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  • Crítica | Hebe: A Estrela do Brasil

    Crítica | Hebe: A Estrela do Brasil

    Co-produção da Warner Bros e Globo Filmes, o filme de Mauricio Farias busca fugir da pecha de cine biografia chapa branca. Hebe: A Estrela do Brasil tem muitos acertos e muito cuidado em retratar a vida controversa e divertida de Hebe Camargo, a apresentadora mais querida do Brasil, contando claro com uma interpretação muito bonita de Andrea Beltrão, que consegue encarnar bem a personagem-título sem jamais imitar a voz da personalidade.

    O início do filme se dá por uma gravação, do rádio, onde Hebe e Nair Bello (feita por Cláudia Missura, que está idêntica a humorista por sinal) conversam e são ouvidas por um censor, em uma época que em que a Ditadura Militar gostava de afirmar que não havia mais censura. Já nesse início se percebe o espírito do filme, e a sábia escolha do roteiro de Carolina Kotscho, que mira um episódio central da vida da biografada para contar sua historia, apelando para o ano de 1985 como centro das atenções. O se vê durante as duas horas, é a transição da apresentadora da Bandeirantes para o SBT.

    Hebe era uma pessoas de muita opinião, não levava desaforo para casa e isso é mostrado já no inicio, em um programa que recebe o Menudo, e onde briga com o produtor Walter Clark (Danilo Grangheia), é incrível como mesmo sendo curta essa sequência, a relação conflituosa entre  as duas personalidade é bem demarcada, assim como o ímpeto e espírito da apresentadora.

    O filme não deixa de lado discussões polêmicas, como o apoio dela as candidaturas de Paulo Maluf, ao passo que também reforça a ideia de inclusão dela, que vivia chamando transformistas e transgêneros famosos ao seu palco, levando pautas identitárias importante em uma época em que o conservadorismo imperava e essa dicotomia é muito bem apontada. Seu caráter episódico faz o filme lembrar um pouco Chacrinha: O Velho Guerreiro, embora esse seja mais corajoso, tendo um caráter bem mais dedo na ferida e se atenha a um tempo bem mais curto que o longa de Andrucha Waddington.

    Os personagens secundários são muito bem registrados, Marco Ricca faz o marido de Hebe, Lélio e compõe um sujeito complexo, ciumento e covarde de uma forma tão fidedigna em sua entrega, que quase faz o público entender seus rompantes emocionais, embora nada justifique sua violência. Caio Horowicz também funciona também como o filho Marcello, em detrimento do real filho da apresentadora, que reclamou de fatos pontuais do filme, em uma clara demonstração de que não entendeu que apesar de biografia, há claro um enchimento de ficção. Mesmo as reclamações dele não denigrem a historia final, pelos motivos óbvios de um filme baseado numa historia real não ter necessidade de agradar familiar qualquer de biografado e também por que suas críticas pesar de carregarem adjetivos duros, eram evasivas e não provavam nada.

    Beltrão tem um desempenho absurdo, sua participação é repleta de suor, lágrimas e veias saltando, ela parece uma mulher de verdade, uma mulher popular apesar das jóias, tal qual Hebe era, representa bem tanto o lado ícone quanto a humanidade da mesma, que despejava muita emoção nos programas ao vivo. É até  curioso como a Globo ajudou a produzir e financiar o filme, pois a emissora é duramente criticada por Hebe, como aliás é bem conhecido, mas em se tratando de um filme totalmente anti censura, faz sentido esse apelo.

