Review | Guilty Gear Strive
Guilty Gear Strive (GGST) veio para atrair novos adeptos à franquia enquanto tenta manter os antigos fãs. Houve mudanças grandes, diferentemente do título anterior, Xrd, que praticamente refez o XX com gráficos maravilhosamente lindos.
O grande chamariz de GGST foi o netcode, que permitiria partidas online sem lag com oponentes de outros países. Tal promessa foi cumprida, tanto que realizaram torneios entre jogadores de países diferentes. Mas antes de adentrar neste aspecto, vamos falar do jogo em si.
O primeiro elemento a ser destacado é o visual. Gráficos 3D que simulam o 2D, possibilitando mudanças de ângulo da câmera, foi algo que a própria franquia inaugurou anos atrás e foi reutilizado em outro grande jogo de luta da Arc System, Dragon Ball FighterZ (DBFZ). Se você não viu os últimos jogos de Guilty Gear, provavelmente ficou de queixo caído com o visual de DBFZ. Saiba que aquele desbunde visual está em GGST, e preciso dizer, dá gosto de ver este jogo, é lindo demais, principalmente se você é fã de animes.
As lutas se mantém no eixo 2D, ou seja, nada de passos laterais iguais a Tekken. Aqui temos pulos duplos, superpulo, defesa no ar, corrida no ar e no chão, ou seja, GGST possui movimentação bem solta. Apesar de haver todos os fundamentos básicos dos jogos de luta (incluindo jogo neutro), é bem visível que GGST valoriza muito a ofensiva. É possível aplicar quantidades absurdas de dano em um único combo, e isso incomoda, apesar de ser algo recorrente na franquia. O que incomoda de verdade é o fato de ser possível aplicar muito dano com certa facilidade, dependendo do personagem.
Pelo menos há diversas possibilidades de quebrar ou dificultar as ofensivas e pressões do oponente. Estas mecânicas são simples, mas possibilitam estratégias muito profundas. Vamos a elas.
Burst é aquela barra que fica logo abaixo do seu life. Ela já começa cheia e, após ser usada, demora um pouco até encher novamente. Essa barra, quando cheia, permite que você afaste o oponente enquanto está apanhando. É como se fosse um Combo Breaker do Killer Instinct. Você também pode usar o Burst em situação neutra, e caso acerte o oponente com ele, sua barra de Tension ficará no máximo (o que é muito útil para utilizar as mecânicas a seguir). Porém, existe a possibilidade de usar o Burst em momento errado, deixando-o vulnerável para receber uma punição severa do oponente, então tome bastante cuidado.
Tension é a “barra de Super” do jogo. Ela é dividida em duas metades. Utilizando uma metade (e em alguns casos, serão necessárias às duas), você pode usar o Overdrive, que é o Super de GGST. Overdrive geralmente é um golpe especial que aplica boa quantidade de dano, sendo possível utilizar de forma isolada ou para finalizar combos. Em alguns casos, é possível continuar o combo após o Overdrive, o que fará muitos jogadores chorarem sangue.
Ainda falando da barra de Tension, basta uma metade para utilizar a mecânica mais interessante do jogo: o Roman Cancel (RC). Seria possível escrever um post inteiro só para dissecar essa mecânica, mas não é o objetivo deste review. Vou apenas apresentar de maneira superficial para você ter uma ideia do que pode fazer com ela.
O mesmo comando te permite executar 4 RC diferentes. “Nossa, deve ser complicado”. Não é. E quando você jogar, perceberá que é bem intuitivo, ainda mais que cada variação tem uma cor diferente. Dependendo do momento/situação em que você utilizar o comando, seu RC poderá estender um combo, interromper a ofensiva do adversário, possibilitar novas situações de combos ou simplesmente evitar punição após errar, ou aplicar um golpe inseguro. Por exemplo, executando o comando logo após defender um golpe, você quebrará a ofensiva do oponente, e o RC sinalizará a cor amarela. Felizmente, 0 jogo possui um tutorial bem completo, mas os textos estão em inglês.
O bom uso do RC traz inúmeras possibilidades, e repito, seria necessário um post inteiro para falar com detalhes sobre essa mecânica. Lembrando que o RC é antigo na franquia, anterior ao próprio Focus Attack Dash Cancel (FADC) do Street Fighter IV.
Há uma boa quantidade de conteúdo offline, e curiosamente, o Story Mode é 100% vídeo, ou seja, você apenas assistirá a um anime com visual incrível. No momento que escrevo este review ainda não assisti ao Story Mode pois me recomendaram conhecer bem as histórias dos jogos anteriores para entender bem a história de GGST. E pelo pouco que pude conhecer da história da franquia, é muito interessante.
Uma das características da franquia é a trilha sonora calcada no rock e heavy metal, sendo estes os gêneros dominantes nas músicas. Em GGST, além das músicas próprias, também é possível liberar trilhas dos jogos anteriores, sendo um prato cheio para os fãs. Interessante perceber que muitas músicas possuem vocal com letras referentes aos personagens e histórias da série. Além disso, o nome de vários personagens e golpes fazem referência ao mundo do rock/metal. Só para citar alguns: o nome real do protagonista Sol Badguy é Frederick, sendo que Bad Guy era um apelido de Freddie Mercury (ex-vocalista do Queen); Ky Kiske se refere a Kai Hansen (Gamma Ray, ex-Helloween) e Michael Kiske (ex-Helloween); um dos Overdrives de Ky chama-se Ride the Lightning, referente ao álbum homônimo do Metallica; Slayer e Testament são personagens com nomes de famosas bandas de trash metal (eles não estão em GGST… ainda); Axl Low é referência direta a Axl Rose; e por aí vai.
Voltando ao online, vale repetir que o netcode tem se mostrado bem sólido e quase isento de lags. É possível escolher servidores de várias partes do mundo, mas nem sempre é possível jogar partidas sem lag. A melhor opção é usar o servidor da América do Sul, que apesar de estar um tanto vazio, ainda é possível encontrar vários oponentes e jogar com ping baixíssimo. O saguão de batalha tem uma interface 2D em pixel art, muito simpática, mas não agradou uma boa parcela dos jogadores.
Até o momento, GGST conta com 18personagens, sendo 3 DLC. Outros 2 lutadores serão lançados via DLC nesta temporada (previsão é 2022), seguindo o modelo de jogos recentes, tais como Street Fighter V, Mortal Kombat 11 e Tekken 7. A maioria dos personagens são velhos conhecidos, como o ninja Chipp, o médico bizarro Faust e a amada/odiada May. Porém, temos alguns novatos, tais como a brasileira Giovanna e o samurai lorde-senhor-do-dano-absurdo Nagoriyuki. Há opção de vozes em inglês e japonês, ambas com boa qualidade. Recomendo fortemente entrar no site oficial e olhar cada personagem, inclusive os mini-tutoriais disponíveis para conhecer melhor a jogabilidade e estilo deles.
No lançamento, GGST estava com uma média de 30 mil jogadores simultâneos no PC, algo impressionante para um jogo de luta. É natural que esse número cairia ao longo das semanas, o que efetivamente ocorreu, mantendo uma média de 2 mil, quantidade ainda relevante. Se a Arc System não melhorar as eventuais instabilidades do servidor e lapidar um pouco mais o balanceamento de alguns personagens, é provável que a quantidade de jogares continue caindo. Apesar destes defeitos, GGST é um baita jogo de luta que recomendo bastante. Afinal, porrada + anime + rock é uma fórmula difícil de dar errado. Disponível para PC (Steam), PS4 e PS5, com crossplay entre os consoles da Sony. É possível que no futuro haja crossplay entre consoles e PC.