Tag: Cobie Smulders

  • Review | Arrested Development – 5ª Temporada (Parte 2)

    Review | Arrested Development – 5ª Temporada (Parte 2)

    Após a péssima recepção de primeira parte da 5ª Temporada de Arrested Development pela crítica e pública, havia uma pequena esperança de quem acompanhou a série em seus áureos tempos de que Michel Hurwitz retornaria em grande estilo, no entanto, a sensação deste tomo é muito semelhante ao primeiro, com um roteiro e desempenho do elenco fraco e entediante.

    A série retornou pela Netflix em sua quarta temporada, em duas versões, uma com cada personagem tendo sua versão contada da história e outra reeditada, que causou muita confusão nos bastidores, por conta de problemas com os direitos de imagens dos atores, além de ter causado inúmeros furos de roteiro para quem não assistiu a versão original, e ainda nesta época, se notou que talvez retomar o seriado fosse um erro, tendo como único ponto positivo tangível, o fato da fase clássica ser revisitada e voltar aos holofotes, mas nem o arco dos Bluth é bem finalizado, e a química entre personagens vai muito mal.

    Praticamente nada funciona neste quinto ano, o programa continua com a exploração do mistério da morte de Lucille 2, mas há muito enrolação, com tramas paralelas terríveis que não capturam a atenção do espectador de modo algum. O casamento de Lucille e George Sênior está em crise, e o fato de seus intérpretes Jessica Walter e Jeffrey Tambor terem brigado nos bastidores faz com que esse núcleo ter muitos problemas, soando quase metalinguístico o que se vê em tela. O personagem de Michael (Jason Bateman) também não sai do lugar, continua fazendo trapalhadas ao tentar pôr as contas do clã em dia, e mesmo seu filho, George Michael (Michael Cera) está apagado. Até David Kross  está sem graça, com o arco mais chato de todos, onde Tobias tenta retomar seu papel como parte importante dos Bluth, mas sempre sem conseguir. É tudo tão óbvio que irrita demais.

    Os outros personagens tem participações mais longas, no entanto, são tão pífias e repetitivas que faz perguntar o porquê de retomar tais histórias. Claramente os atores não estão à vontade, e isso se reflete na participação de Portia de Rossi, que só aparece no final e ninguém sente muita falta disso, com pouquíssimas citações a Lindsay, sua personagem. Repetir o fato de os Bluth falirem poderia gerar novas aventuras e desventuras, mas claramente a fórmula está esticada, funcionando como um trunfo repetitivo. Um dos poucos momentos realmente inteligentes é a brincadeira que o roteiro faz com o discurso empreendedor e a mentalidade de coaching que invadiu o modo de trabalho atual, em especial no programa bobo que George Michael faz em Fakeblock.

    As melhores tiradas continuam no humor de constrangimento, sobretudo com Will Arnett e seu GOB, que apesar de ter um arco que discute sua sexualidade de modo cansativo, ainda continua engraçado e louco, e os poucos momentos onde Buster (Tony Hale) soa engraçado, é com seu irmão mais velho. Outro momento interessante são os flashbacks, que mostram a família lidando com a infância de Lindsay, Gob, Michael e Buster, com os pais sendo feitos por Cobie Smulders e Taran Killam, brilhantes nas imitações que fazem de Walter e Tambor. Quando se mostra as crianças competindo, repara-se que desde cedo elas eram egoístas e o quanto Lucille estragou seus filhos, deixando que George Sr. os transformasse em rivais entre si.

    Fora isso, há uma boa piada envolvendo os super advogados com os Guilty Guys, que apesar de não ser muito importante para o roteiro, soa engraçada por brincar com séries de advogados, e como o roteiro aqui é péssimo, fugir de um texto que não funciona dentro da trama principal acaba sendo um evento feliz. É triste notar como Hurwitz não consegue manter o interesse nos personagens que foram criados, e mais lamentável ainda perceber o gancho para outros acontecimentos envolvendo a família, ensaiando uma sexta temporada. É até natural que se espere um desfecho digno para eles, mas caso não haja inspiração do corpo de roteiristas, é melhor deixar como está, para não invalidar ainda mais a jornada dos Bluth, tão maltratada em todas essas tentativas de retorno, mesmo com anos entre esses marcos. É preciso maturidade até para saber a hora de parar de contar uma história.

