Crítica | O Fantasma da Ópera (2004)
Em 2004, Joel Schumacher lançou sua versão para O Fantasma da Ópera, começando seu drama sem cores, remetendo ao clássico de 1925, de Lon Chaney. Somos apresentados ao Teatro de Ópera Popular de Paris, com os espetáculos sendo organizadas, até que o patrono do lugar, LeFevre (James Fleet), anuncia sua aposentadoria, liberando o papel para que Raoul de Ghagny (Patrick Wilson) seja o novo financiador do negócio, junto ao seu pai, Firmin (Ciarán Hinds).
Esta versão se foca bastante na trama romântica, apresentando as bailarinas, Meg Giry (Jennifer Allison) e Christine Daee (Emmy Rossum), por meio de uma conversa sobre o novo responsável pelo lugar, além da busca pelo sucesso como artistas. Quando a diva Carlotta Guidicelli (Minnie Driver) se retira, abre uma oportunidade para Christine ir ao centro do palco.
As músicas de Andrew Lloyd Webber são impecáveis, o desempenho vocal do elenco é igualmente acertado. Até Batman & Robin, lançado sete anos antes havia uma aura mais fantasiosa e colorida típica dos musicais, aqui o que se vê é uma segurança e austeridade tão desnecessárias que soam até covardes. Talvez tenha sido a crítica frequente ao diretor que não o permitiu um pouco de ousadia, optando por trabalhar numa linha mais conservadora.
Sobre o Fantasma, a maioria dos personagens é bastante consciente sobre a lenda que ronda o teatro, ao ponto de se falar abertamente sobre deixarem um camarim vazio para ele – e até mesmo um salário. Talvez o maior pecado do filme resida exatamente no papel principal, Gerard Butler tem uma presença que varia entre uma face calma e tediosa, e um lado histérico-agressivo que até faz convencer. No entanto o ator é irregular, acertando em alguns pontos, mas seu tom dramático não convence nenhum pouco.
Os acertos de Schumacher moram nas cenas de ação, a luta de espadas entre o Fantasma e Raoul é bem feita, mas o filme carece de identidade. Se comparar com versões musicais com outro diretor de filmes do Batman, Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet de Tim Burton por mais criticado que seja, tem a cara de seu cineasta, e Schumacher parece mais preocupado em trazer uma versão austera, segura e econômica. Seu filme carece de alma, nenhuma atuação sai do tom, é tudo muito higiênico, e os protagonistas masculinos são fracos.
Emy Rossum tenta salvar o filme, mas não tem força suficiente para isso. Quanto a música de Webber funcionam à perfeição, assim como todo o design de produção de Anthony Pratt. O ato final carece de verve e emoção, Wilson e Butler não repetem os bons momentos do primeiro duelo, o que é de fato uma pena, pois um musical prescinde de um final apoteótico, e aqui é bastante anticlimático. Schumacher poderia ter ter feitos escolhas melhores.