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  • VortCast 106 | Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa

    VortCast 106 | Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira | @flaviopvieira), Jackson Good (@jacksgood), Bruno Gaspar (@hecatesgaspar | @hecatesgaspar) e Filipe Pereira (@filipepereiral | @filipepereirareal) recebem Marcelo Miranda (@marcelomiranda1) para comentar sobre os erros e acertos do mais novo filme do Amigão da Vizinhança, Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa.

    Duração: 88 min.
    Edição:
     Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira
    Arte do Banner:
     Bruno Gaspar

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  • Crítica | Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa

    Crítica | Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa

    Review Homem Aranha Sem Volta Para Casa

    Havia uma grande expectativa em torno da estreia de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, por conta da possibilidade de apresentar finalmente uma versão do multiverso no cinema da Marvel e, claro, pela possibilidade da aparição de Tobey Maguire e Andrew Garfield. Esta terceira parte conduzida por Jon Watts começa no momento final de Homem-Aranha: Longe de Casa, onde o vilão Mysterio revela a identidade do herói.

    O ponto de partida do filme é o caos total, causado pela revelação do vilão, e a opinião pública se divide em relação à culpa do Aranha nesse caso. Pela primeira vez o personagem do UCM parece ter dificuldades tangíveis. Em Homem-Aranha: De Volta ao Lar ele passa a maior parte da história sob a tutela de Tony Stark, como se fosse um trainee de herói, e não o mais popular personagem de histórias em quadrinhos da Marvel Comics.

    Os  roteiros dos filmes da Marvel normalmente não são primorosos, não é raro perceber uma reciclagem de conceitos, com um ou outro vilão clássico representado no cinema em uma aventura genérica e presa a fórmula, tendo como diferencial as cenas pós créditos, que por sua vez, geram a expectativa de que a próxima produção será épica. Sem Volta Para Casa acaba tropeçando em alguns desses problemas, mas se diferencia pelo modo emocional com que é levado. Dessa vez, há vilões realmente perigosos, assassinos sádicos, não versões “água-com-açúcar”.

    O Peter de Tom Holland não tem um código moral bem estabelecido até essa historia, o caráter dele é posto à prova de maneira bem mais explícita, e sem a diluição de ter a responsabilidade dividida com outros heróis, como foi nos filmes anteriores e Guerra Infinita. Pela primeira vez nessa encarnação há peso em suas atitudes. Suas reflexões se dão sem interferência de personagens externos ao seu universo, ele sozinho se dá conta disso. Essas questões emancipatórias e de amadurecimento são bem observadas, mas não se descuida dos momentos de ação típicas de aventuras de super-heróis de quadrinhos.

    A ação do filme é frenética, e Watts resgata boa parte dos melhores momentos do herói na grande tela, inclusive emulando cenas clássicas dos filmes de Marc Webb e Sam Raimi. As lutas são ótimas, sobretudo o embate contra o Dr. Octopus de Alfred Molina. Os efeitos em computação gráfica também tiveram um upgrade, tanto nas lutas quanto no rejuvenescimento do elenco veterano de vilões que, aliás, são tão presentes aqui que faz perguntar se a intenção não era a de referenciar o malfadado filme do Sexteto Sinistro que jamais saiu do papel.

    A produção trabalhou bastante para guardar seus segredos, tanto que na exibição para imprensa havia um pedido do elenco para que não houvesse spoilers de modo algum. Ainda assim, mesmo sem falar dos rumos que o roteiro toma, é possível afirmar que a versão amaldiçoada do herói está bastante presente, assim como o fardo de carregar o mundo de responsabilidades em suas costas. Em vários pontos o desempenho dramático de Holland é exigido, e ele simplesmente não decepciona. Outras figuras como Zendaya e Marisa Tomei também tem grandes aparições e ajudam o protagonista a brilhar, certamente seu papel não seria tão elogiado se ambas não estivessem tão afiadas quanto ele.

    Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa é de fato um filme que busca romper com o céu de brigadeiro que ocorria nas aventuras dessa versão do Aranha. Logicamente, ainda existem algumas conveniências e pieguices, algo bastante recorrente em suas histórias em quadrinhos. De qualquer modo, finalmente a essência de quem é Peter Parker é contemplada, e honra o ideal que Steve Ditko e Stan Lee pensaram para o seu personagem mais famoso.

