessoas da mesma família (9 mulheres, 2 homens e 1 criança). Entre essas pessoas, estavam sua ex-mulher e seu filho de nove anos. Porque ele fez isso? Bem, segundo sua cartinha, o imbecil estava cansado das vadias que estragaram sua vida, ele não suportada mais a Lei “Vadia da Penha”, e queria matar todas as vadias… Vadias, vadias, vadias. Você sabe, o tipo de falta de raciocínio que faria um fã fervoroso de Jair Bolsonaro chorar de orgulho.
No hemisfério Norte, a Nova Guerra Fria está prestes a acabar em 20 de janeiro, quando o novo presidente-fantoche dos EUA, Donald Trump (ex-apresentador de realities shows idiotas e cabeça de esquemas de fraude e estelionato), “assumir” a presidência do maior poderio industrial-militar da história para obedecer aos mandos e desmandos de seu novo mestre: Vladimir Putin (pessoalmente, eu acho essa situação toda hilária e extremamente irônica).
E esse é só o começo de 2017.
Mas não se engane, 2017 é só uma consequência. A verdadeira causa de tudo que estamos vivendo e vamos viver pelas próximas décadas é o ano de 2016, que será lembrado como o ano em que o século XXI ficou literalmente louco. Se esse século fosse uma pessoa, poderíamos dizer que ele teve uma infância difícil desde 2001, mas que, apesar dos pesares, ele ainda tinha potencial para crescer e se tornar um século respeitável. Infelizmente 2016 foi o ano em que esse adolescente chamado século XXI descobriu sua paixão incontrolável pelas pedras de crack.
Esse tópico vai ser difícil. 2016 foi o ano em que nossa política passou de péssima para porra!
Tudo começou em dezembro de 2015, quando o ex-presidente da câmara de deputados federais e atual presidiário Eduardo Cunha decidiu aceitar um pedido de impeachment contra a presidenta Dilma Roussef, porque descobriu que sua barra não seria limpa no Conselho de Ética pelos crimes que acabaram cassando-o posteriormente.
O parecer do impeachment foi desenvolvido pela desvairada e descontrolada advogada Janaína Paschoal, que recebeu 45 mil reais do PSDB para fazê-lo (de maneira apartidária, é claro). O argumento usado foi o de “pedaladas fiscais”, termo criado por entusiastas de futebol para se referir à operações orçamentárias realizadas pelo Tesouro Nacional. Mas ninguém liga para isso.
Após o fim do processo na Câmara, Eduardo Cunha foi convenientemente afastado de seu cargo como presidente pelo STF, e o novo presidente da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão, anulou o impeachment. Menos de 12 horas depois, ele anulou a anulação. Não entendeu? Tudo bem, ninguém entendeu também.
Após a aprovação pela Câmara, o processo rodou no Senado, onde a perícia chegou a conclusão que Dilma autorizou 3 decretos incompatíveis com a meta fiscal (lembrando que essa meta foi revista pela PLN 5/2015), mas não havia cometido nenhuma pedalada fiscal. Mas isso é irrelevante, porque Dilma sofreu o impeachment devido o “conjunto da obra“, o novo crime (?) do momento. E para surpresa de todos, especialmente Fernando Collor, ela perdeu seu cargo mas manteve seus poderes políticos.
Após a provação do impeachment pelo Senado, Michel Temer assumiu definitivamente a cadeira de presidente do Brasil, para a alegria de sua esposa, Marcela Temer, que se veste muito bem. Ah, e talvez ele seja satanista. Talvez.
Tivemos também (novamente) o surgimento da figura do Salvador da Pátria. O homem que vai limpar esse Brasil sozinho, com o poder da Lei e da Ordem. O inigualável e incrível juiz Joaquim Bar… Sérgio Moro. Aquele juiz implacável do caso Banestado, lembra? Que sua graça divina nos ilumine! (E por favor, Pai Moro, se estiver me ouvindo, não divulgue meu histórico de navegação da internet)
Esse ano de 2016 foi também agraciado pela nova dupla sertaneja, Marx e Hegel. Com participação do novo princípio legal de convicção sobre provas e, meu favorito, o PowerPoint do mau! É impressionante perceber o que um estagiário pode fazer com um computador nesses dias.
“Podemos ver nessa fotografia que o ex-presidente Lula destruiu a cidade de Tóquio em 1954. ”
E quanto a economia? Não se preocupe, tudo ficará resolvido com uma reforma da previdência em que você terá que trabalhar ininterruptamente desde os seus 16 anos até os 65 para conseguir o teto da aposentadoria (militares e policiais estão fora dessa, porque eles não são cidadãos de segunda classes como nós). A justificativa para isso é que previdência social está quebrada, segundo o governo. Mas os Auditores Fiscais da Receita Federal afirmam que a previdência é superavitária (eles têm até uma cartilha!). Se eu não soubesse com quem estou lidando eu poderia pensar que o Governo que nos ferrar, né?