    Hebe A Estrela do Brasil tem a mesma coragem de sua personagem título, foge da chapa branca, não liga para convenções ou reclamações dos envolvidos na história real e é um trabalho dedicadíssimo de Beltrão e de Farias, em uma dobradinha que prima pelo entrosamento e perfeição, resultando em um filme tocante, engraçado e bem divertido, um libelo contra a censura e contra o preconceito desenfreado.

    https://www.youtube.com/watch?v=SHlNoL0w7gM

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  • Crítica | Morto Não Fala

    Crítica | Morto Não Fala

    Produção brasileira do gênero terror, Morto Não Fala é o longa de estréia de Dennison Ramalho, e já começa bastante promissor por conseguir estabelecer uma atmosfera de horror que não parece ter nacionalidade definida — exceção pela língua, o filme poderia ocorrer em absolutamente qualquer parte do globo, e essa universalidade claramente tem seu preço.

    O início da história mostram sirenes de ambulância, a viatura da polícia científica pega os “restos” de uma briga de torcidas organizadas de São Paulo e as leva até o IML (Instituto Médio Legal). Lá os defuntos são recebidos por Daniel Oliveira, que faz o legista Estênio, e sem maiores explicações o homem começa a conversar com os mortos.

    O modo como Ramalho constrói sua história lembra bastante alguns aspectos do sub-gênero literário que ganhou popularidade dentro do fandom sci-fi e de horror, chamado Ficção Bizarro. O principal dos elementos do estilo é o fato de algumas coisas que seriam estranhas em situações normais não terem peso, não causando qualquer menção a suspensão de descrença, em especial pelo fato de Estênio conversar com o além sem a necessidade de explicar qualquer fato diferente. O aspecto estranho simplesmente é visto como normal dentro daquela mentalidade narrativa.

    O filme tem um gore bem utilizado, e não chega a chocar ou causar asco no espectador. As conversas de Estênio com os mortos também não causam estranheza, é tudo muito natural, e a maior parte desses momentos envolvem diálogos bobos, como o desejo dos mortos de não serem enterrados como indigentes, por exemplo. O que realmente causa estranheza é a vida pessoal do personagem principal, que tem dois filhos e uma esposa, que vive reclamando de si. Odete, vivida pela bela Fabiula Nascimento, que vive reclamando da falta de bons modos do marido e do cheiro que ele carrega por conta de seu trabalho.

    Apesar de não estabelecer regras para o fantástico dentro de seu roteiro, se percebem alguns fatos que ajudam a formatar uma pequena mitologia a respeito das falas dos mortos. Aparentemente, o cadáver não mente e segredo de morto é segredo de morte, se alguém se valer disso para benefício próprio, pagará com a vida. O personagem de Oliveira é a última voz que muitos deles ouvem antes de ouvir o diabo, e um dos defuntos declara algo que fica marcado na memória do protagonista. Os mortos normalmente só falam quando Estênio está sozinho, possivelmente para não chocar as outras pessoas ou para o personagem principal não parecer louco. Isso muda quando ele encontra uma pessoa conhecida na maca, aparentemente a intimidade quebra algumas liturgias do trabalho, e a partir desse momento o mote do filme muda drasticamente, passando a acontecer uma série de eventos estranho com Estênio e com sua família.

    A família que mora com o personagem principal gasta seu tempo assistindo programas jornalísticos sensacionalistas e sanguinários, e essa violência midiática ajuda a retro-alimentar todos os agouros e má sorte que ocorrem não só com Estênio, mas também com Lara (Bianca Comparato), sua vizinha. Nesse meio tempo, Dennison escolhe colocar alguns elementos de filmes gringos de horror, principalmente jumpscares, mas também elementos de poltergeist, típicos dos filmes de casa mal assombrada, além é claro de referências mais específicas, como a Jogos Mortais de James Wan. Essa vontade do diretor de apresentar uma estética estrangeira não é necessariamente ruim, mas esbarra em limitações técnicas. Alguns efeitos especiais computadorizados ficam extremamente artificiais, em especial quando os mortos que falam são mulheres. A maquiagem soa falsa quando combinada ao CGI, ainda mais para uma obra de 2018.