  • Crítica | Duna

    Crítica | Duna

    Minhas expectativas para Duna estavam em xeque, não li a série de livros do Frank Herbert, tampouco sou um admirador da adaptação cinematográfica de 1984. Não tenho qualquer valor afetivo pelo material, aliás, não tinha, pois o novo longa de Denis Villeneuve me deixou esfaimado por mais. Isso seria bom se o próximo filme já estivesse confirmado, mas é uma estratégia arriscada quando a progressão da história depende de seu sucesso financeiro. Duna (que começa com o subtítulo parte um) é maravilhoso, mas perde o sentido se não tivermos direito a uma continuação.

    Não vejo problema em dividir uma obra em duas ou três partes, mas é preciso uma cautela narrativa em relação à codependência das histórias, pois cada filme precisa funcionar individualmente. Peguemos como exemplo o final de Kill Bill: Volume 1. Todos sabemos que a jornada da personagem de Uma Thurman não acabou, ela quer matar Bill, e precisaremos de mais um filme para isso. Funciona porque a épica batalha contra os crazy 88, e o confronto com O-Ren Isshii dão ao espectador algum senso de desfecho, pelo menos a nível estrutural. A história vai continuar, mas o filme tem um ato final, e isso não acontece com Duna, que abruptamente acaba.

    Nosso protagonista é um jovem duque que vem lidando com sonhos premonitórios, super poderes de persuasão, e que pode ou não ser “o escolhido” de acordo a uma profecia. Ele acompanha seu pai até ao planeta Arrakis (Duna), que possui a cobiçada substância “spice” (funciona basicamente como magia), além de minhocas gigantes e areia. O que segue é um drama político sci-fi grandioso que me fez coçar a cabeça lá e cá. Muitos conceitos são tangencialmente abordados, gestos ou menções que presumem um conhecimento que pode desorientar a quem está explorando esse universo pela primeira vez. Da iconografia meticulosamente criada, às diretrizes culturais do figurino, à fantástica e plausível mitologia, há tanto para explorar aqui que me senti um pouco extraviado, mas não a ponto de perder o foco do conflito central que, como sempre, é motivado pela fortuna (invasão de um planeta para extração um recurso precioso, yada yada yada…).

    Villeneuve não gosta de economizar planos, é um diretor paciente, que exige o mesmo do seu público, e o recompensa com incansáveis ostentações composicionais. É como se ele competisse com ele mesmo a cada corte pelo melhor ângulo, pelo enquadramento perfeito, pela simetria sublime, e ele costuma vencer. Pra melhorar, ele tem Hans Zimmer fazendo a música, que cria um climão de guerra com a percussão (a cinematografia ajuda a compor essa atmosfera, e notam-se as homenagens a clássicos como Apocalypse Now e Lawrence da Arábia). Há uma ou outra batida onde a melodia quis me levar na marra, mas é uma trilha lamuriosa e ao mesmo tempo berrante. A gaita de fole não rolou pra mim, mas lembrei de Coração Valente, então ficou tudo bem.

    Tudo é desbundante em Duna, mesmo sendo todo cinza ou bege. Tecnicamente o filme é perfeito, mas a eutimia narrativa do diretor continua sendo um gosto adquirido. Se Blade Runner 2049 te pôs pra dormir, aqui provavelmente não será diferente. E não é um estilo que favorece as sequências de ação, que apesar de muito vistosas, precisavam de uma energia que quebrasse a melancolia subjacente. As minhoconas, por exemplo, prometem mais do que cumprem.

    Os efeitos visuais são perfeitamente integrados aos práticos, a criação de mundo é um barato (adorei os helicópteros insectóides), e eu preciso enaltecer o simples e eficiente uso do escudo com o contraste azul x vermelho, e como é satisfatório vê-lo no lugar daquela aberração de 84.

    Timothée Chalamet tem carisma de sobra. Ele se porta exatamente como um duque em construção, deixando transparecer a insegurança de quem carrega uma série de incertezas. E o diretor sabe que ele é um fofo, abusando dos close-ups do nosso herói contemplando sobre a vida com seu cabelo formidável. Rebecca Ferguson tem uma intensidade fortíssima nos olhos, o elemento de sua angústia materna é responsável pelas cenas mais emocionalmente carregadas do filme. A comunicação dela com o filho é bem trabalhada, e as camadas da dinâmica desse relacionamento estão apenas começando a cair. Oscar Isaac não atrapalha, mas não parece completamente confortável com o personagem. Ainda assim, uma de suas cenas certamente será lembrada. Jason Momoa tem uma das piadas do filme, é engraçadinha. Ele traz uma energia necessária ao ritmo remansoso, e sua ausência é frequentemente sentida. A outra piada é do Javier Bardem, ele não tem muito mais pra fazer, mas a cena é, de novo, engraçadinha. Há uma baixa dose de humor aqui, suficiente para pequenas descontrações sem afetar o tom austero predominante. A personagem de Sharon Duncan-Brewster é subdesenvolvida, Josh Brolin funciona (seus diálogos não ajudam), e Dave Bautista não. Ele não parece ter um lugar nesse universo, é apenas um bruto que é grandão porque sim, e a cena em que ele precisa demonstrar indignação é difícil de assistir. Stellan Skarsgård faz um vilão excepcionalmente grotesco e genuinamente ameaçador. Quero distância total desse cara, eca! Zendaya está no filme para soltar um trocadilho bem bolado e estimular o público com a possibilidade de mais tempo com sua presença celeste no filme seguinte.

