Tag: Terror

  • Crítica | Canibais

    Crítica | Canibais

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    A última pérola de Eli Roth, Canibais ( do original The Green Inferno), faz uma homenagem justa e muito fiel às fitas italianas de canibais, pautados numa realidade fantasiosa e absurdamente preconceituosa dos hábitos indígenas do lado de baixo da Linha do Equador. Sem realizar um filme há bastante tempo – o último, O Albergue: Parte II, havia sido registrado em 2007 – excetuando, claro, o segmento O Orgulho da Nação, em Bastardos Inglórios, o realizador demonstra que ainda possui uma mão forte para registrar o sadismo e a ferocidade inerentes e inexoráveis à existência humana.

    O roteiro escrito pelo próprio diretor em conjunto com Guilermo Amoedo (Aftershock, Que Pena tu Familia), mostra um bando de jovens idiotas e suas motivações batidas, quase todas voltadas para sexo com uma falsa capa de preocupação social. A história acompanha Justine, interpretada por Lorenza Izzo, uma menina bonita, rica, filha de um representante da ONU, que se aproxima de um grupo de ativistas por simpatizar com a figura de seu líder, Alejandro, Ariel Levy. A motivação banal cobra o seu preço e logo ela se vê viajando até o Peru para defender uma tribo indígena da extinção, acompanhada é claro por um grupo de jovens tão alienados quanto ela, com direito a estereótipos raciais e arquétipos toscamente construídos – tudo é feito sem razão aparente e zero motivação lógica, exatamente como os filmes trashs que o cineasta tenciona homenagear.

    O grupo que tenta levar a civilização americana aos pobres latinos não fica impune e tem seu avião abatido, aparentemente por acidente, caindo na selva amazônica. O show de xenofobia se agrava, mostrando os nativos como seres sem escrúpulos, primitivos, religiosos e claro, canibais. O show de goire é muito bem registrado, o elenco de desconhecidos é maltratado, dilacerado, decepado, tem seus órgão vitais postos a mostra, membros cortados ainda vivos e mais um sem número de barbaridades que tornam a fita incomodamente hilária para quem tem estômago fraco, mas que constitui um verdadeiro deleite para o cinema de mal gosto.

    Eli Roth mostra muita evolução na maneira de filmar, desde as cenas de tortura lancinante, até os registros no interior do avião com a gravidade em estágios anormais, numa “belíssima” cena de vômito em que os fluidos tomam a direção vertical a norte – sensacional, além, é claro, de brincar com a visão tosca do estadunidense médio sobre os perigos estrangeiros, tema abordado antes em seu Hostel. A câmera na mão emula a sua referência óbvia aos mockumentaries como Canibal Holocausto, não que isso seja um demérito, visto que sua habilidade de registro é primoroso.

    Se há alguma inteligência no roteiro, esta se esconde atrás dos diálogos absurdamente engraçados, em especial os de Alejandro, que revela a real intenção do ato rebelde como uma encenação para desviar os olhos da mídia do trabalho de seus contratantes. O mais tresloucado e sem noção do grupo – que em determinado momento se masturba na jaula para aliviar a tensão, claro recebendo a reprimenda de seus colegas – é por incrível que pareça o mais lúcido, ao dizer “Acha que o governo não sabia de 9/11, ou que ele combate o tráfico de drogas? Bons e maus são farinha do mesmo saco!

    A tribo de Yajes é um show a parte. Suas mulheres são recatadas e cobrem seus seios, mesmo que nenhuma seja esteticamente apetitosa, aliás, a única crítica negativa a obra é a quase que completa ausência de nudez. Como já era de se esperar, os jovens vão morrendo um a um, até que só sobre a protagonista, que em seu relato final exime os nativos da culpa, negando que eles sejam canibais, para no final, ela enxergar nos seus colegas de faculdade, camisas com a foto de Alejandro, seu nêmesis, como uma inspiração a la Che Guevara. Eli Roth mostra que está em sua melhor forma, trazendo o melhor produto de sua pequena porém relevante filmografia, superior até mesmo a Cabana do Inferno. Canibais é uma ode ao cinema exploitation, além de consistir num dos filmes mais engraçados de 2013.

  • Crítica | A Centopeia Humana 2

    Crítica | A Centopeia Humana 2

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    Quem já assistiu ao primeiro filme, visitava comunidades estranhas no Orkut ou navegava por sites de bizarrices, sabe do que eu estou falando. Você pode não ter visto, mas com certeza já ouviu falar a respeito desse filme. E se não ouviu, vou dar uma resumida no primeiro, só pra sentir o drama:

    Duas garotas americanas em uma viagem pela Alemanha quando o carro quebra em uma noite escura no bosque. Elas procuram por ajuda e encontram uma casa isolada. O médico de meia-idade dono da casa se identifica como um cirurgião especializado em separar irmãos siameses. No dia seguinte, elas acordam amarradas em um hospital improvisado em um porão junto com um japonês. O sinistro doutor planeja ser a primeira pessoa a conectar pessoas pelo sistema gástrico (pra quem não imagina é ânus na boca e boca no ânus), trazendo assim a fantasia de sua vida a realidade: a centopeia humana.

    Detalhe que antes de realizar o “experimento” com humanos, o doutor fez com seus 3 cachorros pra ver se a teoria poderia ser posta em prática, e infelizmente deu. O filme todo gira na preparação pra grande cirurgia (diga-se que 60% do filme é isso), e depois de preparados, todos os cortes minuciosamente calculados, o doutor põe a mão na massa e vai grudando a galera. Feito a cirurgia, o resto do filme é apenas a aventura do doutor com seu novo bichinho de estimação (falei bichinho de estimação por que ele tenta adestrar os 3 como se fossem cachorros). Mas é claro que eu não vou contar o final de como essa bizarrice termina, se vocês estiverem curiosos pra saber se alguém morre, se alguém sobrevive, se acontece uma convivência pacífica entre eles, fiquem a vontade pra enfrente 1h45 de pura mentalidade imbecil, ou google it.

    No final de Centopeia Humana 1, não fica margem para continuação. Não pelo menos com o mesmo tema. Então tiveram a brilhante ideia de fazer um segundo filme, contando a história de um cara (COMPLETAMENTE) perturbado mentalmente que assiste ao primeiro filme e acha que pode fazer igual e fazer melhor, não com 3 mas com 12 pessoas.

    Eu, como já estou acostumada com essas coisas (mentira), resolvi assistir por que a curiosidade sempre fala mais alto.

    Centopeia 2 conta a história de um homem que se torna sexualmente obcecado pelo DVD do primeiro filme e imagina colocar a ideia da centopeia humana em prática. Diferente do primeiro filme, a sequência apresenta imagens gráficas de violência sexual, defecação forçada e mutilação; e o espectador assiste da perspectiva do protagonista. No primeiro longa, a ideia da centopeia era apresentada como um experimento de um cientista louco e com o foco nas tentativas de fuga das vítimas, mas esta sequência apresenta a centopeia como objeto da fantasia sexual distorcida do protagonista.

    Sinceramente, eu nem sei por qual bizarrice começar. Mas vamos pelo protagonista por que por mais que tenha cenas nojentas, violência pra cacete, e toda aquela parte da preparação de corpos e tal, ele SEM DÚVIDA foi o que mais me assustou.

    Martin (Laurence R. Harvey) é um britânico meio anão (ao meu ver), gordo (que adora ficar nu), asmático, não fala meia palavra no filme, doente mental e aparenta ter uns 40 anos. Mora em um pequeno apartamento com sua mãe que também, cá entre nós, não é das mais normais não. Ele foi abusado sexualmente pelo pai quando era um bebê, foi abusado pelo seu psiquiatra e se não bastasse tudo isso ele ainda é obrigado a ouvir de sua mãe todo santo dia, que o pai dele está na cadeia por sua culpa. Ele trabalha como vigia noturno em um estacionamento, e ao assistir o primeiro filme ele fica simplesmente fascinado com a história toda e resolver fazer igual (além de se masturbar com uma lixa. Sim, aquelas lixas de parede).

    Então ele começa a sequestrar as pessoas que voltam de madrugada para buscar o carro no estacionamento e VÁRIOS furos no roteiro vão brotando:

    – 1º ato falho: como é que somem 12 pessoas misteriosamente de um lugar e ninguém vai atrás pra saber o que está acontecendo? Ninguém pega uma filmagem? Oi?

    – 2º ato falho: ele pega um casal que está com uma criança. Ele leva só o casal para o cativeiro e salva a criança. A criança simplesmente some de cena.

    – 3º ato falho: pelas minhas contas, o pessoal ficou pelo menos 3 dias em cativeiro. Todos com ferimento na cabeça, todos baleados, todos perdendo sangue, todos sem comer, todos sem beber. E mesmo assim, toda vez que o Martin entra no recinto, eles arrancam energia sabe lá Deus de onde pra se sacudir freneticamente.

    – 4º ato falho: Martin não é doutor como o cara do primeiro filme. Ele não tem objetos cirúrgicos e quartos limpos. Então ele resolve realizar o procedimento usando um grampeador de escritório mesmo (além de usar laxante pra fazer a “comida” fluir mais rápido, oh que beleza). Pensando nisso, qual a chance de sobrevivência considerando o fato de que está todo mundo jogado em um porão abandonado, imundo e cheios de ferimentos? Bem baixa.

    Momento WTF: tinha uma grávida que ele sequestra no porão e ela se finge de morta. Ela começa a dar à luz quando ele tá colando todo mundo. Então ela simplesmente sai correndo, entra em um carro que está do lado de fora E O BEBE SAI NATURALMENTE. Ela pega e tenta protege-lo? R: não. Ele cai no chão e quando ela acelera o carro pra fugir, acaba esmagando a cabeça da criança. (?????)

