Resenha | Dark Eden: O Medo é a Cura – Patrick Carman
Sete adolescentes, todos com 15 anos, sofrem de diferentes fobias, todas aparentemente incuráveis. Em comum, eles tem a mesma psicóloga, a Dra. Cynthia Stevens, que resolve selecioná-los para um inovador tratamento. Eles são enviados para uma instalação remota no meio da floresta, chamada Forte Eden, onde os aguarda o misterioso Rainsford. Os jovens deverão enfrentar seus piores medos para assim supera-los, mas um deles, Will Besting, pressente que há algo muito errado com aquele lugar. Escolhendo ficar a parte do grupo, ele vai buscar desvendar o que há por trás de tudo aquilo e tentar salvar a si mesmo e aos outros.
A velha máxima de que não se deve julgar um livro pela capa se mostra equivocada neste lançamento da Editora Gutenberg. Impecável todo o trabalho visual em Dark Eden: O Medo é a Cura, do autor Patrick Carman. A capa metalizada e com tons sombrios e a diagramação das páginas internas, inclusive com algumas ilustrações, já entrega o clima inquietante que domina este thriller psicológico – infanto-juvenil, é verdade, mas não menos interessante por isso.
Tramas abordando a psicologia humana costumam ser fascinantes justamente pelas infinitas possibilidades que podem apresentar. Aqui isso se faz presente desde o início. Como a narração é toda em primeira pessoa, embarcamos nos sentimentos de Will mas ao mesmo tempo desconfiamos de suas percepções. As respostas para o que está acontecendo são puramente científicas, ou há mesmo algo sobrenatural por lá? Ou mais profundamente: será que o Forte Eden esconde mesmo algo aterrador, ou o garoto é simplesmente louco? Embora algumas resoluções sejam previsíveis, outras são bem inesperadas, e enriquecem a narrativa.
Outro detalhe interessante é que o autor constrói muito bem a personalidade de um adolescente. Will manifesta um complexo de inferioridade e sensação de inadequação ao grupo, mas também exibe momentos de arrogante confiança, quando se acha mais esperto que todos, inclusive os adultos. Pobre ilusão. E, ainda que altamente idealizada e pouco verossímil, não deixe ser bonitinha a forma como o romance dele com Marisa é trabalhado. Como pontos fracos, o pouco ou nenhum desenvolvimento dos demais personagens, estabelecidos como os clássicos esterótipos teen. Além, é claro, da escrita bem simplificada e direto ao ponto, típica desse segmento, que pode incomodar aqueles acostumados com algo mais elaborado e adulto.
Carman é um autor envolvido também com cinema, games, e projetos sociais. Sua principal marca na literatura é o uso da tecnologia para atrair os jovens da geração multimídia de volta para o hábito da leitura. Da mesma forma que em outras de suas séries (como The 39 Clues, Skeletons Creek, Trackers e The Land of Elyon), Dark Eden conta com um site oficial com conteúdos de vídeo e aplicativos que ampliam a experiência.
Lá fora, já estão disponíveis um ebook intitulado Phantom File, uma espécie de expansão do primeiro livro, a continuação Dark Eden 2: Eve of Destruction. Fica a torcida para que esses materiais também ganhem uma versão brasileira. Curto (240 páginas), de uma leitura rápida e envolvente, e com um final impactante e melancólico (que por si só garantiu uma estrela a mais na nota), Dark Eden é uma ótima recomendação para fãs de histórias de mistério e suspense.
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Texto de autoria de Jackson Good.