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  • Crítica | Supergirl

    Crítica | Supergirl

    Apenas um ano após o lançamento do vexaminoso Superman III, os produtores Ilya e Alexander Salkind levavam as telas de cinema um spin off, protagonizado por Helen Slater e dirigido por Jeannot Szwarc. A Supergirl de 1984 contém semelhanças em sua abertura com a versão de 1978 de Superman, ainda que tenha uma apresentação mais colorida,  mais voltado para o que os produtores achavam ser comum para o público feminino, primando por tons rosas. A construção do passado de Kara Zor-El é mais pautada em alguns poucos uma ambientação mágica, onde habitam os remanescentes do planeta extinto, na cidade de Argo.

    O missão de Kara envolve um mentor estranho, Zaltar, interpretado pelo veterano Peter O’Toole, que tem em seu comportamento algumas ideias bastante contraditórias, a respeito de enviar a moça em uma missão a Terra, lançando no espaço, em direção ao planeta onde não só seu primo está como tambem um artefato, chamado Omegahedron. O objetivo da moça é recupera-lo que deveria, pois ele caiu em mãos erradas, ficando em posse da bruxa moderna Selena (Faye Dunaway), que tenciona dominar a terra com esse poder.

    Ilya Salkind consegue produzir um longa estranho em essência, que começa pela chegada personagem ao planeta já trajada como heroína, sem qualquer preparação ou algo que o valha, seguida de cenas de voo terrivelmente mal feitas, com fundo verde mais vagabundo possível, com erros de escala assustadores entre a figura em movimento e o cenário fixo. Algumas referências interessantes são notadas, como a cidade engarrafada de Kandor, mas só há menção, nenhuma exploração o tema é feita o que é lastimável, já que isto poderia fazer enriquecer a trama.

    A direção de Szwarc é curiosa, e até tenta ousar. Sua experiência com seriados televisivos como Galeria do Terror e a versão oitentista de Alem da Imaginação o credencia a montar um cenário sci-fi para sua versão do mito kriptoniano. O roteiro de David Odell é confuso em sua confecção, apresentando uma personagem solitária, já experimentada, na fase da puberdade, que necessita encontrar companhia em uma escola, sem qualquer quantia em dinheiro para pagar seus estudos ou necessidade prévia de convívio com outros adolescentes. Não faz qualquer sentido a construção em volta de identidade de Linda Lee, a não ser forçar uma ligação emocional com o público alvo feminino.

    O romance ocorrido entre a protagonista e Ethan (Hart Bochner) surge sem qualquer plausibilidade. Os arcos dramáticos do longa são movidos por um tipo estranho de magia, que pouco tem a ver tanto com as histórias em quadrinhos de Kara Zor El quanto com os filmes anteriores da franquia Super. O resultado final é um produto confuso, com uma crise de identidade tremenda e que não conseguiu se valer em quase nada dos filmes clássicos do Superman, resultando em um fracasso de  bilheteria, arrecadando menos de metade de seu orçamento e não à toa, pois a mistura dos elementos heroicos com magia simplesmente não funcionam.

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  • Flash e Supergirl: O Crossover Musical

    Flash e Supergirl: O Crossover Musical

    Os crossovers entre os seriados do chamado arrowverse, que é basicamente o universo da DC Comics na televisão criado em Arrow, tiveram início ainda na 2ª temporada da série do arqueiro esmeralda com a participação de Barry Allen, que culminou com o seu acidente que o transformou em Flash. Desde então, os heróis de Arrow, Flash, Supergirl e Legends of Tomorrow se reúnem para enfrentar alguma ameaça realmente perigosa, como a primeira vez que enfrentaram Vandal Savage ou combateram uma invasão alienígena que adaptou a saga Invasão, da DC Comics. Fora essas reuniões que duram mais de um episódio, existem outras menores onde os personagens do universo compartilhado sempre aparecem ao menos uma vez nas outras séries e foi assim que Flash conheceu Kara Zor-El, a Supergirl.

    Devido a um intercâmbio entre os canais CW, que produz as séries do universo compartilhado e o canal CBS, que cuidava de Supergirl, o velocista escarlate, durante um treinamento para derrotar o vilão Zoom, acabou por cair sem querer na Terra 3 e assim, ajudou a última filha de Krypton a derrotar uma ameaça. A parceria deu certo comercialmente e os produtores resolveram arriscar ainda mais, desta vez, trazendo a Supergirl para o seriado do Flash. E foi fantástico.

    Tanto Grant Gustin, quanto Melissa Benoist faziam parte do cast do premiado seriado musical, Glee, e, por conta desse passado, os produtores decidiram que o encontro do dois seria em formato de musical. Com isso, se aproveitaram da situação atual de ambas as séries, onde os protagonistas se encontravam em situações semelhantes em suas vidas e trouxeram o vilão Mestre da Música, vivido pelo também ator de Glee, Darren Criss, para ensinar uma lição a Barry e Kara.

    O episódio começa com Mon-El (Chris Wood) e J’onn J’onzz (David Harewood), atravessando o portal e chegando aos Laboratórios S.T.A.R, em Central City, com a Supergirl em coma, pedindo ajuda, ao mesmo tempo que o Mestre da Música invade o local e coloca Barry no mesmo estado de Kara. Ao acordar, Barry percebe que está numa espécie de boate noir, onde Kara é a cantora. Não demora para os dois perceberem que estão presos num musical e que, para escapar da transe, teriam que seguir o roteiro passo a passo.

    Assim como em qualquer musical, tudo é muito bonito e alegre e é realmente satisfatório ver os atores de todo o universo compartilhado cantando e dançando, sendo que a escolha de seus representantes foi muito bem acertada. Como o episódio era do Flash, todo seu cast estava lá, mas somente Barry, Iris (Candice Patton), Joe (Jesse L. Martin) e Cisco (Carlos Valdes) participaram da viagem atribuída pelo Mestre da Música, assim como Kara, Mon-El e Winn (Jeremy Jordan) representando a série da Supergirl. Vale destacar que os veteranos Dr. Martin Stein (Victor Garber), que é uma das metades do herói Nuclear, representou Legends of Tomorrow e Malcolm Merlyn, o Arqueiro Negro (John Barrowman), representou Arrow. A título de curiosidade, todo o background de formação artística de Barrowman foi feito na Broadway, fazendo com que o ator seja mais que competente para sua participação, em vez de qualquer outro personagem de Star City.

    O episódio em si foi muito dinâmico, deixando aquela sensação de que passou muito rápido e isso se deve à boa trama do musical, aliada à trama paralela daquilo que acontecia nos Laboratórios S.T.A.R. No que diz respeito ao musical, este totalmente ambientado na máfia noir da primeira metade do século XX, somente Barry e Kara eram eles mesmos e o restante do elenco, apesar de estarmos familiarizados com os atores e seus personagens, interpretavam outras pessoas com nomes diferentes. Merlyn, por exemplo, é um dos chefões da máfia e dono da boate onde Barry, Kara, Cisco e Winn trabalham. Já Joe e Stein chefiam outra facção da máfia e são inimigos mortais de Merlyn, sendo que ambos os criminosos estão atrás de seus filhos, Iris, que é filha de Joe e Stein (sim, é isso mesmo) e Mon-El, filho de Merlyn.

    Enquanto Barry e Kara, com seus poderes drenados, tentam seguir o roteiro, Wally West/Kid Flash (Keiynan Lonsdale), Cisco Ramon/Vibro e J’on J’onzz, devidamente transformado no Caçador Marciano, perseguem o Mestre da Música por Central City. Aqui cabe um destaque porque os três heróis trabalham de maneira cooperativa semelhante aos X-Men na abertura do filme Dias de Um Futuro Esquecido.

    Como dito, o ótimo episódio pareceu muito curto (mesmo tendo o tempo regular característico), fazendo com que certas resoluções tivessem seus desfechos de forma um pouco mais urgente. De qualquer forma, o Mestre da Música é um ótimo vilão e realmente seria muito legal se ele retornasse, aparecendo nos demais seriados, já que o antagonista atinge exatamente determinado ponto da mente daqueles que são afetados. Seria muito interessante ver a mente deturpada e sofrida de Oliver Queen ambientada num musical que se passa na 2ª Guerra Mundial, por exemplo.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • O Mega Crossover entre Supergirl, The Flash, Arrow e Legends of Tomorrow

    O Mega Crossover entre Supergirl, The Flash, Arrow e Legends of Tomorrow

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    Finalmente, o mega crossover do canal CW aconteceu. Durante o decorrer da semana, pudemos acompanhar nos episódios de Supergirl, The Flash, Arrow e Legends of Tomorrow a reunião de quase todos seus personagens/heróis numa batalha contra os alienígenas conhecidos como Dominadores, numa adaptação da série Invasão, da DC Comics, lançada no final de 1988 com seu término logo no começo de 1989.

    Ainda que todos os anúncios desse grande evento da televisão anunciava uma grande história de 4 episódios, o que vimos é que o episódio de Supergirl, em nada teve a ver com o crossover. O que acontece de relevante em seu episódio, que foi ao ar na América na segunda-feira, são pequenos easter eggs, ou seja, portais de Barry Allen tentando chegar na Terra da última filha de Krypton. E quando ele consegue, o episódio acaba após uma pequena conversa.

    Diferentemente da reunião que aconteceu no ano passado entre Arrow e Flash, onde 90% do elenco das séries se reuniu naquilo que não parecia ser um episódio de Flash seguido de um episódio de Arrow, Invasão até que foi bem distinto, obviamente reunindo seus principais heróis, deixando a peculiaridade e o elenco secundário de cada série no seu devido lugar em seu respectivo dia da semana. Sendo assim, o que vimos, foi 100% um episódio distinto de Flash sucessivamente com episódios distintos de Arrow e Legends of Tomorrow, o que não foi ruim, devido a quantidade generosa de heróis dessa vez.

    Barry Allen (Grant Gustin) e os cientistas dos Laboratórios S.T.A.R. recebem um imagem de seus satélites de que uma espécie de meteoro irá atingir o centro de Central City. Chegando lá, Barry percebe que se trata de uma nave com diversos alienígenas dentro dela. Com a ajuda da diretora da A.R.G.U.S, Lyla Michaels (Audrey Marie Anderson), o “team Flash” fica sabendo que se trata da raça conhecida como Dominadores ou Domínions, cujo primeiro contato com a Terra se deu nos anos 50. Prontamente, Allen sai para reunir Oliver Queen/Arqueiro Verde (Stephen Amell), Thea Queen/Speedy (Willa Holland), John Diggle/Espartano e Felicity Smoak (Emily Bett-Rickards), trazendo em seguida a Supergirl, Kara Danvers (Melissa Benoist). O time fica completo minutos depois com a chegada das “lendas” Ray Palmer/Átomo (Brandom Routh), Sara Lance/Canário Branco (Caity Lötz), Martin Stein/Jax Jackson/Nuclear (Victor Garber e Franz Drameh) e Mick Rory/Onda Térmica (Dominic Pursell).

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    Um dos pontos principais desse episódio é uma estranha mensagem escondida na nave das Lendas que foi deixada pelo Barry do futuro. Quem acompanha o seriado do Flash, sabe que foi Barry quem criou a inteligência artificial Gideon (uma espécie de Jarvis) e que Gideon é a responsável pela nave das Lendas, a Weaverider. Aos poucos vamos percebendo o quão poderoso Barry Allen é. O problema é que Barry precisa contar a todos o conteúdo da mensagem que diz respeito às recentes alterações que fez do passado, mudando e muito o presente de todos. Aliás, além da ameaça principal da temporada, esse era um assunto recorrente entre os personagens de Flash e que tem uma agradável resolução.

    Já no interessante episódio de Arrow, após Oliver, Sara, Diggle, Thea e Ray (os não meta humanos do grupo) serem abduzidos para uma nave dos Dominadores, coube a Barry e Kara liderar o “team Arrow” com a adição dos heróis Rene Ramirez/Cão Raivoso (Rick Gonzalez), Rory Regan/Retalho (Joe Dinicol) e Curtis Holt/Sr. Incrível (Echo Kellum), numa missão desesperada para tentar localizar seus companheiros. Porém, o destaque do episódio fica para os momentos em que os abduzidos, induzidos a um tipo de coma, revisam as suas vidas se eles não fossem heróis. Desta forma, podemos ver Oliver Queen prestes a se casar com Laurel Lance (Katie Cassidy), falecida na temporada anterior, além dos pais de Ollie, Moira e Robert (Susanna Thompson e Jamey Sheridan, retornando a seus papéis). Vale de destacar que quando os abduzidos percebem que estão numa situação atípica, onde tudo é exatamente como eles queriam que fosse, começa uma espécie de conflito interno em cada um eles, sendo que, a partir do momento que isso acontece, uma espécie de mecanismo de defesa é ativado, fazendo com que os vilões Exterminador (sem os créditos ao interprete),  Damien Dhark (Neal McDonough) e Malcolm Merlyn (John Barrowman) tentem evitar a qualquer custo que os abduzidos acordem do coma induzido.

    Coube a Nate Heyood, o Gládio (Nick Zano), pilotando a Waverider, o resgate dos abduzidos e com isso entramos no episódio de Legends of Tomorrow, onde alguns personagens saem de cena para a entrada de Nate e de Amaya, a Vixen, vivida por Maisie Richardson-Sellers.

    O referido episódio, assim como o drama de Barry, por ter estragado a vida de todos e assim como o drama de Oliver, pela sua vida ter se tornado o que ela é hoje, também temos um drama pessoal do Dr. Martin Stein, que durante uma de suas viagens pelo tempo, acabou por interagir com seu eu mais novo, alterando o seu presente. Vale destacar que é a primeira vez que as Lendas voltam a 2016 desde que partiram com a Waverider lá no primeiro episódio da primeira temporada.

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    Tudo que se sabe até então é que os Dominadores querem eliminar os meta humanos do planeta. Com isso cabem a Felicity, Cisco Ramon (Carlos Valdez), Gládio, Vixen e Onda Térmica retornarem aos anos 50 com o objetivo de descobrirem o que aconteceu no primeiro contato com a raça alienígena, enquanto os heróis que ficaram em 2016 precisam enfrentar alguns agentes do governo que querem, a qualquer custo, prender Barry Allen para entregá-lo aos Dominadores. E pelo fato de todos (principalmente Cisco) estarem chateados com Barry, o velocista escarlate decide se entregar com o intuito de estabelecer uma trégua com os alienígenas. Obviamente, todos o perdoam, fazem aquele discurso motivacional de amizade e decidem ir para a guerra, no melhor momento dessa reunião.

    O mega crossover da CW foi algo inédito na televisão. Obviamente, pelo excesso de personagens e por envolver muita coisa, o roteiro é cheio de furos e erros, mas considerando o pouco tempo de filmagem para unir tantos personagens assim, o resultado é satisfatório.

    O que vai deixar os fãs dos quadrinhos e que também gostam das séries felizes é a enorme quantidade de referências a não só a coisas relacionadas à DC Comics, mas também, da Marvel. A maneira como a parte final de Invasão acontece chega a lembrar a primeira vez que vimos os Vingadores reunidos no cinema. Infelizmente é impossível reunir nesse texto todos os bons momentos e o humor bem recorrente, mas um dos destaques está lá e lá ficou para ser usada novamente: um galpão, cuja parte externa é idêntica à Sala da Justiça.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Review | Supergirl – 1ª Temporada

    Review | Supergirl – 1ª Temporada

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    Após ter seu piloto vazado, a primeira temporada de Supergirl daria prosseguimento ao seu seriado, usando parte do visual dos sobreviventes de Kripton visto em  O Homem de Aço, de Zack Snyder. Os primeiros momentos do seriado situam a fuga do planeta condenado, tanto de Kal-El quanto da jovem Kara, que só chegaria a Terra 24 anos após seu parente, envolvida em um estranho evento cósmico que não a permitiu envelhecer. Na vida adulta, enquanto tenta uma carreira na imprensa, Kara Danvers é interpretada por Melissa Benoist, que apesar de sua pouca experiência, compensa com muito carisma, sendo sua performance o ponto alto da série.