    Filme de tortura sempre rolou no mercado. Um exemplo de “sucesso”, foi Jogos Mortais (que embora tivesse uma história por trás de toda carnificina gratuita, todos já estavam cansados após o 3º filme). Agora A Centopeia Humana, nada explica terem feito um filme desse. Não tem diálogos, não tem boas imagens, não tem nada. É pura tortura. Tão ruim que chega a ser engraçado. E isso por que eu vi a versão censurada (foi proibido em diversos países, e não encontrei a versão original de jeito nenhum). Se a curiosidade fala mais alto com você (do mesmo jeito que ela fala comigo) fique tranquilo e assista. O filme inteiro é em preto e branco, o que diminui e MUITO a sensação de mal-estar diante das cenas mais pesadas. Prepare-se para um final estilo WTF?, e por favor evite assistir antes ou após as refeições.

    Texto de autoria de Larissa Tinoco.

  • Resenha | Deixa Ela Entrar – Jon Ajvide Lindqvist

    Resenha | Deixa Ela Entrar – Jon Ajvide Lindqvist

    Acredito que boa parte das pessoas tomaram conhecimento do romance literário Deixa Ela Entrar em 2008, quando a adaptação para os cinemas do Sueco Tomas Alfredson (O Espião que Sabia Demais) ganhou o mundo (leia a crítica do filme aqui). O roteiro era do próprio autor, Jon Ajvide Lindqvist. O filme se tornou um sucesso, ganhou uma versão americana e só alguns anos depois, o romance de Lindqvist chegou por aqui com uma tradução em português.

    Como um aficionado por cinema e literatura, sempre procuro conferir livros que são adaptados para o cinema para depois fazer aquela comparação sobre os prós e contras de cada obra. Deixa Ela Entrar não foi diferente, depois de me render ao filme de Alfredson, achei que seria difícil o livro oferecer algo além do já proporcionado em sua versão cinematográfica, não por acreditar que uma seria melhor que a outra, mas pelo trabalho excelente do cineasta, retratando uma história de forma dura e cruel, mas ao mesmo tempo extremamente delicada. Bem, me enganei. A versão original ainda tinha muito a oferecer.

    Deixa Ela Entrar, de Lindqvist, é ambientada nos anos 1980, em Estocolmo e traz a história de Oskar, uma garoto de doze anos, que mora num conjunto de apartamentos em Blackeberg, subúrbio de Estocolmo. Oskar é um garoto inseguro e solitário, vítima frequente de bullying entre os colegas de classe, que vão desde humilhações verbais à agressões físicas. Oskar guarda tudo para si, não lhe convém dividir seus problemas com sua mãe, que já sofre tendo que criá-lo sozinho e trabalhar para sustentar a casa.

    No entanto, poucos sabem o que o garoto guarda dentro de si. Oskar coleciona recortes de periódicos com notícias sobre serial killers e seus modus operandi. Toda noite, de faca em punho, ele descarrega sua ira contra o tronco de uma árvore, se colocando no papel de um assassino cruel e descarregando todo seu desejo de revidar contra seus agressores, da maneira mais brutal possível. Em uma de suas fantasias como um assassino cruel, ele conhece Eli, uma garota de aparentemente 12 anos que surge em seu prédio discretamente. As duas crianças se aproximam e um elo entre eles se constrói de maneira gradual durante a trama e todos os personagens apresentados vão ganhando novos contornos.

    Tendo em vista que o objetivo desta resenha é apontar os pontos interessantes da obra, e quem sabe, atrair novos leitores, não convém detalhar a trama além disso, já que vários pontos da leitura podem ser melhor apreciados se você não saber do que se trata, o que convenhamos, a essa altura deve ser um pouco difícil. De qualquer forma, é interessante notar como o autor não se rendeu a fórmulas repetidas exaustivamente durante anos em obras de terror.

    Oskar está muito longe do herói típico que estamos acostumados a ver. O garoto vive apanhando de seus colegas, é fraco e inseguro, sofre de incontinência urinária, o que o faz andar com uma esponja dentro de suas calças para absorver a urina. Eli, a garota que mora no apartamento ao lado de Oskar, passa o dia trancada dentro de casa, não é um estereótipo de beleza, sendo descrita na maioria das vezes como uma garota magra e sempre mal vestida. Os demais personagens paralelos que são apresentados durante a trama são bêbados, jovens drogados, moradores de rua e pedófilos. O autor não julga nenhum deles, apenas expõe o lado podre que existe no ser humano. Todos esses personagens são extremamente bem desenvolvidos, repletos de sonhos, ansiedades e problemas, sendo extremamente fácil se ver em algum deles em determinado momento da trama.

    A narrativa do autor é primorosa, construindo e fechando bem todas as tramas paralelas e a importância dos personagens secundários. A forma que o autor conduz a história é impressionante, não se importando com concessões e transpondo a barreira do previsível. Lindqvist cria monstros humanos e palpáveis que destroem todos que estão ao redor dele. Seja a crueza de uma criança que pratica bullying com a outra, seja a de um pedófilo que destrói os sonhos de outra.

    Apesar de ser um livro de horror, o autor utiliza o gênero para discutir questões essenciais no dias atuais, como homossexualidade, pedofilia, bullying, drogas, crescimento interior, e claro, o amor, em suas mais variadas formas, desde o amor egoísta e corrupto ao amor maduro e sem exigências.

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  • Crítica | A Morte do Demônio

    Crítica | A Morte do Demônio

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    Remakes podem ter diversas motivações para serem feitos: quando um filme europeu ou latino-americano faz um sucesso inesperado e Hollywood aproveita para vender a ideia ao público americano que não vê filmes com legendas, porque um diretor quer revisitar sua própria obra ou porque parece rentável atualizar um clássico de outras épocas e vende-lo para novas gerações. A Morte do Demônio é sem dúvida o último caso: o filme que lançou Sam Raimi não foi exatamente refeito, mas relido, adaptado ao paladar de uma geração acostumada a zumbis realistas e computação gráfica.

    A história sofreu algumas alterações: agora o filme se centra em Mia, uma jovem que decide largar as drogas e para isso convoca seu irmão e melhores amigos para se internar em uma cabana enquanto ela passa pela abstinência. A tentativa de tornar os personagens mais profundos, mais dramáticos, faz com que o filme comece clichê, mas é um acerto de Fede Alvarez (o estreante que dirige o filme, produzido pelo próprio Raimi) manter essa história apenas como pano de fundo e usa-la quando convém para amarrar a trama dos demônios.

    O que se segue é a mesma coisa: os jovens encontram um livro encapado em pele no porão, sem querer liberam os demônios que habitam a floresta e durante 40 minutos os sobreviventes lutam por suas vidas. A Morte do Demônio sem dúvidas começa fraco, uma explicação desnecessária para os demônios na floresta, a menina viciada, o drama entre ela e o irmão, as atuações ruins, tudo isso soa como Stigmata, Na Companhia do Medo, ou qualquer filme de terror supostamente profundo e sem graça, mas quando o sangue começa a jorrar na tela, Alvarez se encontra.

    Se havia algo de genuinamente perturbador na artificialidade do primeiro filme, aqui, ao menos em um primeiro momento, o terror vem por meio do realismo. As feridas e o sangue são realistas suficiente para que o espectador se incomode, a dor dos personagens causa uma reação real e por vezes a sala toda interage em expressões de nojo e aflição. Funciona, incomoda, mas falta charme, ironia, aquilo que tornou tão emblemático o original.

    Mas a violência escala rapidamente e o que era realista vai se tornando absurdo. Os personagens decepam os próprios membros sem qualquer apego e em jatos de sangue dignos de Tarantino, o filme assume definitivamente sua veia trash e demonstra porque é um remake que funciona.

    A Morte do Demônio não é fiel ao original, mas o tem sempre em mente: há pequenas referências divertidas, como um moletom da Michigan University, a personagem que desenha e mesmo a forma do colar que o irmão de Mia dá de presente a ela. E se por um lado existem alterações de roteiro, por outro Alvarez chega até a repetir planos de Raimi e toda sua decupagem é uma homenagem ao cineasta. A consciência que o diretor tem de seu trabalho e do objetivo de seu filme também ajudam.

    Alvarez sabe que precisa vender, sabe que o que está fazendo é tentar atrair uma audiência fascinada com The Walking Dead para os filmes de terror e quem sabe dar novo fôlego comercial ao gênero e ironiza suas próprias saídas fáceis. Ele dá uma trilha sonora brega e planos com cara de anos 80 a cena mais emocionalmente dramática do filme, faz sua protagonista arrancar o braço de baixo de um carro como se fosse borracha e termina tudo com uma chuva (literalmente) de sangue. É nojento, irreal e sim, ruim, mas é exatamente isso que se espera de A Morte do Demônio e funciona.

    No fim, o remake não é inventivo, ou original como o filme de Sam Raimi, mas não o perde de vista, honra sua memória e assume com dignidade o trabalho de atualiza-l0 e devolve-lo a vida. Cumpre sua função de incomodar, entrega a quantidade de sangue esperada e, mesmo sem a ironia fina do primeiro, diverte.

    Texto de autoria de Isadora Sinay.

  • Resenha | A Corrente: Passe Adiante – Estevão Ribeiro (1)

    Resenha | A Corrente: Passe Adiante – Estevão Ribeiro (1)

    correntecapaUm livro nacional que, a princípio, não me chamou atenção alguma quando o vi e que não fez muito quanto a isso enquanto eu seguia na leitura. Porém, convencido de que poderia me surpreender, apostei e comprei. Dessa forma, me deparei com uma obra repleta de sangue, mortes criativas, pesadelos e cenários assombrados com descrições físicas muito boas, mas que se perde na intenção de apenas colocar medo, aparentando assim ser apenas um roteiro genérico de algum filme de terror.

