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  • Crítica | O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio

    Crítica | O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio

    O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio começa simples, com uma gravação de sua heroína, a Sarah Connor de Linda Hamilton, que estava ausente desde o 2º filme, ainda no manicômio falando a respeito do dia do Juízo Final, em 1997. A gravação a fazia parecer paranoica, mas ela era autoritária, forte, bem resolvida  e durona, e a escolha por começar  esse sexto episódio da franquia no cinema, que relembra outras cenas clássicas, inclusive fazendo uma rima visual que, apesar de ser um recurso clichê, aqui combina demais, com as comparações das diferentes praias, uma no caos futurista e outra na calmaria pré tragédia pessoal.

    Uma das maiores preocupações por parte dos fãs, era se Tim Miller conseguiria repetir os bons momentos de O Exterminador do Futuro e O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final no quesito ação, e ao menos nesse sentido, não há do que reclamar. Os 20 minutos iniciais são de uma ação frenética absurda, e mesmo os efeitos especiais soam naturais, bem melhor do que o rejuvenescimento de O Exterminador do Futuro: Genesis, que visto hoje, faz Arnold Schwarzenegger parecer realmente um boneco mal feito.

    A introdução dos novos personagens é um pouco apressada,mas o ritmo acelerado faz com que o estranhamento seja facilmente driblado. Tanto Grace (Mackenzie Davis) quanto Dani Ramos (Natalia Reyes) são personagens que parecem um pouco apagadas, mas até  para manter o mistério em torno delas, faz sentido isso ocorrer. A luta que Grace tem com o Exterminador REV-9 de Gabriel Luna é sensacional, em especial a sequencia na estrada, pós saída da fábrica, uma pena que boa parte desses momentos já tivessem sido antecipados no material de divulgação.

    Hamilton, no presente do filme, acrescenta demais a trama, seja no espírito de guerrilheira que  ela veste, como no aspecto de heroína de ação que prosseguiu evoluindo, tal qual foi em T2. Aliás, o núcleo de protagonistas ser todo formado por mulheres é um aspecto muito bem vindo, e ela que faz lembrar os momentos mais legais de mulheres badass do cinema recente, quase como uma Charlize Theron mais madura, uma evolução da Imperator Furiosa de Mad Max: Estrada da Fúria e da espiã de Atômica.

    O roteiro de David S. Goyer, Justin Rhodes e Billy Ray não é primoroso. A historia se perde um pouco ao não causar muito impacto com aspectos novos da franquia, e com essa outra versão do destino da humanidade. Talvez a quantidade grande de roteiristas e de argumentistas ( foram cinco, incluindo o produtor James Cameron) tenha ajudado a diluir essa importância que deveria ter sido dada. Além disso, há uma reciclagem tanto da trama de T2, quanto de muitos aspectos das continuações que foram “descanonizadas”. De O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas, há  o conceito de uma mulher viajando no tempo e sendo badass, de O Exterminador do Futuro: A Salvação, o conceito de um humano aprimorado e de T: Genesys, a questão do envelhecimento do tecido orgânico do T-800 de Arnold.

    Apesar de se valer demais de flashbacks – o que é ruim – ao menos é possível observar como essa versão do futuro é suja, lembrando inclusive Aliens: O Resgate em boa parte dos aspectos, mostrando que Miller é muito reverencial ao legado de Cameron. No entanto, a repetição de ciclos, com mulheres sempre se sacrificando pela sobrevivência da humanidade, não é tão bem traduzida para a parte da nova geração. Ao menos, o sub plot do T-800 é bem legal, e faz sentido mesmo com a suspensão de descrença. Se as máquinas são capazes de se revoltar e exterminar os homens, não há porquê elas não evoluírem ao ponto de criar uma espécie de ética própria, ainda mais se essa máquina não tiver nenhuma ordem ou comando. A mensagem sobre propósitos e a necessidade de tê-los é um pouco piegas, mas não chega a ser ofensivo, até porque Schwarzenegger está engraçadíssimo, à vontade como há muito não se via.

    Exterminador do Futuro: Destino sombrio acerta demais nos aspectos ligados a action movies, tem sequencias de luta muito boas, um bom vilão, que não deixa tanto a desejar para o T 1000 de Robert Patrick, e que tem em Linda Hamilton sua âncora, com uma atuação muito tocante e inspirada da veterana atriz, com um desempenho tão bom que quase faz esquecer que Reyes e Davis não estão tão bem.

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  • VortCast 68 | Rambo

    VortCast 68 | Rambo

    Bem-vindos a bordo. Filipe Pereira, Jackson Good (@jacksgood), Rafael Moreira (@_rmc), Mario Abbade (@AbbadeMario) e Carlos Brito para comentar sobre Rambo e a série de filmes iniciada em 1982, protagonizada por Sylvester Stallone e baseada no romance de David Morrell.

    Duração: 94 min.
    Edição: Julio Assano Júnior
    Trilha Sonora: Julio Assano Júnior
    Arte do Banner:
     Bruno Gaspar

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    Crítica Rambo: Programado Para Matar
    Crítica Rambo II: A Missão
    Crítica Rambo III
    Crítica Rambo IV
    Crítica Rambo: Até o Fim

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  • Crítica | Rambo II: A Missão

    Crítica | Rambo II: A Missão

    Pois bem. Em  Rambo Programado Para Matar, o veterano John Rambo era um homem atormentado pelos horrores que viveu no Vietnã que se rebelava contra uma o xerife preconceituoso de uma cidadezinha interiorana dos Estados Unidos. O filme baseado no livro de David Morrell era excelente em vários aspectos, carregava uma crítica à Guerra do Vietnã e ao tratamento dado aos seus ex combatentes. Porém, em uma virada inesperada, Rambo acabou adotado por Ronald Reagan e acabou se tornando um símbolo de seu período como presidente da nação mais bélica do planeta. O ex-boina verde passou a ser um símbolo do conservadorismo dos militantes do Partido Republicano.

    O ano era 1985 e a Guerra Fria estava no fim. A União Soviética estava enfraquecida e os EUA se consolidando como potência mundial. Porém, havia a mancha da derrota da Guerra do Vietnã. É nessa esteira que o Coronel Trautman (vivido por Richard Crenna) tira Rambo da prisão para uma última missão: resgatar soldados americanos ainda feitos prisioneiros pelo exército vietnamita. Supervisionada pelo burocrata Marshall Murdock, a missão é praticamente suicida, mas os traumas de Rambo, a possibilidade de se livrar da pena a que fora condenado depois dos eventos do primeiro filme o fazem aceitar e uma espécie de revanche simbólica (talvez este o maior motivo) contra o Vietnã fazem Rambo aceitar a missão. O que sucede depois disso é uma colagem de cenas de ação inventivas e icônicas, além de algum drama e uma ou outra reviravolta .

    Baseado em uma história de Kevin Jarre, o roteiro do filme foi escrito por James Cameron e Sylvester Stallone. Infelizmente, a diferença é gritante para o primeiro filme. Há uma indigência muito grande no script, reduzindo a complexidade do personagem e o tornando em uma unidimensional máquina de matar. Há uma clara xenofobia no texto, com os não americanos sendo tratados como sádicos, selvagens e inferiores. Fora que a ideia de prisioneiros de guerra sendo mantidos até 10 anos depois do fim do combate sem nenhum proposito maior por trás não faz o menor sentido. Resumindo em poucas palavras, o roteiro é apenas pretexto para mostrar Stallone destruindo tudo em sequências de ação muitíssimo bem orquestradas.

    George Pan Cosmatos, que também dirigiu Stallone Cobra, conduz de forma primorosa algumas sequências de ação, com destaque especial para aquelas em que Rambo usa o arco e flecha e o helicóptero. Porém, a minha preferida é aquela que Rambo se camufla na floresta e vai abatendo o pelotão de soldados um a um das formas mais inventivas possíveis. A cena da lama é maravilhosa. Cosmatos até consegue extrair uma dinâmica interessante entre o ex boina verde e Co Bao, seu contato vietnamita. A moça passa longe de indefesa e salva John em alguns momentos, inclusive trazendo de volta um pouco da sua humanidade esquecida em grande parte do roteiro. São os melhores momentos dramáticos de Stallone no filme, visto que o ator desfila sua canastrice de forma espetacular na tela, enquanto Crenna (coronel Trautman) e Charles Napier (o burocrata Murdock) se dedicam basicamente a discutir e suar abundantemente durante quase todo o filme. Julia Nickson se vira bem enquanto está em cena e o eterno vilão Steven Berkoff faz aquilo sabe melhor: ser um odioso vilão sádico.

