Review | Samurai X
Nos anos de 92 e 93, a Shueisha (editora japonesa de maior sucesso na terra do sol nascente) publicou um par de contos escritos por um jovem mangaká chamado Nobuhiro Watsuki. O despretensioso Crônicas de um espadachim da era Meiji impressionou tanto os editores da Shonen Jump que eles resolveram dar uma segunda oportunidade ao jovem rapaz. Com Rurouni Kenshin, a Shueisha teve a felicidade de colocar em cena uma das estórias mais famosas de todos os tempos no gênero samurai/espadachim. O mangá fez tanto sucesso que teve sua publicação estendida e virou anime pelo estúdio Gallop (o mesmo de Initial D e Yu-gi-oh, por exemplo). E que anime!!
“Há 140 anos, durante o período turbulento da era Tokugawa, um Samurai-Real viveu em Kyoto e se chamava ‘Battousai, O Retalhador’. Battousai, o espadachim mais poderoso, retalhava as pessoas numa cena de carnificina e limpava o caminho para um nova era: A Era Meiji. Mas ele desapareceu após o término dos tumultos.
Enquanto seu desaparecimento continua um mistério, o nome ‘Battousai, O Retalhador’ se tornou uma lenda.”
Esta é a mensagem de abertura que aparece no primeiro capítulo da animação feita a partir da obra de Watsuki e resume muito bem todo o prólogo do anime. Durante os episódios, o espectador acompanha as aventuras de Kenshin Himura, o famosíssimo e temível Hitokiri Battousai.
Durante a revolução Meiji, o retalhador trabalhou em prol da ofensiva que ocorreu contra o governo monárquico do Shogun Tokugawa. Munido apenas de suas duas katanas, Battousai matou e protegeu importantes governantes em reuniões secretas daquele que viria a ser o regime vigente no Japão após sua vitória sobre o regime totalitarista de Tokugawa. Muitos acreditam que, sem a lâmina do retalhador lendário a serviço do Isshin Shishi, Tokugawa jamais teria sido retirado do poder.
Ao fim dos conflitos, entretanto, o jovem espadachim desistiu de sua vida violenta e, por remorso, tornou-se um andarilho (no japonês: Ronin ou Rurouni). Decidido a nunca mais matar alguém, Kenshin troca suas katanas por uma sakabatou. Durante sua jornada errante pelo Japão, o ruivo se envolve com a adorável Kaoru Kamiya, herdeira de um dojo para praticantes de kendô, e ajuda-a com uma questão que envolvia o nome de sua família. Decidido a permanecer ao lado da jovem Kamiya e ajudá-la com o dojo, Kenshin envolve-se com outros personagens da região e procura livrar-se de vez da vida violenta de outrora, mas os fantasmas de seu passado irão retornar para assombrá-lo.
O anime é muito bem dividido em 95 episódios que contam as histórias de Kenshin em sua luta constante para manter a promessa de não matar, enquanto busca proteger todos ao alcance de sua inofensiva espada de fio invertido. Poucos fillers engordam o anime em relação ao mangá e a animação é estonteante. Não há, durante o decorrer das sagas, nenhuma animação de combate que seja escura demais ou muito confusa. O traço de Watsuki facilita esta compreensão simples dos movimentos e deixa a série com um aspecto mais real, pois não cai no estilo caricato comum dos Shonens.
O roteiro do anime conta com personagens extremamente bem elaborados e a interação entre eles é um dos atributos mais interessantes na série. Ao longo do anime, todos os novos personagens seguem com o ‘Kenshingumi’ até o final da saga e possuem uma participação importante no enredo.
Samurai X recebeu este nome quando a Sony traduziu o título para o inglês. O X no título faz referência a uma cicatriz em forma de cruz que o personagem principal carrega no rosto. Como a cicatriz possui uma explicação na trama (que é retratada nos OVAs que já foram resenhados aqui no Vortex) e este título tem muito mais apelo comercial que o original, optou-se por utilizá-lo também no Brasil. O autor original, em entrevista, afirmou ter gostado do título ocidental da obra e acredita até que este tenha sido ainda melhor elaborado que o oriental.
Samurai X é meu anime preferido de todos os tempos! É dele que eu copiei o apelido que utilizo. Aoshi Shinomori é um dos principais personagens da série, maior rival de Kenshin e um exemplo enorme de dedicação e foco em um objetivo, e por isso sou fã do personagem.
Não existiu (e nunca vai existir) um anime tão interessante e bem feito quanto Samurai X, na minha opinião. É realmente uma pena que a edição brasileira do anime tenha sido uma das mais criminosas da história, com cenas e até episódios inteiros retirados da animação. O mesmo não pode ser falado da dublagem, que é muito boa e feita com vozes extremamente bem escolhidas.
Quando assisti ao desenho pela primeira vez na Globo, me apaixonei pela trama, personagens e pela animação. Anos mais tarde, quando pude assistir ao anime sem os cortes brasileiros, pude perceber o quanto ele é fantástico. É um dos animes que comprovam minha opinião de que as animações japonesas não são exclusividade das crianças.
Samurai X é um dos poucos animes que vale a pena ver e rever, em ambos os idiomas.