    Como era esperado em Smallville: As Novas Aventuras de Superboy, além de outros programas do Canal CW – como Flash 1ª Temporada – há um resgate de atores envolvidos de alguma forma com a franquia, mostrando os pais adotivos da moça interpretados por Dean Cain (o Super-Homem de Lois & Clark: As Aventuras Novas do Super-Homem) e Helen Slater (a Supergirl de 1984), que interpretam Jeremiah e Eliza Danvers, respectivamente. O enfoque é na vida urbana da jovem e as pessoas que a rodeiam, como o belo e seguro fotógrafo James Olsen (Mehcad Brooks), em uma versão mais adulta e sexualizada, deixando de lado o sidekick sem poderes do herói de Metropolis.

    Kara tem como melhor amiga sua irmã de criação, Alex (Chyler Leigh), uma das poucas que sabem o segredo que envolve os seus poderes, e que claramente é avessa à ideia da heroína se aventurar como uma vigilante. Desde o início é exibida uma relação dúbia entre ambas, incluindo uma competição que faz sua irmã delata-la ao Departamento de Investigação de Atividade Alienígena.

    A decisão pelo uso de seu uniforme faz referência direta a uma cena semelhante de Lois & Clark, tendo como parceiro da heroína o seu amigo claramente apaixonado platonicamente por ela,  Winn Schott Jr. (Jeremy Jordan), que a ajuda a escolher a melhor vestimenta.

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    O trabalho da moça na revista CatCo Worldwide Media faz todos os arquétipos se assemelharem ao universo do Superman, com a diferença de que Cat Grant (Calista Flockhart), sua editora-chefe, é uma megera insensível que busca no alter ego de sua funcionária um símbolo de adulação, copiando mais uma vez a motivação do Planeta Diário nas histórias do Superman. A impressão dentro do programa criado por Greg Berlanti, Ali Adler e Andrew Kreisberg é aludir aos momentos clássicos do herói de maneira velada, adaptando-o a um estilo mais rápido e ligado ao estereótipo feminino de comédias românticas.

    Já no segundo episódio é apresentada uma disputa entre heroína e vilã, sua tia Astra (Laura Benanti), irmã gêmea de sua mãe, que foi banida para a zona fantasma. Com exceção de Astra, os vilões são bastante genéricos e a jornada da moça super-poderosa é provar ser mais do que a simples prima do Superman, em uma trama de auto-afirmação que combina mais com uma adolescente do que com uma mulher adulta. A subida de popularidade e mostra de seus poderes pouco têm a ver com a importante questão do empoderamento feminino, se assemelhando mais as lamúrias e choramingo de um alguém que ainda não amadureceu, fato que pouco se justifica em razão de todas as desventuras se assemelharem as do herói original, inclusive o fato de ludibriar uma jornalista com olho clínico, trabalhando para ela e usando apenas um óculos como estratégia de disfarce.

    A fragilidade da personagem ajuda a denegrir a representação feminina, além do conceito de garota em apuros, servindo como artifício metalinguístico para as falhas de concepção existentes, assim como o uso indiscriminado de personagens dos quadrinhos executando funções genéricas, como o empresário Maxwell Lord (Peter Facinelli), que serve de Lex Luthor cabeludo e substituto. O Tornado Vermelho, personagem dúbio nos quadrinhos, serve apenas como um capanga qualquer, que evoca na personagem-título lembranças de seu passado e a motiva a se superar, em mais um momento gratuito e sem sentido.

    Para desviar a atenção de problemas no texto, há o mesmo apelo ocorrido em Smallville, com aparições de personagens clássicos, como o kriptoniano Non (Chris Vance), que é par romântico de Astra, e mais tarde com o acréscimo de um arco mais sério e interessante, com o Caçador de Marte, vivido por David Harewood, que se disfarça de chefe de operações Hank Henshaw. Este acaba sendo um dos poucos momentos realmente interessantes dramaticamente, no entanto a trama segue boba, trazendo vilões clássicos, como o Mestre dos Brinquedos, que acaba por passar em National City ao invés de Metropolis, graças ao seu filho Winn, o eterno amigo gay/paixão platônica não correspondida de Kara, além de um grande número de equivalentes vilões do Azulão, sempre pautados pelo desuso dos mesmos nos filmes da Warner.

    Já o desenrolar da trama do Caçador de Marte é bastante interessante, trágica em si e bem mais significativa que qualquer subtrama secundária anterior utilizada. A guerra marciana é bem demonstrada, assim como o trauma estampado no rosto de Harewood, que consegue atuar em nível muito superior aos seus colegas de elenco. Os efeitos visuais também são bem executados nesse caso, assim como o design de produção.

    A sequência de tropeços segue, especialmente após o episódio Bizarro, em que Lord finalmente assume ser a versão copiada de Luthor, não só possuindo sua própria versão estranha da Supergirl, no período próximo de A Morte de Superman, como também criando uma versão mal feita da heroína, que mais uma vez precisa ser um rascunho do real último filho de Krypton.

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    Apesar de não ter grandes arcos dramáticos, exceto talvez por reencontros familiares de importância pequena, mora em Cat Grant a personagem mais rica do seriado, superando a personagem-título. A ideia de imitação de Meryl Streep, em Diabo Veste Prada, é deixada de lado para mostrar uma mulher que pode ser uma megera, malvada, autoritária e capaz de sentir empatia mesmo para os que estão patamares abaixo de si. Sua personagem é tão boa e faz tanto sentido que até destoa de todo o drama infantil apresentado. Os limites impostos na relação dela com Kara soam tão maduras que nem parecem pensadas pelo mesmo conjunto de argumentistas que planejam todo o resto.

    Laura Vandervoot, que havia interpretado a contraparte da heroína em Smallville, retorna para um papel vilanesco, como a personagem dos Titãs, Índigo, cuja versão nos quadrinhos é bastante diferente, desde a origem como pseudo-heroína para então se revelar má, tanto quanto ao alvo, já que sua programação era derrotar Donna Troy (a antiga Moça-Maravilha). O uso da kriptonita vermelha é bem semelhante ao de Superman 3, resultando em um pastiche bem oportunista, piorado graças à base terrível do roteiro de comédia de Richard Lester. O resgate a personagens famosos desimportantes segue. Nos quadrinhos, Índigo surgiu como uma heroína e depois se revelou uma vilã. Na série de TV, os produtores descrevem Índigo como um supercomputador vivo e de temperamento forte que foi sentenciado à prisão em Fort Rozz depois de se voltar contra o povo de Krypton.

    No capítulo Manhunter, finalmente se explora o passado do Caçador de Marte, se mostrando a parte mais interessante da temporada, a despeito do protagonismo da Super-Moça. As consequências referentes a ele são mais maduras, assim como a qualidade da construção de background, com um desenrolar mais adulto e discussões mais dramáticas. Já em World Finest, ocorre enfim o crossover com o Flash de Grant Gustin, fazendo também um contato com o canal CW, ainda que os produtores sejam os mesmos para ambas. O conceito de multiverso é apenas arranhado, uma vez que a explicação mais detalhada seria dada no programa do corredor escarlate. De ruim, há o subaproveitamento da vilã Curto Circuito (Brit Morgan), que nos quadrinhos e desenhos animados é uma vilã de terceiro escalão do Superman, e que não sustenta a necessidade de dois heróis alistados contra si, ainda que haja também a exploração tímida da Banshee Prateada, contraparte de Siobhan Smythe (Italia Ricci), que desde sua primeira aparição já guarda uma motivação que rivaliza com Kara.

    O equívoco mais irritante, em meio a tantos dentro desse primeiro ano, certamente é Miryad, que dá nome ao penúltimo episódio e que resume a tentativa de arma química de Astra, feito no início para salvar seu planeta natal através do controle mental de todos, e que é finalmente usado na Terra, em National City, por seu antigo amado Non, em parceria com Indigo e Lord. Os erros começam pela supervalorização da cidade, que até faz algum sentido, visto que não é um município como Metropolis, o qual é um alvo mais difícil de atingir, mas que soa oportunista, pois, exceto ser o cenário da temporada, não há qualquer importância no lugar. O outro erro fundamental é a quase participação do Superman, que também é afetado pelo transe graças a sua criação humana, a mesma que Kara recebeu, mas que ainda assim não mexe com os pensamentos da heroína novata.

    Lord consegue estabelecer laços com os alienígenas, exatamente como o Luthor de Gene Hackman em Superman 2: A Aventura Continua. É curioso como o Lex de Jesse Eisenberg em Batman vs Superman: A Origem da Justiça conseguiu antecipar os logotipos dos futuros heróis da Liga, como se fosse um empresário e assessor em comunicação do super grupo, como era o início do ideal do personagem. Ao menos, nesse final de participação, o papel de Lord passa a ser mais suportável ao atrelá-lo a Grant – em uma relação amorosa platônica forçadíssima, é claro – e na demonstração de uma mudança de caráter e espírito. Uma redenção um pouco incômoda, mas suportável diante dos outros tropeços da temporada.

    A solução encontrada para romper o feitiço dos vilões é pueril, com uma transmissão feita pela heroína, em rede nacional, através de palavras sentimentalóides que recuperam a esperança e razão de cada um dos capturados pela Myriad. As palavras de uma adolescente loira e carismática são suficientes para quebrar um transe planejado pelos opositores, que são da mesma espécie e raça que ela. As concessões, como a ascensão de Lucy Lane (Jenna Dewan Tatum) ao posto de chefe do DEA beira o absurdo, soando extremamente forçado, assim como a batalha final entre Caçador de Marte e Supergirl contra Non e Indigo, com a batalha findando de um modo muito fácil e anti-climático.

    Pouco antes do final, um outro evento intergalático ocorre em National City, fato que faz os dois heróis se atentarem, com mais um cliffhanger que possivelmente não terá grande importância na segunda temporada que já foi confirmada. Apesar do martírio em assistir às desventuras da protagonista e dos demais personagens, o carisma de Benoist consegue tornar o show aceitável.

     

  • Review | Supergirl (Episódio Piloto)

    Review | Supergirl (Episódio Piloto)

    supergirl-pilotoA premissa semelhante ao ocorrido com o último filho de Krypton, adaptada para uma versão feminina, passa distante de qualquer visão típica do discurso feminista. A atuação pouco esmerada nos momentos pré-destruição planetária quase compromete o início da abordagem em Supergirl, que se inicia mostrando Kara ainda adolescente (Malina Weissman) sendo enviada à Terra. Os efeitos especiais são até bem feitos, especialmente em comparação com outras produções televisivas.

    A reverência à figura do Superman é notada em cada detalhe, ainda que a figura do Azulão seja timidamente tocada, uma vez que ele já havia se revelado ao mundo bem antes de sua prima mais velha, tendo em suas feições, claro, a aparência de ser bem mais maduro que ela. É curioso notar o pai adotivo de Kara, interpretado por Dean Cain, o Clark Kent de Lois & Clark – As Aventuras do Superman, ainda que seja mais uma referência do que qualquer outro aspecto.

    Melissa Benoist interpreta Kara Danvers e se mostra uma mulher jovial, empolgada, que tem uma carreira consolidada em comunicação social, se aproximando demais dos arquétipos de Kent, ainda que sua postura lembre a personagem de Anne Hathaway em O Diabo Veste Prada, já que sua patroa Cat Grant (Calista Flockharté bastante excêntrica e exigente consigo. Para que seu trabalho seja o mais prazeroso possível, um belo homem negro de meia-idade se apresenta a ela. Seu nome é James Olsen (Mehcad Brooks), antigo repórter fotográfico do Planeta Diário, chamado pelo “Big Guy” de Jimmy, alcunha famosa nos quadrinhos.

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    A primeira cena da kriptoniana em ação faz lembrar absurdamente a descoberta dos poderes de Peter Parker no primeiro Homem-Aranha, ainda que neste haja menos jocosidade do que no filme de Sam Raimi. A cena em si é bem executada, apesar da leveza, e é seguida do resgate de um avião, ação típica do Azulão, semelhante também à cena de resgate de Superman – O Retorno, de Bryan Singer.

    Diante da primeira aparição da proto-heroína, que poderia gerar um sem número de inspirações em mulheres que sofrem violência, há também o surgimento de um opositor misterioso que sabe da origem dos pais da moça, o que gera um fator importante para que a história seja crível. O que não combina em nada com a estética de super-heróis é a subtrama do amigo gay que não é gay no personagem de Winn Schott (Jeremy Jordan), cujo amor platônico sequer é notado por Kara, fortificando a aura de comédia romântica, adocicando a trama para tentar alcançar o público feminino, ainda que tenha bem menos elementos diabéticos quanto o trailer pretensamente faz esperar.

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    A inversão de paradigma de proteção, se voltando ao que deveria ser a escolta de seu primo, para tornar-se algo mais universal, é interessante, especialmente com a trama secreta revelada nos minutos finais. O potencial de tornar o seriado uma bomba é enorme, especialmente por misturar influências tão diversas. Mas a construção de arquétipos é bem mais interessante nessa série da CBS do que foi visto, por exemplo, na série fracassada da Mulher-Maravilha.

    Obviamente que por ser um episódio inicial, ainda mais vazado, os plots ainda pareçam demasiado infantis, mesmo o mistério envolvendo a figura estranha de Alura e Porto Rozz. No entanto, ao menos em matéria de retratar uma mulher que não precisa se submeter ao pensamento mandatário do homem, cumpre bem seu papel. Primeiro com a pecha de proteção ao jovem Kal-El, para depois a moça dar uma virada espiritual em sua rotina, mudando sua posição de menina submissa para intensa modificação do status quo, mesmo com as reprimendas dos “controladores” de super-poderosos. O seriado vem para suprir uma lacuna de protagonismo feminino, órfão desde as empreitadas de Mulher-Gato e Elektra no mainstream. O mínimo que se espera é que se mantenha o caráter desbravador, mesmo que comedido e despretensioso.

  • Precisamos de uma nova série do Superman?

    Precisamos de uma nova série do Superman?

    Em meio as dificuldades que a Warner Bros e Walter Hamada têm em produzir um novo filme protagonizado pelo Superman, o anúncio de que a CW faria uma série focada na relação de Lois Lane e Clark Kent causou certa rejeição por parte dos fãs, especialmente porque quem acompanha os filmes da DC não costuma levar a sério The Flash, Legends of Tomorrow e demais séries do Arrowverse.

    A nova série também é produzida por Greg Berlanti, assinada também por Geoff Johns e tem como showrunner Todd Helbing, produtor de Mortal Kombat Legacy e Black Sails. O elenco é formado pelos mesmos Tyler Hoechlin e Elizabeth Tulloch que fizeram Clark e Lois na série da Supergirl. Os dois personagens têm filhos adolescentes, cada um com um pano de fundo e índole diferente: Jordan (Alex Garfin) e Jonathan (Jordan Elsass). Para esclarecer ao leitor, elencamos aqui alguns bons motivos para acompanhar essa nova história da DC. Sim, precisamos de uma nova série do Superman.

    Uniforme da animação clássica

    Logo no início do piloto, Hoechlin é mostrado salvando um carro verde semelhante ao que é visto na capa da Action Comics, a primeira revista do herói. Além disso, a eterna (e necessária) busca por refazer o clássico herói se lembra tanto a versão de Jerry Siegel e Joe Shuster, como a dos desenhos dos irmãos Fleischer que passava nos cinemas em 1941 e que ainda surpreende os espectadores pela qualidade visual e pela fluidez dos movimentos. A série era feita com rotoscopia, criada pelos irmãos alemães judeus que produziram anteriormente as primeiras animações de Betty Boop e Popeye.

    Visual do Superman dos anos quarenta. Imagem: Paramount Pictures

    Por mais que possa parecer boba, a referencia ultrapassa o aspecto visual e ressalta a ideia clássica do personagem, em contraposição a versão de Zack Snyder em que é um assassino a sangue frio em determinado momento.

    Identidade Secreta

    Recentemente fizemos um podcast, Vortcast: Identidade Secreta, que além de homenagear nosso grande camarada Felipe Morcelli, serviu também para discutir a ótima historia Identidade Secreta de Kurt Busiek e Stuart Immonem. Especialmente nas duas últimas edições, o personagem principal, mais velho e com família, teme o futuro de suas filhas, refletindo se elas teriam os mesmos poderes e problemas que teve quando o mundo o recebeu como herói.