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  • Crítica | Jack Reacher: Sem Retorno

    Crítica | Jack Reacher: Sem Retorno

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    Aproveitando o hype que Missão: Impossível – Nação Secreta teve, trazendo à tona o outro personagem ligado a espionagem que Tom Cruise executa, Jack Reacher Sem Retorno é uma fraca tentativa de continuar uma outra franquia com o astro de cinema, curiosamente produzido também por Paula Wagner, que antes era parceira de Cruise como cérebro de Missão: Impossível. No novo filme de Edward Zwick, Reacher retorna à base militar da Virgínia, a fim de convidar a comandante que conheceu por telefone para jantar, mas obviamente algo dá errado e ele se enfia em uma nova trama conspiratória.

    O começo do longa é repleto de clichês, com o antigo major agindo de modo silencioso enquanto a polícia o interroga sobre as pessoas que ele espancou em uma lanchonete do interior. A tal moça com quem Jack falava era Susan Turner (Cobie Smulders), uma militar de carreira que é injustamente presa, fato que faz o herói da jornada tentar trazer a luz a justiça que ele julga certa sobre ela.

    Logo, o casal está em liberdade e enfrentando todo o sistema de inteligência dos Estados Unidos, fazendo valer sua ligação e confiança mútua praticamente instantânea e injustificada. O roteiro de Zwick, Richard Wenk e Marshall Herskovitz soa infantil em suas manifestações, seja pela incapacidade de seus personagens em gerar nuances ou qualquer outro aspecto que faça a história valer a pena, ou pela tramoia conspiratória e rocambolesca.

    Se Jack Reacher: Um Tiro não era um filme primoroso, ao menos não era um exemplar tão genérico quanto este Sem Retorno. Reacher acaba por parecer mesmo uma versão menos inspirada de Jason Bourne neste volume dois, todas as rivalidades e embates tem cunho pessoal e os vilões não tem qualquer carisma ou justificativa para entrar e sair da história. A tentativa de gerar emoção no público através da personagem de Danika Yarosh é oportunista e improdutiva, uma vez que não há a menor ligação sentimental entre ela e o personagem título.

    A trama desinteressante é cortada por algumas cenas de ação legais, e como aspectos positivos há a força de Turner enquanto mulher empoderada e agente, além do lance jocoso das corridas somente de antebraço, que Cruise faz ao lado de Smulders acrescentando um pouco de humor involuntário ao filme de Zwick. A questão é que Jack Reacher: Sem Retorno não é uma comédia e causa estranhamento ao analisar a obra pregressa do diretor, mal deixando acreditar que o mesmo cineasta que havia executado O Último Samurai, Nova York Sitiada e o leve Amor e Outras Drogas tenha conseguido fazer uma continuação tão aquém do original e tão ausente de alma, substância ou conteúdo.

  • Crítica | De Repente Pai

    Crítica | De Repente Pai

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    Refazendo o mesmo filme que lançou em 2011, até então chamado de Starbuck (versão esta feita pelo ator pouco conhecido Patrick Huard), Ken Scott agora leva seu filme a um patamar diferente, de comédia independente, tendo como protagonistas a dupla Vince Vaughn e Cobie Smulders – em alta, graças ao hype de How I Met Your Mother – e claro, com um orçamento muito mais amplo que Starbuck. De Repente Pai conta a trôpega trajetória de David Wozniak (Vaughn), em sua vida medíocre, quando este vê dois desafios à sua frente: o fato de sua namorada Emma (Smulders) estar grávida e um retorno a um ato do passado, em que descobre ser pai de 533 filhos de proveta, via doação de esperma.

    Não há muito aprofundamento prévio no drama dos personagens, David é logo mostrado como um sujeito derrotado, sem grandes feitos, a ausência de desenvolvimento não é um erro do roteiro, mas sim um artifício deste, que visa demonstrar a falta de ambição e de motivo para lutar do protagonista, seu background é ausente de substância porque o seu viver é vazio.

    Todo o incidente que muda a visão de Wozniak acontece por uma indiscrição da agência que guardava o sêmen dele. Tudo que envolve esta questão é tragicômico, é absurdo para flagrar que as vicissitudes da vida também o são, e a circunstância o faz finalmente tomar uma atitude – ainda que a eficácia desta seja deveras discutível. Ele decide visitar secretamente alguns dos seus herdeiros, e em dado momento este se vê realizado pelas realizações dos filhos, vivendo algumas das suas dificuldades, não só com a extensão de sua vida, mas tentando compensar a sua ausência.

    Há um sub-plot também pouco explicado, de uma dívida que David teria com agiotas, onde se até aventa algumas possibilidade para a origem do défice, mas nada confirmado. As consequências deste passivo é violenta, entretanto não se altera o estado de leveza da história. A dívida é um paralelo claro com a responsabilidade quimérica que ele tinha com os filhos de proveta.