    O filme não é refém dessas referências, e tem em sua fórmula argumentos típicos de outras obras brasileiras que se propõem a discutir temáticas mais sociais e familiares. Esses elementos compõem o cenário, mas não tem um foco narrativo super profundo. Ao menos no quesito atmosfera não há praticamente nada a se reclamar de Morto Não Fala. Há muitos elementos visuais bem pensados e executados. A mensagem final de que a vingança alimenta e o sacrifício não traz necessariamente redenção pode soar rasa para alguns, mas dentro da simplicidade com que a história é tratada, e dada a fluidez do roteiro e direção que Ramalho emprega, faz o quadro artístico muito bem montado e orquestrado.

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  • Crítica | Sueño Florianópolis

    Crítica | Sueño Florianópolis

    Coprodução argentino-brasileira, Sueño Florianopolis é um filme sobre encontros e reencontros, focado em um casal argentino, Pedro (Gustavo Garzón) e Lucrécia (Mercede Lorán), casados há mais de vinte anos e estão em meio a uma crise. No começo da década de 1990 eles viajam em um carro simples para o Brasil, atrás das praias, em uma tentativa de nas férias reavivar as paixões, e claro, curtir o tempo livre com a família. No caminho eles encontram uma família brasileira, chefiada pelo casal Marco (Marco Ricca) e Larissa (Andrea Beltrão).

    A família viajante não tem muita estrutura ou dinheiro, quando se hospedam no hotel pegam um quarto que cabe duas pessoas e colocam colchões no chão para os filhos, ao ponto de precisar fazer sexo no banheiro, a fim de ter alguma privacidade. Isso muda quando reencontram Marco, e se hospedam em uma casa que ele aluga próxima da praia.

    O modo como a diretora Ana Katz conduz o filme é leve, tal qual o estilo de vida que Marco tem, despreocupado com o tempo e com obrigações, onde o objetivo é só desfrutar das coisas boas da vida. O caráter do roteiro é de também não se preocupar com maiores discussões, uma viagem de férias que reflete sobre a vida exatamente contemplando e valorizando o nada.

    Até questões como choques culturais são tratado de maneira e abordagens levíssimas. Lucrécia observa o quanto os brasileiros que ficam nas margens das águas não tem tanto preocupação com o presente e com o futuro imediato, apesar de que trava com Marco uma conversa sobre o rumo acadêmico dos filhos de ambas famílias.

    A parte final se torna um pouco mais dramática, mas a subida para tal modo é bastante fluída e a narrativa faz sentido, inclusive dentro dos pecados que cada um dos personagens comete. Katz apresenta um filme onde as pessoas que a sua lente registra são falhas, cometem equívocos, tem sonhos e são humanas, por mais clichê que isso possa soar numa descrição analítica como esta, Sueño Florianopolis é assertivo por mostrar gente real.

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  • Crítica | Canastra Suja

    Crítica | Canastra Suja

    Precocemente retirado do circuito carioca, Canastra Suja, filme nacional dirigido pelo promissor Caio Sóh, que mostra o cotidiano de uma família disfuncional, e que representa muito bem a rotina de inúmeros grupos parentais brasileiros, com conflitos internos, imperfeições, traições e tramas revanchistas entre si.

    O pai deles, Batista (Marco Ricca), é um homem turrão, grosso e com problemas com bebidas, aventando a possibilidade dele ser inclusive violento com os seus. A mãe Maria (Adriana Esteves) esconde alguns segredos sórdidos, enquanto a filha Emília (Bianca Bin) é envolvida com um sujeito marginal, e o filho Pedro (Pedro Nercessian) tem problema com a autoridade de seu pai, que vive o acusando de ser um incompetente. Além deles, há Ritinha (Cacá Ottoni), a filha com problemas mentais.

