Review | Dragon Quest Heroes
Humanos e monstros conviviam em paz e harmonia. Porém, algo estranho acontece e os monstros se tornam agressivos e caóticos, tornando-se verdadeiras ameaças. Os jovens heróis Luceus e Aurora, ao lado do rei Doric, iniciarão uma jornada para descobrir a causa dessa mudança de comportamento dos monstros, e ao longo do caminho se unirão a destemidos heróis para ajudá-los nesta missão.
A história é básica, tal como os primeiros jogos da série clássica. E mais, é um tremendo fan service aos amantes da franquia. Dragon Quest Heroes trouxe o universo do renomado JRPG (RPG japonês) para o estilo musou, uma espécie de hack’n slash com elementos de RPG, golpes exagerados e toneladas de inimigos simultâneos. Dinasty Warriors e Samurai Warriors são representantes famosos desse estilo.
A jogabilidade é bem intuitiva e relativamente simples, não exigindo tremenda destreza para vencer as fases e chefes. Combine golpes, magias e invocação de monstros para vencer os desafios. Execute combos para encher a barra de tension e liberar um grande poder do herói. Algumas fases exigirão uma certa estratégia ao invés de esmagar os botões do seu controle para bater freneticamente nos inimigos. Certos monstros são bem fortes, impedindo mutos ataques diretos. No geral, o nível de desafio é OK, havendo poucos momentos que realmente irão frustrar o jogador.
Luceus, após completar a barra de tension, executará seu golpe mais forte
Os personagens iniciais (Luceus, Aurora, Isla e Doric) são inéditos na franquia, enquanto que todos os outros fazem parte dos jogos clássicos da série, especialmente do Dragon Quest IV ao VIII. Até o final do jogo, será recrutado um bom número de heróis para montar o seu grupo, cada um com poderes e golpes próprios, dando uma variedade bacana na jogabilidade (apesar de que, na essência, os controles são os mesmos). E claro, devemos ressaltar a habilidade incontestável de Akira Toriyama em criar personagens carismáticos. Todos são dublados e possuem personalidades bem distintas uns dos outros. As cutscenes são totalmente dubladas, enquanto que as falas durante o jogo só possuem algumas poucas palavras “genéricas” no início, dando o tom da frase, um recurso bem interessante.
Os monstros, trilha sonora, sons, itens, tudo é derivado de algum jogo clássico e vai aquecer o coração dos fãs. É muito divertido ouvir aquele som característico de magia em meio à batalha frenética, dentre outros elementos. Sem dúvidas, isso deixará os fãs mais interessados no jogo. Mesmo quem não conhece os jogos clássicos vai conseguir aproveitar, pois o design dos monstros é bem legal, os sons são divertidos e a trilha sonora é assinada pelo grande mestre Koichi Sugiyama. Para fechar a santíssima trindade de Dragon Quest, a mente de Yuji Horii está mais uma vez por trás das ideias.
A estrutura do jogo é basicamente de arenas. As fases são completamente separadas umas das outras e entre elas você estará na sua “base” para comprar itens, distribuir pontos de habilidades (que são adquiridos ao subir de nível), fazer itens, aceitar pequenas missões para ganhar recompensas, conversar com os personagens, dentre outras coisas. Os personagens falam bastante, havendo bastante conteúdo para quem quiser se aprofundar na história e personalidade de cada um (apenas de não ser algo tão interessante a ponto de incentivar o jogador a ler tanta coisa).
Um defeito grave é a ausência de um modo cooperativo. A quantidade de personagens disponíveis possibilitaria uma jogatina divertidíssima com amigos. O número limitado de personagens do grupo (apenas quatro) também é um ponto fraco, pois dá vontade de jogar com diversos heróis, mas aí será necessário fazer um pouco de grinding para deixar todos em um nível compatível para não haver grandes dificuldades nas fases e chefes. Os heróis que não estão no grupo também recebem experiência, mas em quantidade menor. Durante a batalha, você controla um herói por vez, enquanto que os outros três são controlados pelo computador. Você poderá assumir o controle de qualquer um no momento que quiser, basta apertar um botão.
Alguns podem achar a jogabilidade repetitiva e maçante. Não há grandes variedades no combate e missões, mas o level design das fases possibilita uma diversidade dentro da mesmice. Há uma curva de aprendizado bem suave que ao decorrer do jogo te obriga a adotar posturas diferentes e utilizar outros recursos. A melhor saída para não enjoar é fazer poucas missões paralelas e seguir reto na história. Com isso, o jogo tem uma duração bem razoável (em torno de 20 horas), tempo suficiente para divertir sem enjoar.
É bom alertar que a versão de PC tem alguns problemas de compatibilidade e otimização. Existem algumas opções que melhoram a compatibilidade, mas talvez você precise jogar em modo janela ao invés de tela cheia, ou ter dores de cabeça para fazer o jogo funcionar adequadamente. A sincronização das falas nas cutscenes, no meu caso, também apresentou falhas. Faltou um cuidado maior da Koei Tecmo nesta versão de PC, que prejudicou a experiência de muitos jogadores.
Dragon Quest Heroes foi uma proposta diferente dentro da clássica franquia de JRPG. Não é um jogo excepcional, mas é competente e diverte. O ponto forte são as referências ao universo Dragon Quest, que esbanja carisma. Os fãs do JRPG vão aproveitar mais o jogo, contudo não impedirá o entretenimento de quem não conhece a série. Para quem procura um jogo mais casual com dificuldade moderada, Dragon Quest Heroes está mais que recomendado. Disponível para Playstation 3, Playstation 4 e PC.