    Quando esquecemos o caráter panfletário, Rambo II se mostra como um grande filme de ação e ótimo exemplar do cinema brucutu que tomou de assalto os anos 80. Porém, ao ligarmos o senso crítico e prestarmos atenção na história, a trama do filme acaba se tornando difícil de engolir. Sendo assim, é melhor desligar o senso crítico e apreciar todas as grandes sequências de ação do filme que ainda possui uma grandiosa trilha sonora do mestre Jerry Goldsmith.

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  • 10 Grandes Cenas de Ação na Água

    10 Grandes Cenas de Ação na Água

    James Wan conseguiu um milagre, dentro do hall de deuses da DC Comics: Aquaman, o épico mitológico com Jason Momoa, já faz parte das vinte maiores bilheterias do mundo, em março de 2019. Até então, filmes com grandes e longas cenas subaquáticas exigiam um nível de aprimoramento técnico muito difícil de ser alcançado, transformando o espetáculo cinematográfico em algo falho, e por consequência, não aclamado pelo público – com duas exceções modernas, apenas: Titanic, e a franquia Piratas do Caribe.

    Mas desde o início do Cinema, a imensidão dos setes mares fascina os seus cineastas, e agora, a sétima-arte ganha o aval de se aventurar no oceano com grande excelência técnica, cinquenta anos após se aventurar com realismo inédito no espaço com 2001: Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick. Chegamos antes nas nuvens, para depois descermos aos corais mais abissais, e registrá-los, em mil contextos diferentes. A seguir, dez grandes cenas de ação com o fator aquático dando o tom na situação.

    O Furacão (John Ford, 1937)

    A cena em que o homônimo furacão finalmente ataca uma cidade, a beira-mar, precisa ser reconhecida pelas plateias do século XXI. Sem contar com CGI, e apenas efeitos práticos, a força dos ventos e das ondas, e das imagens que fazem uma vila ser engolida pelo mar, tornam o tsunami visto nesse antigo filme um absurdo inacreditável, merecidamente reconhecido no Oscar, ainda nos primeiros anos do prêmio. A cena dura longos minutos, é gigantesca, e o nosso queixo demora o triplo para voltar ao normal quando tudo acaba. Inesquecível.

    20.000 Léguas Submarinas (Richard Fleischer, 1954)

    Longe do conforto das marés de uma praia virgem, o capitão Nemo e sua tripulação arredia enfrentam um monstro no coração dos oceanos, num grande uso (na época, pioneiro) de efeitos especiais. Evidenciando o carisma dos grandes mitos que surgem dos mares, a luta de meia-dúzia de homens em cima de um submarino contra os tentáculos de um Kraken diverte e nos assombra, dado o rigor técnico da cena. É o homem tentando se sobressair diante das forças da natureza, desconhecidas, vindas de uma fosse oceânica qualquer para nos prender a atenção.

    Ben-Hur (William Wyler, 1959)

    Muitos críticos e espectadores mais saudosos consideram a batalha naval entre exércitos, em alto-mar, uma das maiores cenas de ação já feitas no Cinema, respeitando assim não só os limites técnicos quebrados pelo grande filme na época, mas a própria potência atemporal do embate flamejante. Aqui, o ataque de navios supera, com facilidade, o espanto que foi a mesma batalha em 1925, na primeira versão do colosso americano e religioso, vencedor de 11 Oscars, anos depois, e tornou-se insuperável pela nova versão de 2016 da obra – e que ninguém prestou atenção, é claro.

    Tubarão (Steven Spielberg, 1975)

    Na primeira aparição pública do monstrão de Steven Spielberg, a morte que espreita a distância e cheira o sangue das vítimas, sob a alcunha sonora do mestre John Willians, nasce então parte da essência sugestiva, ousada e grandiloquente do cinema blockbuster que norteia os grandes espetáculos, até hoje – em tempos de monopólio de super-heróis, de robôs gigantes que só fazem guerrear. O tubarão branco irrefreável usa da água como o assassino que usa da faca tal sua ferramenta, e assim, faz deste o elemento intrínseco a sua sobrevivência, predatória por natureza.

    Titanic (James Cameron, 1997)

    O icônico naufrágio do histórico transatlântico dura quase uma hora, com os ratos animais abandonando o bote antes dos ratos humanos, até que a construção faraônica racha como uma laranja, e o que sobra, são bolhas na superfície gelada do mar, antes dos primeiros mortos começarem a subir, e boiar. É o poder de Poseidon e o seu reino fazendo submergir a ganância imperiosa do homem, transformando tudo em nada. Nisso, James Cameron, o cineasta da síndrome de Deus, conseguiu o impossível: filmou a megalomania de um romance em toda as suas formas mais belas e trágicas, e com isso, reinventou em alto-mar o poder dramático de uma cena, no caso, de ação.

    O Resgate do Soldado Ryan (Steven Spielberg, 1998)

    O dia D, considerado por muitos historiadores como o mais importante da Segunda Guerra Mundial, foi o lendário desembarque das tropas aliadas a Normandia, entre soldados americanos, belgas, canadenses e até neozelandeses, contra a Alemanha nazista. No clássico filme de Steven Spielberg, a comemorar vinte anos em 2019, o momento exato da maior invasão por mar da história é retratado, numa verdadeira ode aos efeitos sonoros e visuais que uma cena aquática pode ter. A imersão é impecável, enquanto soldados são abatidos e fogem como podem, enquanto a experiência audiovisual se torna inesquecível.

    O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel (Peter Jackson, 2001)

    Quando Frodo, o puro Hobbit do condado, é ferido, a belíssima elfa Arwen se encarrega de curá-lo, mas é perseguida por espíritos malignos até um riacho, o mais normal que se pode encontrar da Terra-Média. As figuras negras em seus cavalos tentam pegá-la, e ela invoca espíritos do rio que os abatem, em ondas gigantes que fazem engolir o inimigo. Simbólica a própria essência fantástica da mitologia de O Senhor dos Anéis, a cena é de uma beleza descomunal, sendo uma das pequenas grandes cenas de ação da trilogia de Peter Jackson.

    Piratas do Caribe: No Fim do Mundo (Gore Verbinsky, 2007)

    Jack Sparrow, David Jones e toda a sua trupe de piratas e monstros que os seguem em pé de guerra, dentro de um redemoinho incomensurável, no meio do nada, com as duas pontas do horizonte unindo a tempestuosa e megalomaníaca cena, exagerada até o talo. Eis o ápice da divertida e cafona trilogia dos Piratas da Disney, com canhões, espadas e juras de amor regando a fúria e a loucura do grande clímax da aventura, enquanto, é claro, o mundo explode em fogo, água e trovões.

    Blade Runner 2049 (Denis Villeneuve, 2017)

    Temos aqui uma grande cena de luta física, neste mundo frio e distópico de Blade Runner, filmada pelo deus das lentes, Roger Deakins. Tentando defender o já velho e cansado Rick Deckard, o mais famoso caçador de androides ainda vivo, das mãos de sua sequestradora, o forte e jovem androide K luta com outra de sua espécie, a letal agente Luv, num belíssimo jogo de luzes entre as ondas. Se antes as lágrimas se juntavam com a chuva, aqui é o sangue falso de um robô se mistura com a maré. Eles foram programados para não falhar em nada que os humanos fazem, e não é o peso da água que os fará perder, um para o outro. Grande luta.

    Aquaman (James Wan, 2018)

    Quando o herói atlante e sua rainha, a poderosa Mera, se encontram no meio do oceano, perdidos em meio a uma fortíssima tempestade, em um pequeno barco pesqueiro, são atacados por criaturas humanoides em forma de piranha. Mortais e agressivas em seu ataque, o casal tenta escapar delas como pode, usando e abusando de seus poderes, e rendendo uma das mais formosas cenas em alto mar já produzidas. O espetáculo visual impressiona, esnobado do Oscar de efeitos especiais como atestado de loucura da Academia, sendo um momento marcante em uma tela gigantesca de Cinema.