    No caso de Superman e Lois, eles suspeitam que um dos filhos possa ter herdado os poderes kriptonianos. Enquanto o herói tem receio de falar sobre isso, sua esposa quer dialogar sobre a questão primordial, o segredo que o mundo gostaria de saber. Isso é tratado de maneira incrivelmente emocional, aprofundada por questões envolvendo pessoas queridas a Clark;

    A depressão em cena

    Esse talvez seja o maior diferencial do roteiro até aqui. O modo como o programa lida com a questão do transtorno de ansiedade social é bastante sério, ainda mais em comparação com outras adaptações de comics. Até os episódios exibidos pelo menos, a pessoa que sofre disso não é mostrada como uma coitada. Lidar com novas descobertas e uma condição clínica complicada certamente não é comum em obras da cultura pop, ainda mais dentro de versões de heróis em quadrinhos. Sempre quando foi abordado houve controvérsia, como com Thor em Vingadores: Ultimato ou com a Feiticeira Escarlate em Wandavision. Ainda assim, a abordagem em Superman e Lois é bem diferenciada pelo cuidado.

     

    Retorno ao herói clássico

    a dimensão do Super como um sujeito bom em essência pode parecer datada, mas está longe de ser assim de fato. Uma das primeiras ações do Super no primeiro episódio, quando precisa resolver um problema com uma caldeira, é grandiosa. Utiliza bem o cuidado em não atingir civis com uma boa estratégia heróica.

    Super levantando um bloco de gelo para resolver o problema da caldeira
    Imagem: CW

    Ainda assim é simples, fácil de compreender e até de associar ao personagem. Remonta aos melhores momentos dos quadrinhos e até de outras obras como Superman – O Filme e Superman – O Retorno, e não se parece em nada com a cena da destruição em massa em Metrópolis vista em Homem de Aço, ou outros momentos em que o Superman age mais como um agente do caos.

    Humor bem encaixado

    Programas sobre heróis normalmente tem como base a aventura e ação, mas não é incomum que tenham uma carga humorística considerável, seja nos filmes da Marvel, repletos de piadas em absolutamente qualquer produção, ou nos programas da CW, em um tom mais infantil. Claramente essa não é uma série para crianças mesmo com certos momentos que agradariam os mais jovens. O humor do personagem funciona como um alívio cômico necessário.

    Evolução de Smallville

    Por mais que boa parte dos fãs do Superman não gostem, Smallville foi um marco para o personagem e para o segmento de super heróis no audiovisual. O programa de Alfred Gough e Miles Millar manteve o Homem do Amanhã em horário nobre na tv,por dez longos anos e em alguns momentos a série acertou no tom, especialmente nas referencias do universo DC que brotavam nos roteiros de Geoff Johns. No entanto, o tom familiar era algo muito forte no programa dos anos 2000, especialmente na questão da paternidade. John Schneider e Annette O’Toole tinham uma relação muito próxima e intensa com o Clark de Tom Welling, e isso  também é bem desenvolvido aqui. Além disso, o fato de Pequenópolis ser o cenário principal da nova produção faz lembrar muito o seriado anterior, especialmente na fazenda dos Kent.

    É curioso como a maioria das pessoas imaginavam que a maior referência do novo materia seria Lois e Clark, mas claramente evitaram uma comparação direta. Em narrativa, lembra a premissa de Raio Negro com um fino equilíbrio entre ser um vigilante herói e um pai de família.

    Superman e Lois já foi renovada para uma segunda temporada, terá 16 episódios nesse primeiro ano e deverá seguir as historias de Clark, Jordan, Jonathan e Lois, variando entre a aventura comum aos gibis e histórias em quadrinhos com o clima familiar conturbado. Após explorarem outros personagens de sucesso, ter o azulão de volta como série é um retorno merecido.

  • O Que Esperar de “Liga da Justiça – Snydercut”?

    O Que Esperar de “Liga da Justiça – Snydercut”?

    Na época do primeiro trailer de Sonic: O Filme, nos primeiros meses 2019, os fãs reclamaram muito da aparência do personagem. Isso gerou tal comoção que a Paramount e o diretor Jeff Fowler resolveram se recolher, adiaram o filme e o reformularam com novos efeitos especiais e design, e agora, se fala até em produzir uma nova franquia de mundo compartilhado da Sega. Talvez esse episódio tenha ajudado a reavivar uma história que até então era encarada de maneira jocosa: o tal Snydercut, de Liga da Justiça, sem a entrada de Joss Whedon, e sob as rédeas exclusivas de Zack Snyder.

    Essa questão não é um evento ou um factoide recente. Após revelar o grave problema familiar que fez Snyder não dirigir as novas tomadas de Liga, e após uma recepção mista da crítica e pouco amena da parte dos fãs, o realizador de Watchmen começou a soltar nas redes sociais imagens, de artes conceituais e outras bem acabadas, de personagens em situações diferentes, de outros heróis que sequer apareceram, e outras tantas. Aos poucos, membros do elenco engrossaram o coro, em especial Ray Fisher, que fez o Cyborg, que teria uma participação bem maior pelo que se diz, e com o tempo, praticamente todos os interpretes falaram a esse respeito, apoiando o diretor, para que tivesse a chance de editar o material que já tinha em mãos.

    Alguns fatos precisam ser postos em perspectivas, sobre a atração que chegará ao catálogo da HBOMax em 2021, ainda sem uma data exata. O primeiro deles é que a Warner não lançou este anúncio por ser justa, “boazinha” ou não egoísta, o motivo principal é um só: dinheiro. Se eles realmente acreditassem no potencial e visão de Snyder, dariam liberdade a ele, ou esperariam passar o luto do realizador para que ele fizesse as alterações necessárias, e não chamariam um substituto.

    O segundo fato é que, mesmo que o diretor tivesse a sua sonhada liberdade, não necessariamente sairia um filme irretocável. Batman vs Superman: A Origem da Justiça foi massacrado pela crítica e não foi o êxito financeiro (nem Liga foi) e nem e Batman vs Superman: A Origem da Justiça – Versão Estendida também não salvou o conteúdo, tampouco resgatou a ideia heroica em torno do Superman.

    O terceiro fator que faz essa versão se tornar real é ainda comercial, pois no meio da pandemia de Covid-19 não se sabe quando o setor audiovisual poderá realizar coisas inéditas, e lançar algo com potencial financeiro atrativo, ainda mais em uma época em que o streaming é o principal modo de consumir cultura. A Netflix tem disputado com a Disneyplus e o Prime Video a preferência do público, e ter algo portentoso colocaria a marca da Warner no ramo de modo robusto. Isso aliás é mais uma prova de que a DC Universe está para ser extinta a qualquer momento, podendo ser agregada a HBOMax.

    Ainda existem muitos mistérios sobre o roteiro e a forma de lançamento – diz-se que pode ser como um filme, ou como uma minissérie – mas o pouco que se sabe é que a Warner não daria muito dinheiro nas mãos de Snyder, além disso, dificilmente ocorrerão novas filmagens, até porque  além da epidemia de coronavírus, o elenco mudou muito, e Ben Affleck dificilmente retornará como Batman, ainda que tenha demonstrado empolgação com o lançamento da versão do diretor. O que pode ser feito são redublagens de cenas, o que sempre pode dar errado, tal qual aparentemente ocorreu com o criticado Star Wars: A Ascensão Skywalker.

    A questão maior aparentemente é o que ocorrerá após o lançamento do produto. Se for bom, a Warner certamente não hesitará em assumir seu erro na substituição de Snyder por Whedon da forma conturbada como se deu, pois a possibilidade de finalmente fazer muito dinheiro com esses produtos é algo que todos almejam. Mais uma vez isso esbarra no diretor, que já provou não ser um produtor de cinema tão bom quanto ele próprio pensa, uma vez que sua versão foi ignorada pelos mesmos executivos que lhe deram a franquia da DC, e isso contaminou outros tantos filmes, entre eles, o Esquadrão Suicida de David Ayer.

    Se considerar que Snyder não mentiu a respeito de sua história, provavelmente Darkseid aparecerá nesta versão, se não em todo seu esplendor, ao menos como o mandante dos crimes do Lobo da Estepe. Os outros volumes mostrariam ele esmigalhando os heróis, e isso certamente tornaria todos os filmes posteriores confusos, podendo inclusive inviabilizar projetos futuros como The Batman, de Matt Reeves.

    Enfim, o fato de não ser conclusivo a princípio, poderia colocar esta versão em um patamar narrativo semelhante ao de Guerra Infinita na Marvel, fato que faz perguntar, se houver êxito, se a Warner dar prosseguimento ao universo compartilhado DC, ainda valerá a lógica de lançar via HBOMax, ou será no cinema? Pois uma série de orçamento semelhante ao do filme, com 300 milhões de dólares (a serem corrigidos pela inflação, ainda) é caro demais para TV, ainda mais em um mundo pós-pandemia.

    Outra questão são os precedentes. Mal foi anunciado o SnyderCut e David Ayer começou a jogar nas redes foto de Jared Leto não utilizadas no corte de Esquadrão Suicida. Se esta “aventura” der certo, poderá gerar uma demanda ainda mais fútil por refazer filmes acabados, e ela simplesmente não será concluído em outras mídias, como gibis ou animações, ao menos não com toda a pompa que se espera de uma produção hollywoodiana.

    De novidades, se espera um arco maior para o Cyborg, já que sua origem tem tudo a ver com as caixas maternas e outros elementos do Quarto Mundo, aparições breves de Átomo, Iris West, e talvez, Supergirl, já que há uma pequena menção a outro kriptoniano em O Homem de Aço. Também se espera algo a mais do Lanterna Verde, além do visto na antiga guerra das amazonas contra as forças de Apokolips, talvez até com aparição de Hal Jordan –  Kevin Smith bate nessa tecla até hoje, dizendo que ao visitar o set viu Jordan como Lanterna, embora já tenha sido desmentido por gente da produção. Além disso, a participação do Exterminador de Joe Manganiello seria diferente da cena pós-crédito, com uma referencia até a uma disputa com o Batman, possivelmente referenciando o filme solo do Morcego.

    Outra questão pequena, porém digna de nota mora na aparição cortada do General Swanwick, personagem de Harry Lennix, que seria uma versão do Caçador de Marte, embora ele tenha aparecido nos dois filmes anteriores de Snyder, sem nenhuma dica disso. Ele apareceria para Lois Lane e continuaria escondendo sua real forma, por conta da rejeição dada ao Superman. Por outro lado, alguns equívocos certamente não ocorrerão neste corte, como o bigode apagado de Henry Cavill – que estava, durante o anúncio do SC, ostentando a mesma pelugem facial que utilizava em Missão Impossível: Efeito Fallout – e possivelmente ele usará o traje preto pós-ressurreição.

    Fora isso, diz se que coadjuvantes do filme do Aquaman teriam suas primeiras aparições, e a Mulher-Maravilha encontrando pistas sobre Darkseid. A grande e persistente dúvida é, os fatos nos (supostos) dois filmes posteriores, com o segundo mostrando uma invasão terráquea a Apokolips que dá errado, e a distopia presente no pesadelo de Batman em BvS se tornando real serão aludidas? Haverá um cliffhanger barato (minha aposta…) que visa forçar a Warner liberar dinheiro para Snyder fazer isso e consequentemente reativar o universo compartilhado da DC nos cinemas (ou streaming)? Isso somente o tempo dirá, enquanto isso, o fã ardoroso por histórias mais sombrias e mal pensadas aguarda feliz pela possibilidade quase nula de vir uma obra digna de nota, redentora de toda a péssima concepção de Zack Snyder a respeito do universo de heróis da DC Comics. É aguardar a desilusão ou a surpresa.

  • Review | Flash – 5ª Temporada

    Review | Flash – 5ª Temporada

    The Flash sempre foi uma promessa dentro do Canal CW. Seguindo os passos de Arrow, que é o atual carro chefe da emissora, principalmente no que diz respeito ao universo compartilhado, a série do velocista escarlate terá a dura missão de substituir o seriado do Arqueiro Verde quando seu final chegar. Se for por conta dos heróis em si, já sabemos muito bem que o Flash é um dos mais importantes heróis já criados por conta de sua habilidade única e por ótimas histórias vindas dos quadrinhos, mas quando se trata da qualidade dos seriados do universo da CW, a sua liderança é obrigatória, uma vez que Supergirl claramente demonstra ficar em sua sombra e nem vamos falar a respeito daquela “brincadeira” chamada Legends of Tomorrow, que não se leva nem um pouco a sério. Mas, como dito, Flash tem a dura missão de se manter no topo, já que sua qualidade vem caindo a cada temporada.

    Após derrotar o Pensador em sua quarta temporada, Barry Allen (Grant Gustin) ficou a estranha sensação de que foi ajudado a destruir Clifford DeVoe e que sem a ajuda, o vilão não teria sido derrotado. É aí que temos a revelação de que, de fato, Barry contou com um empurrãozinho que ninguém menos que Nora West-Allen (Jessica Parker Kennedy), a filha de Barry e Iris (Candice Patton), já adulta e que veio do futuro. Nora também é velocista e em seu tempo, ela é conhecida como a heroína XS, que vem da palavra excesso. Algum tempo depois, descobrimos o motivo desse nome. Apesar do choque e da felicidade dessa reunião familiar, Barry fica extremamente preocupado com o fato de Nora já estar há tanto tempo no ano de 2018, uma vez que ele a reconheceu nas diversas vezes que a moça cruzou seu caminho na última temporada. Por causa da viagem temporal de Nora e pelo tempo em que ela se encontra em 2018, a possibilidade dela ter esculhambado a linha do tempo é enorme e Barry só se preocupa em mandar a menina de volta para o ano de 2049.

    Meta-humanos começaram a ser cruelmente assassinados em Central City e a equipe começa a desconfiar de que há um caçador de metas na cidade. Infelizmente, todas as buscas que Cisco Ramon (Carlos Valdes) e Caitlin Snow (Danielle Panabaker) fazem usando os instrumentos e equipamentos do S.T.A.R. Labs, bem como a busca feita por Barry, Joe (Jesse L. Martin) e Ralph Dibny (Hartley Sawyer) no campo, são em vão, deixando a equipe, pela primeira vez de mãos atadas. Paralelo a isso, já podemos perceber que o desaparecimento do Flash durante uma crise mencionada numa manchete de jornal do futuro logo no primeiro episódio da primeira temporada é mais urgente do que nunca, já que é revelado que Nora nunca chegou a conhecer seu pai, Barry, por causa de seu desaparecimento na mencionada crise ocorrida no ano de 2024. Além disso, todas as coisas que Nora aprendeu sobre o Flash se deram por causa do famoso Museu do Flash, que é bastante retratado nos quadrinhos e que no seriado aparece pela primeira vez em flashfowards durante a temporada. Com o passar dos episódios, vemos que após o desaparecimento do Flash, a relação entre Iris e Nora fica bastante desgastada e é por isso que a jovem prefere ficar muito mais ao lado do pai, do que da mãe.

    Por motivos simplesmente de roteiro, é decidido que Nora ficará em 2018 para aproveitar seu pai ao máximo e para ajudar a equipe a pegar o assassino de meta-humanos que a esta altura já está estabilizado com o nome de Cicada, vivido pelo ator Chris Klein, porém, sem deixar pista alguma sobre sua identidade e paradeiro. Nora traz algumas informações importantes do futuro e revela que o Flash nunca consegue prender Cicada, o que aumenta ainda mais o desafio da equipe em solucionar essa questão. É quando resolvem recrutar o maior detetive do multiverso, Sherloque Wells (Tom Cavanagh), que já prendeu mais de 30 Cicadas em infinitas terras. Sherloque Wells, diferentemente do famoso Sherlock Holmes, é francês e obviamente é um dos milhões de Wells espalhados pelo multiverso e que possuem uma mente brilhante. Sherloque facilmente descobre a identidade do assassino (já que todos possuem a mesma identidade), contudo, a viagem temporal promovida por Nora, alterou a linha do tempo, alterando, também, a identidade de Cicada, dificultando as ações da equipe.