Tivemos a maravilhosa proposta da PEC 55, que pretende congelar por 20 anos nosso orçamento na saúde e educação, algo sem precedente na história da humanidade. Bem, espero que nesses próximos 20 anos a população não aumente, senão podemos ter um probleminha em nossas mãos. Sem falar no benefício de 100 bilhões que o Governo queria dar para as empresas de telecomunicações. (Mas o Brasil não estava quebrado?)
Em 2016 tivemos também o melhor momento da história do STF: a tentativa patética de retirada de Renan Calheiros de seu cargo como presidente do Senado. Renan Calheiros, a cobra que é, mostrou aos deuses do STF como funciona a política em uma república de bananas. Contemple a humilhação que esse oficial de justiça sofreu ao tentar fazer seu trabalho e ser tratado como um nada pelo velho Renan. Ele nunca se sentiu assim em toda sua vida. Tenho que admitir, é um feito e tanto.
E eu nem vou falar da maravilhosa atuação da Rede Goebbels nisso tudo. Eles merecem um post só sobre eles.
Resumindo: é por isso que eu parei de assistir “House of Cards” em 2016.
EUROPA: Apertem os cintos, a Inglaterra sumiu!
Vou deixar isso bem claro desde o início: ingleses são babacas. Isso não é uma ofensa, é a constatação de um fato. Não é culpa deles, eles não fazem de propósito, eles não querem ser babacas… Mas eles são. Faz parte da cultura deles. Se eles não fossem babacas, não poderiam ser ingleses. Entendido? OK. Então, estamos realmente surpresos que os ingleses disseram não à União Europeia? O que você esperava? Eles são babacas.
O BREXIT talvez tenha sido o único evento desse ano maldito que faz sentido. Quer dizer, não é como se os britânicos jamais gostassem da Europa. Ou se sentissem parte dela. Ou se identificassem com ela. Eles permanecem isolados do continente, quase como se fossem… uma ilha.
Somando isso à crise dos refugiados, a crise econômica que erodiu o bloco econômico e o crescente número de atentados terroristas em capitais europeias… Bem, vamos dizer que as empresas de armamento militar estão bastante otimistas.
EUA: Donald Trump, ou como eu parei de me importar a passei a amar a bomba.
Nas eleições ianques de 2016 o mundo todo se voltou para os EUA e disse, em tom de preocupação: “Você não pode ser tão idiota assim”. Em resposta, a grande nação norte-americana olhou para o resto do mundo com desdém e falou: “Você não pode me dizer o quão idiota eu posso ser”.
E aqui estamos nós: Donald Trump foi eleito presidente dos EUA. O que dizer dessa criatura?
Então por que eles votaram nele? Porque aparentemente eles não gostaram de Hillary Clinton, o novo bicho papão da direita norte-americana. Se você perguntar a um republicano convicto porque ele não gosta de Hillary ele vai dizer que é porque ela voa em uma vassoura e joga praga nas pessoas. E logo depois dessa declaração vai haver uma reportagem completa na Fox News explicando como ela faz essas coisas. Dica: ela vendeu sua alma imortal para Lúcifer.
A parte mais triste foi que os democratas tiveram medo de colocar Bernie Sanders, um socialista convicto, para concorrer com o palhaço laranja. Eles pensaram que Sanders não tinha chance de vencer. E agora eles devem estar dando chutes nas próprias cabeças ao perceberem que sim, você pode eleger qualquer pessoa nos EUA.
Mas a melhor parte dessa eleição não foi a vitória da pessoa mais inepta da história ianque a assumir o cargo do maior poderio militar do planeta. Mas o fato dessa pessoa estar trabalhando para os interesses russos. Especificamente, os interesses de Vladimir Putin. Aquele ex-agente da KGB, lembra? Isso mesmo, a Rússia tem um novo presidente… Na Casa Branca.
Você consegue imaginar Putin sentado com seus amigos (?), bebendo a vodka mais cara do mundo, olhando ao redor e perguntando com um sorriso incrédulo: “Alguém imaginou que iríamos estar aqui nesse momento? ”. Eu posso, porque no momento que Donald Trump foi eleito, eu pude ouvir a risada maligna do velho Vlad à um hemisfério de distância.
As eleições ianques de 2016 foram como a reversal russa. Na Rússia, a queda do seu país não acaba com a Guerra Fria… É a Guerra fria que acaba com o seu inimigo.