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  • Crítica | Alita: Anjo de Combate

    Crítica | Alita: Anjo de Combate

    Pelos meados dos anos noventa, James Cameron pensou em adaptar A obra Gunnm ou Gun-Mu, de Yukito Kishiro, uma historia sobre uma adolescente encarnada em uma inteligência artificial capaz de matar qualquer pessoa. O tempo passou e entre as duas maiores bilheterias do cinema, Titanic e Avatar e Cameron passou um bom tempo sem dirigir produtos para o cinema, e graças a sua dedicação as continuações de Avatar, a adaptação de Alita: Anjo de Batalha recaiu sobre outro diretor, Robert Rodriguez, que é um cineasta de produtos mais autorais mas que também sabe fazer filmes que rendem bem. Cercado de expectativas, ele possui alto e baixos, mas não erra tanto quanto outras versões americanas de mangás.

    A historia da adolescente guerreira começa com a introdução de Ido, um doutor interpretado por Christoph Waltz que tem por costume consertar ciborgues. O cenário aqui é muito bem explorado, se explica bem como funcionam o sistema de castas dessa sociedade, com a elite vivendo no alto, em uma cidade flutuante, e a ralé vivendo em baixo. Os restos da ciborgue/androide são encontrados no lixão, como restos de Zalem, a tal moradia dos ricos, mas obviamente que ela é mais do que isso.

    A primeira hora do filme consegue dar vazão a toda a mitologia que Kishiro pensou, e embora hajam problemas sérios com as motivações dos personagens periféricos a protagonista, em especial Ido, que faz o mentor clichê que não tem qualquer firmeza como figura paterna (além de ter uma assistente que sempre está presente mas quase não profere palavras), de Hugo (Keen Johnson) que é o interesse romântico da personagem-título cuja vontade de ascender socialmente o faz um personagem confuso moralmente (além de oportunista), a interpretação de Rosa Salazar como Alita é bastante crível e verossímil, e conseguir atuar embaixo de muita maquiagem já é difícil, sendo uma boneca digital então é mais difícil ainda, e tanto visualmente quanto em espírito, Salazar consegue imprimir uma menina carismática, intrigante e que gera muito interesse no espectador não só sobre seu passado, mas também como ocorrerá o seu futuro.

    Há um pequeno problema de ritmo no filme, a segunda metade se dedica demais a construção do possível romance entre Alita e Hugo, e não há qualquer química entre os dois, talvez pela dificuldade de Johnson em lidar com um par digital, além disso, se dá muita vazão a alguns vilões bobos, como os personagens de Mahershala Ali (Vector) e Jennifer Connoly (Chiren), essa ultima, ao menos no final, consegue se redimir de certa forma.

    No entanto, toda a configuração tirada do mangá como a questão dos caçadores de recompensas que lidam com os ciborgues marginais e o esporte Motorball são exemplificadas de modo muito rico, e é nessa parte que se percebem semelhanças visuais com Jogador Nº1 de Steven Spielberg, filme recente que tem coincidências temáticas. De resto, há também referencias a Blade Runner e a continuação mais recente Blade Runner 2049, e a dúvida que pairava sobre Rodriguez conseguir lidar com computação gráfica de orçamento alto foram completamente sanadas, e o resultado é lindíssimo visualmente, muito por mérito da fotografia de Bill Pope, de Mogli: O Menino Lobo e Homem-Aranha.

    As cenas de ação são muito bem coreografadas, e por mais que perca tempo demais com os personagens periféricos e em draminhas fúteis, a construção da personagem de Alita é muito bem feita, ao menos no que tange a personagem não há muitas liberdades poéticas ou suavização de qualquer drama seu. Há uma possibilidade de  continuação em um dos confrontos finais, fator que preocupa, pois além do filme ser caro, em torno de 200 milhões, os vilões são péssimos, em especial o visual de Nova, feito por Edward Norton que está irreconhecível no papel. Mesmo não tendo uma execução tão divertida quanto no mangá, Alita: Anjo de Combate acerta mais do que erra, e talvez seja a adaptação Hollywood mais fiel  ao material original e que consegue imprimir melhor o caráter da arte japonesa, embora obviamente não seja tão complexa em temática e reflexão.

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  • Crítica | Titanic

    Crítica | Titanic

    Em 1997, James Cameron dava um passo adiante em sua carreira como cineasta, comandando um projeto grandioso, enorme como sua figura de estudo. Titanic é uma versão sobre o naufrágio histórico de um navio supostamente intransponível. O começo de seu drama foca nas explorações sub-aquáticas de uma equipe de exploradores, que mergulham no fundo do oceano atrás do navio. Nesse meio tempo, Rose (Gloria Stuart), uma carismática e simpática velhinha surge como uma das figuras responsáveis pelo reconhecimento do naufrágio

    O filme tem cerca de três horas de duração, e é dedicado um  tempo curto a mostrar a expedição de Brock Lovett (Bill Paxton), um caçador de tesouros, que encontra um cofre dentro dos escombros. Ao ir a bordo da embarcação de reconhecimento, Rose começa a contar uma história de seu passado, quando seria interpretada pela musa – no auge de sua beleza – Kate Winslet. Uma moça de alta classe, que estava noiva de Cal Hockley (Billy Zane), um sujeito egoísta e inoportuno.

    Na época, Rose Dawson era uma moça entediada e pressionada a ser a galinha dos ovos de ouro de sua família, já que estavam falidos e seu casamento com Hockley resolveria os problemas financeiros de todos. Se percebe de plano um senso crítico da parte de Cameron quanto ao conservadorismo, o dinheiro a qualquer custo e a mentalidade tacanha por parte de uma parcela da sociedade, não só dos anos 1920, mas de nossos tempos.

    A conexão que a moça passa a ter com o artista pobretão Jack Dawson (Leonardo DiCaprio) é a prova cabal da tentativa dela de fugir do mundo em que vive. A alcunha de pobre garota rica é muitas vezes lembrada dentro do longa, mas o roteiro de Cameron demonstra chances reais dela se desvencilhar desse mundo, já que se mostra bastante diferente de seus pares. Jack aparece com vinte e dois minutos de exibição como um rapaz sonhador e que desbrava o mundo, viajando e vendendo sua arte pelos portos. A partida da Europa em retorno para América não era uma novidade para si, mas o embarque no suntuoso barco é uma chance de estar em lugar de alto estilo, mesmo que esteja na terceira classe.

    Os caminhos dos dois personagens se cruzam após uma tentativa de suicídio, e esse ato também é simbólico. O Titanic parece mexer com a cabeça de todos que estão a bordo, uma vez que as sensações e sonhos se tornam grandiosos. Mesmo os exageros são de certa forma justificados.

    Rose e Jack dão vazão a um amor proibido, e nos momentos de maior tensão e união, ambos tremem. A primeira sequência dessa é a bordo de um carro, no estacionamento do navio quando finalmente fazem sexo, e a outra é ao final, na despedida dos dois. O amor proibido e que tem vida curta segue repleto de emoções, e conversa diretamente com o infortúnio do naufrágio, pois ambas cenas ocorrem ao lado dos momentos chaves para o dito fim do Titanic, sendo a primeira imediatamente anterior ao choque com o iceberg e a segunda posterior ao total afundamento do navio.

    O iceberg só aparece de fato com mais de noventa minutos passados, um pouco menos da metade da obra. A partir daí, a história de amor ainda preenche alguns dos momentos, mas a maior parte do conteúdo dramático se dedica a mostrar a luta dos futuros naufragados na tentativa de subir nos poucos botes disponíveis. A partir daí, uma luta de classes se estabelece, normalmente favorecendo os mais abastados, pondo fim a vida de quase todos os que cercavam Jack.

    As provas de amor que Rose e Jack praticam entre si tem um caráter lúdico e irreal na maior parte das vezes. É como uma fábula dos séculos anteriores, com personagens arquetípicos, com a donzela rica em perigo, o lindo rapaz pobre e o ciumento sujeito abastado. Não se desenvolve muito além disso, fato que faz toda a história soar um pouco repetitiva, mas ainda assim há bastante universalidade na obra.

    Depois de toda a tragédia, nos últimos do navio ainda em pé se mostram alguns momentos de esperança na raça humana, seja a dos músicos, tocando canções religiosas em suas cordas, para tentar suplicar pelas almas dos que perecerão, ou na abnegação do capitão Smith (Bernard Hill) e Thomas Andrew (Victor Garber), criador do transatlântico, que escolhem morrer lá, tendo o oceano como seu túmulo. Depois de dedicar um tempo debochando da burguesia, Cameron faz um juízo sobre os poucos membros da classe que apresentavam algum rastro de humanidade, deixando-os se redimirem.