    A primeira parte da temporada é muito legal. A dinâmica imposta pelos produtores com o fato de Nora vir do futuro e contar informações interessantes sobre algumas coisas e o fato de Sherloque ser um viajante do multiverso, deixam as coisas muito divertidas, porém perigosíssimas, já que o detetive duvida muito das ações da velocista, sendo que, desconfiado, passa a investigar Nora às escondidas. Em contrapartida, Nora viaja constantemente no tempo em 2049 para fazer visitas ao seu mentor, o maior inimigo de Flash, o Flash Reverso/Eobard Thawne, vivido também por Tom Cavanagh. O problema é que a dinâmica da equipe com Cicada não funciona muito bem, sem contar que Iris se torna uma personagem insuportável, obviamente por causa da sua relação com a filha e o fato de que ela em breve, perderá seu marido.

    Como já é costume, logo na primeira metade da temporada tivemos o ótimo episódio Elseworlds, que fez parte do já tradicional mega crossover do canal CW, que juntou, novamente, o elenco de FlashSupergirlArrow e Legends of Tomorrow. Confira todos os detalhes desse encontro clicando aqui.

    As coisas melhoram um pouco. Primeiro porque temos episódios realmente bons e extremamente importantes para o seriado, como a criação de um soro capaz de curar meta-humanos, fazendo com que Cisco, que desenvolveu o antídoto, comece a duvidar sobre sua continuidade como Vibro. Segundo porque muito do passado de Caitlin Snow/Nevasca é mostrado e terceiro porque temos dois episódios com viagens no tempo que são sensacionais, sendo que, em um deles, vemos algo muito parecido com o que ocorre em Vingadores: Ultimato, onde o Flash parte para o passado visitando parte de episódios das temporadas anteriores. E aqui cabe uma nota: como Zoom (Teddy Sears) é assustador! Além disso, um novo e misterioso Cicada chega do futuro, mais destruidor que o primeiro, dificultando ainda mais aquilo que já era difícil.

    À medida que os episódios vão passando, podemos perceber o que a dinâmica dos personagens aliados e os vilões vão melhorando, enquanto a relação entre Nora e o restante do elenco vai entrando em colapso, principalmente quando Sherloque a desmascara e percebemos as reais intenções do Flash Reverso. A jovem XS não é má, mas ela é impulsiva, agindo em excesso (o que justifica seu nome). O legal é que Thawne ensina Nora da mesma forma que ensinou Barry, deixando esse déjà vu com um sabor mais especial. O Flash Reverso é um ótimo vilão, mesmo dentro de uma cela por todo o tempo. E se uma coisa que ele sabe fazer, além de manipular, é esperar, já que, ironicamente, ao contrário de Barry, o oposto do velocista escarlate sabe esperar e muito.

    A boa temporada fez com que Flash ganhasse o respiro que precisava. Afinal, após a triste notícia do cancelamento de Arrow, a série do velocista deverá assumir como a líder do Arrowverse, já que temos engatilhados dois novos shows, sendo um focado na Batwoman e posteriormente, um focado numa equipe de canários, provavelmente lideradas por Dinah Drake e Laurel Lance do seriado do arqueiro esmeralda.

    Aliás, a crise é iminente. As viagens recorrentes no tempo de Nora, que transitou diversas vezes entre os anos de 2018 e 2049, adiantaram em muito a data da manchete do desaparecimento do Flash. Assim, a Crise Nas Infinitas Terras, acontecerá já em 2019 e mudará para sempre o universo dos seriados, cujas novas temporadas estão sendo aguardadíssimas.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

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  • Review | The Flash – 4ª Temporada

    Review | The Flash – 4ª Temporada

    The Flash surgiu como um seriado promissor no Canal CW, após as ótimas primeira e segunda temporadas, a produção teve uma baixa na qualidade, entregando uma terceira temporada bastante regular. Contudo, é inegável que o Flash é um dos principais e mais poderosos heróis da DC Comics, além de ter um papel bastante fundamental e que interfere diretamente em todas as outras séries do canal que fazem parte do chamado “Arrowverse”.

    Ao derrotar Savitar na temporada anterior, deixando a Força de Aceleração completamente desestabilizada, o que faz com que Barry Allen (Grant Gustin) precise abandonar sua Terra, o team Flash, juntamente com Iris (Candice Patton) e Joe (Jesse L. Martin) unem forças para trazer Barry de volta. O plano funciona, mas Barry volta à Terra completamente estranho, como se ele não pertencesse a aquele local. Porém, a questão é rapidamente resolvida e já damos início à premissa principal desta temporada. A produção do seriado é expert em causar aos fãs anticlímax por resolverem rápido demais as questões deixadas em temporadas anteriores. Foi assim com relação à adaptação de Ponto de Ignição, cuja resolução se deu em apenas um episódio e foi assim com a questão da Força de Aceleração.

    Novos meta-humanos começam a aparecer em Central City e a equipe logo descobre que todos eles estavam dentro de um ônibus que foi atingido exatamente na mesma hora em que Barry Allen é resgatado da Força de Aceleração. Barry, obviamente, se sente responsável e somos apresentados a Ralph Dibny (Hartley Sawyer), um dos integrantes do ônibus. Dibny é um ótimo personagem. De início, sabemos que ele era um ex-policial em Central City e que após sua demissão, se tornou detetive particular. Acontece que ele é um cidadão asqueroso, especialista em deixar as pessoas desconfortáveis com suas piadas nojentas, que quase em sua maioria tem a ver com sexo, gases e coisas do tipo. Resumindo, o cara é o tio do pavê, mas possui o poder de se esticar. Acontece que Ralph Dibny, apesar de sua personalidade esquisita é um homem sozinho e não demora muito para começar a integrar a equipe de Barry como o Homem-Elástico.

    Com o sumiço dos metas que estavam dentro do ônibus, Barry (que é policial em Central City) e Joe passam a investigar o caso. Paralelamente a isso, Cisco Ramon/Vibro (Carlos Valdes), Caitlin Snow/Nevasca (Danielle Panabaker), Iris West e Harry Wells (Tom Cavanagh), usam de toda a tecnologia do S.T.A.R. Labs para chegar onde a polícia de Central City não consegue. Vale destacar que o Wells que ajuda a equipe nesta temporada é o Wells da Terra 2 e que já nos visitou na segunda temporada do seriado. Harry, embora tenha uma mente brilhante, assim como todos os Wells, é impaciente e bastante grosseiro e não se dá muito bem com Cisco.

    Com a investigação que se avança, a primeira parte da temporada agrada aos olhos de quem assiste e é focada no fanatismo de Barry pelo professor Clifford DeVoe (Neil Sandilands), que está por trás dos desaparecimento dos metas que estavam no ônibus. Acontece que os álibis de DeVoe o isentam de qualquer tipo de acusação, principalmente pelo professor ser paralítico, o que, de certa forma, o impossibilitaria de cometer tais crimes. Mas Barry desacata até as ordens do capitão da polícia. Suas ações levam a encontrar o corpo de DeVoe e o herói acaba preso.

    Com a prisão de Barry, a equipe precisa lidar sozinha com os crimes na cidade, mas as coisas acabam não dando muito certo e Vibro, Nevasca e Homem-Elástico parecem não dar conta das questões que envolvem à segurança da cidade, principalmente com a vilã Amunet Black (Katee Sackhoff) ganhando força na cidade e atrapalhando os planos da equipe. Vale destacar que nos quadrinhos, a vilã é conhecida como Forja, mas esse nome, nunca foi usado no seriado.

    Como já é costume, logo na primeira metade da temporada tivemos o episódio Crise na Terra X, que fez parte do já tradicional mega crossover do canal CW, que juntou, novamente, o elenco de FlashSupergirlArrow e Legends of Tomorrow. Confira todos os detalhes desse encontro clicando aqui.

    A temporada passa a perder muita força quando Barry consegue sair da prisão e DeVoe passa a mudar sua forma física. O vilão, devidamente estabilizado como o Pensador, passa a absorver os poderes dos metas que sequestra com o objetivo de deixá-lo indefectível contra o velocista escarlate e sua equipe e também para dar seguimento ao seu maligno plano, e isso faz com que ele sempre esteja passos à frente da equipe. O problema é que os produtores optaram por não fazer uma linha contínua com a história principal, sempre interrompendo o ritmo para colocar episódios que, as vezes, não tem nada a ver com a trama principal, dando um pouco mais de atenção aos episódios conhecidos como fillers, indo de maneira contrária a que Arrow fez em sua sexta temporada. Assim, a temporada seguiu sem graça até o seu desfecho onde coisas interessantíssimas aconteceram nos episódios finais.

    Apesar dos últimos episódios terem sido bons, o que chamou a atenção não foi exatamente o desfecho da derrota Pensador, mas sim, o que aconteceu com a equipe e os sacrifícios que ela precisou fazer para começar a trilhar esse caminho de vitória. Como sempre digo, Tom Cavanagh é o melhor ator do elenco, seja como Eobard Thawne, seja como Harry Wells, ou H.R. Wells. A relação de Harry e Cisco evoluiu muito nessa temporada e Harry se tornou mais humano, mesmo abrindo mão de toda sua inteligência ao tentar replicar o dispositivo que multiplicou a inteligência de DeVoe. Ver Harry tentando solucionar questões e a cada dia estar menos inteligente e útil para a equipe foi algo bem doído de se ver. Méritos a Cavanagh que sempre dá show. Outro detalhe que chamou a atenção na temporada foi as participações esporádicas de uma jovem personagem, ainda sem nome, mas que, acredita-se que terá um papel fundamental na próxima temporada.

    Flash, talvez, tenha nos mostrado sua pior produção até então. Sua quinta temporada é aguardada com ansiedade, por causa da promessa de termos uma viajante do futuro que vai interferir diretamente na vida de Barry e Iris, mudando suas vidas para sempre.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

    https://www.youtube.com/watch?v=Rb6PycazVyA

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  • Review | Arrow – 6ª Temporada

    Review | Arrow – 6ª Temporada

    Desde sua criação e por toda a sua história, Arrow tem sido um seriado cheio de altos e baixos (mais baixos do que altos), o que é normal para uma série que está no ar há mais de cinco anos. Tivemos uma boa temporada de estreia, uma excelente segunda temporada, seguida de uma terceira temporada terrível e uma quarta e quinta temporada bem razoáveis, mas que trouxeram um pouco mais de respiro para o seriado.

    Se no desfecho da temporada anterior tivemos uma espécie de cliffhanger, o sexto ano do arqueiro esmeralda mostraria logo de cara o que de fato aconteceu com praticamente todos os integrantes do elenco, cujos personagens estavam na ilha de Lian Yu, após o vilão Prometheus explodi-la em quase sua totalidade. Logo nos primeiros episódios, tivemos flashbacks que responderam algumas das perguntas deixadas, mas a maioria delas foram sendo respondidas ao longo da temporada. Isso ajudou a responder também como seriam os flashbacks tão recorrentes na série, uma vez que, nas cinco primeiras temporadas, podemos acompanhar toda a jornada de cinco anos para que Oliver Queen pudesse se tornar o Arqueiro Verde. Porém, para a nossa surpresa, as vezes em que visitamos o passado, foram tão somente para responder às perguntas deixadas em Lian Yu, extinguindo assim, os já mencionados flashbacks. Uma decisão ousada, mas acertada em cheio, uma vez que Arrow entregou a mais audaciosa temporada de sua história.

    Oliver Queen (Stephen Amell), ainda prefeito de Star City, agora tem a custódia de seu filho, William (Jack Moore), que odeia o pai com todas as forças e para criar um laço entre os dois, o arqueiro decide se aposentar, deixando seu manto para seu braço direito, John Diggle (David Ramsey). Ocorre que Diggle sofreu uma grave lesão no nervo de sua mão enquanto estava em Lian Yu, que o está impedindo de usar armas com a habilidade que lhe era peculiar, colocando em risco mais de uma vez os heróis Cão Raivoso/Rene Ramirez (Rick Gonzalez),Sr. Incrível/Curtis Holt (Echo Kellum) e a Canário Negro/Dinah Drake (Juliana Harkavy), seus colegas de equipe, sob os olhos de Felicity Smoak, a Observadora (Emily Bett-Rickards).

    A temporada teve como premissa a aparição do cyber-terrorista Cayden James, vivido pelo ótimo Michael Emerson, mais conhecido por ter interpretado Benjamin Linus, em Lost. James logo no primeiro episódio expõe a identidade de Oliver Queen para o mundo todo, o que faz com que a arrogante e linha dura agente do FBI, Samanda Watson (Sydelle Noel) fique na cola do team Arrow, querendo prender todos. Vale destacar que o vilão é assessorado por um time de capangas liderados pela Sereia Negra, a Laurel Lance da Terra 2, que veio de Flash e novamente interpretada por Katie Cassidy e pelo impetuoso e cruel Ricardo Diaz, vivido brilhantemente por Kirk Acevedo e também por um velho amigo de Oliver, o russo Anatoly Kniazev (David Nykl).

    Pelo fato de Oliver Queen ter se aposentado como Arqueiro Verde, dificilmente o vemos em tela usando o uniforme, porém vemos bastante o personagem lidando com os problemas burocráticos de sua cidade, juntamente com o vice-prefeito, o ex-capitão Quentin Lance (Paul Blackthorne) e o assessor de Queen, Rene Ramirez, principalmente por conta da exposição causada por Cayden James.

    Porém, não demora muito para a temporada ter uma reviravolta, fazendo com que Ricardo Diaz se torne o melhor vilão da história do seriado (ganhando um episódio inteiro para si), se tornando também o melhor personagem em anos, tirando inclusive o protagonista do topo. Claro que os méritos também são de Kirk Acevedo que dá show. Logo no início desse texto, lhes foi dito que esta tinha sido a temporada mais audaciosa de Arrow. E vamos explicar o motivo.

    O modus operandi de Diaz fez com que a equipe do Arqueiro Verde fosse esmigalhada. A já cansativa história de que os métodos de liderança e de ação de Oliver são questionáveis, mais uma vez deu as caras por aqui. Só que dessa vez funcionou muito bem, a ponto de até John Diggle abandonar Oliver e virar um agente da A.R.G.U.S., após Cão Raivoso, Sr. Incrível e Canário Negro montarem a própria equipe, deixando o arqueiro sozinho, como no começo de sua história. Isso causou uma dinâmica interessantíssima para o decorrer do seriado. Embora os vigilantes tivessem o mesmo objetivo (capturar Ricardo Diaz), agora tínhamos três fronts praticamente rivais e que algumas vezes se enfrentaram, inclusive.

    Se tem uma das coisas que os fãs não podem reclamar é da ação. As cenas de luta (tão boas nas duas primeiras temporadas) deram às caras novamente e, sem dúvida, essa foi também a temporada mais violenta de Arrow, onde briga, tiros, flechadas, fraturas e muito sangue não foram poupados no orçamento. Vale destacar que parte da violência foi de autoria de Ricardo Diaz, cujos métodos causam arrepios até na Sereia Negra que aliás, falando na versão demoníaca da Canário Negro, passou a estreitar laços com Quentin Lance, uma vez que o Quentin desta Terra já não tinha mais sua filha Laurel e a Laurel da Terra 2 (a Sereia Negra) já não tinha mais seu pai. Isso foi bastante legal de se ver.

    Como já é costume, logo na primeira metade da temporada tivemos o episódio Crise na Terra X, que fez parte do já tradicional mega crossover da do canal CW, que juntou, novamente, o elenco  de FlashSupergirlArrow e Legends of Tomorrow. Confira todos os detalhes desse encontro clicando aqui.

    Assim como na temporada passada, tivemos menos ainda aqueles episódios conhecidos como fillers, ou monstros da semana, que não costumam ter nenhuma relevância com o enredo principal, mas ainda assim pudemos destacar dois episódios onde tivemos o retorno de Manu Bennett como Slade Wilson/Exterminador em busca de seu filho. Apesar dos produtores não terem mais planos para com o personagem (por causa do Universo Cinemático DC – UCDC), é sempre bom ver Bennett e Amell juntos em cena, independente de qual lado Slade Wilson está.

