Crítica | Anna: O Perigo Tem Nome
Luc Besson ganhou a vida como cineasta e produtor fazendo filmes de ação protagonizado por mulheres. Nikita, O Quinto Elemento e Lucy são produtos de qualidade diferentes entre si, mas que tem essa prerrogativa em comum. Em Anna: O Perigo Tem Nome, a historia se inicia em 1985, em Moscou, capital da então União Soviética, em um jogo de gato e rato envolvendo espiões da Guerra Fria e diplomatas internacionais, em uma representação bem caricata do que era o quase conflito entre forças ocidentais e soviéticas.
O filme não uniria sua historia comum com esse epílogo em um primeiro momento. Não demora a aparecer a jovem Anna Poliatova, uma jovem russa encontrada por um olheiro que a leva para se tornar modelo. A personagem de Sasha Luss muda radicalmente de rotina, e passa por toda sorte de clichês típicos de filmes adolescentes, em uma boa perversão dos estereótipos de filmes de super-espião.
Besson está bem mais contido em seu roteiro, não tenta inventar muito, investe em carisma e aventura para seus personagens, e numa estética de ação que está na moda. Há semelhanças fotográficas com Hobbs e Shaw, em especial pelo predomínio de cenas diurnas, fato que confere ao longa uma aura diferenciada, com uma trama de espionagem sobre o passado de Anna se desenvolvendo aos poucos, com flashbacks que fazem a historia ir e vir de maneira bem fluída.
A historia se perde um pouco em meio as curvas dramáticas da rotina da personagem título, mostrando ela tentando levar uma vida comum enquanto ainda serve a KGB, fracassando obviamente, seja pelos flertes de homens velhos e babões que tem que evitar, ou nas lutas que faz. Luss acerta demais nos combates, tendo sempre uma expressão de profunda confiança ao se aproximar de seus alvos, variando bem entre a típica Femme Fatale e a garota temperamental incapaz de aceitar desaforos. Ela tem personalidade e as transições que faz com dubles é bem fluida, mal dá para notar que a interprete é trocada, além disso, ela consegue reproduzir bem a condição de mulher que detesta seu ofício.
O filme é um pouco longo demais, provavelmente conseguiria trazer todas as camadas da trajetória da heroína com uma duração em torno dos 90 minutos ou menos. Anna é o mais assertivo dos últimos filmes de Besson, e por mais que seja uma pouco gorduroso, ele se equivoca e se atrapalha bem menos que Valerian e a Cidade dos Mil Planetas por exemplo, exatamente por ser comedido e auto contido em si, e por não tentar extrapolar os limites de narrativa típica dos super espiões, embora tenha um texto contundente para o gênero de ação, alem de ter boas sequencias de lutas e fugas, não acertando tanto quanto Atômica por exemplo mas não deixando a desejar para fitas como A Justiceira ou a série Jessica Jones.
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