    Titanic além de ser um resgate à memória afetiva de uma época em que só se podia sonhar com os avanços humanos, é também produto de uma nova fase do cinema, um exemplar magnânimo do poderio que a era digital do cinema poderia fazer. O orçamento gigantesco é completamente justificado diante da perfeita reconstrução de época.

    https://www.youtube.com/watch?v=zCy5WQ9S4c0

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  • Horror no Espaço | Os Bastidores da Saga Alien

    Horror no Espaço | Os Bastidores da Saga Alien

    As ideias iniciais de Ronald Shusset e Dan O’Bannon em relação a Alien: O Oitavo Passageiro eram ligadas a pretensões teatrais, por parte do primeiro, e a de assustar por meio da ficção científica com o segundo, já que Danny não conseguiu fazer rir em Dark Star, de John Carpenter. Após quase passar o projeto inicial a Roger Corman (diretor e produtor de filmes B), tudo mudou, graças a alguns elementos pensados por Alejando Jodorowsky em seu Duna que jamais saiu do papel. Com o tempo, o roteiro passaria por Walter Hill – que o modificaria, a contragosto de O’Bannon, coisa que certamente pesou para que o criador não tenha sido o diretor do produto final, e caberia também a David Giler e Gordon Carroll a função de produtores. Seriam eles que decidiriam por convidar Ridley Scott, que acabava de entregar o sucesso Os Duelistas.

    O paradigma hitchcockiano de não mostrar tudo é a parte do suspense que funciona na direção de Ridley Scott. A ideia do britânico de emular aspectos de Star Wars, retirando o claro caráter fabulesco. Seu filme mira em um O Massacre da Serra Elétrica no espaço. As referências ao pioneiro filme slasher estão todas lá: canibalismo – ainda que seja tecnicamente entre espécies, se considerar que o Alien saiu de um peito humano… – símbolos fálicos, que representam a promiscuidade que predominaria em Halloween e Sexta-Feira 13, e claro, a sobrevivência da mulher virginal.

    Analisando atualmente a carreira de Scott, dá-se muito mérito a ele pela concepção de Alien. De fato, sua contribuição é muitíssimo importante, visto que foi ele que orquestrou todos os elementos juntos, mas há de se destacar que todo o visual deslumbrante não teve qualquer ingerência sua. As artes conceituais de H.R. Giger, reaproveitadas em parte do nunca filmado Duna e a mão firme de Hill, Giler e Carroll ajudaram não só a construir um filme muito potente, como também solidificaram uma saga que, apesar de muitas diferenças entre seus capítulos, teve sempre um enorme mérito em cada um de seus produtos. Portanto, relegar a Scott os méritos de dono da obra é uma falácia tremenda, já que muitos elementos juntos tornaram este um filme único.

    Assim, em 1979 enfim estreava o filme, com um caráter dúbio, críticas as grandes corporações e com um visual sujo, escuro e sombrio. O passo seguinte seria transformar Alien em uma franquia e coube ao diretor de Exterminador do Futuro, James Cameron, com Aliens: O Resgate.

    O novo encarregado mudaria o paradigma, exibindo um espaço azul, belo, menos nebuloso que o “futuro original”. O visual escolhido era de um futuro mais hermético, semelhante ao que seria visto em Segredo do Abismo e Avatar, com o gênero igualmente modificado, como Cameron faria na franquia Terminator, transitando do terror para ação.

    A mudança de caráter foi muito comemorada por Hill e Giler, já que partiu deles o desejo por uma mudança de clima, incluindo aí o cunho mais sensacionalista, no que toca os sonhos dos personagens – fato que ecoaria na parte três da franquia – assim como as mudanças dramáticas no passado de Ripley, como a inserção de sua filha perdida após o salto no tempo de 57 anos. Aos poucos, os produtores se tornaram os reais donos da história, se distanciando mais e mais do planejado por Shusset, O’Bannon e até Ridley Scott.

    No entanto, as mudanças tiveram um bom desenrolar, especialmente na dura crítica ao capitalismo. As garras mortais dos comerciantes das Weyland é intimamente ligada ao sumiço de Ripley, dos tripulantes e do maquinário da Nostromo. Já o  planeta LV- 426 visitado no episódio um, acaba por se tornar uma colônia terrestre, com um total de 70 famílias. Essas pessoas são completamente desconhecidas entre elas fora, obviamente, dos núcleos familiares, o que torna ainda mais curioso a habitação nesse lugar condenado. Convenientemente, nenhum evento estranho ocorreu naquele mundo, até o apogeu da tenente, fazendo dela a especialista, que lideraria um esquadrão de fuzileiros, mesmo ela não tendo qualquer treinamento militar prévio.

    O elemento surpresa na parte 3, do ponto de vista dramático, seria a maternidade latente, de Ripley e da Alien Rainha introduzida no filme de Cameron. A terceira viagem ao universo da saga é dirigida por uma inexperiente David Fincher, que exibe um planeta colônia, que serve de presídio, habitado somente por homens. Mais uma vez Ripley está sozinha, é a única sobrevivente. A tragédia a acomete, percebendo estar isolada, num ambiente hostil, prisional, até religiosamente punitivo.

    A primeira opção para o filme seria o diretor Renny Harlin, de Duro de Matar 2 e A Ilha da Garganta Cortada. A indefinição quanto ao tema principal do filme, desde a chegada de Hicks (Michael Biehn), Newt (Carrie Henn) e Ripley a Terra, como uma família, até a possibilidade de explorar o planeta natal dos Aliens, algo muito caro para a época (e que teria um pouco de seu projeto resgatado em Prometheus, graças ao desejo de David Giler de ter Scott de novo na franquia). Harlin saiu do projeto ao perceber que as coisas andavam para uma continuação em espírito de Aliens, e o que ele queria era não fazer uma cópia nem do primeiro e nem do segundo filme. O roteiro parou na mão de Vincent Ward, que acabara de realizar Navigator: Uma Odisséia no Tempo. Ward percebeu um script cru, com quase nada pronto, mas ainda assim fez alterações no texto, não aceitando a direção por perceber que dentro da equipe haviam “espiões”, que passavam informações aos chefões do estúdio por suas costas. A decisão natural de sair fez de Fincher a nova opção, e partir daí se decidiu que a história se passaria em Fury 161, planeta prisional que antes foi pensado como o lar de uma religião de monges.

    A aridez do local, habitado por piolhos impede a proliferação até de cabelo e faz cada encarcerado parecer um monge como pensado antes, fazendo desses arautos de um apocalipse que não acometeu a Terra, mas que já atacou a humanidade outras duas vezes. O alvorecer da criatura, que usou um bovino como hospedeiro é ainda mais grotesco, com detalhes filmados, em partes específicas da cantina onde o animal seria fatiado. O tosco CGI, pouco utilizado no cinema dos anos 1990 acaba amortizando o impacto de sua aparição, mas não ameniza o terror que dali viria, o terror que habitava o ventre de Ripley.

    Aos poucos, a protagonista se libera, pondo para fora seus pensamentos, explanando sua masculinidade incutida que prevalece mesmo em meio a massa carcerária. Sua paranoia se torna real, o clã de monges em meio a uma terra devastada não consegue demovê-la, nem contê-la, já que sobre si há uma terrível profecia, de proliferação da praga.

    O problema de Alien 3 é que ele não se encontrar nem como filme de terror, nem como filme de ação. É esquizofrênico quanto ao gênero, o que o faz denegrir demais. A confusão de abordagem também acomete Ripley, ao finalmente descobrir ser hospedeira da coisa, na versão rainha do xenomorpho.

    A produção foi muito conturbada, quase todas as ideias que Fincher queria para o filme foram cortadas, até por ele começar a rodar sem um roteiro definido, aprovado por ele. Ele era desacreditado por gente interna, do estúdio e até por pessoas que trabalhavam diretamente consigo, incluindo Walter Hill e David Giler. A demora em concluir o filme só piorava a relação entre as partes. O prejuízo era quase sempre ligado a falta de um roteiro concreto. A tolerância entre diretor e mandatários da Fox chegou perto do zero, com cortes arbitrários de cenas gravadas externamente, que se refletiram claramente no processo criativo do filme, e no fracasso em realizar algo realmente bom.