    A reta final da temporada foi de tirar o fôlego e pela primeira vez podemos dizer que apesar das tradicionais mortes que costumamos ver em diversos seriados, Oliver Queen e os demais heróis não saíram vitoriosos e isso trouxe diversas consequências para os personagens que terão suas vidas mudadas para sempre. Não houve final feliz e ainda perdemos um querido personagem.

    O saldo da sexta temporada do arqueiro esmeralda é mais que positivo. A produção entregou, como dito anteriormente, sua temporada mais audaciosa e me arrisco a dizer que talvez seja a melhor temporada do seriado. O sétimo capítulo será aguardado com muita ansiedade.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

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  • Resenha | Homem-Borracha #1

    Resenha | Homem-Borracha #1

    Em um mundo em que a Marvel se tornou referência para heróis coloridos e escapistas, enquanto a DC virou sinônimo de trevas e seriedade, é reconfortante encontrar algum material da casa do Superman que se permite ser leve e divertido. Assim como nos gibis da Arlequina, Homem-Borracha tem um tom muito mais caótico e descontraído do que qualquer outro título da casa, lembrando em muito a antiga série mensal do Lobo por prezar pelo humor e pela sátira ao Universo DC como um todo.

    Escrito pela sempre excelente roteirista Gail Simone e lindamente ilustrado pela brasileira Adriana Melo, a minissérie em seis edições foi publicada no Brasil pela Panini em um encadernado de volume único e capa cartão de 140 páginas. A trama nos apresenta a reinvenção da origem de Eel O’Brian, atualizada para a nova cronologia pós Ponto de Ignição. O’Brian é um bandido que vê sua vida virar de cabeça pra baixo após ser baleado, coberto de produtos químicos e descartado por seus parceiros gângteres. Ganhando estranhos poderes plásticos de se esticar e transformar em qualquer coisa que imaginar, assume a identidade de Homem-Borracha e passa a fazer o bem para tentar se redimir de seu passado criminoso.

    Na história, o Homem-Borracha se depara com uma organização criminosa conhecida como A Cabala, ao mesmo tempo que se vê como tutor de uma criança de rua gender fluid, além de conciliar tudo isso com seu trabalho numa boate com a temática de super-heróis, onde strippers fazem  lap dance fantasiados de Batman, Mulher-Gato ou Supergirl. Paralela à trama central, vemos o surgimento de uma nova vilã – que infelizmente não surgiu em ação até o fim da minissérie, plantando a semente para ser desenvolvida em futuras aparições do herói.

    A arte de Adriana Melo consegue dialogar muito bem com o roteiro, além de mostrar acertadamente a influência de alguns elementos de mangá. Ela consegue demonstrar força, ação e fofura nos momentos adequados, e seria ótimo vê-la novamente em uma possível série mensal do Homem-Borracha. Claro, como nem tudo é perfeito, em uma cena em que Eel se transforma na Arlequina (assim como ele incorpora diversos outros personagens DC), houve um certo desentendimento com alguns membros  da comunidade trans, que viram na representação (tanto visual quanto textual) algo ofensivo. É interessante notar que Gail Simone prontamente se manifestou em sua conta pessoal no Twitter, procurando entender os motivos do desagrado e se desculpando, de uma forma digna e que dá uma lição em muitos produtores de conteúdos que, em situação semelhante, saem atacando o suposto “politicamente correto” ao invés de tentar entender onde errou e melhorar como ser humano.

    Homem-Borracha é uma ótima edição, e embora tenha alguns problemas de interação com alguns núcleos de personagens no roteiro, mostra a força que um personagem da década de 1940 pode ainda ter nos dias de hoje quando bem trabalhado.

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  • Shazam | Desvendando as Origens do Capitão Marvel Original

    Shazam | Desvendando as Origens do Capitão Marvel Original

    Quando Billy Batson encontrou o mago Shazam, após perseguir um homem misterioso no metrô, encontrando-se  rumo à Pedra de Eternidade, nem a Editora Fawcett e nem seus criadores C.C. Beck e Bill Parker imaginavam o rebuliço que Capitão Marvel faria na cultura pop e no consumo de revistas em quadrinhos. Shazam se tornava um fenômeno, marcando tanto o nome da revista do herói e seu mentor, como recentemente se tornou o nome do personagem, reunindo um conjunto de poderes singulares: Salomão, a força de Hércules, o vigor de Atlas, o poder de Zeus, a coragem de Aquiles e a velocidade de Mercúrio.

    Mais do que o apego a mitos e a magia, havia uma ligação diferente do personagem com o público por Billy Batson, sua contraparte, ser uma criança. Um feito realizado muito antes do adventos dos sidekicks como Robin ou dos personagens humanizados na Marvel de Stan Lee. Lançado em 1940 (na verdade em 1939, dado o atraso comum a essas publicações, ou seja, o herói completa 80 anos) o personagem símbolo da Fawcett teve sua vida útil abreviada em 1953, após uma série de brigas jurídicas com a Nacional Comics (antiga alcunha da DC Comics) que usava sua força e dinheiro para mover um processo por plágio, acusando o estúdio de realizar uma cópia do Superman. Todo o imbróglio aconteceu pelo sucesso do herói, pois, Marvel era mais popular, ganhando até mesmo uma produção em live action antes do Azulão, enquanto as vendas continuavam em alta.

    Em 1942, nascia o conceito da Família Marvel, que na época só com Mary Marvel, irmã gêmea de Billy, e o Capitão Marvel Jr., que invocava o nome Capitão Marvel e ganhava poderes. Este último era tão popular que inspirou boa parte do visual do rei do rock, Elvis Presley. Mary foi uma das primeiras personagens femininas heroicas, antes de Supergirl, e só um ano mais velha que a Mulher Maravilha. Além dessa composição, a família teve outras encarnações, como os Tenentes Marvel, e a participação do bonachão tio Dudley, da California, que  fingia ter poderes e usava um roupa igual a do Capitão.

    Sobre o personagem no Brasil, pelos anos de 1950, a revista Shazam, composta por uma antologia de historias antigas, tinha em seu mix Capitão Marvel e, pasmem, Namor. Depois, a edição se fundiu com a Revista Biriba e. a partir de entãoa, lançada com o nome (terrível, por sinal) de Biriba Shazam, reunindo historias da Jane das Selvas e outros personagens. Estranhamente não havia histórias do Capitão Marvel, essas estavam na Marvel Magazine, também publicada pela RGE (antigo nome da Editora Globo de Roberto Marinho). Na época, o nome do empresário era tão forte que sustentava as duas publicações em banca.

    Por ironia do destino foi a DC que relançou, em 1972, historias licenciadas do personagem, ainda sem propriedade intelectual. O personagem havia parado no tempo, tal qual Capitão America de Jack Apenas em 1991 a empresa teve os direitos do personagem, fato que explica a ausência de uma revista própria, ainda que os motivos para a baixa de sua popularidade sejam discutíveis até hoje. Como é natural nos quadrinhos, diversas histórias foram lançadas como base para uma nova cronologia. Analisamos algumas dessas histórias de origem do personagem e suas reformulações.

    The New Beginning, de Roy Thomas

    Minissérie de origem do Capitão Marvel, escrita por Roy Thomas e desenhada por Tom Mandrake, Shazam! The New Beginning jamais foi publicada no Brasil. Trata-se da primeira reformulação do personagem pós Crise. Os principais destaques da publicação são a presença de Doutor Silvana (ou Sivana, no original) tanto como vilão, como tio de Billy, fazendo com que o garoto procure uma família. Esse conceito é bem mal explorado, hiper dramático, mas ao menos alude aos hieróglifos como vínculo mágico e mitológico da origem do Capitão.

    Billy se transforma na frente de Silvana em uma referência a Era de Ouro, em que o vilão descobre sua identidade. Fora isso, é difícil falar desta origem por conta da dificuldade de acha-la (somente em edições gringas, tanto soltas como na edição de 30 anos), além de ter uma arte um pouco peculiar de Mandrake, em alguns momentos, bem feia.

    O Poder de Shazam, de Jerry Ordway

    Publicado em 1994 (1996 no Brasil), O Poder de Shazam é uma revista bem legal, de temática leve e divertida.  Escrita e desenha por Jerry Ordway (que arte finalizou  com George Perez em Crise nas Infinitas Terras e também acumulou função de texto e arte de Superman entre 1986 e 1989, além de ser um dos artistas por trás de Zero Hora). A história tem pouco menos que 100 páginas e começa no Egito com uma equipe de arqueologia.  Aqui há um elemento um polêmico, envolvendo o passado do Senhor Batson, o pai de Billy, com o Silvana e com o outro arqui rival do Capitão Marvel, Adão Negro, colocando o vilão na escavação do pai para, em seguida matá-lo, em ação semelhante a que Tim Burton fez em seu Batman, pegando algumas das coincidências de New Beginning.

    Tirando essa estranheza, a historia é bem legal. O traço de Ordway combina com o clima de aventura super otimista  do herói. Billy é mostrado como um menino pobre e necessitado que vende jornais nos sinais de transito. Ao ser encontrado por uma figura misteriosa, passa por uma caverna, onde há estatuas dos inimigos mortais do homem: Orgulho, Inveja, Cobiça, Ódio, Egoísmo, Preguiça, Injustiça, resgatando visualmente o que os criadores fizeram e lançando moda, pois quase toda origem repetiria esses conceitos.

    Um fato interessante e inesperado na historia, é que Billy ao  ganhar os poderes fica ressabiado e nervoso, não aceita a “dádiva” como algo bom, por não ter estrutura enquanto criança para lidar com tamanho poder e conhecimento, afinal a mudança é radical demais e repentina. Mais poder não significa mais equilíbrio emocional.

    Há momentos curiosos, como quando ao pegar um grupo de criminosos ele vira o carro, tal qual a capa clássica de Action Comics em uma piada visual com o Super Homem, bem como com a mania do personagem durante a Era de Ouro de ser o justiceiro dos pobres. O embate entre o heroi e Adão Negro fluí e toda a sequência a partir daí funciona como o regaste da memória do pai de Billy e a definição de Adão como o nêmese de Shazam. A arte de Ordway é uma grande homenagem aos quadrinhos dos anos 40. O sucesso fez com que estivesse a frente do título por um bom tempo.

    Primeiro Trovão e Os Desafios de Shazam, de Judd Winick

    Judd Winick se dedicou a duas histórias com o personagem entre 2006 e 2007. Na primeira, chamada Superman e Shazam: Primeiro Trovão, com arte de Josh Middleton, a narrativa parte do principio que  Superman e Batman acabaram de começar a nova era heroica enquanto o Capitão Marvel realiza suas primeiras ações, Acompanhado por seu mentor, o Mago Shazam. Para muitos esse é o equivalente ao Ano Um do personagem.  Apesar de não ser exatamente uma origem, os elementos clássicos do personagem estão lá: o clima dos anos 40, o escapismo e o traço de Middleton, mesmo sem ser primoroso, tem um ar de coisa antiga. Seu Capitão Marvel parece mesmo uma criança em tamanho grande. O contraponto entre o Capitão e o Superman é gritante e a dinâmica de herói novato e o veterano funciona bem.

    Silvana é um magnata poderoso e chefe de uma corporação maligna e criminosa. O Capitão se  descontrola e quase mata o capanga que disparou um tiro contra seu amigo, o pequeno Scott. É natural que aja assim, pois é uma criança para todos os efeitos, sem um código ético definido. O paradoxo é curioso. Marvel quase mata o vilão para evitar que ele assassine mais pessoas. Porém, sem coragem de dar cabo dele, decide se isolar no Everest, onde Superman o encontra. Nesse momento, acontece algo bem incomum: uma reclamação do kriptoniano com o Mago, por ter escolhido um menino para usar seu manto, dizendo que as atribuições de salvar as pessoas não deveriam ser destinadas a uma criança. Afinal, o peso do mundo não é compatível com seus ombros. É incrível como se demorou tanto a ter essa reflexão nos quadrinhos, e essa conclusão surgir do Super faz todo sentido, pois, seu destino inicial como salvador também era assim.

    A segunda história do roteirista foi uma minissérie em 12 edições, Os Desafios de Shazam, com arte de Howard Porter. A trama é polêmica por substituir Billy como herói, mas foi importante pra a cronologia do personagem. Porém, ao meu ver, o fato mais polêmica está em sua qualidade. A arte é estranha, com uma coloração que emula aquarela mas que parece feia. Além disso, a série tentou ser ambiciosa ao reorganizar a face página do Universo DC pós Crise Infinita. Com direito a presença de outros personagens mágicos, como Zatanna, mas que não tem nenhuma importância à trama.

    Na história, o Mago morre e o Capitão assume seu lugar e convoca Freddy Freeman, (Capitão Marvel Jr.) para ser o herdeiro do manto, tornando-se o novo Shazam. Alcunha utilizada para evitar problemas judiciais com a Marvel que se apossou do nome do personagem enquanto ele estava no limbo de publicações. O grande problema é o descarte de personagens clássicos como Mary Marvel, mostrada como deficiente, para deixar o caminho livre para Freddy. A série é prolixa, mastiga demais o universo mágico, e mesmo que tenha conceitos legais como o herói de legado (com uma década de atraso, diga-se de passagem), e a busca pelos paralelos dos personagens míticos do nome SHAZAM, não é o suficiente para salvar a publicação. A arte nas ultimas edições é assinada por Mauco Cascioli mas só melhora o quadro ligeiramente, pois as cores seguem terríveis. Na narrativa não há melhora, seguindo atrapalhada até o final com uma vilã que lembra o Adão Negro (Sabina), mas que não tem o mesmo peso, além da participação da Liga da Justiça de uma forma Deus Ex Machina. Neste ponto, Primeiro Trovão é bem mais reverencial.

    A Sociedade dos Monstros, de Jeff Smith

    O criador de Bone escreveu em 2007 Shazam! E a Sociedade dos Monstros, uma revista que equilibra um pouco de caráter autoral com apego a cronologia. Nela, Billy é um menino bem pequeno, abandonado, que sofre perseguição. O tom do quadrinho é bem infantil e fofo. Lembra em alguns momentos O Poder de Shazam de Ordway, mas tem sua própria identidade, especialmente visual, em muito tempo não havia historia cujo contraponto de Billy e Capitão são igualmente especiais e importantes.

    A figura de Marvel/Shazam é carismática, em especial por conta de detalhes pequenos, como seu gosto por hot dogs e seus inimigos, monstros animalescos comandados pelo Senhor Cérebro, um vilão clássico da época da Fawcett Comics. Além disso, o gibi contrapõe o desprezo de todos ao Billy, por ele ser um menino em situação de rua, e traz uma repaginação da sua irmã Mary e do  senhor Malhado tão legais quanto a versão de Billy. O clima da revista é bem fantasioso, infantil, mas também é sério quando precisa, e principalmente, lisérgico quando é mostrado Sr. Cérebro em ação.

    É engraçado como o Silvana de Smith lembra levemente a figura física de Robert Crumb, ainda que ele seja careca enquanto o quadrinista anarquista não seja. Também é legal que os antagonistas sejam mais pueris, em uma versão parecida com a dos desenhos do Super Homem dos irmãos Fleischer e dos quadrinhos pulp. O final da revista é otimista e combina demais com a docilidade de seu autor que ainda repagina Shazam também em um tamanho gigante emulando os tokusatsus.

    Com Uma Palavra Mágica, de Geoff Johns

    A versão de Geoff Johns e Gary Frank foi introduzida nos backups da revista da Liga e tem como principal diferença o fato de Billy ser um adolescente problemático, em sintonia com um rapaz sozinho vivendo a puberdade. As primeiras aparições são bem curtas, fundamentando a origem do personagem em paralelo a acontecimentos da fase Novos 52, reciclando conceitos de um jeito que o roteirista é especialista. A trama começa de maneira despretensiosa, apresentando a procura do Mago por um hospedeiro de seus poderes, encontrando no jovem disperso seu representante. Ao ser adotado pela família Vasquez, Billy encontra uma nova família e, aos poucos, afeiçoa-se a eles.