    A sensação clara ao se apreciar o longa é de que a intimidade é agressiva e cobra um preço alto.  O trânsito entre os personagens na casa envolve contato direto e irrestrito entre eles, envolvendo nudez, competição por carência e atenção, e até insinuações de relação incestuosas, variando de gravidade e intensidade entre elas. Sóh traz um filme que bebe de duas fontes literárias muito claras, variando entre a crueza visceral de Rubem Fonseca, ao mostrar o quão falhas e corruptas podem ser as relações, e de Nelson Rodrigues, ao demonstrar o cotidiano de uma família, repleta de incongruências e contradições.

    Ao se aproximar do final o roteiro vai ganhando contornos ainda mais drásticos, mostrando um grupo de parentes que tenta a todo custo se livrar dos seus fantasmas do passado, lidando muito mal com as trocas de acusações, fantasias e devaneios envolvendo todos os membros. O desfecho real mostra um grupo de pessoas que claramente é doente por dentro, mas que não se enxerga como indivíduo de maneira separada. O apelo que o texto faz ao karaokê cantando o clássico Evidências, de Chitãozinho e Xororó, é bastante certeiro, tanto na escolha das palavras da canção quanto na performance. Canastra Suja possui um elenco afiado, que se dedica muito bem a cada uma das funções e que possui uma bela história, apesar de suas muitas reviravoltas.

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  • Crítica | Aos Teus Olhos

    Crítica | Aos Teus Olhos

    Longa de Carolina Jabor, baseado no conto catalão de O Princípio de Arquimedes, de Josep Maria Miró, Aos Teus Olhos é um drama que tenciona ser cheio de camadas ao tratar de uma questão polêmica envolvendo uma acusação de pedofilia, onde mal se pode acreditar em qualquer um dos lados.

    A história começa mostrando o dia-a-dia de Rubens (Daniel Oliveira), um professor de natação de intimidade exposta desde o início. Ele é um sujeito muito sexual, grande parte das cenas de introdução mostram ele transando, e o personagem não tem qualquer pudor de assumir isso, fazendo inclusive brincadeiras a respeito das alunas adolescentes de doze e treze anos.

    Muitos comparavam esse ao filme dinamarquês A Caça, com Mads Mikkelsen, por conta das semelhanças entre temáticas, mas a abordagem que a diretora escolhe é bastante diferente do que Thomas Vinterberg emprega em seu filme. Aqui os elementos polêmicos são muito mais sugeridos do que explicitados e tal situação divide opiniões em quem o assistiu. Indiscutivelmente, querer tolher o roteiro porque ele trata de uma questão tão espinhosa quanto a pedofilia, além de um esforço inútil também revela um preciosismo pueril, ainda mais levando em conta toda a problemática recente envolvendo os casos de assediadores e sex offenders famosos. O diferencial no filme de Jabor também é sua temporalidade, uma vez que se passa em plena era das redes sociais – abertas para qualquer pessoa que tenha acesso a internet -, facilitando assim a propagação de qualquer factoide.

    O julgamento que recai sobre Rubens passa basicamente por um grupo de incertezas terríveis. Não há uma grande afirmação, nem sobre sua inocência e nem em quem de fato acredita no que ele fala. Os personagens coadjuvantes se vêem repletos de dúvidas e o trabalho dos atores Marco Ricca, Malu Galli e Luisa Arraes é bastante rico nesse sentido de falar através de uma situação limite o quão complicada é a situação como um todo e o quão devastadora pode ser uma acusação contra a honra e integridade de uma pessoa, mas ainda assim, parece que falta algo invisível no filme.

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  • Crítica | Chatô: O Rei do Brasil

    Crítica | Chatô: O Rei do Brasil

    Chatô O Rei do Brasil 1

    Após uma longa espera, aproximadamente vinte anos depois do início da produção, Chatô: O Rei do Brasil chega as salas de cinema brasileiros com uma distribuição curta, fruto do óbvio descrédito que o seu diretor Guilherme Fontes tem após polêmicas que envolvem uso de verba pública, processos criminais e muitos outros espectros polêmicos. O corte de 102 minutos contém uma abordagem singular com um conjunto de influências que vai muito além do comum aos blockbusters brasileiros.

