Crítica | Belas e Perseguidas
A trajetória de Anne Fletcher na direção é dedicada a comédias românticas. Tais filmes não são grande sucesso de crítica, mas conquistaram relativo sucesso de bilheteria. Vestida para Casar demonstrou que Katherine Heigl tinha popularidade e talento para ser uma nova estrela neste estilo; A Proposta trazia Sandra Bullock novamente a um blockbuster, após alguns anos distanciada do sucesso. Sem nenhum romance em cena, a nova produção Belas e Perseguidas, com Reese Witherspoon e Sofia Vergara, busca resgatar as duplas femininas como personagens centrais de uma história.
Após ser indicada ao Oscar de Melhor Atriz pelo papel em Livre, Witherspoon se despe de qualquer densidade dramática para se dedicar a esta história em que compõe a policial Cooper, uma atrapalhada agente cujo pai foi um brilhante policial. Em uma nova tentativa de manter sua carreira fora dos escritórios, a moça é escalada para escoltar, ao lado de um parceiro, um casal que irá depor em Dallas contra um famoso mafioso. Após uma emboscada que termina com baixas, Cooper e a testemunha Daniella Riva (Vergara) fogem do local, e a policial tenta protegê-la a todo custo.
O roteiro se apoia em uma trama comum focando no lado cômico e na discrepância entre policial e testemunha. Cooper é uma personagem esforçada, criada desde a infância sob as regras da corporação, porém sem ter tato suficiente para adequar tais regras a realidade. Deslocada, se transforma em piada dentro do distrito. Enquanto Riva é a latina de sangue quente, desbocada e impulsiva com tendência exagerada a se importar com a beleza e riqueza. Ou seja: estereótipos do humor gerados por diferentes personalidades.
A dupla transita por diversos ambientes rumo a Dallas e, na frase mais comum de produções exibidas na Sessão da Tarde, se veem em altas confusões. Os conflitos surgem em cena sempre apoiados na discrepância das personagens enquanto, quase sem dinheiro, tentam se locomover. Vergara mantém sua interpretação costumeira, próxima da representação estereotipada de suas origens. Witherspoon mantém sua personagem um tanto caipira com certa qualidade, ainda que seja difícil imaginar por que aceitar um papel tão rasteiro em uma história rasteira após o destaque na produção oscarizada, uma interpretação que deveria lhe possibilitar melhores papéis.
A única maneira de assistir a esta produção sem rir de sua precariedade é aceitando um roteiro extremamente bobo de uma comédia que pouco faz rir, principalmente devido ao fato de que nada é verdadeiramente inédito. A obra apenas repete piadas de outras produções, sem nenhuma aparente intenção de ser divertida, nem mesmo que no breve tempo de projeção do longa.