Resenha | Vingadores Vs. X-Men
Como todo bom fã de quadrinhos de heróis e filmes de ação antigos, eu não me importo de, volta e meia, desligar o meu cérebro e curtir uma bela pancadaria e umas gostosas. Parafraseando, vejam só, o livro mais vendido da história:
“Tudo neste mundo tem seu tempo;
cada coisa tem sua ocasião.
Há um tempo de nascer e tempo de morrer;
tempo de plantar e tempo de arrancar;
[…]”
Vou adicionar mais duas linhas ao capítulo 3 do livro de Eclesiastes:
“tempo de fomentar pensamento crítico e de ver uma bela quebrança;
tempo para contar uma história e para desfilar gostosas;”
Para quem não sabe e está dando mole, já faz mais ou menos um ano que a Marvel resolveu envolver os X-Men e os Vingadores num esquema de briga de galos superpoderosos só pra ver o que saía de lá. O negócio deve ter dado bastante grana pra Casa das Ideias óbvias, porque o resultado desse quebra-pau encarnado nem foi tirado do universo 616 e os respingos dessa bagaça estavam influenciando os eventos da cronologia principal da Marvel até algumas semanas atrás. Um ano depois de agitar o mercado de comics americano, o fight entre os mutunas e os heróis mais poderosos da terra finalmente chegou em terras brasucas. No mês passado a Panini Comics trouxe para o Brasil o número 2 desse arco e eu vou contar, na minha opinião, se você deve ou não deve gastar a sua mesada nessa coisa aí!
Vingadores vs. X-Men ocorre algum tempo depois da saga Dizimação, quando a Feiticeira Escarlate utilizou seus poderes para eliminar o gene X de mais de 90% da população mutante no mundo. A espécie sofre, agora, com uma real ameaça de extinção. Hope Summers, a mutante conhecida como Messias, foi a primeira criança mutante a nascer logo após a ação da Feiticeira e seu destino está intrinsecamente ligado à Fênix, uma entidade cósmica baddass motherfucker superpoderosa que já havia possuído o corpo de Jean Grey, levando-a à morte algum tempo atrás. Quando a presença da entidade é percebida em nossa galáxia, os superpoderosos do planeta Terra dividem opiniões sobre seus planos: os X-Men, liderados por Scott Summers, acreditam que o poder da Fênix pode ser canalizado para o bem de sua espécie, garantindo que a mesma não desapareça do planeta. Os líderes humanos e os Vingadores, encabeçados por Steve Rogers, estão bastante certos de que o poder da entidade não pode ser controlado e que, caso ela consiga mesmo possuir o corpo da mutante Messias, a destruição do Planeta Terra (e talvez da galáxia inteira) seja impossível de impedir.
Dessa divergência surge a inevitável batalha entre os dois grupos de superpoderosos mais legais do mundo dos quadrinhos (chupa, Liga da Justiça!). Ciclope, Namor, Colossus, a Rainha Branca e os demais X-Men lutam para impedir que Capitão América, Wolverine, Thor, Hulk Vermelho e o restante dos Vingadores consiga obter a custódia de Hope Summers a fim de impedir que a Fênix consiga executar seu plano, seja ele qual for.
O arco teve 12 números lá nos EUA e vem, a princípio, com os mesmos 12 volumes para o Brasil. A contextualização que dei no resumo acima é bem fácil de pescar e acontece rapidamente. Eu mesmo não sabia do que se tratava a tal da Dizimação e nem consigo entender direito os poderes da filha do Magneto, mas deu pra sacar bem todo o cenário no qual este arco se encaixa.
A idéia do plot é bastante crível, na minha opinião. Não existe, no começo do arco, um grupo de vilões e um grupo de mocinhos nessa história. Todos acreditam que estão certos e vão brigar para defender seu ponto de vista. A minha visão geral dessa história coloca, visivelmente, um dos dois grupos como vilõezinhos da história, mas não é como se eles fossem os malvadões do negócio… É apenas que a opinião deles e o jeito como eles fazem aquilo que acreditam ser o certo não fecha muito com a minha opinião pessoal. Acredito que esta seja a grande sacada da série: a divergência de opiniões. Se você gosta mais dos Vingadores, vai torcer para eles; se prefere os X-Men, vai torcer para os mutantes. O roteiro é bem construído nesse ponto e talvez seja o que dá pra salvar dessa série, acredite se quiser. Na introdução do post eu disse que o lance era desligar o cérebro e curtir a pancadaria, mas infelizmente ela fica bastante aquém do que eu esperava.
Não que não seja maneiro ver o Hulk Vermelho num quebra pau com o Colossus, o Homem de Ferro brigando com a Emma Frost e com o Magneto ou o Capitas sentando a porrada no Ciclope. O problema é que esse não parece ter sido o mote principal das páginas. Temos, sim, algumas sequências de quadros de pancadaria generalizada (com uns 10 personagens se matando ao mesmo tempo) mas isso é um pouco raro demais considerando o teor de “massaveísse” esperado para esta série. No fim das contas, a porradaria mais maneira acontece entre o Capitão e o Wolverine (que eram para ser aliados), mas é finalizada de um jeito meio tosco quando o Hank Pym mete a colher. Ao contrário do que se espera desse tipo de coisa, a ideia por trás de Vingadores vs. X-Men não é mostrar quem ganharia se eles se digladiassem, e é exatamente isso o que acontece. Ninguém morre, nenhuma luta termina com um vencedor e um perdedor, e no final todo mundo fica amiguinho de volta (quase todo mundo). A maioria das páginas é uma brincadeira de gato e rato sem sentido entre os dois grupos, pra ver quem acha a filha adotiva do Cable primeiro. Ficou devendo MUITO nesse quesito.
O traço das páginas também não me agradou muito, não. E olha que os artistas envolvidos são bem famosinhos: John Romita Jr. e Adam Kubert ilustram a maioria das páginas, mas eu vou dizer que não gostei muito disso também, não. Você tem a Emma Frost, Miss Marvel, Feiticeira Escarlate, Tempestade, Hope Summers, Vampira e até a Magia (a irmã do Colossus) e não consegue deixar NENHUMA DELAS ULTRA GOSTOSA?! Até a Feiticeira Escarlate e a Rainha Branca, que eu achei que não tinham como ser desenhadas de um jeito não-sexy, conseguiram virar a sua tia no churras de domingo… Saca só:
Abri o texto dizendo que AvX é o tipo de publicação onde você não se importa com a história. Você só quer saber quem ganha num quebra pau entre o Hulk e o Colossus ou entre o Magneto e o Homem de Ferro com preparo, entre a Feiticeira Escarlate e o Dr. Estranho ou entre o Luke Cage e a Emma Frost. Se você não tem isso, pelo menos tem umas gostosas para apreciar, não é? Pois bem: na minha humilde opinião, que pode não valer de nada, não entregaram nenhuma das duas coisas que eu achei que conseguiria lendo os 12 números desse arco.