    O desfecho envolve um problema jurídico onde o entregador (Delivery Man) tem de escolher entre processar a agência que quase revelou sua identidade e assumir sua alcunha de Starbuck. Esse dilema acaba tendo uma solução fácil, onde o herói da jornada consegue tudo o que quer sem muito esforço, somente com uma mudança de pensamento moral. A redenção em si é fraca, especialmente por ter uma solução Deus Ex Machina em sua construção, mas não invalida a construção do guião. A vida de David passa longe da normalidade, por ele ser um sujeito estúpido ao extremo e incapaz de acertar suas atitudes. Em contrapartida, é um sujeito que sempre consegue angariar amor para a sua figura. Apesar do esforço dos produtores em tornar o final em algo piegas e um produto feito para “toda a família”, o misto de drama com comédia funciona muito bem, tornando a experiência de ver o filme em algo divertido e prazeroso.

  • Review | How I Met Your Mother – 9ª Temporada

    Review | How I Met Your Mother – 9ª Temporada

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    A nona e derradeira temporada de How I Met Your Mother se passa nos preparativos do casamento de Robin (Colbie Smulders) e Barney (Neil Patrick Harris). Com isto definido, aparentemente Ted Mosby (Josh Radnor) desiste de Robin de uma vez por todas, com tal máxima sendo discutida o tempo inteiro na temporada. A famigerada Mãe (Cristin Milioti) encontra Lilly (Alyson Hannigan) no trem já no primeiro episódio, e, ao longo do ano, esbarra com outros tantos personagens, até por esta ser a baixista da banda matrimonial.

    Mais uma vez a história mais interessante não é a de Ted, e sim dos personagens secundários. O fracasso no casamento de James (Wayne Brady) assusta Barney. Faz dele inseguro, reacendendo o instinto de se manter solteiro e longe de compromissos maiores. O protagonista decide mudar para Chicago, fugindo da tentação do amor impossível para recomeçar em outro lugar. Decide, aos poucos, despedir-se das coisas que gostava e a tônica da temporada certamente enfoca nas perdas de Mosby e de como aprendeu a viver com elas. Além, é claro, de sua volta por cima. O sentimento do noivo pelo seu padrinho muda radicalmente ao descobrir que Ted ainda guarda sentimentos por sua alma gêmea. Porém, Barney crê veementemente no código entre os “bros” e os nove anos certamente preconizavam isto: a inabalável amizade entre os cinco personagens principais, acima das dúvidas existenciais individuais. Quanto ao grupo, não sobram interrogações, somente afirmações de um relacionamento eterno entre os iguais.

    Barney consegue superar alguns de seus medos, e passa a entender que o casamento é a relação que faz da esposa e ele um time. Obviamente que isto se apresenta da forma mais exagerada, desmedida e esdrúxula que Carter Bays e Craig Thomas poderiam pensar. Aos poucos, as tramas paralelas se resolvem, exceto a de Ted.  E quando a personagem resolve muitas questões de sua vida, suas ações são substituídas por atos de Marshall (Jason Segel), Lily, Barney e Robin.

    Elementos revelados na temporada final dão um tempero a mais às paranoias de alguns dos personagens. Exemplo disso é a aproximação de Loretta Stinson (Frances Conroy) e de Robin. Evidencia a ausência da figura materna na vida da noiva, o que ajuda a explicar o porquê de sua preferência pela solidão e consequente fracasso na maioria de seus namoros anteriores. Robin é confrontada sobre esta questão e sua reação é das mais maduras, mostrando que a construção de sua personagem é muitíssima competente e verossímil.

    O nono episódio é uma fuga do cenário do casamento, e mostra Barney conhecendo a Mãe. Ela o convence a parar de correr atrás de todas mulheres e dar o seu melhor por aquela por quem está apaixonado. “Você quer continuar jogando ou quer ganhar?” – em outra demonstração de evolução dentro do quadro de maturidade dos personagens, Barney tem a sua própria versão de uma epifania. A partida de cada uma das pontas do quinteto de protagonistas é dolorosa e dá mostras de que após o “sim”, as personagens poucas vezes estariam juntas de novo. Sem proferir qualquer palavra a esse respeito, os amigos fazem um juramento de aproveitar cada momento juntos para produzir ótimos momentos de memórias, sem foco na tristeza, mesmo que a solidão seja a maior possibilidade para o grupo.

    No 14º episodio há uma boa referência à Kill Bill. O capítulo é pródigo em transformar Ted em motivo de piada toda vez em que é mencionado, já que sua persona funciona melhor como escada. No 16º é feito um belo mergulho no passado da Mãe. Além de momentos tocantes, compreendemos um pouco do seu passado e os motivos que fizeram se apaixonar por seu futuro esposo.

