Resenha | O Velho e o Mar – Ernest Hemingway
Dura tarefa essa de resenhar Ernest Hemingway, um Nobel de literatura de quem li apenas uma obra, essa que resenho nesse momento. Mas é assim que a banda toca, e como ele mesmo diz: o homem pode ser destruído, mas nunca derrotado. O velho e o Mar é um romance curto, com algo perto de 120 páginas de letras grandes e ilustrações. E, ainda assim, com o poder de ativar sentimentos profundos e primordiais em todos nós.
A história é a do velho pescador Santiago, que está numa maré de azar, há 84 dias sem pescar nada. O único que ainda o incentiva e tem confiança nele é o seu jovem amigo Manolim, que aprendeu a pescar com Santiago,e trabalhava com ele, mas durante a maré de azar do velho foi obrigado pelo pai a trabalhar com outro pescador.
Assim, no 85º dia, Santiago consegue finalmente pescar o seu peixe, um peixe descomunal: ele nunca sequer havia visto um tão grande, quem dirá pescá-lo. E segue-se daí a saga do velho no mar, por vários dias e em sua batalha pessoal contra o peixe e, de certa forma, contra si mesmo.
O velho e o mar tem uma escrita dura, estanque, sem floreios; é possível imaginar o autor vertendo o texto em sua Royal, no menor número de toques possível e, ao fazê-lo, mantendo ainda toda a expressão e tudo a que tem a dizer com a sua simples história, terá algo perfeito.
Esse livro trata-se muito menos de uma história de um simples pescador e mais sobre metáforas abrangendo o orgulho, capacidade e a luta entre o homem e a “natureza” – entre aspas, pois é a representatividade do meio a que o homem pertence. Entre a fina camada que os separa entre a sobrevivência e sanidade, e a destruição mútua.
O velho Santiago, ao pescar e agarrar-se àquele peixe, que de certa forma representa a sua esperança e a virada de sorte, se despe de qualquer orgulho e está disposto a levar a cabo a situação até o fim, como ele próprio repete diversas vezes: a batalha só terminará com a morte de um dos dois. Nessa busca por alguma vitória, se é que ela existe, acompanhamos a destruição do velho, seus arrependimentos, coisas que ele se dá conta de que poderiam ter sido diferentes.
A bem da verdade, é um livro que, apesar de tratar de temas universais para nós, provavelmente adquirirá um tom pessoal para cada um dos leitores e, além disso, para cada um dos momentos em que a pessoa escolher absorver mais um pedacinho dessa obra.
Com uma leitura que deve girar por volta de duas horas, O velho e o mar é uma leitura obrigatória e das mais brilhantes, concisas e precisas obras que tive o prazer de desfrutar, uma história que não se trata apenas dela própria, mas do que se sente e do que se absorve dela; e que nos faz lembrar que as grandes aventuras precisam ser grandes apenas para aqueles que as vivem, afinal, é tudo que temos.