Resenha | Chainsaw Man – Volume 1
Denji é um jovem que herdou uma dívida gigantesca de seu falecido pai e acaba tendo que aceitar todo tipo de trabalho para focar no pagamento infindável do débito de seu progenitor. Junto com seu mascote demoníaco Pochita, uma espécie de cachorro com forma de motosserra, Denji vive numa situação miserável e tenta se sustentar como caçador de demônios, exterminando os seres sobrenaturais das mais diversas aparências e tipos que surgem cotidianamente. Acontece que Denji e Pochita caem numa armadilha de um demônio e acabam sendo mortos, esquartejados e jogados num container de lixo. A breve história do jovem parece ter sido encerrada, até que Pochita absorve seu sangue e se funde com seu dono, transformando Denji num demônio humanoide com braços e cabeças de motosserra, buscando vingança a quem o matou.
Assim começa Chainsaw Man, o mangá sensação dos últimos anos da revista japonesa Shonen Jump, lançado de 2018 a 2020, que chegou ao Brasil pela editora Panini. Escrito por Tatsuki Fujimoto, Chainsaw Man tem uma característica comum dos mangás em tratar sobre uma organização antimonstros, mas ganha pontos por abordar um contexto social num Japão fictício horrorizado por uma catástrofe, tendo em Denji, um garoto que sai dos guetos e é conduzido para sociedade média, uma exposição do abismo socioeconômico que estamos inseridos. Além de mesclar vários gêneros, sendo o horror, o primordial e mais característico nas páginas do mangá. Repleto de gore nos seus traços, Fujimoto consegue transparecer seu estilo na violência e sangue através das serras de Denji.
Após o ressuscitado Denji acabar com o demônio que o matou, ele é encontrado por Makima, a responsável pela 4ª Divisão Especial Antidemônios da Segurança Pública do Japão, sendo acolhido por ela e tendo seu primeiro laço verdadeiramente humano após vários anos. O protagonista, a partir desse momento, começa a criar suas relações na sociedade, interagindo em grupo, além de conhecer o próprio mundo que estava tão distante da sua situação de vida.
Além de se tornar um caçador de demônios oficial do governo e por meio disso, conhecer os demais personagens recorrentes, como Aki Hayakawa, um caçador que logo se posta como o rival do Denji, e a infernal Power, uma mulher que teve sua cabeça dominada por um demônio. Os três dividem o mesmo apartamento, o que traz momentos descontraídos durante a leitura, entre diálogos sobre o cotidiano, com um toque de humor, com Hayakawa deixando explícito seu ódio por demônios, mas tendo que conviver com dois, Denji e seu despertar sexual e Power aprendendo a lidar com humanos.
Durante os primeiros sete capítulos que compõem o volume 1 de Chainsaw Man, o básico do que se espera de um mangá da Shonen Jump é apresentado, ao mesmo tempo que somos apresentados a um enredo promissor e subtextos envolvendo geopolítica, armamento e desigualdade social. Enquanto Denji faz suas pequenas missões, Fujimoto vai apresentando o universo ao protagonista e ao leitor.
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Texto de autoria de Wedson Correia.