Crítica | Os Três Mosqueteiros (2011)
Um dos maiores clássicos da literatura mundial ganha sua enésima adaptação cinematográfica, mais massavéio do que nunca. Os Três Mosqueteiros, nos cinemas desde o último dia 12, traz a conhecidíssima história na visão do diretor Paul W. S. Anderson. Ou seja: roteiro raso e ação desenfreada com direito a câmera lenta, 3D e muitas explosões. E o resultado é surpreendentemente divertido.
Na França do século XVII, um jovem chega a Paris sonhando entrar para a célebre Guarda Real, os Mosqueteiros, e acaba se envolvendo numa série de conspirações contra o trono, etc… você certamente já viu essa história antes. E o filme espertamente se aproveita disso, estabelecendo rapidamente o ambiente e os personagens, sem perder tempo com desenvolvimento do que quer que seja, e parte logo pra ação com piadinhas. E isso domina o filme todo, cenas de ação bem feitas apesar de exageradas, e um forte tom cômico que assume que o filme não tem qualquer pretensão de se levar a sério.
A solução encontrada por Anderson (conhecido principalmente por cometer as adptações da franquia Resident Evil) para imprimir seu estilo num cenário capa-e-espada foi apelar pra uma estética steampunk, com armas, equipamentos e engenhocas “modernos”, chegando a usar dirigíveis fortemente armados numa batalha naval aérea. Mas o auge mesmo é a representação renascentista do clichê máximo dos filmes de assalto/espionagem: os lasers de segurança. Exagero é pouco.
As atuações seguem a mesma linha, tudo tão forçado que acaba se tornando bom. A esposa do direto, Milla Jovovich, obviamente, tem todo o destaque possível no papel de Milady. O oscarizado Cristoph Waltz precisava pagar algumas contas, então bateu cartão como o Cardeal Richelieu. Os três mosqueteiros são vividos por Matthew MacFadyen (Aramis), Luke Evans (Athos) e Ray Stevenson (Portos), este último se mostrando muito a vontade num papel cômico, muito semlhante ao que fez em Thor. Logan Lerman, o Percy Jackson (se é que alguém lembra disso), não faz feio como o arrogante “protagonista” D’Artagnan, ajudado em muito pelo roteiro não exigir nada dele em termos de evolução, jornada do herói e tudo mais. As coisas simplesmente acontecem e pronto. Mas o grande destaque do elenco, e eu ainda não acredito que vou dizer isso, é Orlando Bloom. Vivendo o afetado Duque de Buckingham, ele dá uma aula de canastrice e entrega provavelmente sua melhor atuação da vida. Sempre com um sorrisinho irônico de quem está se divertindo horrores e ainda faturando algum, ele é o símblo desse filme.
Como expectativa e proposta são a chave de tudo no cinema, muito cuidado com Os Três Mosqueteiros. Para os fãs puristas da obra original ou quem não consegue abrir mão de um roteiro bem elaborado, é melhor passar longe. Mas se você quiser apenas se divertir com o cérebro desligado, assista e seja feliz.
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Texto de autoria de Jackson Good.
Nota do Flávio: Esse nova versão de viadinho dos Três Mosqueteiros nunca chegará aos pés da de 1993, que contávamos com Kiefer “Jack Bauer” Sutherland e o ídolo-mor deste humilde blog, Charlie Sheen. Ok, ok, tinha o Chris O’Donnell como protagonista, mas vamos esquecer isso…