Crítica | Rocky Horror Picture Show: Let’s Do the Time Warp Again
Após muita expectativa, o filme de Kenny Ortega finalmente é exibido na televisão, com uma música introdutória executada pela bela Ivy Levan (que interpreta The Usherette), a bilheteira de um cinema sci-fi, que canta Science Fiction de maneira sensual e extremamente provocante. Rocky Horror Picture Show: Let’s Do the Time Warp Again tem a trama praticamente idêntica ao filme original de Jim Sherman, tendo inclusive uma participação especial de Tim Curry, que faz o criminologista nessa versão, já bem envelhecido e sem trabalhar com atuação live action há um bom tempo. A reverência é justa e cabível.
Ortega tem uma larga experiência com a temática musical, foi dele a condução do especial de Michael Jackson: This is It e de alguns filmes da franquia High School Musical. Essa parte da sua carreira explica um pouco do visual mais clean e mainstream do remake, principalmente se comparado com Rocky Horror Picture Show, de 1975. A estética é menos naturalista, os personagens residentes do castelo parecem já esperar chegar alguém para exibir o show que preparavam, ao contrário do clima de festa do capitulo original.
O cineasta opta por revelar todas as engrenagens de cenário, de modo que quem já está habituado a história percebe exatamente quando acontecerão as aparições dos personagens. Não há uma construção de suspense sequer para a cena de apresentação do Dr. Frank Furter, interpretado pela estrela trans Laverne Cox, a mesma que estrela Orange is The New Black.
Cox é bastante tímida em sua performance, característica essa que se estende para o resto do elenco, que parece se segurar para que ela possa brilhar sozinha. O caráter sexualmente transgressor é bastante aliviado e o filme parece querer sempre louvar cada um dos personagens clássicos que aparecem, mas sem dar a eles a mesma importância esotérica que teriam em sua gênese. As cenas de violência são explicitas e não sugeridas como antes, e ainda assim tem menos impacto.
Em alguns momentos o programa parece suavizado, pasteurizado, a fim de atingir plateias mais conservadoras, até os números com os homens vestidos de drag queens são mais comedidos. A preocupação maior é em fazer um grande show, e não mais soar como um espetáculo de choque da plateia como era a proposta anterior. Como reverencia, Rocky Horror Picture Show: Let’s Do the Time Warp Again funciona bem, mas tem sérias dificuldades em não parecer uma versão light do original.
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