O Homem-Aranha e Suas Versões Animadas
O Homem-Aranha é um dos heróis de histórias em quadrinhos mais populares, rivalizando com o Batman na editora concorrente. É fácil simpatizar com a personagem, dada sua humanidade e suas dificuldades típicas do homem comum. Dessa forma, é natural que ao longo das décadas a personagem tenha ganhado vários títulos em quadrinhos, filmes, games e, claro, séries animadas.
Homem-Aranha (Spider-Man, 1967-1970)
A primeira recebeu o título de Homem-Aranha e teve produção assinada pela Grantay & Lawrence e Kratz Animation. A animação foi exibida durante os anos de 1967 a 1970 e teve um total de 52 episódios. O Aranha trabalhava no Clarim Diário e tinha como interesse amoroso Betty Brant, que além de ser a primeira namorada do personagem, era o par romântico da época.
Sua produção era muito barata, notando inclusive que as teias só cobriam parte do uniforme do Teioso. Essa também foi conhecida por dois fatos peculiares: a tradução do nome dos personagens nas primeiras dublagens brasileiras — Pedro Prado (Peter Parker), tia Maria (Tia May), Doutor Polvo (Dr. Octopus), J. Jonas Jaime (J.J. Jameson) — e, claro, a montanha de memes envolvendo a animação.
O seriado é tão barato que se torna engraçado, com alguns personagens clássicos e outros originais. Destaque para o Doutor Escorregadio, com poderes de… fazer o Aranha escorregar. Outra questão digna de nota é sua música tema, bastante emblemática, regravado até mesmo pelos Ramones, além de estar presente em quase tudo do Homem-Aranha, inclusive nos filmes para cinema.
O Aranha só voltaria a ter uma nova animação nos anos oitenta. Nesse ínterim, houve uma série com atores, The Amazing Spider-Man, além de sua versão japonesa, Supaidāman.
Homem-Aranha (Spider-Man, 1981-1982)
A nova série animada, intitulada apenas como Homem-Aranha, começou em 1981 e foi até o ano seguinte. O traço dela lembrava a versão de John Romita, e a trama era ambientada no período em que o herói cursava faculdade na Universidade Empire State.
A série tinha um ar ingênuo e sérias restrições a violência. Acabou se encerrando com apenas 26 episódios e teve transmissão simultânea com Homem-Aranha e Seus Amigos. Justamente por isso teve vida curta e acabou ofuscada pelo seriado de maior sucesso do personagem na época.
Homem-Aranha e Seus Amigos (Spider-Man and His Amazing Friends, 1981-1983)
Homem-Aranha e Seus Amigos tinha uma atmosfera semelhante ao seriado anterior, no entanto, com o acréscimo de dois outros personagens, Homem de Gelo e Flama, ambos colegas de turma de Peter na faculdade.
Reza a lenda que a ideia era trazer o Tocha Humana, mas problemas de licenciamento impediram os produtores, e então criaram a personagem Flama, que teve até versão nos quadrinhos poucos anos depois em introduzida nos quadrinhos em Uncanny X-Men #193. Esse também é o desenho onde a parte de baixo do apartamento do Aranha é um laboratório, ficando à disposição dos personagens através de um botão que faz o chão inverter o sentido com o teto de baixo (imagina os frascos com substâncias de cabeça para baixo).
Nos anos noventa houve duas versões que já analisamos: Homem-Aranha: A Série Animada e Homem-Aranha: Ação Sem Limites. Ambas não tiveram final, fato meio comum em aventuras do cabeça de teia em animações.
Homem-Aranha: A Nova Série Animada (Spider-Man: The New Animated Series, 2003)
Lançada em 2003 para aproveitar a fama do filme do Homem-Aranha, a animação Homem-Aranha: A Nova Série Animada foi o primeiro produto animado já comandado pela Sony. No início, seria uma versão do Homem-Aranha Ultimate, com produção de Brian Michael Bendis, mas tudo mudou com o sucesso do filme protagonizado por Tobey Maguire e dirigido por Sam Raimi.
A qualidade da animação utilizava de efeitos 3D que hoje soam bastante datados, mas funcionava bem, principalmente em cenas noturnas. O roteiro era mais adulto, inclusive com algumas insinuações sexuais. A produção ficou a cargo da Saban Entertainment e a série foi exibida na MTV.
Outro destaque era o elenco de dubladores, que contou com Neil Patrick Harris, Rob Zombie, Jeremy Piven, Michael Clarke Duncan e outros.
Espetacular Homem-Aranha (The Spectacular Spider-Man, 2008-2009)
Como a última animação, Espetacular Homem-Aranha também teve um bom início, duas temporadas entre 2008 e 2009, 26 episódios e conseguiu reunir um belo conjunto de coadjuvantes das histórias clássicas do Aranha.
O produtor Greg Weisman esperava que a série tivesse 5 temporadas que lidariam com Peter se formando na Midtown Manhattan Magnet High School, e findaria com ele a caminho da universidade. No entanto em 2009 os direitos televisivos do personagem retornaram à Marvel, e após a compra da companhia pela Disney o desenho foi descontinuado. Esse fim prematuro foi bastante lamentado, pois a série conseguiu capturar a essência do personagem, possuía fidelidade ao material original e, claro, era bastante divertida.
Ultimate Homem-Aranha (Ultimate Spider-Man, 2012-2017)
Já na Disney, houve duas animações. A primeira, Ultimate Homem-Aranha, ficou no ar de 2012 a 2017. Seu traço era bonito, o tom das histórias apelava bastante para um tipo de humor que fez muitos fãs torcerem o nariz. Além disso, o roteiro usava e abusava de metalinguagem e quebra da quarta parede.
Foi nesse seriado que boa parte dos personagens do Aranhaverso apareceram pela primeira vez no audiovisual, desde Miles Morales e Spider-Gwen ao Agente Venom. Em um arco de quatro episódios, Peter se encontra com algumas de suas contrapartes, anos antes da Sony lançar Homem-Aranha no Aranhaverso — ainda que isso já tenha sido feito na clássica animação dos anos 90.
Marvel Spider-Man (Marvel’s Spider-Man, 2017-2020)
Apesar do sucesso comercial de Ultimate seja com merchandising ou audiência, a Disney resolver encerrar a animação para dar lugar a Homem-Aranha, ou Marvel Spider-Man, que na data da publicação deste post ainda está em exibição. A qualidade da animação é bastante aquém e sua trama é bastante boba, colocando Miles, Peter, Gwen e outras versões estudando juntas e combatendo o crime.
Outras versões animadas do herói ganharam holofotes, como a do Disney Júnior, Spidey e Seus Amigos Espetaculares, com bonecos em 3d cabeçudos, que lembram Esquadrão de Heróis da Marvel. As aventuras são bobinhas, mas divertidas para crianças em fase alfabetização.
—
Por fim, se aguarda uma nova animação que mostraria os primeiros meses do Aranha de Tom Holland, com o nome Spider-Man Freshman Year, ainda sem muitas informações, com a promessa de que chegará ainda em 2022.
E assim segue o herói aracnídeo, em diversas versões, que seguem mostrando sua essência, algumas mais acertadas e outras nem tanto, mas sempre levando em frente a máxima que Stan Lee e Steve Ditko pensaram para ele, de que com grandes poderes, vem grandes responsabilidades. Boa parte dessas versões (sobretudo as mais recentes) podem ser vistas nos serviços de streaming.