    Duna pode parecer derivado, mas é justamente o contrário. O material fonte é tão influente que se tornou vítima das futuras criações que inspirou. Quando vi o elemento da Voz, lembrei imediatamente de Obi-Wan Kenobi usando a Força em 77, e não me pareceu justo. Mad Max, Alien, Blade Runner… muitos clássicos beberam alguma dose dessa fonte, preciso criar vergonha na cara e ler o primeiro livro.

    Nota: 8.9

  • Crítica | Homem-Aranha: Longe de Casa

    Crítica | Homem-Aranha: Longe de Casa

    O 23º filme do universo compartilhado da Marvel começa no Novo México, mostrando alguns personagens lidando com uma nova figura, Quentin Beck (Jake Gylenhaal), que encarna um vigilante chamado Mysterio. Isso ocorre antes mesmo do logo da Marvel aparecer em tela, e demonstra que a prioridade de Homem-Aranha: Longe de Casa não é exatamente mostrar uma aventura do Cabeça de Teia, e sim prosseguir com a cinessérie iniciada no primeiro Homem de Ferro. Ao menos, Jon Watts conseguiu encaixar uma montagem engraçadíssima, repercutindo e resumindo os acontecimentos pós Vingadores: Ultimato, falando sobre as perdas e sobre os que retornaram após cinco anos.

    O filme busca ser um desafogo, a bonança pós-tempestade, com a escola levando seus alunos para uma viagem pela Europa, onde convenientemente Beck está, e onde ocorrerão ataques massivos. Para o leitor mais atento, nesses momentos há boas referências a sagas e a personagens  secundários, como aos vilões Homem-Hídrico, Magma e até a micro saga Crise de Identidade, quando Parker larga o manto do Aranha e passa a agir com outras alcunhas e uniformes.

    A realidade é que o Cabeça de Teia sempre foi um herói mundano, a classificação de Amigão da Vizinhança transparece isso, mas a realidade que lhe cabe é outra neste universo do cinema, e isso também não é novidade diante do cânone nos quadrinhos. Uma das fases mais aclamadas do herói foi em Guerras Secretas quando ele fez uso da roupa preta que daria origem ao Venom, mas aqui ele quer ser só um adolescente, que busca dar vazão ao seu amor pela MJ de Zendaya, que aliás está muito bem, embora esse interesse mútuo entre ambos tenha sido bem pouco desenvolvido no primeiro filme e se assuma como algo fundamental e que sempre existiu. Talvez o fato dos dois terem sido desintegrados tenha feito a urgência aumentar, mas MJ sequer apareceu no ultimo Vingadores.

    O tom de humor aumentou bastante e o elenco de “adolescentes” parece estar mais solto, embora o Ned de Jacob Batalon aparente ter envelhecido cinco anos. No entanto, esse grau de comédia influencia até o ritmo do longa, que faz questão de repetir muitas vezes as piadas, tornando ele mais jocoso e infantil até que o recente Shazam, que é assumidamente um filme para crianças.  Certamente o filme não precisava interromper tanto sua história só para fazer troça, soando forçado na maioria das vezes.

    O outro defeito terrível é que Peter não parece ter aprendido nada com as outras aventuras que sofreu. Mesmo sendo experimentado ele é muito mais engraçado como adolescente estudante do que como herói, ao utilizar o uniforme, ele trava e não é nada desenvolto e a todo momento parece não estar a vontade. Ora, ele enfrentou criaturas espaciais milenares, inclusive carregou a Manopla do Destino, mas ele não digeriu nada disto, ao contrário. Levando isso em conta, o fato dele tirar a máscara a todo momento nem irrita tanto, mesmo que fira bastante a ideia por trás do personagem. Se ele deixou de ser o garoto sem dinheiro, que passava necessidade e precisava ralar para ser um dos herdeiros de Tony Stark.