    A leitura desse livro foi basicamente como assistir O Massacre da Serra Elétrica (a versão “nova”) quando o que você realmente desejava era ver Os Outros. As descrições físicas dos espaços, do sangue jorrando e das mortes grotescas são excelentes, mas senti que faltou aquela profundidade dos filmes de suspense que te deixam inteiramente tenso, com muito pouco foco naquilo que os personagens estão sentindo – medo, pavor, dedos trêmulos, silêncio opressor, visão turva, suor frio, calafrios, arrepios (e assim vai…) -, enquanto se prende mais no terror/horror das cenas, deixando de lado o suspense da atmosfera.

    Os personagens são interessantes, mas se você – assim como eu -, tiver um histórico razoável de filmes de terror, vai encontrar o desfecho do livro logo no começo. Pois, mesmo que a história seja diferente das outras, há muita similaridade na maneira que a história decorre, deixando assim uma sensação de que você já conhece aquilo, fazendo assim com que a empolgação se limite a certos pedaços da obra, ao invés de se estender por toda leitura. Muitas vezes tive a impressão de estar lendo a mesma coisa várias vezes, e isso foi um dos aspectos que mais me incomodou.

    O final não decepciona, mas também não surpreende. A parte mais interessante do livro é a história da antagonista, que é quando você realmente se perde na leitura e ela – enfim – começa a fluir, porque após isso você quer saber mais e mais sobre o que aconteceu e qual é o mistério que a envolve. Nesse aspecto, o autor soube muito bem como guiar os acontecimentos e manter esse mistério até o final.

    Dito isso, não posso afirmar que não gostei do livro, independente dos vários pontos negativos já citados. Não é uma história mal contada, nem com problemas de continuidade e acontecimentos contextualmente desagradáveis. Porém, me deixou com a evidente sensação de que esse é um livro para ser assistido ao invés de lido, seja pelo seu ritmo, pela história em si ou pela maneira que é contada.

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    Texto de autoria de Thiago Suniga.

  • Review | 666 Park Avenue

    Review | 666 Park Avenue

    666 Park Avenue

    Eu tinha visto os teasers e trailers desta série e ela não conseguia me chamar muito a atenção. Um dia, de bobeira em casa, decidi baixar os dois primeiros episódios e conto aqui o que achei.

    Trata-se se um drama de terror concebido para aproveitar-se um pouco do sucesso de American Horror History. Então 666 Park Avenue tenta emular aquele clima de filme de terror da grande tela. Trata de um casal do interior (Jane e Henry) que vai a Nova Iorque para tentar a vida e consegue o emprego de zeladores do edifício residencial de luxo Drake (localizado no 666 Park Avenue), onde não sabem, mas o mal espreita e cada morador do prédio tem seus desejos realizados graças a um pacto feito com o Diabo, através do proprietário rico, elegante e ocultamente maligno Gavin Doran, que parece ter planos nada legais para o casal. Qualquer semelhança com o começo de Advogado do Diabo é mero aproveitamento da mesma ideia.

    No primeiro episódio, fiquei incomodado com os clichês de sempre, vistos em vários filmes e seriados: o casal do interior que se deslumbra com o local onde vão morar, com a cidade grande, com o glamour… e vão parar no covil de forças sobrenaturais. São tão perfeitos, tão inocentes, éticos, se amam tanto. Não sei porque o mal não se interessa por pessoas reais, com vícios e defeitos reais.

    Ainda no episódio piloto, somos introduzidos no edifício homônimo da série e a alguns de seus moradores. Logo fica claro que a série seguirá 3 arcos distintos: o arco do tipo “caso da semana”, onde algum morador bizarro é apresentado; o arco de “médio prazo”, onde algum mistério ou história é contado e seu desfecho será em mais de um capítulo; e o arco de “longo prazo”, que lida com a relação entre o casal bonzinho de zeladores, o edifício e seu maléfico proprietário (e sua mulher, igualmente misteriosa).

    Os efeitos especiais são bacaninhas, o roteiro e o desenrolar da história dão um pouco de sonolência. Nada é impactante, nada é novo, nada é maravilhoso nessa série. Seria uma série ótima para tapar buracos da grade de programação de alguma emissora, como a série do Cris tapa na Record.

    Não há nada amedrontador e, embora sejam apresentados alguns mistérios no segundo episódio, eles não são suficientes para prender a atenção de alguém.

    Acredito que 666 Park Avenue não passe da primeira temporada, não por ser muito ruim, mas por não passar a ser imperdível para ninguém.

    Texto de autoria de Robson Rossi.

    ERIK PALLADINO, SAMANTHA LOGAN, TERRY O'QUINN, RACHAEL TAYLOR, VANESSA WILLIAMS, DAVE ANNABLE, MERCEDES MASOHN, ROBERT BUCKLEY, HELENA MATTSSON

  • Crítica | Um Filme Sérvio

    Crítica | Um Filme Sérvio

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    A primeira coisa que deve ser dita sobre Um Filme Sérvio – Terror Sem Limites (A Serbian Film, 2010) é que todos os comentários que vocês já leram a respeito das atrocidades do longa não são exagerados. Fui assisti-lo por ser apaixonado por cinema –  portanto gosto de ver filmes de todos os gêneros possíveis -, mas pela primeira vez em muito tempo fiquei surpreso.

    Se O Albergue, A Centopeia Humana ou até Anticristo foram suficientes para te deixar mal por uma semana, com certeza Um Filme Sérvio não é para você. Como já diriam os antigos anciãos: “A ignorância é uma bênção”. Nesse caso, é mesmo!

    O filme conta a história de Milos (Srđan Todorović, nem tente pronunciar o nome desse cara), um ator pornô aposentado que vive com mulher e filho de maneira aparentemente pacata. Milos está frustrado com sua situação, já que sente um pouco de saudades do seu antigo emprego, até que uma antiga colega lhe oferece uma oportunidade: a chance de fazer um trabalho único para um misterioso diretor de filmes pornôs. Sem saber o que poderia acontecer dali para frente, Milos aceita a proposta. Assim que as filmagens começam, o protagonista percebe que havia adentrado um universo de obscuridade de que não gostaria de estar participando, mas do qual já era tarde demais para sair.

    Já vi filmes perturbadores na minha vida, e com certeza este ganha com mérito uma cadeira ao lado de Irreversível, Saló – 120 dias de Sodoma, Guinea Pig – O Experimento do Demônio, Holocausto Canibal e Eraserhead. Cada um deles mostra os recônditos da escuridão da alma humana – cada um à sua maneira, seja psicologicamente, com violência gráfica ou de ambas as formas. Temos a oportunidade de, mais uma vez, entrar num universo no qual a única sensação é a do vazio e desgosto em pensar nas atrocidades que existem por aí.

    Pedofilia, necrofilia, violência elevada ao extremo, estupro e outras barbáries compõem o quadro. Uma atrás da outra, sem pausas. Até a metade do filme ficamos na dúvida sobre o que pode acontecer. A partir do momento em que somos surpreendidos pela primeira vez com um ato sexual violento, pensamos que não pode piorar; mas é só no final que podemos voltar a respirar normalmente. É um filme que segura a tensão para além dos créditos.

    Em uma entrevista, o diretor Srdjan Spasojevic disse que Um Filme Sérvio nada mais é do que uma crítica política e uma metáfora para a situação da Sérvia: o país está em colapso, as estruturas públicas estão indo por água abaixo e a violência está atingindo níveis absurdos. Estas questões são representadas pelos problemas dos personagens, pela representação da indústria pornográfica no gênero snuff (filmes pornôs que envolvem fetichismo e crimes) como uma estrutura governamental desproporcional, e de toda a violência como uma alegoria à situação em que vivem.

    A metáfora é um pouquinho exagerada, mas não deixa de ser uma crítica ao governo sérvio. Não sei se Spasojevic conseguiu o que queria, mas uma boa parte do mundo comentou o filme. O único problema é que essa crítica não é tão fácil de ser visualizada. A proposta do filme é atingir o extremo, e ele é bem sucedido nisso; as atuações, ambientações das filmagens e iluminação casam perfeitamente, criando uma forte angústia no espectador. A trilha sonora, composta essencialmente de batidas eletrônicas, é seca, fria e perturbadora. O filme inteiro é uma provocação aos nossos instintos.

    Como se não bastasse ser controverso, o longa criou ainda mais polêmica em diversos países onde seria exibido. No Brasil, o Ministério da Justiça classificou-o como não recomendado a menores de 18 anos, mas a avaliação demorou a ser alcançada. Um pedido da Procuradoria da República em Minas Gerais queria proibir a exibição (como aconteceu na Espanha e Reino Unido, por exemplo).

    É aqui que eu paro para fazer uma reflexão: tão repulsiva quanto as imagens do longa é a atitude de censura que vem tentando ser estabelecida para sua exibição no Brasil. Acredito veementemente que proibir nunca será a solução, principalmente porque estamos falando de um filme que certamente será baixado pela Internet pelos mais curiosos, sendo proibido ou não. Ser liberado e ter sua classificação etária reconhecida já é o suficiente para selecionar as pessoas que irão assisti-lo.

    Quando assisti Brüno, vi dezenas de pessoas se levantando no meio da sessão e indo embora. Deveria este ter a exibição proibida? É claro que não, já que isso é uma questão de escolha individual. O filme de Sacha Baron Cohen tinha classificação indicativa de 18 anos, e as pessoas estavam cientes do que poderiam ver quando fizessem a escolha de assisti-lo. Tenho certeza de que, apesar de repulsivo, muitas pessoas já tiveram a oportunidade de assistir a Um Filme Sérvio e o fizeram, em sua maioria, já sabendo o que poderiam esperar.

    Não acredito na censura – principalmente quando se trata de uma obra artística – pela simplória justificativa de que aquilo poderia afetar emocional e psicologicamente uma boa parte das pessoas que a ela teriam acesso. Isso vai contra a individualidade e a liberdade de cada pessoa.

    O filme consegue ser perturbador, doentio e chocante. A arte de fato pode ser levada ao extremo. Ela tem limites? Talvez não, e Um Filme Sérvio está aí para provar.

    Texto de autoria de Pedro Lobato.

