Resenha | X-Men: Garotas em Fuga
Sempre achei os heróis e arcos da Marvel um tanto “adolescentes demais”, por isso o fraco interesse pelo selo. Só que uma vez ou outra a editora lança algo que me chama a atenção. A mais recente foi com a revista X-Men – Garotas em Fuga. A quantidade de curvas e cenas sensuais é tão grande que fui obrigado a ler e comentar sobre essa obra fora dos padrões Marvel de ser.
A descoberta de Garotas em Fuga se deu meio que por acaso, estava eu matando tempo em uma banca de jornal e a vi jogado num canto com algumas publicações que também saíram esse mês. Eu já tinha lido algo sobre a HQ e mesmo com o nome do Milo Manara, não me interessei muito. Acabei folheando algumas páginas e descobri que se não comprasse a revista, provavelmente me sentiria frustrado. Li a hq em menos de meia hora e durante o trabalho, o que não é muito aconselhável, porém o conteúdo contido naquelas páginas foi o suficiente para me alegrar e fazer valer o 15 reais pagos.
A história tem aquele jeitão “X-Men de ser”, nela vemos um time de mutantes montados apenas pelas representantes femininas do Instituto Xavier Para Estudos Avançados. Vampira, Garota Marvel (Rachel Summers-gray), Psylock, Lince Negra e Tempestade saem para tirar férias na recém adquirida casa de praia que Anne (Vampira) herdou de sua família. O legal é que não é uma simples casa de praia e sim uma mega mansão numa ilha no meio do Mar Mediterrâneo, porém, como a própria Kitty (Lince Negra) diz durante toda a HQ, nada é fácil quando estamos falando sobre os X-men. A viagem acaba sendo interrompida quando a Garota Marvel é sequestrada por um homem que supostamente a estava paquerando. Os eventos consecutivos estão dentro de um tempo surreal onde o grupo sai em resgate a sua companheira que se encontra no meio da fictícia ilha de Madripoor e terminam num final totalmente “festivo”.
O fato é que, apesar de bem construído e bem terminado, o roteiro tem alguns elementos persistentes no que diz respeito ao universo Marvel. Boa parte das motivações não são críveis, nem mesmo para o mundo dos quadrinhos, assim como os diálogos entre as personagens tem aquela pretensão de serem “reais”, criando um efeito de falsificação do comportamento. Quem está acostumado com o existencialismo e discussões subliminares sobre preconceito, tão característicos das revistas referentes ao mundo X-men, talvez não consiga ver essa história como um componente da linha cronológica dos heróis. O que posso fazer é comentar que esses elementos só se tornam aceitáveis, porque a arte caiu como uma luva. Por falar em arte, é necessário um parágrafo inteiro para falar sobre a magia presente nos desenhos de Milo Manara.
Só o Manara poderia fazer as x-girls extremamente gostosas, mas sem ficarem vulgares ou cômicas. O autor é conhecido como o criador do que podemos chamar de softporn e não estou me referindo só aos quadrinhos, logo, o tratamento dado ao time feminino das mutantes não poderia ser diferente. O primeiro traço marcante é que os uniformes são deixados de lado a fim de que as meninas mostrem seus corpos delineados em roupas curtas e que expressem suas essências. Nesse nível Manara vai criando cenas onde a sensualidade possa ser explorada de uma forma totalmente inserida no mesmo conceito de suas obras autorais (Clic e Borgia). O resultado dessa mistura são heroínas lindas e mortais.
Felizmente encontrei a HQ num dia onde tinha dinheiro no bolso. Acredito que o preço sugerido de 14,50 pode ser “salgado” para algumas pessoas. Pensar que você estará adquirindo uma obra com as ilustrações do Manara, pode ser de grande ajuda e sim, o conteúdo final da revista vale o seu preço e se paga automaticamente no momento da leitura e apreciação das ilustrações.
A revista foi editada pela Marvel e publicada aqui no Brasil pela Panini, tem 63 páginas de história e um material adicional explicando o processo de criação do roteirista Chris Claremont e do próprio Manara. Um ótimo presente de natal.
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Texto de autoria de Breno C. Souza.