Crítica | Conan: O Destruidor
Se em 1982 nós fomos agraciados com o sensacional Conan: O Bárbaro, em 1984 fomos condenados à Conan: O Destruidor. A sequência do clássico dirigido por John Millius que apresentou Arnold Schwarzenegger, infelizmente, é bastante inferior ao seu predecessor. O sucesso do primeira longa fez com que Dino de Laurentiis e o estúdio Universal resolvessem explorar mais o personagem. Com Millius e Oliver Stone, respectivamente diretor e roteirista do original, indisponíveis, Richard Fleischer assumiu o leme para conduzir o roteiro escrito por Stanley Mann. Infelizmente, o resultado final foi bem ruim.
Na trama do filme, Conan ainda está de luto pela morte de sua amada Valeria quando é recrutado pela rainha Taramis de Shadizar para acompanhar Jehnna e seu guarda-costas Bombaata em uma jornada para roubar um artefato mágico capaz de reviver um deus milenar. Junto de Malak, Conan recorre ao seu amigo mago Akiro para ajudá-lo na viagem e no caminho, salva a guerreira Zula, ganhando sua lealdade. É essa união improvável que vai auxiliar Conan no cumprimento do seu compromisso com a nebulosa rainha.
O roteiro de Mann constitui-se basicamente de ideias recicladas da primeira película e clichês emprestados de outros. Há uma clara mudança de tom, com uma boa dose de humor mal inserido no filme. Tal fato ocorreu porque Laurentiis e a Universal resolveram que Conan: O Destruidor deveria ser para um público mais abrangente. Sendo assim, a violência foi diminuída sensivelmente e momentos chocantes foram substituídos por piadas sem graça. Os personagens passaram também uma higienização. Todo mundo é extremamente limpinho e mal fica machucado, contrariando totalmente a estética crua e a visceralidade do primeiro filme. Tal abordagem fez com que os quadrinistas Gerry Conway e Roy Thomas, criadores da história original que serve de base para o roteiro, rejeitassem o resultado final da obra. Se ao menos o roteiro fosse coerente, daria pra encarar como um passatempo. Entretanto, não consegue estabelecer as ameaças do filme, faz com que os personagens sejam apenas meras escadas para Conan, já que nenhum deles têm alguma função decente dentro da história. Mal servem para movimentá-la.
A direção de Fleischer também não ajuda em nada. O diretor abraça um tom camp que destoa completamente do primeiro filme e principalmente, da essência do personagem criado por Robert E. Howard. O Conan desse filme é um pálido decalque do seu conceito original e isso se reflete na interpretação de Arnold Schwarzenegger. Ainda que uma presente imponente em tela, o ator parece descompromissado e nem de longe se mostra como a força da natureza do primeiro filme. Sarah Douglas, a Ursa dos dois primeiros filmes do Superman, se mantém ameaçadora quando em cena, sendo convincente no que propõe. Mako, repete seu papel do primeiro filme, porém dessa vez se resume a fazer caretas e gestos estranhos nas cenas em que seu personagem tenta fazer alguma magia. Já Grace Jones e o ex-jogador dos Los Angeles Lakers Wilt Chamberlain, se impõem somente pela presença física, porque a canastrice dos dois é altíssima. Já Olivia d’Abo recebe o ingrato papel de mocinha lânguida que se encanta pelo protagonista e que se mete em situações de perigo quase o tempo todo. As cenas de ação são bem genéricas, com alguns momentos ruins devido à precariedade de certos efeitos especiais, fato interessante devido a outros momentos que possuem bons efeitos aliados à boa fotografia. A trilha de Basil Poledouris ganha alguns novos arranjos, mas ainda mantém sua força.
Enfim, Conan: O Destruidor é um filme ruim que não faz jus ao personagem ou ao seu predecessor. O que o deixa ainda mais amargo, é não haver uma terceira parte com um roteiro redentor e com Schwarzenegger de volta ao papel atuando da forma que o consagrou na primeira película.