Ура, товарищи!
AMÉRICA LATINA: Jogos, Trapaças e Dois Países Fumegantes
Na Colômbia, um plebiscito popular mostrou que diante da possibilidade de paz com as FARC, parece que o povo quer mesmo é ver bandido no chão. Mas parece que a Lei de Anistia foi aprovada pelo Congresso mesmo assim. Aparentemente foi mais uma terça-feira na Colômbia. Aliás, eles não estavam enviando ônibus cheios de comunistas para Brasília? Não? Ok.
E a Venezuela nos provou que ter petróleo em quantidade não significa porra nenhuma se você for imbecil. Ponto para a direita batedora de panelas, que nos avisou que os comunistas bolivarianos sanguinários do djabo são incompetentes e assassinos. E pensar que o Brasil sofreu com uma ditadura comunista dessas por 13 anos… Quer saber, esses venezuelanos estão reclamando de boca cheia.
E nossos hermanos argentinos? Bem, estão daquele jeito.
Pelo menos sempre teremos o Uruguai.
CORÉIA DO SUL: Cara, cadê meu presidente?
Quando fiquei sabendo dos acontecimentos políticos na Coréia do Sul no ano passado, devo admitir que minha primeira reação foi achar que a coisa toda era um hoax ruim, criado para pessoas facilmente impressionáveis e fanáticos por teorias da conspiração. Acreditar em teorias da conspiração, tudo bem. Acreditar que a política é influenciada por variados fatores culturais e econômicos, é óbvio. Agora, acreditar que a presidente eleita da Coréia é fantoche de uma seita chamada Igreja da Vida Eterna e que praticamente todas as decisões presidenciais eram resultado dessa influência religiosa… Você tem que estar de brincadeira, certo?
Mas eu estava totalmente errado. Era real… Ou melhor, é real. E quando eu me dou conta disso, eu percebo que o que aconteceu na Coréia só demonstra como ano de 2016 foi o ano em que a humanidade ultrapassou a barreira da ficção e está vivendo uma espécie de simulacro bizarro, provavelmente escrito por David Lynch. O que aconteceu na Coréia do Sul foi tão surreal que eu não ficaria surpreso se após o impeachment da presidenta Park Geun-hye, Rod Serling aparecesse na televisão explicando que o que acabamos de ver foi mais um episódio de Além da Imaginação.
“E se Alexandre Frota desse conselho sobre a Educação de um país? E se o Kojak fosse ministro da Justiça? Isso e muito mais nesse episódio de… 2016 – Um ano do Barulho. ” (Fonte)
Tivemos Capitão América: Guerra Civil, onde vários personagens amados da Marvel desceram a porrada uns nos outros e todo mundo se divertiu no final. Tivemos o Dr. Estranho boladão, com suas macumbas doidas e inimigos merdas, mas que também foi divertido no final. E Stranger Things, a série que nos fez lembrar porque os anos 80 foram tão bons conosco (exceto por Ronald Reagan).
Mas também tivemos Batman V Superman. Nossa, tivemos Batman vs Superman. Caralho. Eu poderia começar a falar desse atentado ao cinema perpetrado pelo Visionário, mas se eu começar eu não vou parar até estar espumando pela boca e falando Aklo.
Bem, acho que se aprendermos alguma coisa em 2016 é que a única chance da DC dar certo no cinema a partir de agora é contratando a Marvel.
FUTEBOL: Apocalipse Gol
Poderíamos dizer que 2016, apesar de muito ruim, não foi o pior ano de todos. Exceto se você for torcedor da Chapecoense.
Não há mais nada a dizer sobre essa tragédia que já não tenha sido dito centenas de vezes anteriormente. Os mortos foram enterrados, mas as mágoas continuam. Força Chape.
(Menção Honrosa ao Internacional, com seu timing perfeito. O time de Porto Alegre conseguiu cair para a Série B no mesmo ano em que seu rival, o Grêmio, ganhou um título de relevância nacional… Depois de 15 anos. Parabéns, nem operações militares são tão precisas assim.)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Eu gostaria de escrever algo engraçado no final desse texto para dar alguma esperança a você, leitor… Mas eu não posso. Se tem uma coisa que eu aprendi com Max Rockatansky é que a esperança é um erro. Se você não consegue consertar o que está quebrado, você acaba ficando insano. Portanto eu vou terminar esse texto com um clipe irônico: It´s the end of the World, do REM. Porque realmente é o fim do mundo como o conhecemos, mas eu não me sinto bem. Na verdade, acho que nunca mais vou me sentir bem de novo.