    O Doutor Silvana é um estudioso obcecado nas lendas antigas, reprisando de certa forma o que o autor fez com seu Lex Luthor em Superman: Origens Secretas, substituindo a questão de Kripton pelo Adão Negro. A forma como se lida com a família Marvel é bem legal, expandindo-se a mitologia, a partir de Freddy Freeman. Além disso, é mostrado também o tigre Tawny como uma das poucas lembranças dos pais de Billy. Apesar de demorar a engrenar, a ação da revista é bem fundamentada, não é extraordinária, mas repagina bem a maior parte dos conceitos, seja com o Mago, com os vilões, a questão do Relâmpago Vivo.  O momento em que Billy e Freddy lidam com os poderes no começo é interessante, e a motivação do Adão Negro também é bem construída.  Esta deve ser a origem que ganhará destaque no roteiro de Henry Gayden no filme de David F. Sandberg. Momentos vistos no trailer como a sobrecarga de materiais com eletricidade ou a recompensa de muitos doces por salvar um lojista de um assalto vieram direto dessa aventura e, como outros filmes da Dc Comics já se pautaram na fase Novos 52, é natural que esta trama sirva de nova versão do herói, por estar mais alinhada com o cânone atual.

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  • Critica | Aço

    Critica | Aço

    O personagem dos quadrinhos criado por Louise SimonsonJon Bogdanove é levado às telas de cinema, interpretado pelo jogador de basquete Shaquille O’Neal, Aço começa mostrando o fogo forjando um objeto, provavelmente a belíssima armadura que o personagem John Henry Irons usaria quando decidiria se tornar um vigilante. No longa, o personagem é mostrado como um militar que se revolta com seus superiores após o uso de uma arma poderosa, que em seu teste, acerta sua amiga, Sparks (Annabeth Gish). Aqui se nota a séria intenção do longa em se demonstrar antibélico. Uma série de acontecimentos estranhos ocorrem em torno de John e ele sempre se safa desses problemas com total facilidade, ele sequer precisa ter poderes, pois seu tamanho o faz ser mais forte que os homens normais.

    O grande e grave problema é que o filme apesar de se levar a sério, não consegue dentro do roteiro do diretor Kenneth Johnson ter organização o suficiente para de maneira séria, explicar as reviravoltas que lá ocorrem. As invasões na base militar são feitas de maneira exagerada, caricata e não fica claro a intenção dos vilões e como eles chegaram até ali. As perseguições causam todos,assim como o desempenho de Shaq como herói de ação, o elenco é engraçado, mas de modo involuntário e as piadas de humor físico são vergonhosas.

    Assistir hoje o filme é engraçado, há um vilão negro e careca , que lembra muito o Nick Fury de Samuel L. Jackson, além do que esse filme também lembra a versão de Nick Fury feita um ano depois. A trilha sonora é repleta de música soul, em um efeito parecido com o que Pantera Negra fez com o rap, mas até isso é mal encaixado.

    Como não usava a figura do Superman, a motivação heroica do personagem fica um pouco confusa, aliás praticamente não há menção ao kriptoniano, exceto por uma tatuagem no braço do personagem, semelhante a que Bon Jovi tem. O vigilante usa sua armadura quase na metade do filme, passados 45 minutos de duração, e os momentos que ele luta com os bandidos latinos e outros marginais são péssimos visualmente, cheio de piadas ruins, além de gratuito no uso de estereótipos. A parte em que usa um imã é completamente patética, é faz sentir saudades do filme da Supergirl de Helen Slater.

    É tudo muito tosco, a tentativa de emular a música de John Williams famosa por Superman: O Filme é ridícula, assim como a movimentação de Shaq com roupa, tem um momento que ele está em cima de um prédio e levanta os pés para não tropeçar em canos e a torcida geral certamente é para que ele tropeçasse. Além disso, há uma cena em específico que ele pega um gancho e sobe bem alto onde se nota um dublê com pele visivelmente mais clara, arrisco dizer que o sujeito era até branco pois não tive coragem de voltar a cena para ver.

    A roupa de herói lembra um pouco os trajes usados nos filmes das Tartarugas Ninjas dos anos 90 e na série Robocop: Prime Directivas, e Shaq não convence em nenhuma cena como herói de ação. A SWAT invade a casa de Irons, e ocorre uma péssima piada com um bolo solado, aparentemente John sempre atrapalha sua avó solando seus bolos. Ao ser preso o povo se recusa a reconhecê-lo, o que incorre em duas situações , a primeira, o povo o reconhece como defensor da justiça mesmo sem motivos e o segundo se refere ao fato de que não seria difícil identificar Irons, pois ele é um gigante.

    Os personagens periféricos também são péssimos, o tio Joe (Richard Roundtree, que foi o John Shaf original), o irmão de Irons, Até Sparks faz vergonha ao lançar mísseis de sua cadeira de rodas, como uma versão motherfucker da Oráculo. Antes de terminar há uma piada infame, onde John Henry tem que lançar uma granada por um buraco e ele diz que é ruim de arremessos, em uma tentativa tola de fazer uma crítica a quem criticava a dificuldade do jogador em acertar arremessos livres e cestas de três pontos. Esse é só um dos equívocos terríveis do filme, que entre todos os problemas, tem o menor deles na ausência do Superman, conseguindo ser pífio independente até disso.

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  • Crítica | Reino do Superman

    Crítica | Reino do Superman

    Passado seis meses após a ultima animação A Morte do Superman, lançado em 2018 e dirigida por Sam Liu, finalmente chega ao mercado de home vídeo a continuação da mesma, chamada Reign of The Supermen (depois traduzido para Reino do Superman) sem nome nacional ainda, e a humanidade tem de conviver sem a presença de seu maior defensor, e com quatro heróis que exigem para si o titulo de Super-Homem, são eles o Superboy, Aço, o Erradicador e Super-Ciborgue.

    Liu também dirige esta versão e a sensibilidade com a que ele trata o roteiro de Tim Sheridan e James Krieg é surpreendente, especialmente porque essa animação se passa na mesma faixa cronológica das adaptações dos novos 52. Em determinado ponto há uma conversa entre Lois Lane e Diana Prince, os dois amores do Super Homem, e o diálogo entre elas é bem maduro, emocional e até bonito, pois ambas amaram o Super a sua maneira e entendem o lado uma da outra.

    Há outras boas referencias externas, como o cartaz atrás de Lex Luthor, ao anunciar o novo substituto do kriptoniano, o clone Superboy. Primeiro, ele sequer deixa o garoto falar, depois se desenrola um cartaz onde se lê Making Metropolis Safe Again, com a figura de Connor e Lex estampados, fazendo  uma piada com o slogan de campanha de Donald Trump. O modo como os pretensos substitutos do herói se enfrentam é bem simples, resume bem a essência de cada um dos quatro personagens, e apressa algumas revelações, em especial no que toca o Superboy e ao  Superciborgue.

    As adaptações são muito bem feitas, como não teria lógica utilizar a Supergirl da época, substituíram-na pelo Ajax/Caçador de Marte. Isso serve não só para matar as saudades que boa parte dos leitores e espectadores tinham do personagem, que há muito foi relegado a um papel hiper secundário nos quadrinhos, como acerta na questão de não precisar referenciar personagens de curta duração e que só faziam sentido na cronologia noventista.

    A reaparição do verdadeiro Super Homem é épica, e  a discussão que ele tem com John Henry Irons/Aço é melhor enquadrada aqui que na versão de Dan Jurgens. O antigo salvador da Terra voltou, mas dessa vez é falho, fraco como um ser humano comum e precisa de adaptar a essa nova condição, embora ela seja temporária. A vilania de Hank Hanshaw é bem traduzida nesta versão, se entende seu drama e as parcerias externas que faz, e o modo como ele monta seu exercito de seguidores conversa bastante com o avanço da extrema direita pelo mundo, para muito além da necessidade que algumas obras da cultura pop de reproduzir um discurso contrário ao autoritarismo, mostrando os males desses comportamentos com ações e não com discursos e frases feitas.

    Apesar de ambas as  sagas, tanto A Morte de Superman quanto o Retorno de Superman terem sido feitas só para alavancar as vendas dos quadrinhos dos personagens, as duas animações acertaram demais e conseguiram traduzir muito bem o espirito da época, repaginando os conceitos de maneira astuta e inteligente, talvez por conta da distância entre as sagas em si e o lançamentos desses. Ponto de IgniçãoLiga da Justiça: Guerra e Liga da Justiça: Trono de Atlantis não tiveram essa sorte, mesmo não tendo historias originais necessariamente ruins e é curioso como a expectativa de qualidade foi oposta nessas e nas duas mais recentes.

    https://www.youtube.com/watch?v=JUM70fOy4Vk

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  • Elseworlds | O Mega Crossover do Canal CW

    Elseworlds | O Mega Crossover do Canal CW

    O conceito do multiverso sempre existiu no universo da DC nos quadrinhos. Para quem ainda não está familiarizado, o multiverso é uma teoria onde existem diversos mundos paralelos com diversos tipos de realidade. No caso da DC Comics, existem diversas Terras, onde heróis como Superman, Batman e etc podem ser vilões, ou até mesmo heróis sob outros nomes, assim como vilões podem ser heróis, sendo as possibilidades infinitas. No universo da DC nas telas, capitaneada pela CW, não foi diferente, sendo que o multiverso já foi introduzido há tempos no seriado do Flash e o mega crossover do canal, nesse ano de 2018 veio pra mostrar que o multiverso é real e coloca praticamente tudo que já vimos sobre a DC Comics, seja nos seriados, seja nos cinemas, dentro do deste mesmo conceito e isso inclui de maneira espetacular o Flash do seriado dos anos 90; Smallville; o Superman vivido por Christopher Reeve e, até mesmo, os filmes do Batman, que foram dirigidos por Christopher Nolan, claro que nas suas devidas proporções, algumas delas apresentadas apenas como easter eggs.

    Elseworlds começa na Terra 90. Vemos um campo de batalha onde diversos heróis (que parecem ser da Sociedade da Justiça) estão mortos. O último sobrevivente é o l do seriado que foi ao ar nos anos 90 e novamente vivido por John Wesley Ship (velho conhecido dos fãs, uma vez que, além de ser o Henry Allen numa das Terras, é também o Flash Jay Garric de outra Terra). Flash confronta o Monitor, que aparenta ser um poderosíssimo vilão, porém, antes de ser derrotado, o velocista consegue fugir.

    Daqui para frente, vemos parte do universo da CW mexido de maneira intencional. Barry Allen/Flash, em vez de ser vivido por Grant Gustin é vivido por Stephen Amell e Oliver Queen/Arqueiro Verde é vivido pro Gustin. Claro que o verdadeiro Oliver e o verdadeiro Barry sabem que tem algo de errado, contudo, seus colegas do team Flash e team Arrow não acreditam numa só palavra que eles dizem e o que vemos aqui são situações típicas daqueles filmes e episódios ondem existem trocas de corpo, o que mesmo sendo clichê, é algo hilário. Um dos pontos interessantes é que Oliver Queen precisa ser o Flash e Barry Allen precisa ser o Arqueiro Verde, sendo que a personalidade violenta de Queen não se encaixa com a personalidade do velocista escarlate, assim como a personalidade pacífica e brincalhona de Allen, não se encaixa com a do arqueiro esmeralda, e isso acaba interferindo de maneira interessante no episódio.

    Não demora muito para termos o próximo surto da noite, onde os heróis vão até Smallville da Terra 38 procurar a ajuda da Supergirl (Melissa Benoist) e do Superman (Tyler Hoechlin). A pequena cidade é introduzida com o tema de abertura de Smallville – As Aventuras do Superboy, e se passa exatamente na mesma Fazenda Kent usada no seriado. Se Tyler Hoechlin não tivesse aparecido algumas vezes no seriado da Supergirl, seria perfeito que Tom Welling retornasse ao papel e seria então a primeira vez que o ator viveria, de fato o Superman.

    Esse tipo de homenagem permanece o tempo todo pelo crossover, até quando a investigação de Barry e Oliver os levam a Gotham City, também introduzida nesse universo pela primeira vez. Batman/Bruce Wayne abandonaram Gotham e as Empresas Wayne estão sob o comando de Kate Kane (Ruby Rose), que ajuda os heróis na busca de um psiquiatra do Asilo Arkham. Lá podemos ver alguns embates bacanas como o da Nevasca (Danielle Panabaker) enfrentando Nora Fries (a esposa de Mr. Freeze), vivida por Cassandra Jean Amell, esposa de Stephen Amell. Nesta cena, podemos ver uma espécie de museu sinistro com alguns artefatos interessantes, dentre eles, a máscara de Bane (Tom Hardy), de Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge. E vemos também a Batwoman pela primeira vez em ação. O jeito largado de Ruby Rose serviu perfeitamente para interpretar Kate Kane e a heroína e existem grandes chances da personagem voltar em outras participações e até mesmo ganhar um seriado próprio

    Porém, nem tudo pareceu ser bom em Elseworlds. Apesar de fazer a alegria dos fãs e de ter um roteiro bacana, a coisa fica muito feia quando a terceira e última parte começa. Apenas para esclarecer, apesar do crossover ser um único bloco, o primeiro episódio foi um episódio de Flash, o segundo, um episódio de Arrow e o terceiro, um episódio de Supergirl. Embora a realidade tenha sido gravemente alterada, onde o Superman é um ditador, que usa uniforme negro, o que vemos em tela soa cafona e sem vida alguma, o que deixa o crossover com uma mancha. Nem mesmo as participações do Caçador de Marte (David Harewood) e de Brainiac 5 (Jesse Rath) e o esperado embate entre dois Superman faz com que o espectador se prenda na cadeira e o que se vê, na verdade, é uma torcida para que o episódio acabe logo, o que é uma pena.

    De qualquer forma, ainda assim, Elseworlds é o quinto crossover da CW, e o melhor até aqui, mesmo limando sem dó os personagens de Legends of Tomorrow e reduzindo drasticamente a participação dos personagens centrais de cada seriado, o que foi acertado, já que Invasão e Crise na Terra X tinham personagens e heróis em demasia deixando os roteiros confusos e com alguns furos. Além disso, o crossover desse ano prepara para o que vem em outubro de 2019: Crise Nas Infinitas Terras, uma das maiores histórias da DC Comics e aqui no Vortex você saberá sobre todas as curiosidades deste grandioso evento.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Crise na Terra X | O Mega Crossover do Canal CW

    Crise na Terra X | O Mega Crossover do Canal CW

    Eis que chegou o tão aguardado crossover do Canal CW. Vale lembrar que a reunião dos maiores heróis do canal se deu anos atrás quando Barry Allen (Grant Gustin) apareceu em Arrow investigando a morte de sua mãe, ocorrida durante a sua infância e após o término do episódio, o jovem investigador é atingido por um raio, o que deu início ao seriado do Flash. O segundo encontro dos heróis se deu no ano seguinte, quando um participou do episódio do outro e o primeiro crossover propriamente dito, colocou tanto os heróis, quanto seus coadjuvantes para enfrentarem o vilão Vandal Savage, o que serviu para introduzir outra série do canal, intitulada Legends of Tomorrow. Com a inclusão de Supergirl no catálogo, o lance ficou de fato épico, ao adaptar a saga Invasão, da DC Comics e ainda que o resultado não tenha sido satisfatório, é sempre bom ver uma equipe de heróis reunidos em tela, seja de qualquer plataforma. No final de 2017, como de costume, a mega reunião ganhou mais um capítulo com a história Crise na Terra X.

    Para quem não está familiarizado com o universo dos quadrinhos ou da televisão, nosso universo é formado por infinitas Terras, onde nós existimos de maneira igual, diferente ou exatamente o oposto do que somos. A teoria (que é existente no mundo real) já foi explicada diversas vezes em The Flash e repassada para os outros seriados, tanto que é costumeiro vermos heróis e vilões de outras Terras. E é sobre exatamente isso que Crise na Terra X se trata.

