Crítica | The Real Rocky
Chuck Wepner inspirou Sylvester Stallone em seu personagem dramático mais famoso, seja em Rocky Um Lutador, ou Rocky Balboa, bem como em Creed Nascido Para Lutar e sua continuação Creed II, além das continuações da primeira franquia, além disso, o boxer foi vivido por Liev Schreiber em Punhos de Sangue, longa de ficção igualmente elogiado e premiado. Em The Real Rocky, Jeff Feuerzeig dá a luz ao especial da ESPN Films que enfoca Wepner, como o atleta e o ícone que se tornaria famoso por motivos além de seu desempenho desportivo.
O começo do filme em si se dá em 2003, quando Chuck processa em 15 milhões Sly, pelo lançamento dos filmes Rocky em DVD. Logo após algumas falas de Stallone, se brinca com as imagens icônicas do filme de John G. Avildsen, pondo Wepner para correr de moletom cinza pela Filadélfia, com a musica clássica de corrida a vitoria.
O especial tem pouco mais de cinqüenta minutos, varia entre conversas de bar dos que conheciam a figura de Chuck, entre jornalistas do entorno de Nova Jersey, onde ocorreu a luta e onde o mesmo morava. As cenas desses momentos são sempre em preto e branco, contando com uma fotografia bem bonita, em alguns pontos faz lembrar a abordagem de Scorsese sobre Touro Indomável, que tratava do boxeador Jake La Motta.
Aqui, o que se vê é uma historia curiosa, repleta de momentos engraçados, grotescos, contados pelo próprio, que claramente tem problemas na fala. Sua historia não é só de fracassos, ele se vangloria de ter vencido o Golden Gloves, em Nova York, mas mesmo sobre a inspiração ou não em Wepner, já que até no filme, o que se vê são referencias a Rocky Marciano, que compartilha com o personagem o primeiro nome, mas segundo o advogado Tony Mango, Stallone teria pego o fato de Charlie ser capanga da máfia como parte da historia, além da corrida pelas escadarias do Museu de Arte da Filadélfia, que na vida real, consistia em uma corrida até o Hudson County Park, evento esse que era parte de treinamento do lutador para ficar em forma, tal qual com Balboa. Outro aspecto semelhante, são os frequentes problemas com os olhos inchados, então negar que havia participação de sua biografia na historia seria no mínimo desonesto.
O filme detalha muito bem as escoriações, lesões, cirurgias e a dezenas de pontos decorrentes dos golpes e pancadas que ele sofreu, inclusive a entrevista coletiva que ele deu com Muhammad Ali, que o humilhou profundamente, dizendo que o venceria sem bater em sua cabeça, só nos braços, barriga e tórax.
Chuck tinha o apelido de Sangrador de Bayonne, dado por Rosie Rosenberg, um jornalista que esta na mesa central do filme. Se dedica um bom tempo falando da luta com Ali, e é bem justo, há muita emoção na voz do biografada, e todos os bastidores, de Stallone assistindo a luta e juntando a biografia dele próprio com a de Chuck, e depois, sobre uma possível participação dele em Rocky II – A Revanche, mas sua participação foi cortada (esse trecho é até retratado em Punhos de Sangue). O final de The Real Rocky dribla a melancolia, mostra um sujeito que conseguiu se acertar com o homem que, de certa forma, o retratou para milhões de pessoas, e que verdadeiramente o fez conhecido por seu trabalho, além disso, o documentário é bem informativo e divertido, investigando bem um sujeito que inspirou muitas plateias.