Crítica | Sueño Florianópolis
Coprodução argentino-brasileira, Sueño Florianopolis é um filme sobre encontros e reencontros, focado em um casal argentino, Pedro (Gustavo Garzón) e Lucrécia (Mercede Lorán), casados há mais de vinte anos e estão em meio a uma crise. No começo da década de 1990 eles viajam em um carro simples para o Brasil, atrás das praias, em uma tentativa de nas férias reavivar as paixões, e claro, curtir o tempo livre com a família. No caminho eles encontram uma família brasileira, chefiada pelo casal Marco (Marco Ricca) e Larissa (Andrea Beltrão).
A família viajante não tem muita estrutura ou dinheiro, quando se hospedam no hotel pegam um quarto que cabe duas pessoas e colocam colchões no chão para os filhos, ao ponto de precisar fazer sexo no banheiro, a fim de ter alguma privacidade. Isso muda quando reencontram Marco, e se hospedam em uma casa que ele aluga próxima da praia.
O modo como a diretora Ana Katz conduz o filme é leve, tal qual o estilo de vida que Marco tem, despreocupado com o tempo e com obrigações, onde o objetivo é só desfrutar das coisas boas da vida. O caráter do roteiro é de também não se preocupar com maiores discussões, uma viagem de férias que reflete sobre a vida exatamente contemplando e valorizando o nada.
Até questões como choques culturais são tratado de maneira e abordagens levíssimas. Lucrécia observa o quanto os brasileiros que ficam nas margens das águas não tem tanto preocupação com o presente e com o futuro imediato, apesar de que trava com Marco uma conversa sobre o rumo acadêmico dos filhos de ambas famílias.
A parte final se torna um pouco mais dramática, mas a subida para tal modo é bastante fluída e a narrativa faz sentido, inclusive dentro dos pecados que cada um dos personagens comete. Katz apresenta um filme onde as pessoas que a sua lente registra são falhas, cometem equívocos, tem sonhos e são humanas, por mais clichê que isso possa soar numa descrição analítica como esta, Sueño Florianopolis é assertivo por mostrar gente real.
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