    Durante o casamento de Barry Allen e Iris West (Candice Patton), os noivos e convidados são atacados por um exército de soldados nazistas liderados por um arqueiro tão bom quanto Oliver Queen (Stephen Amell), por uma mulher tão poderosa quanto Kara Danvers (Melissa Benoist) e por um velocista tão rápido quanto Barry. Não demora muito para os heróis descobrirem que o ataque veio de membros da Terra X, uma Terra controlada pelos nazistas desde sua vitória na Segunda Guerra Mundial. E não demora para sabermos também que o arqueiro e a mulher são Oliver Queen e Kara Danvers da Terra X, aliados com Eobard Thawne, o Flash Reverso da Terra 1, aqui vivido, novamente por Tom Cavanaugh, que interpreta, também o professor Harry Wells. Um fato curioso é que Oliver Queen, além de líder dos nazistas, é casado com Kara.

    O episódio tem bons momentos, principalmente quando as versões malignas dos heróis estão em cena. O Oliver Queen nazista, por exemplo, não é uma versão tão diferente do que o Oliver Queen que conhecemos foi nas duas primeiras temporadas de Arrow, mas o destaque ficou para uma trama paralela (uma das diversas ali presentes) que envolvia o herói Firestorm, formado pela fusão do Dr. Martin Stein (Victor Garber) e Jefferson Jackson (Franza Drameh). Infelizmente, Victor Garber precisou deixar o seriado e os produtores deram um final emocionante para a dupla, o que interferiu diretamente na resolução da trama principal. Crise na Terra X também marca o retorno de Wentworth Miller, desta vez interpretando Cidadão Frio, que é a versão heroica da Terra X para o Capitão Frio, devidamente trajado como nos quadrinhos, deixando registrada a homenagem, além da estréia do herói Ray, interpretado por Russel Tovey. Apesar do excesso de personagens em tela, muitos deles ficam completamente esquecidos em cena por conta da necessidade de focar os acontecimentos nos personagens principais, mas é sempre bom acompanhar os heróis interagindo entre si, principalmente quando Onda Térmica (Dominic Purcell) está em cena.

    Enquanto Legends of Tomorrow se encontra em seu final de temporada, Supergirl, Flash e Arrow entram na reta final de suas respectivas temporadas. Qual será o tema do próximo crossover? Aguarde notícias em breve.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

    https://www.youtube.com/watch?v=HmVBRdqCOHg

  • Crítica | Justiceiro: Zona de Guerra

    Crítica | Justiceiro: Zona de Guerra

    Com apenas cinco anos de diferença de O Justiceiro, protagonizada por Thomas Jane, o longa Justiceiro: Zona de Guerra começa com um luxuoso jantar de mafiosos, que obviamente é invadido por Frank Castle, dessa vez interpretado por Ray Stevenson, que acabava de vir da elogiada série da HBO, Roma. De certa forma, sua versão do Justiceiro tem bastante a ver com os produtos adultos da TV a cabo, por conta da violência gráfica bem mais explícita nesse em comparação com as outras adaptações do personagem ou mesmo da própria Marvel.

    A direção está à cargo de Lexi Alexander, que vinha de Hooligans e que depois do fracasso de Zona de Guerra, passou a dirigir mais seriados que filmes – Arrow, Supergirl, How to Get Away With Murder. O modo como conduz o filme guarda bastante semelhanças com os seriados citados, uma vez que há uma clara falta de sutilezas nesse trabalho. Não há grandes construções de passado e a maior parte dos conceitos é simplesmente jogado em tela, como também aconteceu com Motoqueiro Fantasma: O Espírito da Vingança, filme de 2011 que também continha o selo Marvel Knights.

    Aspectos que antes eram mais levados a sério agora são simplesmente citados. Não há um enorme debruçar sobre os motivos que fizeram Frank realizar justiça com as próprias mãos, o que é positivo, porque mostrar um terceiro filme de origem é completamente desnecessário. No entanto, a colaboração dos policiais normais com os assassinatos que ele cometeu soa forçado, mesmo que claramente haja até no campo da realidade os policiais que acham que o justiçamento é a melhor saída para a onda de crimes nas grandes metrópoles. Mesmo o drama que Castle tem por acabar acidentalmente matando um agente policial soa pueril demais.

    A personificação do vilão Billy “Retalho” Jigsaw (Dominic West) começa de uma maneira positiva, com um sujeito vaidoso que é pego pelo vigilante. Após o acidente que o fez ficar deformado há uma referência ao Coringa de Jack Nicholson, em Batman, mas o que se vê depois é caricatural em um nível muito baixo. A roupa e maquiagem que West usa o faz parecer um figurante de Dick Tracy, sendo que no filme de Warren Beatty havia um propósito caricatural pré-estabelecido, e esse tenta ser um filme adulto e extremo.

    A construção visual do filme é estranha, há semelhanças demais entre a fotografia desse com a dos filmes de terror populares da época, principalmente com as continuações de Jogos Mortais. Inclusive o gore é semelhante, variando entre o visto na saga citada, com elementos visuais semelhantes ao clássico trash Riki-oh.

    O desfecho é tão infantil quanto o restante do filme, que sofre com um roteiro bem mal pensado por Nick Santora, Art Marcum e Matt Holloway. É difícil inclusive avaliar o desempenho de Stevenson como veterano de guerra que decide fazer justiça com as próprias mãos após chacinarem sua família, já que as situações que lhe são propostas são tão risíveis que mal há como avaliar de maneira minimamente justa.

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  • Review | Arrow – 5ª Temporada

    Review | Arrow – 5ª Temporada

    Após uma boa temporada de estreia (Arrow – 1ª Temporada), uma ótima segunda temporada, seguida por um dos maiores fiascos da história do Canal CW, a quarta temporada de Arrow precisou provar que a série ainda merecia seu lugar no canal para manter o já estabelecido arrowverse. Com muita dificuldade, a temporada que começou fraquíssima se reergueu firmando a série, livrando-a de um possível cancelamento. Parte disso se deu por algumas cobranças da estrela da série, o ator e intérprete de Oliver Queen/Arqueiro Verde, Stephen Amell, que tem uma ligação direta com os fãs. A cobrança de Amell deu resultado e Arrow ganhou um bom respiro em sua quinta temporada, se tornando a melhor temporada desde a segunda aventura do Arqueiro Verde nas telas da TV.

    Após a morte de Laurel Lance/Canário (Katie Cassidy) e após Thea/Speedy (Willa Holland) e John Diggle/Espartano (David Ramsey) aposentarem seus uniformes (mas ainda sendo personagens principais), o Arqueiro Verde busca recrutar novos heróis para dar continuidade ao legado de Lance e é assim que passa a trabalhar com Rene Ramirez, o Cão Raivoso (Rick Gonzalez), que há tempos vinha sendo um vigilante em Star City, Evelyn Sharp, a Artemis (Madison McLaughlin) e um velho conhecido dos fãs e da série, o cientista Curtis Holt, que assume o nome de Sr. Incrível (Echo Kellum), que junto de Felicity Smoak (Emily Bett Rickards), agora estabilizada como a Observadora, divide o núcleo cômico da série. Enquanto Oliver Queen não veste o capuz do Arqueiro Verde, ele é o prefeito da cidade, sendo o ex-capitão de polícia, Quentin Lance (Paul Blackthorne) seu vice prefeito, enquanto Thea vira sua assessora e Diggle retoma à sua função original de segurança de Oliver. Junta também ao elenco o novo e ótimo promotor da cidade, Adrian Chase (Josh Segarra), que na primeira metade da temporada parecia mais ser um Christian Bale genérico do que qualquer coisa, mas que depois, se mostrou um ótimo personagem, inclusive quando se tratava de entraves políticos/jurídicos que foram constantes nessa temporada.

    A quinta temporada de Arrow teve como premissa aparição do perigoso e violento Tobias Church, vivido por Chad L. Coleman, o Tyrese de The Walking Dead e logo de início, o team Arrow passa a ter sérios problemas com Church, principalmente porque a equipe é completamente desengonçada e não sabe trabalhar unida, o que acaba trazendo sérios problemas a Oliver, que passa a ter um temperamento extremamente explosivo, inclusive, dando surras severas nos membros do time durante os treinamentos. Logo sabemos que Church é apenas uma pequena peça de um quebra cabeça muito maior, cuja peça principal é o vilão Prometheus, um rival que possui habilidades idênticas ou até melhores que o próprio Arqueiro Verde e a caçada ao vilão foi um dos pontos altos dessa temporada. O problema ficou por conta da revelação de sua identidade, já que mais uma vez os produtores resolveram esconder a informação, assim como fizeram sobre a revelação de quem havia morrido na temporada passada, contudo, as coisas ficaram melhores após o vilão parar de usar uma máscara. Acontece que, mesmo após usarem um artifício chato, desta vez houve um motivo plausível.

    Algo que surpreendeu nessa temporada foi o enredo dos tradicionais flashbacks da série, que mostram a jornada de Oliver Queen desde que se tornou um náufrago até seu retorno para a casa, cinco anos depois. Como esta foi a quinta temporada, os flashbacks convergiram com os acontecimentos dos primeiros episódios da série. Aqui, Oliver busca cumprir a promessa feita à Taiana na temporada anterior: matar Konstantin Kovar, vivido por Dolph Lundgren que faz um líder da máfia e do crime organizado russo e que gosta de ir para a porrada. Para combater Kovar, Oliver se alia a um velho conhecido, Anatoly Kniazev (David Nykl) e finalmente podemos ver respondidas várias perguntas sobre a estreita relação do herói com os russos e com a organização chamada Bratva, algo que já foi mostrado por diversas vezes ao longo desses cinco anos.

    Outro ponto positivo dessa temporada foi que todos os personagens secundários tiveram suas respectivas tramas paralelas, mesmo que elas não tenham contribuído com o desenrolar da trama principal, o que passa despercebido por terem sido muito bem encaixadas. Os destaques ficam para a história de Rene, que teve um episódio próprio e o porquê dele ter se tornado o Cão Raivoso e sua estrita relação quase paterna dele com Quentin Lance, haja vista que, quem acompanha o seriado sabe que, assim como Rene, Lance viveu um inferno em sua vida. Também teve destaque a história da ex-policial Dinah Drake (Juliana Harkavy), que foi afetada pela explosão do colisor de partículas de Harrison Wells na primeira temporada de Flash, enquanto fazia uma investigação com seu parceiro que faleceu no acidente. Dinah é a primeira meta humana a integrar o elenco de Arrow, se não considerarmos as várias participações dos personagens de Flash já feitas até então. Os poderes de Drake são exatamente os mesmos da vilã Sereia Negra, a Laurel Lance (também, Katie Cassidy) da Terra 2 e que também passou a integrar o elenco na temporada. Por enquanto só fica a pergunta: teria Dinah Drake alguma relação de parentesco com Tim Drake?

    Como já é costume, logo no início da temporada tivemos o episódio que adaptou a saga Invasão, da DC Comics, que fez parte do já tradicional mega crossover da CW, que juntou, desta vez, o elenco de Flash, Supergirl, Arrow e Legends of Tomorrow. Confira todos os detalhes desse encontro clicando aqui.

    Assim, como na terceira temporada de Flash, houve uma diminuição considerável dos episódios chamados de monstros da semana, que foram incluídos dentro da história principal, fazendo com que o episódio seguinte sempre complementasse o anterior, seguindo assim, praticamente, do início ao fim da temporada. Mas apesar de toda a trama envolvendo Prometheus, os jogos políticos que Oliver precisou enfrentar na prefeitura, as tramas paralelas de todos os personagens que integraram o elenco, ainda sobrou espaço para que os produtores colocassem um novo e sanguinário vigilante diversas vezes em cena, muitas vezes combatendo os heróis que são totalmente contra à maneira de agir do cara. A propósito, sua identidade ainda permanece um mistério.

    Com essa quinta temporada, Arrow conseguiu o respiro que precisava, se firmando, novamente, como a principal série de seu universo dentro da CW e se firmando de vez como uma série auto suficiente, sendo que sua sexta temporada parece ser muito promissora e provavelmente manterá o mesmo nível da temporada que passou. É muito provável que seja renovada para uma sétima temporada e por que não, uma oitava.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Review | The Flash – 3ª Temporada

    Review | The Flash – 3ª Temporada

    Quando o Flash derrotou o vilanesco Zoom ao término de sua 2ª temporada, tivemos uma pequena cena pós-créditos em que Barry Allen, desolado pela morte de seu pai, toma a impensada atitude de voltar ao passado no dia em que sua mãe havia sido morta, salvando-a e derrotando o Flash Reverso, mudando, portanto, o mundo inteiro daquela data em diante. A cena em questão era o prenúncio de uma das histórias mais aclamadas do Velocista Escarlate, intitulada Ponto de Ignição, o que prometia uma terceira temporada sensacional, causando ansiedade nos fãs de todo o conhecido “arrowverse”. Afinal, que mudanças Barry causaria em Arrow, Supergirl e Legends of Tomorrow?

    Nos quadrinhos e na animação, com participação significativa do Batman e demais membros da Liga da Justiça, após salvar sua mãe, Barry Allen vira o mundo de cabeça para baixo, causando o maior dos efeitos borboletas. Os Atlantis estão em guerra com as Amazonas. Alguns vilões sse tornam boas pessoas e, no caso do Batman, o menino Bruce Wayne acabou sendo morto no beco, fazendo com que sua mãe desenvolvesse problemas psiquiátricos sérios se tornando a Coringa daquela linha temporal e seu pai, Thomas, se tornando o Batman, mas um morcego mais amargurado e que usa, além da violência excessiva, armas de fogo. Obviamente, o desenvolvimento a ser abordado na série passaria longe da ousadia dos quadrinhos, a julgar pelos mais variados fatores. Contudo, o canal CW deixou muito a desejar, com um início de temporada extremamente chato e mal desenvolvido, algo que mudou na segunda metade da temporada. Devemos lembrar que nos quadrinhos, o Ponto de Ignição se encerra com o Batman matando o Flash Reverso e Barry restaurando a linha do tempo, dando início a uma nova fase do universo da DC Comics, chamada de Os Novos 52.

    Por conta da trama principal, o que vimos nesta 3ª temporada foi uma diminuição considerável dos episódios chamados de monstros da semana, que foram incluídos dentro da história principal, fazendo com que um episódio seguinte sempre complementasse o anterior, seguindo assim, praticamente, do início ao final da temporada.

    No primeiro episódio da tempora, após retornar no tempo e salvar sua mãe, Barry Allen (Grant Gustin) vive uma vida feliz ao lado de seus pais, Nora (Michelle Harrison) e Henry (John Wesley Ship). Wally West (Keiynan Lonsdale), o Kid Flash, é o velocista guardião de Central City, sendo que tanto Wally, quanto dos demais personagens que integram o elenco, Joe (Jesse L. Martin) e Iris (Candice Patton), o agora bilionário e egocêntrico Cisco (Carlos Valdes) e Caitlin Snow (Danielle Panabaker), assumindo a alcunha de Nevasca, não conhecem Barry, que foi alertado por Eobard Thawne (Matt Letscher), agora preso, do tamanho erro que cometeu ao voltar no tempo, algo que Barry só passa a reconhecer quando começa a experimentar perda da memória da linha temporal anterior, o que poderá causar também a perda de seus poderes, esquecendo-se de quem ele foi um dia. Após Wally ser gravemente ferido pelo seu maior oponente, o velocista Rival (Todd Lasance), Barry decide soltar Eobard para que ele cumpra seu destino de assassinar Nora Allen e restabelecer a linha temporal anterior. Sim, o Ponto de Ignição só durou um único episódio, o que causou a ira e a decepção de muitos.

    Mas o verdadeiro ponto de ignição da 3ª temporada, na verdade, se dá quando Barry restabelece a linha do tempo original. Linha do tempo bastante modificada, mexendo com alguns personagens e localidades. Os Laboratórios S.T.A.R., por exemplo, estão com novas e melhores instalações. Porém, Joe e Iris não se dão bem e não olham um na cara do outro. Além disso, o irmão de Cisco, Dante, não está vivo e o jovem cientista culpa Barry por não salvá-lo. E para piorar ainda mais a situação, o velocista tem um parceiro no departamento de polícia, o irritante Julian, vivido por Tom Felton, uma ótima contratação para o elenco.

