Crítica | Na Mira do Atirador
Confesso que mesmo com o trailer instigante, não esperava muito de Na Mira do Atirador. Pensei por um momento que seria uma mera releitura de Por Um Fio, ótimo suspense dirigido por Joel Schumacher e estrelado por Colin Farrell, passado praticamente em um único local – a cabine telefônica onde o protagonista é mantido refém. Porém, o longa de Doug Liman se mostra um eficiente thriller de suspense, que não é nada estático. Pelo contrário, o filme tem momentos bem eletrizantes.
Na trama, um atirador de elite e seu spotter (oficial que tem a missão de identificar e designar alvos, prover cobertura, além de fazer cálculos matemáticos para que o tiro saia perfeito) são enviados para investigar o que ocorreu em um oleoduto no Iraque. Após esperarem à distância por 22 horas, o atirador vai pessoalmente checar o que ocorreu com os corpos. Ao chegar no local, é alvejado por um outro sniper. Quando o spotter vai ao seu socorro, o atirador também o acerta e ele se refugia atrás de uma frágil muralha de tijolos. Porém, além do ferimento, ele nota que o inimigo acertou seu rádio de longa distância e sua garrafa de água. A partir daí, começa uma luta contra o tempo para sobreviver e um embate psicológico com seu algoz, uma vez que ele faz contato através de um rádio de curta distância.
Liman, conhecido pelo recente Feito na América (estrelado por Tom Cruise), e também por ótimos trabalhos como A Identidade Bourne, No Limite do Amanhã e outros, retorna aos filmes de menor orçamento e mais autorais que o consagraram, tais como Swingers e Vamos Nessa!. Em Na Mira do Atirador, o diretor faz um bom trabalho dando dinâmica em um filme que fica centrado praticamente o tempo todo em um único personagem, o spotter vivido por Aaron Taylor-Johnson. O diretor desenvolve bem o aspecto psicológico do protagonista, ainda que parte de seu background seja um pouco clichê, conforme percebemos com o desenrolar da trama escrita por Dwain Morrell. Ainda sobre o roteiro, em alguns momentos fica a sensação de que algumas situações são por demais esticadas como uma maneira de se preencher a metragem de 81 minutos, o que gera certa impaciência no espectador. Vencidos esses momentos, o filme engrena de forma vertiginosa até chegar a um surpreendente desfecho.
No tocante às atuações, Aaron Taylor-Johnson (conhecido pelo grande público por seu trabalho nos dois Kick-Ass e Animais Noturnos) fez um ótimo trabalho. O ator consegue transmitir toda a angústia do protagonista durante a terrível situação em que fica preso. John Cena atua pouco, pois seu personagem passa boa parte do filme inconsciente. Porém, nos momentos em que é exigido, consegue demonstrar boa habilidade dramática, sem parecer forçado ou afetado em nenhum momento. Já o trabalho vocal de Laith Nakli é excepcional, pois seu personagem consegue ser frio, ameaçador e ao mesmo tempo exibe uma falsa ternura que chega até a cativar o espectador em alguns momentos.
Eficiente thriller de suspense, Na Mira do Atirador vale a pena ser visto. Longa que tinha tudo pra ser monótona, é uma grata surpresa e um ótimo passatempo para quem resolver assisti-lo.
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