    Walter e David Giler não queriam uma continuação, mas a revelia até deles o estúdio começou a planejar Alien: A Ressurreição, chamando Joss Whedon – a mente por trás do futuro crossover da Marvel Vingadores (e sua continuação Vingadores a Era De Ultron) – para conduzir um novo texto que seria entregue a Jean Pierre Jeunet, diretor de Ladrão de Sonhos e do futuro O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Decidem então trazer Ripley de volta a vida, através de experimentos de clonagem, trazendo também a Alien Rainha e mais algumas criaturas malvadas, entre elas, uma fusão entre Alien e Humana, sendo esse o real herdeiro da protagonista.

    A ideia inicial do “filho” era que ele tivesse o rosto de Sigourney, e obviamente isso foi descartado, para ter um hibrido terrivelmente mais feio e desnecessário, que é em suma o resumo dos equívocos dessa continuação. O fato é que o distanciamento dos antigos produtores se viu em inúmeras sequências pensadas por Jeunet, sendo este certamente o mais poluído visual e musicalmente falando, com sequência que tencionam o pavor e entregam momentos quase cômicos.

    A tônica de Jean Pierre Jeunet não combinava em nada com o estabelecido pelos outros cineastas, embora cada um tivesse seu estilo, e certamente a falta de liberdade que deram para Fincher ocasionou na produção nova uma reação de aceitação de praticamente qualquer elemento novo, deixando as rédeas frouxas para qualquer invencionice banal ser levada a tela. A preocupação da produção parecia mais a de validar alguns avanços em computação gráfica e uso de arquivos digitais do que em realmente estabelecer uma boa história.

    Segundo o próprio diretor, que optou por não ler as críticas em inglês, o numero de resenhas negativas e positivas foi quase o mesmo, já na França, a recepção foi mais calorosa por parte dos analistas. Por mais que grande parte dos fãs da franquia não tenham gostado do resultado final de Alien 4, é fato que esse é um dos mais referenciais em relação a H.R. Giger, em especial pelas atitudes pseudo sexuais de Ripley, que parece estar mais a vontade com o xenomorpho do que com os humanos.

    Durante muito tempo, a saga ficou adormecida. Entre 1997, ano em foi lançado o quarto capítulo e o próximo filme que tocava a franquia de alguma forma – leia-se Alien vs Predador, de Paul W. S. Anderson – passaram-se sete anos. A criatura hibrida de H.R. Giger continuava aterrorizando seus fãs. Mesmo o confronto contra o Predador já havia ocorrido muito tempo antes, em 1989, em quadrinhos da Dark Horse e até nos videos games, com um jogo para Super Nintendo em 1993. De fato os símbolos criados por O’Bannon e Shusset já estavam marcados no gosto popular, e um pouco depois, Ridley Scott retornaria para tentar lançar uma luz sobre a origem da criatura – de certa forma podendo até negar o ocorrido com os filmes que ele não dirigiu, ja que não há o conceito da Rainha nos novos produtos – com Prometheus, além é claro do recente Alien Convenant, mas sem o mesmo brilho dos produtos anteriores, evidenciando por sua vez a total falta de criatividade de Hollywood, bem como a dificuldade dos mesmos em criar novos ícones. Apesar desses acertos e erros, Alien continua como um dos mais importantes produtos da cultura pop, mesmo que seus maiores inimigos sejam seus próprios realizadores.

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  • TOP 10 – Monstros de Hollywood

    TOP 10 – Monstros de Hollywood

    “Todos os monstros são humanos”, diria a personagem Irmã Jude, na segunda temporada da série American Horror Story (Fox), porém, em época de Halloween, aqui estão as dez bestas, verdadeiras forças gigantes da natureza que nunca conheceram, e desprezam qualquer traço de humanidade.

    10. O Ladrão de Bagdá (Clive Donner, 1940)

    Bagdad

    Um gigante do Oriente na alusão a um dos contos de As Mil e Uma Noites, numa das grandes revoluções no uso dos efeitos especiais no Cinema. Hoje, o fato desses efeitos nos lembrarem os defeitos de Chapolim Colorado só melhora tudo.

    9. O Hobbit – A Desolação de Smaug (Peter Jackson, 2013)

    smaug

    O melhor dragão já mostrado em um filme, uma criatura tão icônica que nem o Peter Jackson dos três O Hobbit conseguiu estragar. “Ai estás, ladrão!” É impossível ficar indiferente a cada palavra dita pela MAIOR das criações de Tolkien, o pai da Terra-Média, devido também à imponente voz do ator Benedict Cumberbatch.

    8. Jurassic Park (Steven Spielberg, 1993)

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    A partir daqui, o limite para a realização cinematográfica era apenas o inconsciente humano, já que a imaginação por trás das câmeras também se libertou com a aparição do T-Rex. A equipe de Spielberg recriou dinossauros 100% reais, e assombrou o mundo em todos os sentidos.

    7. O Enigma de Outro Mundo (John Carpenter, 1982)

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    Em meio ao gelo e o infinito ártico, uma força extraterrestre ataca, brutal e sem razão. Quando os monstros pessoais que vivem nos sobreviventes também vêm a tona, nos damos conta que The Thing é mais que um fruto do mestre Carpenter: É terror e ficção científica num casamento perfeito.

    6. King Kong (Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack, 1933)

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    Kong é uma fera magnânima em eterno conflito com sua bela interior, materializada na mocinha. Nesse contraste de figuras, o modo como o drama do bichão em paralelo com o embate entre dois mundos é escalonado, numa espiral de situações ainda na aurora dos filmes, não poderia ser menos que emocionante, o que de fato não o é.

    5. Aliens: O Resgate (James Cameron, 1986)

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    Uma mãe alienígena predadora AND furiosa, com TPM. Dá pra superar? Difícil. Aliens – O Resgate tem, pelo menos, 100 razões para ser considerado um dos melhores filmes de ação da história, e a primeira é o simples fato de existir, em sua plena projeção. Filmaço.

    4. Tubarão (Steven Spielberg, 1975)

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    A grande arte de sugerir mais do que mostrar. O striptease do mito dos sete mares que elevou o filme a alcunha de clássico instantâneo, no prelúdio técnico da era das possibilidades. Não é só o melhor filme de Spielberg; Tubarão é uma monstruosamente fantástica pérola do suspense. “Vamos precisar de um barco maior…”

    3. A Noite do Demônio (Jacques Tourner, 1957)

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    Medo do escuro, medo do incerto, medo de ser dominado pela religião, medo da morte, e finalmente, medo do demônio. O bicho aqui é real, remete a sua forma mais clássica, e o tormento preto-e-branco de quando é avistado ou invocado, entre galhos e becos, sufoca e nos hipnotiza mais que qualquer garota possuída. Jacques Tourner era o mestre das sombras, e é na refração da escuridão onde é conjurada a essência do terror absoluto.

    2. O Hospedeiro (Joon-Ho Bong, 2006)

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    Precisamos enfrentar nossos monstros, disse Freud. Todo dia, a maioria de nós enfrenta e mata seus leões; seja no trabalho, ambiente acadêmico ou em casa. O ímpeto de reunir a família inteira para resgatar uma garotinha das garras de uma terrível besta, o tal do Hospedeiro, surge como um exercício de modelar uma ação ininterrupta, com momentos e clímaxes de um filme livre, no sentido mais cru da palavra, sem medo de destruir o mundo ou nossos nervos no intuito de ser a obra-prima que é. Um filme de monstro que se leva a sério demais, e, neste caso, ainda bem.

    1. Godzila (Ishirō Honda, 1954)

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    É o filme que Ed Wood sempre quis fazer. Godzila é do tamanho do medo de um povo perante a Segunda Guerra Mundial. Fúria soberana, inconcebível senão por acidentes nucleares, sinônimo de monstruosidade, e não é por menos: o filme de Ishirô Honda, clássico à frente e esculpido pelo tempo, é uma concepção assombrosa, verdadeiro tratado e diamante muito além do tradicional cinema japonês da época, ou de assuntos de entretenimento. Cada cena é uma aula do Cinema mais nobre que se tem notícia, num contexto perspicaz para a mitologia de uma lenda. Um colosso!

