Crítica | Looney Tunes: De Volta em Ação
O inicio de Looney Tunes: De Volta a Ação, filme de Joe Dante, é uma refilmagem de um episódio clássico onde Patolino e Pernalonga estão sendo caçados, em uma das muitas demonstrações de quando o pato é um mero coadjuvante. Não demora a mostrar uma quebra da quarta parede, com o personagem reclamando de sua condição de personagem subalterno na Warner, e para isso, acaba pedindo demissão.
Em meio a esse “drama”, há também a história do aspirante a dublê DJ Drake, de Brendan Fraser, que anos antes vinha sendo popular nos filmes de aventura e ação dos anos 1990. Diferente de Space Jam, aqui não há qualquer pudor em misturar desenho animado com pessoas reais. O início do filme tem até alguns bons momentos, com um passeio pelos estúdios Warner, com aparição de vários elementos das marcas famosas da Warner, incluindo o batmóvel do Batman de Tim Burton, além de gratuitas aparições de personagens como Scooby Doo, Salsicha e até Mathew Lillard, discutindo como será a próxima versão em carne e osso dos personagens. Tudo é pretexto para referências, basicamente, incluindo aí uma discussão entre o coelho símbolo da WB, e a vice presidente de comédia Kate Houghton (Jenna Elfman).
Ao menos os personagem animados tem uma configuração visual bem feita, mas o texto não acompanha essa excelência, não há personagens carismáticos da parte dos humanos. A bifurcação da história faz o filme – que deveria ser mais esperto que a média – parecer uma mera obra infantil feita para a televisão. O objetivo de Kate em trazer Patolino de volta não funciona, assim como Fraser também não tem qualquer química com os personagens de desenho. O vilão Mr. Chairman de Steve Martin é outro desperdício, faz lembrar a mesma frivolidade dos antagonistas de Alceu e Dentinho ou de Pequenos Espiões, mas sem a atmosfera pastelão que ambas as obras tinham implícitas.
Uma das maiores criticas de Chuck Jones, animador clássico de seriados de Pernalonga e sua turma, era de que em Space Jam os personagens não pareciam com suas versões em seriado. Um dos objetivos de Dante era tentar mostrá-los mais fiéis. Para isso, os vilões têm realmente um alinhamento maniqueísta com o mal, e os heróis agem como mocinhos. Isso nem seria um problema, se todo o elenco de atores famosos não fosse completamente desperdiçado. Martin, Timothy Dalton, Joan Cusack são completamente desperdiçados. Roger Corman e Michael Jordan tem breves participações, mas completamente desprezíveis, fazendo algo totalmente vazio de significado. Havia potencial na premissa para expandir o mundo como Uma Cilada Para Roger Rabbit fez, mas o que se vê é um filme repleto de bobeiras que só fazem o público abaixo dos cinco anos rir.
Nem mesmo a aparição do herói Duck Dodgers ao final salva o filme da mediocridade. O largo uso de 3D também não envelhece bem, e por mais que busque se diferenciar do outro filme, aqui há bem menos êxito, não há charme, e mesmo a dita fidelidade ao material original não se observa tanto. A brincadeira com a quebra da quarta parede ocorre basicamente para nada, o drama da fogueira de vaidades também não resultada em nada substancial, e nem mesmo a troca de Jordan – que não era ator e era inexpressivo – por uma quantidade exorbitante de atores renomados fez o filme ser dramaticamente melhor, já que o texto de Larry Doyle é esdrúxulo em um nível acintoso.