    A obra de Fernando Morais é muito completa, tanto na pesquisa histórica, quanto na construção fantasiosa da figura de Francisco Assis Chautebriand. E a vontade de Fontes – que primariamente sequer seria o diretor – em retratar o comunicólogo passa por óbvias comparações com Cidadão Kane de Orson Welles graças a temática, passando também por uma aura utópica que faz lembrar as viagens mentais de David Cronenberg e o hermetismo visto nos filmes de Jim Jamursch. Na primeira cena, Marco Ricca já aventa uma das origens de Chatô, reunindo elementos típicos do teatro em um dialeto metalinguístico.

    Chateubriand era um homem de excessos e, para representar tais extravagâncias, a fotografia de José Roberto Eliezer, a direção de arte e o roteiro andam lado a lado, em um trabalho primoroso que ajuda a construir o cenário político e midiático o qual o biografado vivia. Além da questão do deslumbre visual, os personagens são bem retratados, em especial Paulo Betti, com um jocoso Vargas (com muito mais alma que Tony Ramos, no filme recente Getúlio), Andrea Beltrão como o interesse amoroso de quase todos os homens, a Senhora Vivi, e até Gabriel de Braga Nunes, como o antigo pupilo e mais tarde rival Rosemberg, em uma performance que faz perguntar o que aconteceu com sua promissora carreira.

    No entanto, apesar das ótimas apresentações de coadjuvantes, que ainda contavam com Leandra Leal adolescente e com o esplendor de Leticia Sabatella, os holofotes estão todos sobre Marco Ricca que consegue como poucos representar o glamour, grosseria e carisma de sua personagem, que infelizmente será pouco visto, graças ao ínfimo número de salas em que será exibido – em torno de quarenta – somando Rio e São Paulo. Tal agouro e o trabalho de guerrilha de Fontes em fazer o filme circular é certamente atrelado ao salário de seus pecados enquanto administrador de verba e como cineasta.

    Muito se fala a respeito desta polêmica, e o conjunto de boatos faz as informações se desencontrarem. A reunião de Fontes com Francis Ford Coppola gerou uma comparação curiosa e bastante irônica, pois, em Apocalypse Now ocorreu também um problema como este com estouro de orçamento e produção demorada – sem verba pública, afinal, a máquina de Hollywood funciona com outros combustíveis. O processo no filme de guerra também se arrastou por anos e o resultado final é uma obra prima, comparável as melhores obras do cineasta. Curioso como um pecado de Copolla tem um peso e o de um inexperiente (e brasileiro) tem para parcela do público e crítica, analistas que se permitem ser tão criteriosos e exigentes, mas que apresentam dois pesos nestes diagnósticos.

    A metalinguagem utilizada no programa de tribunal, aberto ao público é inteligentíssima, conseguindo atingir toda a megalomania e egocentrismo presentes no ideário de Chateubriand, exibindo de modo burlesco, curioso e colorido, ao mesmo tempo em que discute hipocrisia, jogo de poder e influência econômica e social. A harmonia entre o formato e o conteúdo de contestação é impressionante, com um poder pouco visto mesmo dentro do melhor dos cenários dos filmes nacionais.

    Chatô: O Rei do Brasil é fruto de seu meio e filho de sua própria história. A grandeza narrativa e dramatúrgica vista no filme que Fontes orquestrou só fazem sentido graças a atualidade e aos temas políticos discutidos nos anos 2010, em especial no que tange o monopólio midiático. Os paralelos com a manipulação da imprensa são atuais, mostrando que a demora em se definir enquanto filme fez amadurecer o texto do primeiro tratamento do roteiro, claramente modificado em essência, desde sua concepção até o resultado final exibido na tela grande. A política e a origem de Chatô são respeitadas, o que faz valer ainda mais o esforço em tornar real este belo quadro sobre um dos mais notáveis brasileiros que já existiu.