  • Crítica | O Exterminador do Futuro: Gênesis

    Crítica | O Exterminador do Futuro: Gênesis

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    Reiniciando a saga, pensada após o abandono de James Cameron a sua obra mais notória, O Exterminador do Futuro: Gênesis se baseia no que deu certo antes, resgatando nostalgicamente o futuro negro onde habitavam John Connor e Kyle Reese, claro, repaginando absolutamente tudo. Os novos intérpretes da dupla são Jason Clarke, como o pretenso salvador do lado humano da guerra, contracenando Jai Courtney, que faz Michael Bien, ainda que não seja tão deslocado quanto o primeiro Reese.

    A narração feita por Courtney serve de alerta para qualquer desavisado: o universo da franquia foi de novo modificado. Um longo tempo é gasto mostrando o modo de operar da resistência, nos anos de escravidão dos humanos. A tomada de poder por parte dos homens é apresentada em detalhes, incrivelmente bem realizados, em termos de cenas de ação, por Alan Taylor, que consegue não reprisar de modo tão tosco os erros de seu Thor: O Mundo Sombrio.

    A problemática do roteiro de Laeta Kalogridis e Patrick Lussier se nota essencialmente quando a trama passa a ocorrer pelos idos de 1984, época do primeiro O Exterminador do Futuro. A ação frenética invade a tela, inclusive fazendo referência ao vilão de O Exterminador do Futuro: O Julgamento Final, mostrando que as linhas temporais estão todas misturadas, fazendo mais uma bagunça com os personagens pensados por Cameron e Gale Anne Hurd.

    A miscelânea de citações inclui desde o terceiro episódio da franquia até os ditos do malfadado seriado The Sarah Connor Chronicles, inclusive com uma cena idêntica a do piloto do seriado, envolvendo uma das muitas viagens temporais do filme, artigo este que se torna banal, de tão comum.

    A apresentação de Arnold Schwarzenegger é interessante, mesmo com a quantidade de clichês que ele profere, repetindo inúmeras vezes a frase de que é apenas “velho, não obsoleto”. Pelo fato de ser um filme de ação, as frases de efeito não são um incômodo, se tornando irrelevantes graças à premissa empolgante, com outras tantas cenas de ação bem orquestradas.

    Há certo subtexto inteligente, além da discussão sobre a necessidade do homem em estar conectado o tempo inteiro – especialmente pela evolução que a Ciberdyne e o método de controle Genesys, um conceito novo na franquia, mas antigo desde os cyberpunks de Gibson. Outro aspecto positivo é a tentativa de multifacetar o Exterminador de Arnold, chamado por Sarah carinhosamente de “Papi”. Mas o entorno não corrobora na mesma qualidade, nem por parte da famosa Emilia Clarke, que exala sensualidade mas carece de talento dramatúrgico.

    O aspecto mais digno de críticas é o fato das viagens no tempo se tornarem comuns, defeito copiado do seriado. Ao final, o reboot se assemelha a um retcon tosco, especialmente na virada que sofre o personagem de Jason Clarke, já tratado como vilão nos trailers, pôsteres e materiais promocionais do filme. Qualquer efeito surpresa e expectativa positiva são encerrados neste ponto. A quantidade exorbitante de coincidências faz inclusive Arnold parecer deslocado em pedaços da trama.

    Apesar do belo grafismo apresentado na fita, há sérios problemas de lógica no argumento final, como o lançamento de T800 com máquinas tão melhores disponíveis, curiosamente reprisando os erros de O Exterminador do Futuro: A Salvação. No final da epopeia, fica o lamento pelas recaídas nos mesmos clichês, além da enfadonha questão de repetir o gancho para novas continuações – previstas até então para se ter mais dois filmes. A direção de Taylor não compromete o produto final, mas também pouco acrescenta, graças a um roteiro atrapalhado. Ao menos, no quesito diversão, a franquia retorna aos bons tempos. Ainda que não seja nada semelhante ao brilhantismo da fase de James Cameron como diretor.

  • Crítica | O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final

    Crítica | O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final

    O Exterminador do Futuro 2 - O Julgamento Final

    Em geral, as sequências de grandes filmes de ação ou ficção tentam ser maiores e mais espetaculares que o original. Normalmente, isso acaba gerando filmes que, se não são completos desastres, em nenhum momento conseguem se aproximar do original. O espetacular O Exterminador do Futuro 2 é uma das exceções à regra. Orçada em estimados 105 milhões de dólares (filme mais caro da história até True Lies, coincidentemente também dirigido por James Cameron e estrelado por Arnold Schwarzenegger), contra o orçamento de 6,5 milhões de Exterminador do Futuro, a fita consegue unir perfeitamente uma boa história, interpretações inspiradas e efeitos especiais que, mesmo após 24 anos de seu lançamento, mantêm-se atuais e críveis.

    Na trama do filme, a Skynet envia o T-1000, um modelo avançado de exterminador ao ano de 1995 para eliminar John Connor, o líder da resistência humana contra as máquinas no ano de 2029, então com 10 anos. Porém, os humanos conseguem enviar um T-800 reprogramado para protegê-lo. Ainda que pareça simples, a trama vai se desdobrando à medida que o T-800, John Connor e Sarah Connor vão tentando desesperadamente fugir do assassino de metal líquido ao mesmo tempo que partem para impedir o “Dia do Julgamento” e reescrever o futuro.

    O diretor James Cameron mostra sua melhor forma, filmando grandes sequências de ação ao mesmo tempo que vai desenvolvendo bem a trama e as relações entre o trio de protagonistas. É interessante perceber como o filme é montado em pequenos arcos, com cada cena de ação sendo bem preparada antes de ocorrer. O ritmo inicial é alucinante e vai em um crescendo até que o diretor pisa bruscamente no freio para depois ir acelerando até o final da película. O trabalho técnico é irrepreensível. Com o orçamento turbinado pela Pepsi, que em troca do dinheiro investido teve uma exposição monstruosa de seus produtos ao longo do filme, a produção contratou a Industrial Light and Magic para cuidar dos efeitos visuais, o que resultou em um trabalho que não envelheceu nada desde 1991. Ainda que faça grande uso dos efeitos gerados por computador, os efeitos práticos não foram abolidos e foram idealizados por Stan Winston e sua empresa. O falecido mago da maquiagem e sua equipe possivelmente entregaram seu melhor trabalho de todos os tempos, trabalho esse que foi devidamente reconhecido com um Oscar, assim como os efeitos visuais.

    Há também uma mudança de tom em relação ao original. Enquanto o primeiro filme é praticamente todo passado à noite e possui uma fotografia bem escura, provavelmente para esconder as limitações referentes ao orçamento e a outras eventuais falhas, O Exterminador do Futuro 2 é um filme bastante “iluminado”, com grandes sequências ocorrendo durante o dia, principalmente no início da fita, e mesmo quando passa para locais fechados, em nenhum momento assume um tom dark. Podemos inclusive associar essa mudança de tom ao fato da diferença de objetivos de cada filme. Se no primeiro o futuro se pronunciava implacável e imutável, só restando a Sarah Connor sobreviver, nesse segundo surge a possibilidade de alterar e reescrever o futuro, aniquilando a existência da Skynet ainda nos primórdios de seu desenvolvimento.

    O roteiro de William Wisher e do próprio Cameron é bem escrito e acaba por estabelecer algumas discussões profundas, como a relação paterna que acaba surgindo entre o T-800 e John Connor. Nesse âmbito, cabe ressaltar as atuações de Arnold Schwarzenegger e Edward Furlong. O primeiro, ciente das suas limitações dramáticas, usa isso a seu favor e acaba entregando uma excelente interpretação para o papel que nasceu para fazer, pois o ator literalmente se torna uma máquina que vai evoluindo aos poucos para se tornar mais humano. Já o segundo consegue cativar a plateia com sua interpretação para um garoto longe de ser prodígio, mas que é muito inteligente e safo. Linda Hamilton cria com competência uma Sarah Connor amargurada e paranoica que passou anos preparando seu filho para se tornar o líder da resistência. Uma mãe superprotetora, mas que acaba se tornando muito mais um general do que uma figura materna, ainda que preserve resquícios de ternura.  Já Robert Patrick, o T-1000, se estabelece como uma presença constante e um perseguidor implacável, ainda que não tenha o carisma de Arnold quando interpretou a máquina assassina do primeiro filme.

    Clássico instantâneo, assim como a primeira parte, O Exterminador do Futuro 2 é um filme que, apesar de ter sido lançado há quase 25 anos, mantém-se atemporal e eletrizante, mesmo que seja visto pela milésima vez.