    E ainda temos o excelente Tom Cavanagh, interpretando sua terceira versão do Dr. Harrison Wells, agora vindo da Terra 19. Cavanagh que na 1ª temporada fez um Wells frio e calculista, na 2ª temporada fez um Wells da Terra 2 completamente sem paciência, nestaentregou um personagem extremamente bem humorado e sempre positivo, polido, educado e aficionado por café, já que na Terra 19, café é um produto quase extinto. Novamente podemos saber um pouco mais do passado desse querido Wells, que foi desmascarado tempos depois, uma vez que ele, na verdade, é um escritor em sua terra, que veio pra Terra 1 foragido, em busca de conseguir escrever a maior aventura já escrita. A fuga de Wells é aproveitada para introduzir uma nova heroína na série, a Cigana (Jessica Camacho), que possui os mesmos poderes de Cisco, que viaja pelas terras do Multiverso perseguindo foragidos.

    A primeira parte da terceira temporada, como dito, foi extremamente arrastada e chata, principalmente porque o elenco tentava descobrir a identidade do vilão Alquimia, que estava concedendo poderes para aqueles que eram meta humanos na linha temporal do ponto de ignição em troca da cabeça do Flash,. Essa parte teve pouquíssimos bons momentos, como o episódio Invasion, que fez parte do já tradicional mega crossover da CW, que juntou, desta vez, o elenco de Flash, Supergirl, Arrow e Legends of Tomorrow.

    As coisas começam a melhorar, quando o team Flash descobre que Alquimia, na verdade, é apenas um assecla do perigosíssimo Savitar, o Deus da Velocidade, tido como o primeiro, mais poderoso e rápido velocista. Em uma tentativa de derrotar Savitar, Barry é jogado meses no futuro e acaba por ver Iris sendo morta pelo demoníaco velocista. Começa, então, uma corrida contra o tempo, onde Barry tenta mudar o presente, buscando alterar o futuro e a morte de Iris. E o que se vê a partir daqui são alguns dos melhores episódios da temporada e, por que não, de toda a série.

    Um desses episódios, na verdade um evento duplo, mostra que o Wells da Terra 2 foi capturado pelo Gorila Grodd na Cidade dos Gorilas, o que obriga o team Flash a ir resgatá-lo, causando uma invasão dos gorilas em Central City. Também tivemos um ótimo encontro musical entre os personagens de Supergirl e Flash, com a introdução de um bom vilão, que futuramente poderá incluir o elenco do arrowverse em outros episódios do estilo, além de apresentar um dos vilões mais perigosos mostrados em cena: Abra Kadabra, que veio de muitos séculos do futuro e que causa sérios danos em Caitlin, obrigando a cientista a se transformar em definitivo na heroina Nevasca.

    Mas, sem dúvida, o ponto mais alto da temporada é a revelação de quem é Savitar, na verdade, é o próprio Barry Allen, trazendo ao público outro conceito da física e da ficção científica, chamado de o Paradoxo da Predestinação, utilizado em O Exterminador do Futuro, por exemplo, quando John Connor, diversas vezes, manda Kyle Reese para o passado para que ele conheça Sarah Connor, com o intuito de fazê-la gerar John, o líder da resistência no futuro. Aqui, o Barry que se tornou Savitar é um dos remanescentes do tempo (algo já explicado nas temporadas anteriores) que foram criados para derrotar vilão. Durante a batalha, Savitar eliminou todos os remanescentes, exceto um (ele mesmo), que ao tentar se reintegrar a seus amigos, foi completamente ignorado porque aquela linha do tempo já tinha um Barry Allen. Então, imagine que você foi duplicado por você mesmo, só que seus melhores amigos, sua mulher e tudo que o cerca convive com o outro você, te ignorando por completo. É exatamente isso que aconteceu. Uma decisão bastante ousada e acertada dos produtores. E com os planos de Savitar frustrados graças a genialidade e bom coração do Wells da Terra 19, vimos uma emocionante batalha de todos os heróis da série contra o velocista.

    Tanto Flash, quanto as outras séries da CW, tiveram suas temporadas renovadas e se encontram em filmagem neste exato momento. Sempre soubemos que um dia a ótima série do velocista iria passar por maus momentos, mas percebe-se que essa 3ª temporada, embora tenha ganhado um certo respiro em sua etapa final, serviu de aviso aos produtores que, a partir de então, deverão tomar cuidado para que o show não passe pelos mesmos problemas que Arrow deixando-o à beira de um cancelamento.

    De qualquer forma, a 4ª temporada de Flash, que irá ao ar a partir de outubro de 2017,  parece promissora e pela primeira vez os produtores não usarão um velocista como vilão principal da temporada. Acredita-se que o arqui inimigo de Barry será Clifford DeVoe, o Pensador, um vilão que promete dar muito trabalho ao Flash e os demais heróis, uma vez que seu nome foi mencionado algumas vezes pelos personagens do futuro que apareceram nessa temporada.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Resenha | Superman: Brainiac

    Resenha | Superman: Brainiac

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    Durante grande parte da primeira década do novo milênio, a DC Comics investiu em novas formas de reformular seu universo de super-heróis sem necessariamente zerar sua continuidade, como já havia feito antes com a saga Crise nas Infinitas Terras. Assim, o recurso utilizado com frequência era o retcon, histórias que contavam detalhes “esquecidos” das origens dos heróis ou alteravam completamente alguma coisa que fosse necessária. Com a saga Crise Infinita a editora deu uma explicação de dentro do universo para esses retcons: uma versão do Superboy de uma Terra paralela literalmente esmurrava as paredes da realidade, mudando assim a continuidade de tempos em tempos sem precisar passar uma borracha em tudo. Sim, era uma explicação bem esdrúxula, mas parece ter funcionado. Com isso, Superman teve sua origem pós-Crise alterada várias vezes, tornando a narrativa de John ByrneO Homem de Aço, obsoleta.

    Geoff Johns foi responsável por grande parte dessa fase, deixando sua marca de “reparador de danos” nos gibis do Superman. Assim, dentre muitas coisas que escreveu, o arco Brainiac tem um grande destaque por resgatar elementos clássicos das histórias do herói.

    Assim como a Supergirl havia sido reintroduzida nas histórias do Azulão, com uma história de origem mais próxima da sua primeira aparição, na Era de Prata, Johns reapresenta o vilão Brainiac tal qual sua primeira aparição. Assim, fica estabelecido através da Supergirl que ele já era uma ameaça no passado, e que as outras versões do tirano confrontadas pelo Superman não eram “reais”. Brainiac era um conquistador de mundos, que absorvia toda a informação possível sobre civilizações planetárias, miniaturizava suas principais cidades e destruía o resto. Assim, em uma terrível lembrança de seu tempo em Krypton, a prima do Superman revela como a importante cidade de Kandor foi subjugada e engarrafada, com seus prédios e habitantes em forma diminuta, e armazenada na nave do vilão.

    Quando Brainiac ataca a Terra, diminuindo e engarrafando a cidade de Metrópolis, Superman o enfrenta em uma batalha épica para trazer de volta aqueles que ama. O enredo é basicamente o mesmo da história de 1958 na qual o vilão surgiu, porém trabalhado de forma quase cinematográfica, explorando diferentes facetas de personagens já há muito conhecidos do público.

    A arte de Gary Frank é de uma riqueza de detalhes impressionante. Seu Superman e Clark Kent realmente parecem pessoas distintas, e visivelmente emulam os traços característicos do ator Christopher Reeve, que imortalizou o herói nas telas do cinema por quatro filmes. Sua Lois Lane é uma versão mais jovem de Margot Kidder, que contracenou com Reeve nos filmes clássicos, e os personagens do Planeta Diário também apresentam traços marcantes que refletem suas personalidades. Cat Grant lembra muito a sua representação na série noventista Lois & Clark, com uma atitude ao mesmo tempo sexy e vulgar, muito diferente da mãe solteira que teve o filho de oito anos assassinado, na versão anterior dos quadrinhos. Grant não parece carregar a perda nos ombros como antes, e até mesmo Clark parece perceber isso. Assim, sua nova atitude seria decorrente do trauma, uma forma de abafar a dor. Infelizmente, isso fica apenas subentendido pela fala do repórter e não é explorado na história. Steve Lombard é o repórter de esportes, e se nos anos 70 era retratado como um galhofeiro que vivia pregando peças em seus colegas, aqui ele se torna um “tiozão do pavê”, completamente deslocado com suas piadas sem graça em um mundo que não mais admite seus preconceitos. Ron Troupe, Jimmy Olsen e Perry White permanecem basicamente os mesmos que já conhecemos de versões anteriores. Frank se utiliza de seu fino traço para fazer com que as expressões faciais desses personagens nos mostrem cada sentimento, cada interação entre eles, cada pequeno gesto, de forma a esquecermos um pouco dos vilões intergaláticos e possamos nos identificar com as “pessoas normais” da história.

    A relação de Clark com seus pais é explorada de uma forma como jamais viria a ser novamente nos quadrinhos posteriores. A vida no campo moldou a personalidade de Kent, e vemos em flashbacks momentos de sua educação que o levaram a ser quem ele é. O final trágico da história remete justamente a isso: Superman precisa fazer duras escolhas pelo bem maior, mesmo que isso pese sobre seus ombros por não conseguir salvar a todos ao mesmo tempo.

    Se as cenas de ação são muito bem desenvolvidas, as cenas do cotidiano não ficam longe. Em uma época em que as relações entre os personagens de Metrópolis estavam sendo quase que ignoradas, Superman: Brainiac as traz de volta de forma simples, porém certeira. Talvez seja isso que faz desse arco algo digno de figurar, no Brasil, duas versões encadernadas de capa dura ao mesmo tempo, por editoras diferentes.

    A importância dessa história também está em suas consequências nas revistas do Superman nos anos seguintes, já que o destino de Kandor e de seus habitantes kryptonianos seria o fio condutor da grande saga Nova Krypton, que tomaria as páginas das revistas de aço no meses posteriores. Também virou filme animado da DC Entertainment, com o título de Superman Sem Limites. Ainda assim, Superman: Brainiac apresenta uma grande aventura, com aquilo que pode ser considerado a essência do Homem de Aço, de uma forma moderna e ao mesmo tempo, clássica.

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  • Review | Arrow – 4ª Temporada

    Review | Arrow – 4ª Temporada

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    A péssima terceira temporada de Arrow, de fato, foi um divisor de águas para a produção do show. Se os produtores da CW não apresentassem ao espectador uma obra no mínimo convincente, as chances de um eventual cancelamento seriam praticamente inevitáveis.

    E não foi o que aconteceu. Sinceramente, imagino que Arrow só se mantém no ar por conta do universo compartilhado criado, se apoiando no sucesso de The Flash, além de agora contar com Legends Of Tomorrow e com a recém-chegada Supergirl. Com tantos personagens, a série somente convenceu numa de suas subtramas, que justamente contou a parte final da história de John Diggle (David Ramsey) que, desde a primeira temporada, buscava saber quem causou a morte de seu irmão, Andy. Aliás, a dica já havia sido dada na temporada anterior pelo Pistoleiro e confirmada nessa temporada. A C.O.L.M.E.I.A. estava por trás de tudo.

    Justamente a C.O.L.M.E.I.A., liderada por Damien Darhk (Neal McDonough), que foi a maior ameaça da temporada tirando Oliver Queen (Stephen Amell) da aposentadoria. O herói deixou a agora chamada Star City nas mãos de sua equipe, Laurel Lance/Canário Negro (Katie Cassidy), Thea Queen/Speedy (Willa Holland) e John Diggle (que ganhou um uniforme e o nome de Espartano), mas descobriu que Felicity (Emily Bet Rickards), sua futura esposa ainda trabalhava com o “Team Arrow”. Não demorou muito para a jovem convencer Oliver a voltar à ativa com um novo uniforme preparado por Cisco Ramon, personagem de The Flash e cientista responsável por quase todos os trajes do universo.

    O problema é que todas as medidas tomadas nos roteiros de Arrow são incrivelmente preguiçosas, uma vez que, na temporada passada, para preservar a identidade de Queen como O Arqueiro, Roy Harper, o Arsenal (que fez uma breve participação nessa temporada) se entregou usando o uniforme do Arqueiro, sendo que, mais tarde, forjou sua própria morte. Com isso, Oliver Queen retorna a Star City usando o nome de Arqueiro Verde para preservar o legado do arqueiro original. Isso chega a ser uma falta de respeito com o personagem como um todo. Porém, ainda assim, a equipe precisa enfrentar Damien Darhk e a C.O.L.M.E.I.A., uma organização extremamente poderosa, enquanto Oliver Queen, candidato a prefeito de Star City precisa enfrentar nas urnas sua rival, Ruvè Adams, a esposa de Darhk.

    arrow, black canary and john constantine

    Como dito, a C.O.L.M.E.I.A. é poderosíssima e cerca quase tudo entre nós. Ela possui informantes no governo, na polícia e está sempre um passo à frente de tudo e de todos, o que seria mais do que suficiente para a equipe do Arqueiro Verde ser esmagada. Além do mais, um ponto realmente importante na série é que, pela primeira vez, a magia foi introduzida, o que até então não existia no universo. Tivemos esse primeiro contato na primeira parte da temporada durante os flashbacks, que sempre foram tradicionais no programa. Queen, a serviço da A.R.G.U.S., foi deixado na ilha em que naufragou e lá passa a ter contato com uma organização militar que tem muito interesse no local, sendo que, num determinado ponto, acaba por ajudar um certo homem chamado John Constantine (Matt Ryan), que como forma de agradecimento “transfere” uma tatuagem para o corpo de Queen. A magia persistiu por toda a temporada, uma vez que o próprio Damien Darhk possui consigo um ídolo que lhe dá muito poder. Vale ressaltar que é pelo mesmo ídolo que a organização tem interesse na ilha. E nesse ponto, a produção pecou, pois, como dito, não havia como Oliver e sua equipe competirem com Darhk. Ainda que o confronto com Darhk por toda a temporada tenha provocado muita dor para o time, como a baixa de uma importante personagem. O vilão poderia ter causado o fim de muito mais personagens, já que por diversas vezes teve a oportunidade de acabar com o próprio Arqueiro Verde.

    De qualquer forma, a temporada não foi um desastre.

    Durante a segunda temporada de The Flash, ocorreu a estreia da personagem Kendra Saunders (Ciara Renee). Sua aparição na série serviu para dar origem ao crossover com o Velocista Escarlate e Legends Of Tomorrow. Desta vez, podemos dizer que a reunião dos heróis foi completa, uma vez que Vandal Savage (Casper Crump) tenta assassinar Saunders, a Mulher-Gavião, o que obriga o “Team Flash” a pedir ajuda ao Arqueiro Verde e sua equipe, desta vez contando com todos os personagens das duas séries mais o Gavião-Negro (Falk Hentschel). Esse episódio serviu como aquecimento para a já citada série Legends Of Tomorrow.

    E os crossovers não pararam. Ainda tivemos o sensacional episódio de Legends of Tomorrow que se passou na Star City do futuro, onde temos um Oliver Queen grisalho e barbudo, como no seu visual clássico, mas totalmente diferente daquele que conhecemos. Se pudermos comparar, digamos que ele lembra muito o Batman de Ponto de Ignição. Além do mais, tivemos Diggle e sua esposa, Lyla (Audrey Marie Anderson) fazendo uma participação em Flash, além da versão vilanesca  da Terra 2 de Laurel Lance, como a Dark Siren, uma versão alternativa da Canário Negro, mas que possui os poderes exatamente como nos quadrinhos.

    O final da temporada causou ódio naqueles que gostam da série. Por sorte, por conta dos eventos ocorridos no final da segunda temporada de The Flash, que deverá adaptar Ponto de Ignição, nem tudo está perdido e tudo poderá ser consertado. O curioso é a vida imitando a arte, pois geralmente é o Flash quem salva o dia nas histórias em quadrinhos. Só nos resta saber se será The Flash que salvará Arrow de um cancelamento.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.