Review | Aquarius – 1ª temporada
Um ano após encerrar a jornada do escritor Hank Moody em Californication, David Duchovny estrela uma nova série, dessa vez pelo canal NBC. Criada por John McNamara, sua primeira produção, Aquarius, explora simultaneamente o final da década de 1960 nos Estados Unidos e enfoca o conhecido assassino serial Charles Manson.
A produção se baseia livremente em acontecimentos reais e desenvolve personagens fictícios para ampliar sua trama ao acompanhar o detetive da polícia de Los Angeles Sam Hodiak, responsável pela investigação do desaparecimento de uma adolescente. Em companhia de um agente da Narcóticos que se torna seu parceiro em diversos casos, o paradeiro da garota leva diretamente a Charles Manson e sua conhecida família, o nome pelo qual era chamado o grupo de hippies que acompanhava Manson.
A série explora tanto casos de investigação corriqueiros como o desenvolvimento de Manson e sua seita, a trama principal da série. Interpretado por Gethin Anthony (Games of Thrones), seu personagem não causa espanto nem mesmo empatia. Considerando que Manson se tornou famoso por sua transgressão das leis, falta maior empenho no roteiro em explorar esta faceta. Se imaginarmos que parte do público irá conhecer o assassino mais a fundo devido à série, sua caracterização se define como um louco que não apresenta um objetivo concreto a não ser se tornar um músico e viver em uma sociedade diferente daquela regida pela época. A mítica em torno de sua fama parece invadir o roteiro como se o público devesse saber de antemão tudo sobre a personagem.
Do lado da lei, o Hodiak de Duchovny também é desequilibrado. Em alguns momentos, o ator entrega um personagem diferente do habitual, mais maduro e centrado, dando-nos a impressão de que o policial é dedicado ao trabalho e hoje sente cansaço pela burocracia. Em outros, parece reciclar o humor de Fox Mulder e Hank Moody com piadas encaixadas na hora certa que trazem à tona uma lembrança dissonante para o público, como se o ator não soubesse delimitar bem seu estilo próprio e as diferenças de cada uma de suas personagens.
A série se torna mais funcional quando apresenta casos diversos investigados por Hodiak, representando uma tradicional série de investigação passada em uma época antiga. Quando Manson se torna o tema central, a trama nunca transparece urgência suficiente, parecendo mais um pano de fundo do que a estrela que deveria ser. Um conflito que torna a execução da série mediana. Mesmo que a ambientação seja bem composta e a trilha sonora utilize grandes clássicos da música, falta uma sustentação forte para a trama.
O plano inicial do autor é desenvolver uma narrativa em seis temporadas que devem abarcar todo o fanatismo de Manson e sua trajetória. Porém, sem executar com qualidade sua trama principal, nem a boa ambientação da década de 1960 será suficiente para manter a série no ar. A temporada que começou com mais de cinco milhões de expectadores, terminou seu décimo terceiro episódio com pouco mais de 1 milhão. Uma queda significativa, ainda que tais números sejam parciais, não considerando quem assistiu à série no canal oficial da NBC.
Com um inicio mediano, Aquarius não emplaca em seu primeiro ano, ainda que tenha uma história forte em potencial. Com o lançamento próximo de uma nova temporada de Arquivo X, é provável que a segunda temporada da série consiga manter-se no ar em parte graças à outra ou ser inteiramente eclipsada com a volta da personagem mais conhecida de Duchovny.