  • Crítica | A Mulher de Preto

    Crítica | A Mulher de Preto

    A Mulher de Preto é um filme do diretor James Watkins com o famoso ator Daniel Radcliffe (conhecido pelo seu papel em Harry Potter) que alcançou bastante propaganda justamente pelo seu protagonista. O filme conta a historia de um advogado que se vê forçado a viajar para uma aldeia do interior para cuidar de um caso, mesmo que ainda não tenha se recuperado da morte da sua esposa que ele passou recentemente.

    Primeiramente, o filme tem paisagens excelentes. As locações do filme são magníficas, deixando com vontade de visitar os locais. Além das paisagens naturais, que dão um ar de interior da antiguidade, as locações de cidades passam muito bem a ideia de estar em um interior da Inglaterra antiga ou até na londrês antiga.

    Mas um ponto é o figurino, que também ficou muito bem feito. Existe uma diferença visível até entre as roupas usadas pelas pessoas na cidade e no interior. Como seria de se esperar daquela época. Até mesmo dos ares entre a cidade e o interior.

    Agora porque eu notei isso? Porque eu faço corte&costura e paisagismo? Não, juro. Porque o filme tem um clima de era vitoriana muito grande, causando uma impressão de realismo e não lhe tirando do clima do filme e sempre aumentando. Por algum tempo você até pensa que poderia ser a população que devia realmente ter suas crenças nessa época que estava criando aquele clima. Você se sente transportado direto para aquele ambiente, o que se torna muito importante para gerar esse clima de desconfiança do que é real ou mito no filme.

    Veja que o filme passa uma grande parte do tempo se preocupando em desenvolver e lhe prender na tensão da historia. Quem seria a mulher de preto? Ela seria um fantasma mesmo? Se for um fantasma, seria a mulher dele?

    O personagem muito bem interpretado pelo “Harry Potter” segue com suas motivações muito criveis, além de interpretar muito bem um pai que tem que ser melhor e mais forte por causa do seu filho. Tudo isso em uma interpretação muito contida, em que você olha alguém que passou por muita coisa, mas não pode demostrar, não tem para quem o intenda e tem que seguir em frente mesmo ainda não superado os seus traumas.

    O filme tem uma duração curta de uns 90 min., que acaba sendo um pouco curto. Mas, se o filme se estendesse mais, possivelmente perderia o ritmo ou seria adicionado na historia do filme elementos desnecessário ao ambiente. Nesse caso, a duração ser curta é uma coisa boa. Nesse caso, menos tempo é mais conteúdo.

    Sobre o final do filme, aguardem uma boa surpresa. O final eu classificaria como corajoso por não se render a ser mais agradável e não previsível por brincar com o que você sabe e o que você acha que sabe. Em nenhum momento sabemos de tudo e tudo é incerto, e o final não podia ser diferente.

    Pessoalmente, recomendo o filme porque eu gostei. Diferente de muitos filmes, esse da um ar de susto/tensão pelo seu desenvolvimento e interpretação dos atores, apesar de abusar de alguns clichês de vez em quando, mas sabemos que o que importa não é a historia e sim como ela é contada. E nesse caso foi uma excelente forma de contar uma historia de fantasma.

    Texto de autoria de Psycho Mantys.

  • Resenha | Zona Morta – Stephen King

    Resenha | Zona Morta – Stephen King

    Johnny Smith,  jovem professor do Maine, (esse deve ser um lugar medonho já que tudo de ruim acontece por lá, que o digam , Stephen King e H. P. Lovecraft ) sofre um acidente de carro e fica anos em coma profundo. Ao acordar, é submetido a exames, rotina comum em casos de pessoas que acordam após um longo período nesta condição,  e  através destes, descobre que tem lesões cerebrais, também chamadas de zonas mortas, nas quais certas memórias e conhecimentos se perderam.  Junto das Zonas Mortas, ele descobre um poder de vidência relacionado ao toque.

    Lançado em 1979, Zona Morta é um livro de terror que conta o desenrolar desta estória através de suas páginas.  Johnny é um personagem, para quem, inicialmente, você não dá nada. (mesmo após ele descobrir seus poderes). Calmo, sorridente e tudo mais, é muito simplório, mas é esse lado comum que faz com que você se identifique (exceto pelas partes extremamente American Way of Life) e até goste um pouco dele.

    O livro não começa na fatídica noite do acidente, na verdade ele nos leva pela infância de nosso protagonista.

    A narrativa começa com Johnny simplesmente se divertindo, como qualquer criança americana de 6 anos, no meio da neve (e sem aula), até que sofre um acidente (é atropelado por um adolescente desengonçado com seu carro desgovernado).  Ele desmaia e alguém vai acudi-lo, ao acordar ele fala algo em tom gutural, “não ligue mais”. Palavras esquecidas, até que quem o estava segurando na hora tem um problema com a bateria do carro e ao ligá-la em outra, explode.

    Em alguns pontos, o autor não segue somente a vida de Johnny Smith, ele nos apresenta à vida de Greg Stillson. Stephen King constrói a visão do protagonista e de seu antagonista mostrando a evolução destes, com enfoque privilegiado no antagonista.

    Greg Stillson, em um primeiro momento, com 22 anos e vendedor de bíblias (se fosse brasileiro, estaria vendendo a Barsa), um homem corpulento que em sua primeira cena já começa a ser trabalhado como “o cara mal” ao matar o cão de guarda de uma fazenda para a qual ia vender suas bíblias. Após matar o canino, foge da cena pensando em grandeza.  É assim que se encerra o prólogo, mostrando o inicio do “poder” do protagonista e o mal do antagonista.

    O livro realmente começa a nos envolver com “A Roda da Fortuna” em que mostra o que a maioria dos médiuns deveria fazer, Johnny vai a uma dessas feiras com sua namorada Sarah Bracknell, aposta usando seu poder e vai ganhando bastante dinheiro neste jogo, porém o jogo acontece na mesma noite do acidente que o deixa em coma.

    Zona Morta, é uma história sensacional de um cara comum se tornando um médium acidentalmente e a repercussão deste fato  na mídia e em tudo mais a sua volta. O autor nos leva através desta saga, e além disso, coloca um conflito, que só surge ao final, entre Johnny e Stillson. Uma das coisas que eu gosto em livros é a curva de evolução, e este cumpre bem isso. Stephen King  apresenta gradativamente o que deve, te dá várias pontas e quando você já sabe de tudo ele te dá um clímax e amarra todo o enredo. Os personagens também são sensacionais e extremamente bem construídos, com uma constante evolução e mudança de motivações.

    Dead Zone é um livro tão bom que conseguiu fugir a uma das maldições de Stephen King, adaptações ruins de cinema (que o diga Christine – o carro assassino), o livro foi adaptado virando “Na Hora da Zona Morta”, sucesso em crítica e é dito como uma das melhores adaptações do King (acho que deve perder de A Espera de um Milagre).

    Não contente com um livro e um filme de sucesso, Dead Zone virou uma serie recente de TV, que no Brasil veio como “O Vidente” (mais um grande sucesso das traduções/adaptações brasileiras de nomes).  Porém, a serie não foi assim tão bem recepcionada, tendo uma vida curta de 6 temporadas, de 2002 a 2007, quando foi cancelada sem um final conclusivo.

    Considerações finais são que esta obra não só vale extremamente a pena como é um dos meus prediletos. O nome Stephen King, por si só, já é um peso a se considerar. E se você ainda não leu nada de SK , comece por Zona Morta, não haverá arrependimento. Texto bem trabalhado, personagens carismáticos e história empolgante.

    Texto de autoria de André Kirano.

  • 10 Filmes de Terror que Você Deveria Ver

    10 Filmes de Terror que Você Deveria Ver

    31 de outubro. Noite de Halloween… brasileiro (Alguém realmente se importa com isso por aqui?). Há muitas luas atrás, em uma noite chuvosa onde as trevas reinavam sobre a terra, algumas mentes humanas, poluídas pelo oculto e o terror, resolveram transformar seus mais terríveis pesadelos em obras do cinema de terror cult (hipster?). Pra você que está afim de se cagar de medo, ou pelo menos ter uma desculpa pra agarrar a irmã do seu amigo (um abraço pro Jackson), quando ela estiver com medo. Segue a lista feita por mim, Bruno e Rafael:

    Repulsa ao Sexo (Roman Polanski, 1965)

    Não é o que se pode chamar de terror, mas a esquizofrenia e o processo de desintegração da personagem de Catherine Deneuve, a manicure Carol chega a ser chocante. Polanski consegue arrancar uma visão doentia e apodrecida da expressão angelical de Deneuve, esvaziando-a progressivamente, cortando qualquer relação com o mundo exterior. Thriller com fortes pitadas Hitchcokianas.

    O Homem de Palha (Robin Hardy, 1973)

    Apesar da produção barata, o longa-metragem teve inúmeros devotos, seja pela presença ilustre de Christopher Lee ou pelo tema que o roteiro abordava, como pelo próprio clima lúgubre e sensação de isolamento que o filme trazia. Em 2006 fizeram um remake com Nicolas Cage, minha sugestão é passar longe.

    Muralhas do Pavor (Roger Corman, 1962)

    Adaptação de quatros (dois deles foram aproveitados em uma única história) contos do mestre do terror, Alan Poe. Apesar de não ser a melhor adaptação da obra de Poe, vale a pena conferir, principalmente pela excelente atuação de Vincent Price.

    O Príncipe das Sombras (John Carpenter, 1987)

    Um professor e um grupo de estudantes e cientistas especializados são convocados por um padre para investigar um misterioso recipiente contendo um líquido verde, guardado por séculos em uma igreja abandonada. O recipiente ao ser aberto, transforma os pesquisadores em zumbis. Os membros da equipe que não se transformaram em zumbis, descobrem que dentro do recipiente, estava a essência do capeta, que agora quer trazer, o todo poderoso Anti-Cristo ao poder. Os sobreviventes precisam lutar para afastar o cramulhão que estava adormecido e salvar o mundo do coisa ruim.