  • Crítica | O Exterminador do Futuro

    Crítica | O Exterminador do Futuro

    Lançado no longínquo ano de 1984, O Exterminador do Futuro utiliza uma fórmula simples, mas muito bem executada, para fazer transcorrer a narrativa: um assassino está caçando sua vítima. Na trama, Sarah Connor (Linda Hammilton), uma garçonete comum, é duplamente perseguida por um homem (Michael Biehn) e um ciborgue assassino do futuro (Arnold Schwarzenegger).

    A abertura deixa mais ganchos do que respostas sobre o que estamos vendo naquela Los Angeles do futuro. O filme já começa apresentando o vilão, e logo em seguida o herói. Há pouquíssimos espaços vazios entre uma cena ou outra, e sequer vemos passar as quase duas horas de duração com alguma cena monótona.

    O trunfo do roteiro do diretor James Cameron ao aplicar nessa mesma fórmula de assassino à solta e um escopo de viagem no tempo é dar poucas explicações sobre que ocorre no futuro, mostrando migalhas em boas elipses entre algumas cenas. Tudo para exatamente manter o foco de que manter Sarah viva no passado é muito mais importante do que saber o que aquele futuro traz.

    Acompanhamos no início do filme três núcleos de personagens que vão se encontrar futuramente. Existem detalhes narrativos para contextualizar onde cada peça se encaixa no roteiro. A sensação de terror que o Ciborgue poderia nos trazer é em parte arranhada pelo sotaque carregado do Schwarzenegger, mas que compensa muito bem intimidando fisicamente, com a câmera fazendo questão de mostrar que o vilão é infinitamente superior ao herói, como deve ser.  Talvez o elemento que mais tire a tensão a todo o momento é a trilha sonora sintetizada, que parece ter sido feita toda em MIDI.

    Sarah se passa por vítima, como qualquer pessoa comum se sentiria ao ser caçada, mas conforme Kyle vai contando sobre o futuro, e dando seu parecer sobre o que ela representa, existe um crescimento na construção da personagem, que passa a lutar pela própria sobrevivência e a do seu filho prometido, que algum dia irá salvar a humanidade. Linda Hammilton consegue encarnar as duas facetas naturalmente, fazendo de fato parecer que houve ali uma tomada de decisão para a mudança quando tudo parece já estar acabado.

    É realmente intimidadora a forma como o ciborgue, já sem sua carapaça humana, é apresentado. O alto número de cenas de ação também serve para justificar a degradação do seu corpo, para finalmente, na cena final, ressurgir das chamas para matar. E, a despeito de o vermos muito pouco, é o suficiente pelo filme inteiro.

    Apesar de já ter visto mais de uma vez o segundo filme da franquia, nunca havia assistido o primeiro. Tal qual um Exterminador, voltei no tempo hoje e vi pela primeira vez o início de uma das franquias mais populares de ficção científica que pouco envelheceu em qualidade, e ainda nos traz um belo registro visual do que eram as roupas e penteados nos EUA dos anos 1980, que certamente deixam saudade.

    Texto de autoria de Halan Everson.

  • Entrevista | Arnold Schwarzenegger

    Entrevista | Arnold Schwarzenegger

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    O astro de cinema Arnold Schwarzenegger participou de uma entrevista coletiva no Rio de Janeiro, no Copacabana Palace, para divulgação de seu novo filme O Exterminador do Futuro: Gênesis. Diante das perguntas dos jornalistas, periodistas e críticos de cinema brasileiro, esbanjando simpatia e verborragia, o ex-governador da Califórnia falou sobre política, sucessão de atores de filmes de ação e suas continuações, e discutiu a musculação na meia-idade como forma de se manter ativo.

    Como foi trabalhar com uma nova Sarah Connor, vivida por Emilia Clarke?

    Emilia Clarke faz os homens babarem, não só por sua beleza estonteante, mas também por seu talento. O sucesso em Game of Thrones a credenciou para participar da franquia, mas seus esforços foram muito além da simples fama. A sua predileção em meio ao treinamento físico revelava um esmero enorme, especialmente nas cenas com pesos e armas, onde sua evolução era vista gradativamente, apesar das dificuldades. Acho-a uma excelente escolha para o papel, respeito-a enquanto artista.

    Como é agir como herói de ação com 67 anos?

    Bom, como disse anteriormente, não me sinto obsoleto. Meu personagem é especial, e o roteiro me apoia nisto. A máquina só envelhece na casca, feita de tecido que emula a humanidade. Por ser uma máquina de matar perfeita, é preciso que eu faça ginástica todos os dias. Tive de engordar cinco quilos para igualar ao meu peso de 1984. Mas a maior novidade é a missão invertida daquela vista no primeiro filme de James Cameron, onde deixo de ajudar as máquinas para juntar as forças com a humanidade.

    No processo de espera, o que faz o Exterminador?

    O papel de T-800 é mais sutil: se infiltra, age como humano e tenta aprender a sorrir, como ocorreu no O Exterminador do Futuro 2. A gargalhada se assemelha a de um cavalo de tão caricata, mas vai evoluindo com o tempo. O Exterminador passa a se compadecer dos humanos, evoluindo com eles, e grande parte desse estimulo vem da música de Hans Zimmer.

    Como é reencontrar o personagem?

    Não foi difícil,  é como andar de esqui após o verão acabar, você não esquece. Eu também não esqueço como fazer o personagem que me fez famoso. O mais difícil era gravar cenas de disparos, um trabalho árduo, já que eu não poderia piscar, porque uma máquina não piscaria,  e sequer se assustaria com o barulho.

    Como trata a tecnologia na sua vida pessoal?

    Em primeiro lugar, em 84 não se imaginava fora da fantasia uma disputa entre homem e máquina. E hoje, finalmente, isso ocorre e levamos a pior. Não consigo ganhar uma partida de xadrez do meu iPad. A realidade das máquinas convivendo com a humanidade é presente e mais próxima do que se viu nos roteiros de Cameron, um visionário.

    Depois de voltar com Conan e com a continuação de Irmãos Gêmeos, levando em conta a falta de tempo, você pretende voltar à política?

    É uma honra voltar [o astro diz sua famosa frase “I’ll be back”, arrancando gargalhadas da plateia]. Conan foi um filme expositivo, fico lisonjeado por poder retornar à franquia. Estou verdadeiramente agradecido com a enorme confiança em mim. Trigêmeos (anunciada continuação de Irmãos Gêmeos) será engraçadíssimo, até por causa da mistura. Pelo grande número de projetos me dedico ao trabalho de ator, inclusive em matéria de manter a forma.  Já ouvi muitos nãos desde os tempos de fisiculturismo na Áustria, até mesmo pela falta de tradição do país. Me deixaram com medo, mas superei. Diziam que eu jamais seria o ator principal e tentavam me alertar dizendo “olha o seu sotaque, olha o tamanho do seu nome”. Não levei isso em conta, usei isso pra me fortalecer. É importante não dar atenção às negativas. Se o homem tem um sonho, ele deve persegui-lo.

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    Ao final, o ator declarou amar o Rio de Janeiro, revelando que fez questão de passar pela cidade para falar sobre seu novo projeto, já que é íntimo da cidade carioca desde os anos 1970. Descontraído e desenvolto, Schwarzenegger fez revelações interessantes, como os bastidores das gravações de O Exterminador do Futuro original:

    “Tá vendo aquele carro, com explosivos? Vou te filmar – dizia James Cameron a ele – no momento que você bater, vai explodir, dai você liga o carro. No meio do tráfego de Hollywood Boulevard. Eu ia, começava a andar como Terminator e todos me olhavam esquisito. Eu entrei no carro para dirigi-lo. Não tinha licença nem para filmar nas ruas que usávamos de locações. Eram outros tempos.”

    Arnold ainda fala sobre a política do Brasil: diz que se fosse governador no país iria buscar conciliação, o melhor para o bem estar geral. Não se dedicar ao partido, mas sim, ao povo, já que enquanto executivo eleito dizia ser odiado por conquistar o amor do povo californiano. Após elogiar a organização da Copa do Mundo e afirmar que acredita estar vindo outro espetáculo nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, Schwarzenegger declarou novamente seu apreço pelo país, a despeito de uma polêmica sobre turismo sexual no Brasil alguns anos atrás. É visível o amadurecimento do Terminator após uma extensa carreira de ator, ex-fisiculturista e ex-político.

