Resenha | Universo DC Renascimento: Aquaman – Volume 1
Após o conturbado reboot do Universo DC batizado de Novos 52, a editora das lendas iniciou uma nova empreitada para corrigir desvios que ocorreram no meio do caminho e trazer de volta o clima heroico das histórias de seus personagens. Assim surgiu a linha Universo DC: Renascimento (cuja análise dos primeiros números você pode ler aqui e aqui), trazendo novos ares para os principais personagens da casa sem, contudo, reiniciar tudo novamente. Novas séries mensais foram lançadas para trazer de volta os leitores que se afastaram nos cinco anos de Novos 52. Aqui no Brasil, a editora Panini concentrou suas publicações mensais nos títulos do Batman e do Superman (cada um tendo, agora, dois títulos mensais com a metade do conteúdo das revistas anteriores), enquanto outros personagens tiveram suas histórias lançadas em encadernados contendo o correspondente a seis ou sete edições americanas. É o caso de Aquaman: Volume 01, que traz a primeira parte do arco O afogamento, de Dan Abnett.
Aquaman – ou Arthur Curry – é retratado como rei de Atlântida nesse arco, onde vemos ressaltado o seu lado outsider em todos os sentidos: os seres da superfície o temem, os atlantes nutrem certa desconfiança e seus colegas da Liga da Justiça não lhe dão o devido valor (“E nem mesmo os peixes falam com ele”, diria o narrador da primeira história). Apesar disso, tenta exercer seu poder monárquico de forma diplomática ao estreitar os laços com o governo dos Estados Unidos, fundando uma embaixada atlante em solo americano. Claro que a desconfiança do governo norte-americano com as intenções do soberano dos mares (unida a um atentado terrorista na embaixada) não iria deixar que a diplomacia de Curry durasse muito tempo. Aquaman se vê em meio a um incidente diplomático de proporções épicas, que pode levar a uma terrível guerra.
Abnett não foge das questões políticas na história, inclusive retratando o governo americano de forma bastante cínica e prepotente. As histórias anteriores ao Renascimento ainda valem, mas é possível entender a edição sem ter lido a fase anterior – afinal, é feita para ser um novo ponto de início para novos leitores. Toda informação relevante sobre os últimos cinco anos de cronologia é didaticamente explicado, seja em diálogos (como a “catástrofe de 2013”, da saga O trono de Atlântida) ou em flashbacks (como a questão da rivalidade entre Aquaman e Arraia Negra). O relacionamento de Arthur e Mera é um dos pontos fortes do arco: ambos se vêem como iguais, se amam, e ainda assim mantém diferenças políticas na forma de resolver os conflitos.
Claro que uma ou outra piada de peixe surge aqui e ali, mas no momento certo, sem exageros e, principalmente, sem desmerecer o protagonista. Aquaman é um verdadeiro herói, páreo até mesmo para o Superman (que faz uma ponta necessária no enredo) e sua obstinação em unir seus dois mundos é o mote da hq. A edição da Panini segue os moldes da reedição encadernada americana, e contém apenas a primeira parte do arco – que continua no volume 02. A história tem envergadura o suficiente para segurar um possível título mensal do herói, caso sua popularidade cresça no país com o lançamento de seu filme solo no fim do ano. Enquanto isso, podemos esperar por mais encadernados de periodicidade eventual como esse, que faz justiça ao super-herói mais ridicularizado pelos bazingueiros nos últimos tempos (e pela própria Warner, com as recorrentes piadas em The Big Bang Theory).
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