    As melhores ocasiões da temporada são as que fogem do ambiente do casamento de Robin e Barney. Tais momentos ajudam a poetizar o enlace, tornando um momento épico (e lendário) com propriedade. A parte em que o urso finalmente traz as alianças tem diversos significados entre eles, como a vida dos dois sendo tão caótica que literalmente tudo pode acontecer e que a existência dos dois enquanto casal é somente uma porção de elementos movidos ao acaso.

    O series finale começa em um inédito flashback com Robin chegando ao grupo de amigos. A ação varia entre diversas passagens de tempo, em anos distintos, em momentos chaves na vida da nova família dos cinco, nos quais o grupo está em comunhão, embora nem todas às vezes reunidos por completo. A surpresa foi guardada para o final em um episódio com muito humor, mas também sobre a dificuldade em manter viva a amizade compartilhada mesmo com a distância e os erros de todos. O desenrolar da trama é interessante por mostrar um futuro agridoce de cada um dos cinco elementos, especialmente o nebuloso destino de Barney e Robin. O garanhão não consegue negar sua natureza, mas se dá ao luxo de apreciar momentos de iluminação, como a chegada de sua filha. Já a solitária jornalista passa o tempo viajando para negar a si mesma os fracassos que a sua teimosia causou à sua triste vida.

    A temporada foi insossa para preparar o público para os eventos finais e para todas as desculpas possíveis na questão do fim da trajetória. Ted Mosby, idoso, discute com os seus filhos sobre o que fará de seu futuro e até mesmo eles dizem para o pai não mais negar os instintos e desejos, sugerindo que se entregue finalmente à inexorável vontade negada por tantos anos. O efeito é o oposto do final de Seinfeld: em How I Met Your Mother a cereja no bolo é posta no final e toda a carga emocional acumulada durante nove anos de exibição finalmente é extravasada em um desfecho um tanto inesperado, mas bastante condizente com a lógica da série e com o anseio dos que a acompanhavam. A trajetória de Ted sempre foi secundária por ser menos interessante, mas até ele consegue atingir o seu desejo supremo e por fim ser feliz com o seu tesouro, guardado e reprimido por tanto tempo.

  • Crítica | Um Porto Seguro

    Crítica | Um Porto Seguro

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    Não sou leitor de Nicholas Sparks. Conheço suas obras das adaptações cinematográficas, mas admiro seu entusiasmo. É um autor popular que vem compondo sua obra tendo como elemento principal o romance, sem nenhum medo de trabalhar com clichês e, a partir deles, produzir sua narrativa.

    Um Porto Seguro é a mais nova adaptação de sua obra, composta para conquistar tipos diferentes de público. A trama inicia-se com uma perseguição policial, criando um mistério que se desenvolve em paralelo com a história de amor, como se o autor unisse dois polos diferenciados em um mesmo elemento narrativo.

    Katie é uma garota misteriosa que foge de sua cidade até a pequena Southport, na Carolina do Sul, para recomeçar a vida. Mesmo evitando qualquer laço emocional, se envolve com Alex, um comerciante local, e, como costumeiro em histórias do gênero, o passado virá à tona como conflito.

    Não deve se assistir a uma produção do gênero esperando um arroubo de criatividade. As histórias de Sparks – e, basicamente, a maioria dos romances – são formatadas para se parecerem de alguma maneira. Dentro de um universo água com açúcar, há a quantidade necessária de conflito que se equilibra no mistério anterior vindo do passado, uma situação presente que dificulta a relação do casal e reviravoltas que, sem medo de utilizar clichês, se apresentam de maneira óbvia mas de forma que o espectador tão envolvido pela história não se importará.

    Sparks não tem medo de dar um golpe de realidade em seus românticos universos oníricos, seja uma história misteriosa a ser desvendada como nessa trama, uma amnésia traumática em Para Sempre ou uma doença degenerativa como em Diário de Uma Paixão. Nunca negando o estilo romanceado e os clichês, a maneira que compõe seu tecido narrativo de perfeição destruída pela realidade dá um novo fôlego para um gênero normalmente repetitivo.

    Evidente que não é a produção que agrada aquele que não suporta assistir filmes de romance. Mas satisfaz tanto quem gosta do gênero como não incomoda quem só está acompanhando alguém em uma sessão de cinema a dois. E isso é o suficiente para se compreender que, mesmo popular, Nicholas Sparks tem um talento em construir suas narrativas de amor.