    Fogo no Céu (Robert Lieberman, 1993)

    Considerado por muitos um dos melhores filmes sobre abdução alienígena, Fogo no Céu conta a história de Travis Walton, um lenhador que supostamente foi abduzido por um OVNI. O ponto forte do filme é sem dúvida o drama da personagem e não os elementos fantásticos do gênero. Intrigante e um ótimo exemplar de ficção científica.

    A Sombra do Vampiro (E. Elias Merhige, 2000)

    Pensei em indicar Nosferatu do Herzog (de 1979), mas logo depois me lembrei deste longa que conta a “estória” das filmagens do Nosferatu de 1922. Segundo consta, havia um rumor que o ator Max Schreck(que interpretou Nosferatu) era um vampiro de verdade, já que ninguém sabia muito sobre seu passado até então e sua interpretação deu tanta credibilidade que a lenda só aumentou. Neste longa, o diretor aborda um pouco dessa lenda, contando com o talento de Willem Dafoe e John Malkovich. Poucos são os filmes que conseguem contar histórias dentro de histórias. A Sombra do Vampiro é um deles.

    À Meia-Noite Levarei sua Alma (José Mojica Marins, 1964)

    Não poderíamos deixar de lado Zé do Caixão que aqui está obcecado em gerar o filho perfeito, para dar continuidade à sua linhagem. Como sua mulher não consegue engravidar, ele decide traçar a namorada do seu melhor amigo para gerar o simpático rebento. Deixem de preconceito com o cinema nacional e assistam. 

    A Morte do Demônio (Sam Raimi, 1981)

    Conhecida também como Uma Noite Alucinante, A Morte do Demônio  é cultuado por uma legião de fãs. Sam Raimi, na época apenas um estudante de cinema, consegue criar um clima apavorante com um orçamento risível. Tudo é muito precário, digno de uma crueza que até sinto falta em meio a tanto 3D e CG. Um cult do horror altamente recomendado.

    Suspiria (Dario Argento, 1977)

    Suspiria conta a história de uma bailarina americana em ascensão que viaja para a Europa para entrar em um companhia de dança renomada, porém, um assassinato bizarro muda sua percepção sobre o local. Argento cria um misto de terror psicológico e psicodélico de te arrepiar dos pés a cabeça.

    Aqui está a verdade final sobre os filmes de horror. Eles não amam a morte, como alguns tem proposto, eles amam a vida. Eles não celebram a deformidade, mas, habitando a deformidade, cantam a saúde e a energia. Eles são os purificadores da mente, tirando não rancor, mas ansiedade. – Stephen King

  • Review | Supernatural – 6ª Temporada

    Review | Supernatural – 6ª Temporada

    Supernatural_Season_6Na última sexta, 20/05, chegamos ao fim de mais uma temporada de Supernatural. A série, que uma das que rende mais audiência na atualidade. Nessa sexto ano, parece que resolveram dar um ar de primeiras temporadas novamente, resgatando a temática de irmãos caçadores de monstros e não anjos e demônios.

    Com o desfecho da 5ª temporada, Dean resolve deixar a vida de caçador, e corre para os braços de Lisa, uma ex namorada de anos atrás, que tem um filho que Dean gosta muito, talvez por lembrá-lo tanto de si mesmo na infância. Com isso, Dean passa a ter uma vida tranquila deixando seu passado para trás e sendo apenas um pai de família habitual, trabalhando honestamente e vivendo feliz ao lado de uma mulher linda e um bom filho.

    Mas tudo que é bom dura pouco, afinal, Sam Winchester misteriosamente retorna do inferno, onde havia se aprisionado junto com Miguel Arcanjo, após o UFC Divino que rolou no final da 5ª temporada. Assim, o irmão caçula vai ao encontro do mais velho e retornam à vida antiga, só que com uma diferença. Sam agora está caçando com seu avô, Samuel Campbell, que também voltou à vida após os eventos do Apocalipse, que também causou uma certa desregulagem no mundo sobrenatural, e criaturas brotam de todos os cantos e de todas as maneiras.

    Mas o que mais chama atenção não é só isso, ao voltar à Terra, Sam está um pouco diferente, afinal, sua alma ficou na gaiola junto com os dois pesos pesados do céu e inferno respectivamente, o que faz com que o grandalhão aja por puro instinto assassino e caçador, não medindo atos e nem consequências para matar as criaturas aos montes, já que junto de seu avô, estão investigando o porque de tamanha movimentação dessas criaturas, e acabam descobrindo que os seres do sobrenatural estão tentando trazer Eva à vida, que seria de acordo com a mitologia da série, a mãe de todos os seres sombrios. Além disso, também existe o interesse maior, que é abrir a porta para o purgatório, mina de ouro de almas, que dariam poder enorme a quem as possuísse.

    Além dessa nova ameaça, Dean ao caçar um vampiro, quase é morto pelo dentuço, tudo porque Sam simplesmente usou o irmão como isca, o que preocupa todos. Aí volta à cena o Cavaleiro da Morte, que após um teste com Dean, traz de volta a alma de seu irmão, mas com um diferencial. A alma do caçula passou muito tempo com Miguel e Lúcifer, sendo muito torturada, e se as memórias desse fato voltarem à tona na cabeça do grandalhão, poderia colocá-lo num estado vegetativo. Assim, a Morte cria um bloqueio na mente de Sam, protegendo-o mesmo que com restrições do ocorrido, fazendo-o voltar a ser a ovelhinha lambona que sempre foi, para o bem de todos, e assim juntos investigarem as questões envolvendo a Mãe de Todos e essa maluquice do purgatório.

    O bom dessa temporada é que não há mais somente anjos e demônios. Aparecem alguns vampiros, okamis, transmorfos e até dragões, mas tudo agora parece não se desprender das questões de céu e inferno. Temos de volta o Dean clássico, com direito a piadas e referencias engraçadas, claro que somente em episódios fillers, mas garantem diversão. Melhor que o 5ª ano, mas tropeça em muita coisa, deixando claro mesmo qual é a essência da história praticamente no final da temporada.

    Texto de autoria de Felipe “Jim” Rozz.

  • Review | Supernatural – 1ª Temporada

    Review | Supernatural – 1ª Temporada

    Supernatural_Season_1Supernatural trata da história de dois irmãos, Dean (Jensen Ackles) e Sam Winchester (Jared Padalecky). A mãe dos garotos morre de uma forma misteriosa, quando Sam era ainda bebê, que leva o pai, John Winchester (Jeffrey Dean Morgan), um veterano da Marinha a buscar explicações sobre quem ou o que teria assassinado sua esposa.

    Com isso, John passa a ser um caçador, enfrentando criaturas que o mundo ignora a existência, sendo esses vampiros, lobisomens, wendigos, bruxas, fantasmas e é claro, demônios.

    Os anos se passam, Dean e Sam crescem com a ausência do pai e se mudando constantemente, devido à demanda de “trabalhos” do veterano, o que é um dos motivos de tensão, principalmente para Sam, que não aprecia nada a vida que leva, diferente de Dean que idolatra o pai.

    A história começa já com Sam entrando para a faculdade. Muito inteligente, ele consegue uma bolsa para cursar direito em Harvard e é motivo de orgulho de seus amigos e de sua namorada, Jéssica. Nessa época Sam já havia saído do caminho de seu pai e Dean, e preferiu viver sua vida normalmente e ignorar a existência do sobrenatural e se afasta da família, com a qual não se entende, inclusive essa tensão é explicada com mais detalhes durante a história.

    Uma bela noite Dean vai até Sam, para que juntos possam ir atrás de seu pai, que não dá notícias desde que saiu para uma caçada. Contrariado, o irmão caçula parte em rumo ao desconhecido para ajudar a achar seu genitor. Resolvem o caso, mas nada de acharem o velho, e Sam volta com sua vida cotidiana, mas quando chega em casa, assiste Jessica morrer da mesma maneira misteriosa que sua mãe, o que o leva a voltar suas origens e lutar ao lado de seu irmão em busca de seu pai desaparecido e de informações que o levem ao que causou a morte de sua mãe.

    Já no seu quinto ano, o seriado voltou a ser exibido nos EUA no dia 21 de Janeiro, e aqui no Brasil, é possível conferir por TV a cabo ou pelo SBT. A série é interessante e agrada muito aos fãs do gênero terror, com direito a sangue, na medida do possível. Cheio de referências a filmes clássicos, a trama também agrada aos ouvidos, com direito à bandas como AC/DC, Black Sabbath, Metallica, Rush e outros clássicos na trilha sonora. Não espere muito dos efeitos visuais, porém, só a caranga dos irmãos Winchester, um Chevy Impala 67,  já cobre qualquer furo.

    Texto de autoria de Felipe “Jim” Rozz.

  • Crítica | Mistério Da Rua 7

    Crítica | Mistério Da Rua 7

    Vanishing on 7th Street

    Imagine você acordar em uma grande cidade, completamente sozinho, o sol nasce cada dia mais tarde e se põe mais cedo, as ruas estão desertas e inabitadas, os únicos sons são sussurros ininteligíveis e a única coisa que se movimenta além de você são as sombras, sombras sem formas. Com esta trama, Brad Anderson (O Maquinista) retorna às telas, trazendo um filme de terror muito longe dos habituais. Talvez por isso tenha dividido opiniões.

    A história é situada em Detroit, onde em uma noite habitual ocorre um súbito apagão que dura poucos segundos, porém, quando a energia retorna novamente, descobrimos que todas as pessoas desapareceram, deixando como único vestígio suas vestes. Misteriosamente a energia da cidade se esvai, deixando-a em uma escuridão completa e toda forma de comunicação deixa de funcionar, aparelhos eletrônicos em geral, carros, etc.

