Crítica | Bright
Em um presente alternativo onde humanos e criaturas de fantasia – Orcs, Fadas, Elfos, Centauros, etc. – coexistiram desde o início dos tempos, o oficial Dale Ward (Will Smith) e o orc Nick Jakoby (Joel Edgerton) embarcam em uma noite de patrulha de rotina. Acabam descobrindo um artefato antigo, mas poderoso: uma varinha mágica, que pensava-se que havia sido destruída. E encontram uma escuridão que poderá alterar o futuro e seu mundo tal como o conhecem.
Com roteiro de Max Landis e direção de David Ayer (Corações de Ferro, Esquadrão Suicida), o filme mostra uma Los Angeles em que humanos e criaturas fantásticas convivem, mas não em harmonia. Os orcs se dividem em guetos e disputam território entre si. Os elfos se acham superiores, frequentando apenas locais privilegiados da cidade. Por conta de um programa de inclusão, Ward é obrigado a trabalhar diariamente com Jakoby, orc que sonhava em ser policial. Usando a ideia clássica de parceiros antagônicos obrigados a conviver, no primeiro terço do filme o roteiro empurra goela abaixo uma série de obviedades e clichês sobre preconceito racial, bullying, violência policial e estratificação da sociedade. Esses assuntos são tratados de forma tão expositiva e didática que faz parecer que nunca tinham sido abordados antes.
A narrativa não chega a ser chata, mas Ayer erra mais uma vez no ritmo e, principalmente, na ação. Apesar de alguns momentos de tiroteio e perseguições intensas, não há cenas memoráveis. Várias delas bem previsíveis e não provocam qualquer emoção. Não há nada memorável ou marcante. O terceiro ato tenta compensar a falta de ritmo do restante com cenas de ação em excesso, o que acaba sendo cansativo para o espectador.
O estrelismo de Smith atrapalha, mas não chega a estragar o filme. Edgerton convence bem como orc, auxiliado, obviamente, pela ótima maquiagem. O que realmente importa é que a parceria funciona, a química entre os personagens (e os atores) funciona bem. E por ser tão convincente, faz o espectador se importar e querer saber o desenrolar da história.
A premissa é bastante interessante, mas a narrativa é um tanto confusa. O roteiro peca pela falta de coerência e de clareza em vários momentos. A história mistura elementos demais sem ter o cuidado de amarrar as pontas soltas. É uma ideia que seria muito bem aproveitada em um formato mais extenso. Comecei a assistir achando que era uma série. E terminei tendo certeza que deveria ser uma série.
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Texto de autoria de Cristine Tellier.