Crítica | Jurassic World: Reino Ameaçado
Em 2015, foi lançado o polêmico Jurassic World, comandado por Colin Trevorrow, e fora a bilheteria monstruosa, o filme foi recebido de maneira morna pela crítica. O diretor conduziria o episódio nove de Star Wars, fato que nunca aconteceu, e por isso coube a J. A. Bayona realizar a continuação, Jurassic World: Reino Ameaçado, com Trevorrow e Derek Connolly escrevendo o roteiro da continuação, e por mais cafona que ela possa parecer, funciona muito melhor que seu antecessor.
O subtítulo Reino Ameaçado é bem condizente, pois a ilha onde o antigo parque ficava está prestes a ser destruída por meio de um vulcão. As autoridades governamentais são convocadas para tomar uma decisão, e até mesmo o Dr. Ian Malcolm (Jeff Goldblum) é consultado sobre salvar ou não as criaturas, e seu conselho é de não dar vazão a isso. Obviamente o conselho é acatado pelos governos dos Estados Unidos, obviamente que alguém com muito dinheiro decide financiar a saída das criaturas dali, o que faz com que a dupla de protagonista Claire (Bryce Dallas Howard) e Owens (Chris Pratt) de volta a ação, apelando claro ao emocional de ambos para que não houvesse recusa.
O magnata em questão é Benjamin Lockwood (James Cramwell), um homem já bem idoso, de compleição e saúde frágeis. Ele tinha alguma proximidade de John Hammond, idealizador de Parque Jurassico, que apareceu em Jurassic Park clássico, aliás, a fragilidade de Benjamin se assemelha demais da versão de Hammond em O Mundo Perdido: Jurassic World. O boa praça Eli Mills (Rafe Spall) cuida da fortuna e dos sonhos que Lockwood não conseguirá viver para realizar. O grave problema do roteiro é a previsibilidade, quase todos os eventos que ocorrem com esse núcleo telegrafados de tão óbvios que são esses momentos.
Goldblum só aparece para palestrar bem no inicio e no final, e em um lugar apenas – deve inclusive ter feito essa gravação num tempo muito curto – mas é fundamental para o longa que ele seja a voz da razão , reunindo em seu discurso um pouco de Hammond e um pouco de Alan Grant, que era feito por Sam Neill no primeiro filme e em Jurassic Park 3. Todas as curvas dramáticas envolvendo a tentativa de comercio das criaturas e as sub tramas super “malignas” combinam bem com a ganância primordial da franquia, em tentar ser deus. Aqui isso é substituído por algo mais básico, e mais clichê, e por incrível que pareça, combina mais algo menos ambicioso com o clima de pura aventura que essa nova parte da franquia apresenta.
O escapismo predomina nas desventuras de Owens e Claire, e por mais que ambos estejam muito diferentes do outro filme, a química entre ambos faz muito mais sentido. Mesmo a ideologia ingênua da moça cabe bem diante do montante de situações absurdas que se apresentam aqui. Alem disso, o fato de não se levar a sério torna esta continuação em um objeto bastante carismático, apesar de piegas as vezes a história de Connolly e Trevorrow reforça a ideia de que o velho sobrepõe o novo, como acontecia no primeiro capítulo da franquia, de que trazer a luz a espécie que foi predominante antes, é um risco para toda sorte de vida que habita a Terra na atualidade.
O filme tem um final surpreendente, principalmente se levar em conta toda a preguiça geral que ocorre no restante da trama. Uma nova era se estabelece, com um futuro nem um pouco otimista para os homens, provavelmente até invertendo, provavelmente, a questão do topo da cadeia alimentar, abrindo possibilidade para um conflito semelhante ao que ocorreu em Planeta dos Macacos: O Confronto, e seu capitulo posterior, Planeta dos Macacos: A Guerra, claro, dependendo do desempenho financeiro deste Jurassic World: Reino Ameaçado, e o trabalho da Bayona é muito bem orquestrado em seu resultado final, apesar dos claros problemas de coincidência visto no texto do longa.
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