Review | Mortal Kombat Legacy II
A proposta de Mortal Kombat Legacy era muito interessante, a Machinima produziu episódios bem curtos para a web contando suas próprias versões da origem dos personagens clássicos de MK. Sonya Blade, Jax, Johny Cage, Scorpion, Sub-Zero entre outros, algumas vezes se valendo de atores “famosos” como Jeri Ryan, Michael Jai White etc. A proposta de não linearidade e tramas espaçadas funcionou, caiu nas graças do público e a Warner comprou os direitos de distribuição digital do material, produzindo uma segunda temporada, exibida em 2013.
As coisas mudaram um pouco, o foco nos primeiros episódios é o de introduzir Liu Kang, (Brian Tee) e Kung Lao (Marc Dacascos), mostrando os motivos que fizeram Liu abandonar a ordem dos monges e se revoltar contra seus antigos irmãos. Fora as risíveis vestimentas do porteiro preferido de Hollywood, como um monge multicolorido, pouco há que se reclamar destes episódios – a história seria retomada mais tarde.
Sem muita enrolação, o portentoso deus do trovão Rayden, interpretado pelo inexpressivo David Lee McInnis (que faz sentir saudades de Christopher Lambert) é mostrado explicando a alguns lutadores como funciona o torneio – a sucessão de frases feitas e show off de poder é digna de um tela class de Hermes e Renato. O pior disto tudo é o fato dos produtores terem simplesmente ignorado a versão da primeira temporada, feita por Ryan Robbins, em que mostravam um sujeito pirotécnico num manicômio, preso por falar sandices, e que só fora libertado após reaver seus poderes do raio.
A história da disputa entre Kenshi e Ermac é bem contada. A história de Kitana e Mileena pouco acrescenta ao que já fora mostrado na primeira leva, no entanto a de Scorpion e Sub-Zero é bem legal, pois em pouquíssimo tempo é possível entender a rivalidade entre os dois, a questão familiar que envolve os dois lados, a antiga amizade sendo encurtada por uma tola tradição de rivalidade, e uma trégua que durou muito pouco. O mashup com os episódios mais antigos funciona neste exemplar, ao contrário dos outros. No entanto algumas questões primordiais ficam em aberto, mas o desfecho da historieta é sensacional.
O segmento dos shaolins é o que mais difere do cânone. As motivações que fizeram Liu Kang sair do templo não são ruins, a velha historinha de amor que termina de forma trágica já era esperada. O que torce o nariz dos fãs é o modo como ele se permite seduzir por Shang Tsung, supostamente se aliando ao vilão e ao lado de Outworld. Destaque para o retorno de Cary–Hiroyuki Tagawa ao papel do feiticeiro milenar.
Dado o orçamento paupérrimo é natural que a produção ganhe ares de trash – especialmente com a escolha de Dacascos para o elenco. No entanto, mesmo comparada a primeira temporada, esta perde muito, o que é uma pena. Uma terceira tentativa será realizada, com o retorno de Jeri Ryan e possivelmente de outros atores, a expectativa é que Kevin Tancharoen, o realizador, consiga o êxito que esta season não teve.