    Neste cenário conhecemos algumas poucas pessoas que inexplicavelmente não sumiram como os demais, entre eles Luke (Hayden Christensen – nosso odiado Anakin Skywalker), um repórter de TV que acabou de se mudar para a cidade; Paul (John Leguizamo), um projecionista de cinema; Rosemary (Thandie Newton), uma terapeuta e James (Jacob Latimore), um garoto de 12 anos. O desenvolvimento da história e dos personagens se dá em um bar da rua 7 da cidade de Detroit, o único lugar que ainda tem luzes acesas, graças a um gerador existente no local, onde é abastecido sempre que necessário.

    Mistério da Rua 7 é um conto apocalíptico ao melhor estilo Twilight Zone, deixando as respostas do que ocorreu para o espectador, sejam elas de cunho espiritual, filosófico ou até mesmo sobrenatural. A direção de Anderson faz um ótimo trabalho, sempre mesclando a escuridão com algumas poucas luzes vacilantes. O roteiro de Anthony Jaswinski ajuda na imersão do que está ocorrendo, usando de flashbacks bem cronometrados para dar um certo respiro aos espectadores. O elenco embora pequeno, está muito bem, Christensen por incrível que pareça demonstra evolução ao interpretar um personagem ambíguo e abalado emocionalmente pelas suas escolhas do passado, Thandie Newton se destaca dos demais ao interpretar uma mãe que perdeu seu filho e teria tudo para ser uma personagem histérica, o que não acontece. Enfim, o entrosamento entre os quatro ocorre de forma crível e a angústia de cada um é perfeitamente plausível.

    Anderson optou por não apresentar uma solução para a trama, e os mais preguiçosos podem se incomodar com isso, pois a interpretação pode variar de cada um, já que o filme sugere várias possibilidades, incluindo entre elas a lenda envolvendo Roanoke. Mistério da Rua 7 funciona como um bom terror psicológico, utilizando um clima inquietante e sustos inteligentes. No final das contas, o filme aborda o mais antigo de todos os medos, a escuridão, seja ela no sentido literal da palavra ou não.

    Imagine você acordar em uma grande cidade, completamente

    sozinho, o sol nasce cada dia mais tarde e se põe mais cedo,

    a cidade está inabitada, os únicos sons são sussuros

    ininteligíveis e a única coisa que se movimenta além de você

    são as sombras, sombras sem formas. Com esta trama, Brad

    Anderson (diretor de “The Machinist”) retorna às telas,

    trazendo um filme de terror muito longe dos habituais.

    Talvez por isso tenha dividido opniões.

    A história é situada em Detroit, onde em uma noite habitual

    ocorre um apagão súbito que dura poucos segundos, porém,

    quando a energia retorna novamente, todas as pessoas

    desaparecem, deixando como único vestígio suas vestes.

    Aparentemente, toda a população some de imediato, se

    desmaterializando. Além disso, misteriosamente

    Neste cenário conhecemos algumas poucas pessoas que

    inexplicavelmente não sumiram como os demais, entre eles

    Luke (Hayden Christensen – nosso odiado Anakin Skywalker),

    um repórter de TV que acabou de se mudar; Paul (John

    Leguizamo), um projecionista de cinema; Rosemary (Thandie

    Newton), uma fisioterapeuta e Jacob Latimore, um garoto de

    12 anos. O desenvolvimento da história e dos personagens

    se dá em um bar da rua 7 da cidade de Detroit, o único lugar

    que ainda tem luzes acesas, graças a um gerador existente

    no local, onde é abastecido sempre que necessário.

    Brad Anderson apresenta um conto apocaliptíco ao melhor

    estilo “Twilight Zone”, deixando as respostas do que ocorreu

    para o espectador, seja ela religiosa, filosófica ou até mesmo sobrenatural. A direção de Anderson faz um ótimo trabalho, sempre mesclando a escuridão com algumas poucas luzes vacilantes e o roteiro de Anthony Jaswinski ajuda na imersão do que está ocorrendo, usando de flashbacks bem cronometrados para dar um certo respiro aos espectadores. O elenco embora pequeno, está muito bem, Christensen por incrível que pareça demonstra evolução ao interpretar um personagem ambíguo e abalado emocionalmente pelas suas escolhas do passado, Thandie Newton se destaca dos demais ao interpretar uma mãe que perdeu seu filho e teria tudo para ser uma personagem histérica, o que não acontece. Enfim, o entrosamento entre os quatro ocorre de forma crível e a angústia de cada um é perfeitamente plausível.

    Anderson optou por não apresentar uma solução para a trama, e os mais preguiçosos podem se incomodar com isso, pois a interpretação pode variar para cada pessoa, já que o filme sugere várias possibilidades, incluindo a lenda envolvendo Roanoke. Mistério da Rua 7 funciona como um bom terror psicológico, utilizando um clima inquietante e sustos inteligentes. No final das contas, o filme aborda o mais antigo de todos os medos, a escuridão, seja ela no sentido literal da palavra, ou não.

  • Crítica | Arraste-me para o Inferno

    Crítica | Arraste-me para o Inferno

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    Sam Raimi é um desses diretores que alçou o seu lugar na indústria pela criatividade empreendida em seus trabalhos, isso está explícito em sua série que o tornou visível para a Hollywood. Evil Dead ou Uma noite Alucinante, como ficou conhecida por aqui, era uma filme de terror que mesclava efeitos especiais paupérrimos, com um roteiro de terror simples mas extremamente funcional, tudo isso somado a doses de humor que beiravam o ridículo, e assim tornou-se um dos grandes nomes do chamado cinema “Terrir”.

    Com o tempo, Raimi abandonou o seu cultuado Evil Dead e foi se aproximando cada vez mais a um cinema hollywoodiano sem deixar sua veia autoral de lado, mas abandonando um pouco o gênero que o havia sido consagrado, porém, em 2009 ele retorna com Arraste-me Para o Inferno, um retorno ao passado em grande estilo.

    A história do filme é focada em Christine Brown (Alison Lohman), uma jovem simpática que trabalha em uma instituição financeira que com o tempo se vê obrigada a mudar o rumo de sua vida e se tornar uma pessoa mais ambiciosa, após seu chefe colocá-la em uma competição direta com seu colega de trabalho para uma oportunidade de promoção em seu emprego. Após ser pressionada pelo seu chefe de não conseguir tomar decisões difíceis, Christine nega um crédito para uma senhora idosa, e com isso faz com que ela perca seu imóvel.

    O que Christine não sabia era que essa senhora na realidade era uma feiticeira cigana, e que após se humilhar e ter seu crédito negado, um feitiço é preparado para a jovem. A maldição da Lâmia, que consiste em três dias de tormentos e ao fim desse terceiro dia, ela seria arrastada para o Inferno de onde não sairia mais.

    Raimi acerta em cheio, ao utilizar um tema que está tão em voga nos dias atuais como uma metáfora em seu filme. O capitalismo desenfreado, o desapego ao próximo e a crise econômica que tem assolado o mundo são colocados nas entrelinhas do longa, acrescentando um ponto para reflexão, que os mais atentos não deixarão passar despercebido. E tudo isso fica claro quando o banco em que a protagonista trabalha nega o crédito para a senhora, tomando seu imóvel e em decorrência disso, sua vida. O desespero da cigana em perder sua casa é o mesmo de Christine em lutar pela sua vida, custe o que custar.

    O trabalho de direção de Raimi é impecável, usando planos originais e com precisão, com um destaque para a cena entre o duelo entre dois carros, além de tantas outras tomadas que utilizam do clima sombrio na medida exata, e esse é o grande mérito do diretor, saber que o terror está em criar o clima proporcionando uma tensão que acarretará no susto, e não abusando de efeitos especiais e cenas de violência desmedidas.

    O elenco funciona muito bem, principalmente com sua protagonista, Alison, que funciona perfeitamente como a típica heroína de filmes de terror, porém, com personalidade, repleta de ambições e frustraçoes, defeitos e qualidades, enfim, uma personagem de verdade, não os estereótipos das atrizes de terror. O filme ainda arruma espaço de destaque para os coadjuvantes, entre eles, Justin Long, que interpreta o namorado de Christine, tendo uma boa química com o personagem. Lorna Raver interpreta a Sra. Ganush, a cigana/bruxa que faz o papel da antagonista da história, simplesmente medonha.

    Arraste-me para o Inferno prova para àqueles que não acreditavam que Sam Raimi teria a mesma vitalidade de antes e vem como um dos principais filmes de terror de 2009, não deixando de lado sua mescla de cenas assustadores e beirando ao gore, para logo depois dar uma aliviada com algo engraçado. Que Sam Raimi nos surpreenda dessa forma sempre.

  • Crítica | Os Garotos Perdidos

    Crítica | Os Garotos Perdidos

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    Se tem algo que sinto falta são os filmes dos anos 80, que apesar de serem taxados de bobos e “vagos” pelos críticos, se tornaram cultuados por toda a molecada da época, e nos dias atuais ainda são lembrados com carinho por quem os viu. Além do que, a cada dia conquista mais adeptos entre os jovens de hoje, indo contra as previsões dos críticos que diziam que ninguém lembraria desses filmes futuramente. Não poderia deixar de lado um dos meus filmes preferidos dessa época: Os Garotos Perdidos.

    A indústria do cinema dos anos 80 apostou em filmes “teen”, claro que estes filmes eram bem diferentes dos que são lançados nos dias atuais. Graças ao saudoso politicamente incorreto, não era raro assistirmos filmes com sequências de sexo, violência e muito humor escrachado, mas acima de tudo, esses filmes enalteciam a amizade, o que não tenho visto hoje em dia, ou talvez seja apenas nostalgia da minha parte. Os Garotos Perdidos não foi uma exceção, tinha de tudo um pouco do que já citei, mas vamos a história em questão.

    Os irmãos Michael (Jason Patric) e Sam (Corey Haim), se mudam com a mãe Lucy (Dianne Wiest) que tinha acabado de se divorciar e buscava novos ares, para casa de seu avô em Santa Carla, uma cidade litorânea, aparentemente pacífica. Ao chegar na cidade, eles percebem que tem algo de errado ali, o lugar é repleto de panfletos de desaparecidos, além de ser conhecida como a “a capital mundial do crime”, como denuncia a pichação na placa de boas-vindas.