    Em Homem-Aranha: De Volta Ao Lar se entende ele precisar de um mentor – ainda que o Homem de Ferro ocupar esse papel não faça quase nenhum sentido, já que ele nunca foi uma bússola moral – mas Longe de Casa não precisa se fundamentar tanto na instabilidade do herói, que recusa o fardo o tempo inteiro. Também não há muito sentido em manter a incógnita em relação a Mysterio não engana qualquer pessoa que tenha lido mais que 5 gibis do Aranha, a abordagem é obvia e extremamente expositiva, embora Gylenhaal faça salvar um bocado.

    O elenco de apoio funciona bem, em especial Jon Favreau e Zendaya, que tem bastante bons momentos.  Tom Holland claramente merecia ter um roteiro melhor, pois ele faz um Peter Parker interessante e inteligente, mas o filme exagera no caráter episódico,  é divertido mas não parece ter muita alma, mesmo as piadas boas são deslocadas, diante disso o romance dos protagonista parece sem força e o drama soa fraco e totalmente deslocado. O Homem Aranha de Jon Watts não é nem o Amigão da Vizinhança de Stan Lee e Steve Ditko, nem o Homem-Aranha do Sam Raimi, nem o dos desenhos e nem o introduzido em Capitão America: Guerra Civil, Vingadores: Guerra Infinita e Ultimato, e sim uma paródia de todos esses,  uma amálgama de bons e péssimos elementos, com piores momentos dentro desse  cerne, sendo mais uma vez refém da figura do mentor mesmo que ele não seja mais vivo, além do que tudo que toca a responsabilidade de Stark para com ele mostre uma nada sábia escolha de entregar nas mãos de um rapaz um sistema de monitoramento mundial, em mais uma demonstração de fragilidade no que foi pensado pelos roteiristas deste Longe de Casa e do futuro da Marvel nos cinemas.

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  • Crítica | O Rei do Show

    Crítica | O Rei do Show

    A principal pergunta a respeito de P.T. Barnum é se ele é um trambiqueiro ou um visionário. O Rei do Show se dedica a responder essas perguntas além de fazer uma ode à arte circense, baseando-se na história por trás do homem que aparentemente criou o conceito de show business. O personagem principal é mostrado ainda novo, em uma infância humilde, se apaixonando pela moça que seria a mãe de seus filhos. Na idade adulta, Barnum passa a ser interpretado por Hugh Jackman – novamente muito inspirado -, enquanto sua esposa, Charity Barnum, tem como intérprete Michelle Williams.

    O musical do diretor estreante Michael Gracey, valoriza o consumo de arte popular através da jornada de Barnum rumo ao autoconhecimento e ao estrelato, primeiro mostrando sua busca por pessoas incomuns para o seu show, depois ao revelar seu desprezo pela crítica especializada, que sempre considera seus números de mal gosto, basicamente por aparentarem vulgaridade.

    O roteiro e as músicas remetem a uma inclusão do diferente e quase todos os personagens exalam isso, mesmo os “bem-nascidos”, como Phillip Carlyle, de Zac Effron, um garoto de família tradicional que se junta ao tal circo, ainda que sua reputação esteja a beira da falência ao aceitar tal coisa. Nesse ponto a história é esquemática, mas mesmo nessas apelações ela acerta em tons de drama, especialmente no que tange a participação de Zendaya, como a acrobata Anne Wheeler, sendo ela a responsável pelo melhor desempenho físico do filme inteiro.

    Talvez a questão mais discutível do filme inteiro seja as curvas que Barnum. Ele se aventura por outras formas de shows, ao lado da cantora de ópera Jenny Lind (Rebecca Ferguson), basicamente por que vê nela uma oportunidade de ascensão. Após alguns fracassos, ele volta arrependido e não há reprimenda, isso soa um pouco inverossímil. O protagonista precisa passar por vários clichês de fracasso e redenção para perceber que a felicidade estava ali ao lado.

    Ao final se percebe que as condições de trambiqueiro e visionário não se anulam, ao contrário, se complementam para formar de fato a figura de um sujeito que enxerga muito além do entretenimento atual, alguém que está à frente do seu tempo e que ainda assim tem muitíssimas falhas. As histórias adocicadas e otimistas são as mais fáceis de digerir e de se apresentar e nem por isso são mais pobres, e até na defesa desse tipo de conto, O Rei do Show acerta em cheio, por ser carregado de significados, repleto de nuances e discussões adultas.

