Crítica | Punhos de Sangue
Chuck Wepner era um boxeador conhecido por levar muitos golpes sem cair. Sua trajetória de vida teve mais a ver com trabalhos alheios ao boxe do que exatamente no esporte, mas seus feitos atléticos foram grandes pra um desconhecido, uma vez que ele foi chamado para lutar contra o campeão dos pesos pesados, Muhammed Ali. Foi na história dele que Sylvester Stallone se inspirou para escrever o roteiro de Rocky: Um Lutador, e é esse background real que Phillipe Falardeau usa para montar seu filme, claro, adicionando uma série de detalhes da rotina do homem para apimentar sua fórmula.
Liev Schreiber usa uma caracterização pesada para se assemelhar a figura de Chuck, e Punhos de Sangue tem uma carga dramática tão ou mais pesada que o filme setentista que elevou Sly ao estrelato, ainda que o cunho escolhido pela produção seja bastante diferente. A linha moral de Chuck em nada se assemelha a figura criada por Sly. Há veracidade e consistência nos dias de Wepner.
O mergulho na rotina de Wepner é profundo e o modo de contar a história escolhido por Falardeau aproxima o espectador do personagem principal. A busca por notoriedade do pugilista é curiosa e contém elementos sentimentais bastante universais. A aura de verossimilhança é fortalecida pela carga de realidade nua e crua exemplificada pelas lentes do diretor.
A reconstituição da época é quase perfeita e só não é mais esmerada que o esforço de Schreiber em parecer com o verdadeiro Chuck. Os momentos em que ele tenta reerguer-se após algumas humilhações são mostrados sob um ponto de vista melancólico e extremamente emocional, fazendo esse se parecer ainda mais com a inspiração de Réquiem Para Um Lutador, de Ralph Nelson, filme esse que tem cenas exaustivamente expostas durante a exibição deste, inclusive com o personagem principal revivendo alguns momentos de Quinn em tela. De fato, Punhos de Sangue segue bem a tradição de mistura de boxe com drama, tendo uma carga sentimental extremamente forte, como um golpe seco e certeiro no espectador.
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