    Os dois irmãos logo dão um jeito de se enturmar no novo “lar”, Michael se envolve com uma gangue de motoqueiros aventureiros que são liderados por David (ninguém menos que Kieffer Sutherland, ou Jack Bauer se preferirem). Seu irmão mais novo, Sam, conhece os irmãos Edgar  e Alan Frog (Corey Feldman e Jamison Newlander), em uma loja de quadrinhos, eles se apresentam como caçadores de vampiros e alerta Sam sobre a cidade estar infestada por vampiros.

    Michael se envolve com Star, uma garota que faz parte da gangue liderada por David e com o tempo descobre que os assassinatos e desaparecimentos da cidade são de responsabilidade dessa mesma gangue, e mais do que isso, são todos vampiros. Sam passa a estranhar as novas atitudes do irmão, que passa a trocar a noite pelo dia, e a mudança de temperamento. O resto fica por conta de vocês.

    A direção de Joel Schumacher é competente, e apesar do péssimo Batman Eternamente e sua sequência, a filmografia dele não se resume a isso. Schumacher cria planos abusando das cores vivas, típicas de cidades litorâneas, e da escuridão típica de filmes clássicos de vampiros, criando um meio termo muito bacana.

    É importante lembrar que até o lançamento de Garotos Perdidos, os vampiros estavam em baixa, após o filme, foram consolidados como ícones da cultura pop, só isso já seria motivo suficiente para conferi-lo, mas o filme tem muito mais a oferecer. Com um elenco entrosadíssimo, ainda conta com Corey Feldman e Corey Haim esbanjando carisma e talento. É claro que o roteiro colabora muito na construção dos personagens com uma boa história e diálogos interessantes, consegue ainda retratar a alienação juvenil por meio de metáforas, além de demonstrar o cenário da época retratando a onda punk, tão comum nos anos 80. A trilha sonora é uma das melhores que já ouvi, e inseridas em momentos perfeitos, dando uma imersão incrível a cada cena. Impossível esquecê-las.

    Apesar do tempo, o filme continua sendo uma ótima pedida para aquela sessãozinha de filmes de terror com os amigos. Diferente dos péssimos filmes de terror que tem surgido por ai, Garotos Perdidos vem bem a calhar. Sem falar nos romances vampirescos que invadiram os cinemas nos últimos tempos… Esqueça divagações sobre o quão cruel e triste é ser um vampiro e viver eternamente, aqui temos é vontade de se juntar a eles. Se até agora não consegui convencer ninguém à conferir este clássico dos anos 80, é melhor parar por aqui.

    Enquanto a geração oitentista tinha Garotos Perdidos, os jovens de hoje têm Edward, Bela e cia. E depois ainda me pedem para não ser saudosista…

  • Review | Supernatural – 5ª Temporada

    Review | Supernatural – 5ª Temporada

    Supernatural_Season_5Supernatural, uma das séries de maior audiência da atualidade, conta a história de Dean e Sam Winchester, dois irmãos que andam Estados Unidos afora caçando seres e entidades sobrenaturais, salvando vidas, fazendo inimigos, bebendo cerveja e imperando pelas estradas com seu Impala 1967. A série agrada os fãs do gênero mistério e terror, sem abrir mão do bom humor e do sentimentalismo familiar clássico.

    No quinto ano da saga dos irmãos Winchester, temos o que chamamos da pior fase da trama dos caçadores de monstros mais famosos da TV desses últimos tempos. No final da quarta temporada, Sam e Dean perseguem e matam o demônio (ou demônia) Lilith, e se enganam ao pensar que estariam fazendo um bem ao equilíbrio do mundo, pois na realidade, a morte da criatura seria mais um dos selos a serem quebrados para que Lúcifer, também conhecido como Diabo, Capeta, Tinhoso, Tranca Rua, Exú e etc, pudesse andar livre pela Terra, trazendo consigo destruição, pestilência e tudo mais que se espera do tão sonhado Apocalipse bíblico.

    Com isso, a consciência dos Winchester pesa, e se sentem obrigados a arrumarem a tamanha besteira que fizeram. Além do inferno literalmente estar tomando conta do planeta, com centenas de milhares de demônios fazendo zona por aí, o andar de cima também começa sua revolta. Deus teria desistido da humanidade e desaparece, assim, seus funcionários com asas passam a guerrilhar e começam uma guerra contra os demônios para impedirem a acensão de Lúcifer, que para reinar de vez sobre a Terra, precisa do hospedeiro perfeito, que é ninguém mais que o próprio Sam Winchester, que serviria de megazord na batalha final entre demônios e anjos, que por sua vez o lutador da parada seria o próprio Miguel Arcanjo e seu receptáculo (uma dança erótica do Fanaticc como prêmio pra quem acertar quem seria o megazord celestial), Dean Winchester.

    Tudo é uma bagunça, literalmente, e Dean e seu irmão superdesenvolvido contam com a ajuda de Castiel, o anjo gente boa que se rebela contra sua própria raça para defender os humanos, que estão no fogo cruzado na guerra Céu x Inferno, tudo por uma questão de fé, além de outros caçadores já conhecidos de outras temporadas como Ellen, Jo e Bob Singer. Juntos, a trupe exorcizam humanos possuídos e lutam contra anjos malvados, tudo pra salvarem seus traseiros, com doses de drama e preocupação familiar, já que Sam é famoso por ter quedas por garotas-demônio, e seu problema em ser viciado em sangue dos vizinhos do andar de baixo, poderia ser um passo pra que na hora H, tudo se perdesse e Lúcifer finalmente colocasse as mãos em são tão almejado hospedeiro perfeito.

    Isso tudo com direito a briguinhas entre irmãos e um certo Dean Winchester, que passava uma imagem tão foderosa nas temporadas anteriores, com seu jeitão deslocado e bem humorado, passa o tempo todo com aquele ar depressivo, o que parece afetar todos os outros personagens e faz perder o ânimo nesse 5º ano da série. A falta de outras criaturas além de Anjos e Demônios na trama também é uma falha. Tudo se resume na clássica disputa Céu x Inferno, sendo maçante e tedioso. Poucos episódios que arrancam uma gargalhada do espectador, como era de costume com as piadas, comentários e referencias nos diálogos entre os dois irmãos.

    Com uma trilha sonora bem selecionada, Supernatural tem gás pra mais algum tempo de divertimento para os fãs, que inclusive agora está explorando novos meios de publicidade, lançando um animê e revistas em quadrinhos.

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    Texto de autoria de Felipe “Jim” Rozz.

  • Resenha | Fell: Cidade Selvagem

    Resenha | Fell: Cidade Selvagem

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    Fell é uma daquelas HQs com uma premissa simples mas muito bem desenvolvida. Também pudera, os responsáveis por ela são ninguém menos que Warren Ellis e Ben Templesmith, dois talentos incontestáveis em suas respectivas áreas.

    Ellis se tornou um dos grandes escritores e hoje em dia figura ao lado de grandes nomes do gênero como Alan Moore Neil Gaiman. Sua engenhosidade emparelha-se as suas bizarrices. Independente do trabalho que seja responsável, o autor sempre tende a revolucionar o universo que escreve, e por onde passou, deixa uma série de fãs, amantes de seu trabalho.

    Em Cidade Selvagem (Fell, no original), Ellis cria um misto de trama noir com terror psicológico  bem desenvolvido. Os desenhos de Templesmith, habituado a desenhar história de Terror como 30 Dias de Noite, têm papel fundamental na obra casando perfeitamente com o objetivo final da história.

    Após um incidente que envolve seu parceiro, Richard Fell é transferido para Snowtown, uma cidade sombria, suja e violenta, onde até mesmo seus habitantes aceitam resignados sua decadência. A trama foca o dia a dia do policial indo fundo na putrefação da cidade, confrontando seus receios e compreendendo melhor seus habitantes, uma escória variada como psicopatas, suicidas e pedófilos. A cada dia observamos sua paranoia crescer mais e mais.  A cidade corrompe a todos como uma droga, porém, Sem nenhum estase. Sugando os habitantes com sua opressão e subtraindo deles a sanidade.

    As histórias de Cidade Selvagem são fechadas, trazendo em cada volume uma trama distinta com início, meio e fim. Também merece destaque o fato de que cada história tem menos de 20 páginas. O autor quis lançá-las dessa forma para vender cada edição por um preço menor (lá fora cada edição foi vendida por $1,99). Mesmo com poucas páginas, o material tem boa qualidade e a narrativa de Ellis e a arte de Ben são sensacionais.

    Recomendado para aqueles que gostam de uma boa história policial que vai na contramão dos clichês das grandes editoras e também pela grande iniciativa dos autores de colocar um material com essa proposta disponível por um preço tão baixo no exterior.

    Compre: Fell.

  • Resenha | Noturno – Guilhermo Del Toro e Chuck Hogan

    Resenha | Noturno – Guilhermo Del Toro e Chuck Hogan

    Noturno – Guilhermo Del Toro e Chuck Hogan

    Tive a oportunidade de conhecer o livro Noturno em uma livraria qualquer, mas não dei a mínima, até ler um dos nomes estampados na capa do livro: Guillermo del Toro. Pensei comigo: O que del Toro está aprontando com esse lançamento literário? Fiquei um tanto receoso, pois pra quem não sabe, Del Toro é diretor de cinema, apesar de também escrever os roteiros de seus filmes, são mídias bem diferentes, em suas devidas proporções.

    Tenho uma certa “birra” com diretores/roteiristas de cinema que querem bancar os escritores, ou o escritor que quer bancar o diretor (Frank Miller cof cof), porque ambos, não tem domínio sobre determinada linguagem. Escrever um roteiro, para cinema não é a mesma coisa que escrever um livro, e vice-versa, são narrativas diferentes, mas quem consegue caminhar pelos dois mundos merece destaque. De qualquer forma, não resisti e comprei o livro, e não é que gostei?!