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  • Crítica | Homem-Aranha: De Volta Ao Lar

    Crítica | Homem-Aranha: De Volta Ao Lar

    A terceira tentativa de contar a história do cabeça de teia começa com uma pequena introdução de seu antagonista, Adrian Toomes (Michael Keaton). Sua intimidade é mostrada como a rotina de um homem comum, um sujeito de meia-idade que investe dinheiro se especializando na coleta de artefatos alienígenas pela Nova York  após a invasão chitauri ocorrida em Os Vingadores, no entanto, acaba impedido pelas autoridades de continuar seus trabalhos. A crise e o capitalismo motivam a ganância do homem que usaria os esforços de seus empregados para formar uma gangue que cometeria alguns pequenos delitos, que se agravam com o decorrer de mais de duas horas de filme.

    Após uma introdução ao estilo mockumentary, se estabelece que Peter Parker (Tom Holland) ficaria a disposição de Tony Stark (Robert Downey Jr.), fingindo ter um estágio com o magnata, mas na realidade tendo contato direto apenas com o motorista Happy Hogan (John Fraveau), responsável pela mudança da mansão dos Vingadores para o outro lado da cidade.

    Haviam dois grandes receios em relação a este novo Homem-Aranha, e em ambos os erros não são completamente bem resolvidos. O primeiro medo geral é que fosse esse mais um filme de origem genérico, como foi o primeiro Homem de Ferro, Homem-Formiga e Doutor Estranho, e nesse ponto, o filme de Jon Watts ganha um pouco em originalidade, já que a referência principal não são os filmes da Marvel, e sim as comédias oitentistas ao estilo do que John Hughes escreveu e produziu. No entanto, fora dessa estética, não há espaços para grandes surpresas.

    O outro aspecto de preocupação era que esse fosse mais um filme onde Stark seria super explorado, como havia ocorrido em Capitão América: Guerra Civil, e apesar do ator não ter tanto tempo de tela, seu personagem é utilizado como muleta emocional inúmeras vezes, ao ponto de deixar o público exausto diante de tantas situações  óbvias e previsíveis.

    Watts é um diretor que até então havia feito trabalhos mais independentes, sem um grande estúdio interferindo como certamente Kevin Feige e outros produtores fizeram neste longa. A Viatura (Cop Car) e Clown foram ótimas surpresas, mas o repertório do diretor em seus trabalhos anteriores é pouco utilizado aqui, fato semelhante ao que ocorreu com Louis Leterrier, em Incrível Hulk, e Gavin Hood, em X-Men Origens: Wolverine, claro, excluindo o montante de equívocos que foram ambos os filmes. A capacidade de trazer um filme bem resolvido esbarra num defeito de não se ousar em quase nada.

    A esperança de risos fáceis repousou no núcleo adolescente. Holland não faz feio, reprisando os bons momentos do último filme do Capitão América, e seu melhor amigo, Ned (Jacob Batalon) também é um bom personagem, mas o restante é completamente dispensável, desde o interesse amoroso do herói, Liz (Laura Harrier), até a amiga Michelle (Zendaya) e o bully latino Flash Thompson (Tony Revolori). A tentativa de emular um Clube dos Cinco chega a ser irritante pelo conteúdo e espírito, sem reprisar a rebeldia adolescente presente no clássico.

    No que diz respeito as ações do Abutre, se mostra o ponto alto do texto, mas infelizmente soa sub-aproveitado para mais uma vez dar vazão a tramas bobas, como as questões juvenis de Peter, as preocupações da bela Tia May (Marisa Tomei) ou as tentativas de agradar o Homem de Ferro. Keaton faz o que pôde em tela, mas mesmo suas pequenas ações são quebradas por interferências dos heróis mais graúdos, com o livre uso do artificio do Deus Ex Machina. O excesso de moralismo barato só não irrita mais do que a capacidade que a história tem de banalizar perdas, uma vez que até as pequenas bombas que são expostas causam estragos mínimos, mesmo sendo de um material alienígena de força e origem desconhecidos.

    É irônico e curioso que não haja qualquer sacrifício ou perda significativa exatamente no filme de herói que mais se exigiria isto, já que o Homem-Aranha apesar de ser um personagem irônico e popular, carrega também um destino cheio de lições e tragédias típicas do homem comum. Nesse ponto, Homem-Aranha: De Volta ao Lar soa frio e genérico demais, reduzindo o ideal do vigilante criado por Stan Lee e Steve Ditko a um mero promoter de material de merchandising, com pouca alma e espirituosidade e muitas frases feitas, gírias e situações clichês, que servem mais para abastecer a necessidade de fan service do que a contar uma boa história em si. O avanço em relação aos filmes de Marc Webb – em especial O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro – é grande, mas ainda assim muito pouco para a expectativa criada em torno do amigo da vizinhança.

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