    Pra quem não conhece, Guillermo del Toro é o diretor de grandes filmes como Espinha do Diabo, Hellboy, o premiado Labirinto do Fauno entre outros, porém é Chuck Hogan quem dá asas a imaginação de Del Toro passando para o papel todas as idéias do diretor. Não sei detalhes, mas acredito que Del Toro tenha criado um roteiro e Hogan foi desenvolvendo em cima disso, e as coisas fluem bem, apesar de alguns erros. Acredito que devido a presença de Hogan, as coisas tenham fluído melhor como literatura, mas é inquestionável a narrativa fortemente influenciada pela linguagem de cinema de Del Toro, para terem uma idéia, foram produzidos alguns trailers com atores interpretandos trechos do livro (confiram abaixo).

    Noturno nada mais é que uma história de vampiros, mas ESQUEÇA vampiros romantizados de Anne Rice, ou as criações da escritora Stephanie Meyer, esses últimos certamente virariam “pó-de-purpurina” ao se deparar com os as criaturas que aparecem aqui. Del Toro e Hogan prezam pelo grotesco.

    Os vampiros aqui apresentados são completamente diferentes do que estamos acostumados atualmente, aqui eles são seres bestiais, completos animais selvagens, sem glamour nenhum e se assemelham mais a zumbis do que vampiros propriamente dito (há quem diga que vampiros são zumbis, mas espero que tenham entendido a conotação que coloquei). Como diria meu amigo Gustavo Kitagawa: “Em tempos de crepúsculo, uma história assim é bem vinda”.

    O início do livro é bem arrastado, e desanima um pouco o leitor, mas é até compreensível, Noturno vem com a proposta de ser uma trilogia (Trilogia da Escuridão) e talvez por isso, o primeiro volume seja um pouco maçante, devido a toda apresentação do universo e seus personagens.

    Como já havia dito antes, a história tem uma narrativa bastante cinematográfica, o que eu já esperava. Apesar da história focarem três personagens centrais, nos deparamos com outras histórias paralelas de outros personagens trazendo seus pontos de vista sobre a situação, criando uma maior absorção a tudo que está ocorrendo.

    Mas vamos a história propriamente dita. Após um avião pousar em um aeroporto de Nova York com todos os sistemas sem funcionamento e com os passageiros aparentemente mortos sem nenhuma evidência de um crime ou atentado ocorrido. Em decorrência disso, uma equipe de controle de epidemias é enviada ao local para descobrir se houve alguma ameaça biológica que causou a morte dos passageiros.

    Pouco a pouco nos envolvemos com o perigo de uma ameaça biológica mundial, devido a transmissão de um vírus que transformam seres humanos em vampiros. O livro tenta ser crível, colocando o vampirismo como uma epidemia, um parasita que acaba transformando o corpo do seu hospedeiro em um ser bestial sedento por sangue.

    Noturno funciona extremamente bem para se tornar um filme, e espero imensamente que isso ocorra, pois deve funcionar muito melhor nas telonas, não que o livro seja ruim, pelo contrário, tem uma trama envolvente cheia de suspense e personagens bem construídos, porém, tem seus altos e baixos e parece já pronto para um filme (o que evidentemente deve ter sido premeditado). A história começa arrastada e o final um pouco cansativo, mas deixa um bom gancho para uma continuação. Fica claro que o livro poderia ter sido “enxugado” e ser mais objetivo, afinal ele tem mais de 400 páginas e oscila demais entre momentos monótonos e ação frenética.

    De qualquer forma, Noturno está longe de ser um livro ruim, já estou ansioso para o próximo volume da série, só espero que seja desenvolvido melhor da próxima vez. Vamos aguardar.

  • Resenha | Kaori: Perfume de Vampira – Giulia Moon

    Resenha | Kaori: Perfume de Vampira – Giulia Moon

    Kaori - Perfume de Vampira - Giulia Moon

    ”[…] Naquele instante, o dragão rutilante soltou-se da pele alva da vampira e deslizou, célere, ao encontro do seu par. O dragão negro de Samuel percorreu, liberto, o corpo masculino, sua tela e sua prisão, até atingir a pele perfeita da amante, as suas nádegas, o seu ventre, o seu sexo. De repente, entre os dois corpos imersos no frenesi do amor carnal, as duas criaturas fabulosas encontraram-se, numa explosão de fogo e volúpia. […]”

    Depois desse começo quente, vou falar um pouco sobre esse livro esfuziante que li em 3 dias de tanta curiosidade pela história e fascínio pelos personagens.

    Kaori (traduzindo, significa perfume) está mais para biografia do que um romance (mas não pensem que é só isso, existem muitas partes de aventura e ação, além de doses de erotismo), já que o livro conta as aventuras dessa vampira nipônica desde o ano de 1647 (Período Tokugawa) até 2008 (Era Heisei).

    Pra entendermos o rumo que a personagem traça e a influência causada e sofrida por ela, devemos pensar no ensinamento do mestre dela: ”O que você sabe sobre o destino? Menina tola. Ninguém é dono do seu destino se não tem poder para mudá-lo.” [página 64]. Seguindo essa linha, no livro vemos como algumas atitudes da personagem geram reações voluntárias ou involuntárias de outros, ou mesmo, como o sobrenatural é cultivado dentro da sociedade atual e nos tempos feudais.

    Cada capítulo do livro reserva uma surpresa, mínima, mas sempre presente. A própria disposição dos capítulos é diferenciada, pois temos um capítulo tratando do presente, outro, do passado (dezoito capítulos marcados em numerais arábicos [presente] e mais dezoito marcados em numerais romanos [passado], somando prólogo e epílogo, nas 371 páginas do livro), com um final, na minha opinião, bom, mas não tanto quanto eu esperava.

    Mais algumas considerações: personalidade de cada ser vivo ou ‘não morto’ bem trabalhada, exceto de um que é somente mais explorado no final; localidades bem assimiladas transportando assim o leitor para o lugar, ou mesmo, o fazendo imaginar, sentir, ”respirar” a paisagem; acho que faltaram algumas doses de comédia com alguns personagens e/ou situações; senti muita falta da situação que deveria envolver (não pensem besteira) Takezo e Samuel.

    Durante todo esse tempo somos apresentados à algumas criaturas do folclore oriental como Nekomata (No Folclore Japonês, um gato com habilidades sobrenaturais parecidas com as de uma Kitsune ou de um Tanuki.), Tengu ( São criaturas fantásticas do folclore japonês, uma espécie de duende cujas lendas possuem traços tanto da religião budista quanto xintoísta, habitam florestas e montanhas. Eram desenhados de duas formas diferentes: Os karasu tengu : com o corpo humanoide, mas uma cabeça de corvo, ou, Os konoha tengu: com feições humanas, mas dotados de asas e longos narizes. Os konoha tengu eram representados às vezes carregando uma pena. Máscaras representando seus rostos eram muito usadas em festivais.), kyuketsukis (denominação japonesa dos vampiros, composta pelos fonemas: kyu = sugador, ketsu = sangue, ki= demônio), já a outra espécie de bichos que aparecem no livro, os canis famélicos, não achei registros na cultura oriental, só os cito pra não falarem que esqueci.

    Um outro ponto interessante é a diferenciação das classes da sociedade do final do período feudal/começo do período Meiji (abertura dos portões do Japão após 250 anos fechados para o comércio externo, por interferência dos americanos, Almirante Mathew C. Perry, período que o Imperador volta ao poder, desprestígio do Xogum [general e chefe militar, encarregado da proteção do império]):

    – Mercadores (pai da Kaori, Gombei, dono de uma venda de dangôs, Dangô ya);
    – Daimyôs (Lorde Shin-nô, o típico senhor feudal [tradução de daimyô] do final do período Tokugawa);
    – Samurais (Wakabara Kodo, que demonstra muito do significado do bushidô [bushi = guerreiro, dô = caminho, portanto, caminho do guerreiro], os princípios que regiam [ou deveriam reger] a conduta do samurai).

    Algumas das figuras históricas citadas: Myamoto Musashi (considerardo o mais forte e também criador do estilo Niten Ichi Ryu [Ni = dois, Ten = céu, Ichi = Um, Ryu = Dragão ou usado para denotar quando se refere à um estilo de arte marcial, esse estilo é ensinado até hoje, sendo composto pelo combate com uso de duas armas: katana e wakyzashi] e escritor do livro Go Ring no Sho [Livro dos Cinco Anéis]); Oda Nobunaga, Hideyoshi Toyotomi e Ieyasu Tokugawa (três grandes generais responsáveis pela unificação do Japão, sendo que Ieyasu é quem cria o cargo de Xogúm e mantém por hereditariedade de 1603 até 1853, ano da chegada de Perry a Baía de Edo).

    Uma última explicação: ”mas afinal, de onde vem essa coisa de eras?” ou, ”o que é Tokugawa e Showa?” vocês devem estar pensando, eis a explicação: A família imperial japonesa mantém-se de forma contínua no trono desde o princípio do período monárquico, no século VI a.C.. Do ponto de vista religioso, os imperadores traçam sua ancestralidade até o reinado dos deuses sobre a terra, dos quais seriam descendentes e o Imperador Jinmu é o primeiro mortal da linhagem imperial. Atualmente o trono pertence ao Imperador Akihito, lá é o mesmo caso da Inglaterra, um sistema parlamentar de governo, isto é, de acordo com a Constituição de 1947 o Primeiro Ministro é quem comanda o país mesmo existindo a Família Imperial.

    Obs: Pra um melhor entendimento do livro, recomenda-se a leitura do conto Dragões Tatuados, do livro Amor Vampiro (Editora Giz, 2008).

    Compre: Kaori: Perfume de Vampira – Giulia Moon.

    Texto de autoria de Hatake Diogo.