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  • Crítica | Aliens: O Resgate

    Crítica | Aliens: O Resgate

    Em 1979, fomos apresentados a uma das mais incríveis e aterrorizantes histórias de ficção científica da história do cinema. O diretor Ridley Scott e o roteirista Dan O’Bannon criaram Alien: O 8º Passageiro, uma obra-prima de atmosfera sufocante, aterrorizante e que possui uma incrível sensação de urgência, além de possuir ótimas analogias e mensagens embutidas. Não à toa, este Aliens: O Resgate demorou bastante tempo para ser produzido.

    O filme passa-se 57 anos depois do evento do original, com a Tenente Ellen Ripley (Sigourney Weaver) sendo resgatada e trazida de volta ao planeta Terra após passar todo esse tempo em animação suspensa. Após passar por intenso escrutínio, a protagonista é completamente ignorada pelos executivos da corporação Weyland-Yutani, que alegam não existirem provas conclusivas da existência do alien. Ela é informada ainda que o asteroide LV-426 está sendo colonizado. Logo após esses eventos, uma família encontra a espaçonave que a tripulação da Nostromo encontrou no primeiro filme, e o patriarca acaba infectado. Posteriormente, a comunicação com a colônia é cortada e uma missão militar é designada para descobrir o que ocorreu no local. Ripley então se junta a eles agindo como consultora.

    Há uma clara mudança de tom em relação ao primeiro. Ainda que a obra possua uma grande carga de suspense, o diretor James Cameron focaliza muito mais a ação, mesmo que boa parte do filme se passe dentro dos corredores da estação espacial que fora montada no asteroide. O diretor, um dos grandes nomes do cinema de ação e ficção científica dos últimos tempos, constrói toda uma atmosfera de tensão, para depois emendar uma série de sequências eletrizantes, especialmente no terço final, nas cenas que a tenente parte para resgatar a pequena Newt, e no seu embate final com a alien-rainha. Ao contrário das atuais películas de ação da atualidade, em que o desenvolvimento dos personagens é tacanho e apenas um pretexto para sequências de ação serem jogadas a todo momento na tela, em Aliens há sempre um momento para as relações interpessoais dos personagens. Nada muito aprofundado, mas suficientemente crível para que todas as motivações sejam bem expostas na tela e bem compreendidas pelo espectador.

    O roteiro idealizado por James Cameron, David Giler e Walter Hill é bem amarrado e faz melhor sentido nessa edição especial. Somos apresentados a uma cena deletada que trata sobre a filha da personagem de Weaver e que morreu idosa sem reencontrar a mãe, a qual estava perdida no espaço. Essa cena nos faz ter uma compreensão e aceitação melhor do sentimento materno que a militar rapidamente desenvolve por Newt ao encontrá-la na colônia espacial. A questão maternidade também acaba sendo bem exposta no roteiro, pois após Ripley destruir todos os ovos que continham os facehuggers (aquela espécie que abraça o rosto das pessoas e as “engravida” com o xenomorfo), a alien-rainha inicia uma espécie de vingança contra Newt, pois, em grande parte da batalha final, a criatura volta suas forças para matar a criança. Fica uma impressão de que ela deseja destruir a “cria de Ripley” visto que todas as suas foram dizimadas pela tenente.

    As atuações do filme são espetaculares. Weaver retorna muito bem ao papel que a lançou ao estrelato e domina todas as atenções para si. A atriz aqui se consagra como uma das personagens femininas mais fortes da história do cinema, e a indicação da intérprete ao Oscar de melhor atriz foi totalmente justificada. Lance Henriksen, o androide Bishop, também se destaca em tela, sem cair em nenhum momento na caricatura e sem repetir nenhum trejeito de Ian Holm, intérprete do robô do primeiro filme. Michael Biehn também está bem competente em cena. O restante dos atores, apesar dos personagens serem um pouco estereotipados, não compromete a obra e acaba se saindo bem nas cenas mais tensas.

    Toda a cenografia e o design de objetos foram inspirados por Syd Mead, designer de Blade Runner, e merecem ser elogiados. Mesmo que em 1986 ainda existisse uma predominância dos efeitos especiais práticos, tudo é meticulosamente construído e contribui para a imersão do espectador no ambiente muito bem explorado pelo ótimo trabalho de fotografia idealizado por Adrian Biddle. A trilha sonora composta por James Horner é eletrizante e até hoje é utilizada em trailers de outros filmes.

    Enfim, resumindo em um clichê, Aliens: O Resgate é uma montanha-russa. Uma experiência completamente diferente daquela proposta pelo seu antecessor, mas espetacular no mesmo nível. Uma obra-prima da ficção científica que merece estar sempre sendo revista e apreciada.

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  • Crítica | Lado a Lado

    Crítica | Lado a Lado

    O cinema é, de todas as artes, aquela que mais depende da tecnologia para ser produzida. Segundo Walter Benjamin, essa condição torna o cinema uma obra de arte única, fruto do avanço tecnológico e industrial do século XX. Ainda mais singular que a fotografia, o cinema irá gerar debates imensos e comparações sobre o “valor” de sua arte (pode ser um pintor comparado a um operador de câmera?). Portanto, o documentário Lado a Lado, dirigido por Christopher Kenneally e protagonizado por Keanu Reeves, atualiza um pouco o debate nesse sentido, ao confrontar várias personalidades da indústria cinematográfica (como George Lucas, Martin Scorsese, James Cameron, Lars von Trier, Andy e Lana Wachowski, David Fincher, Joel Schumacher, Robert RodriguezSteven Soderbergh, David Lynch etc) com a questão da substituição da película pelo filme digital.

    Com uma proposta didática de ensinar ao espectador o básico da diferença entre os formatos, o documentário assume uma postura um pouco cansativa a quem não é muito interessado no aspecto técnico do cinema. Porém, ao público alvo, possui um formato muito interessante e de fácil compreensão. Dividido em várias partes com subtemas que vão e voltam (tanto na parte criativa, quanto técnica), e entrevistando um grande número de pessoas com frases curtas e cortes muito rápidos, às vezes um pouco da informação é perdida. Mas nada que afete a compreensão geral da obra.

    O filme começa com um debate sobre a facilidade do processo de filmagem digital atualmente, onde tudo pode ser visto enquanto é filmado, enquanto no uso da película é necessário, após o término da filmagem, levá-la a um laboratório onde será revelada e o diretor só poderá ver o que foi filmado no outro dia. São colocados argumentos muito bons dos dois lados do debate, tanto no lado criativo quanto técnico.

    Após essa breve explanação, somos levados a um histórico das câmeras digitais, desde o surgimento do primeiro chip de captação digital de imagem, criado pela Sony nos anos 60, até sua popularização nos anos 90 e seus primeiros usos como ferramenta na produção cinematográfica com o movimento Dogma 95, que depois influenciou outros cineastas, como o inglês Danny Boyle a usar o digital na filmagem do seu longa de zumbis Extermínio em 2003.

    Porém, ainda nessa época a qualidade de resolução do digital era muito pequena em relação à película, e chegava no máximo ao HD (1280 x 720), enquanto a película em 35mm poderia chegar a 4096 x 3072. Mas tudo isso mudou com a chegada de novas câmeras no mercado no final dos anos 2000, onde a resolução começou a dar saltos exponenciais e o argumento a favor da película começou a ficar mais fraco.

    Outra vantagem citada do digital era não precisar mais das pausas para trocar os rolos de filmes nas câmeras, que duravam aproximadamente 10 minutos, e eram muito caros. Então havia uma pressão para o ator enquanto ouvisse o barulho do filme rodando, enquanto no digital não há pausa e nem cortes. Depois tudo é editado digitalmente (o processo de edição também é brevemente citado). Após a filmagem, o filme ainda tinha de ser entregue ao laboratório, revelado, preparado, encaixotado e transportado para depois ser visto, e dependendo da quantidade de vezes que era exibido, poderia se deteriorar. Já no digital, nada disso acontece, e a equipe tem todo o fruto do trabalho nas mãos imediatamente.

    Portanto, o filme se foca muito na questão do custo de produção, que cai absurdamente com o digital, o que tem feito muitos estúdios optarem principalmente por este formato. Tudo isso também graças ao pioneirismo de George Lucas que, vendo o potencial do digital, forçou seu uso ao experimentar esse tipo de projeção com seu Episódio I em 1999 e ao filmar, pela primeira vez na história, um longa 100% em digital, com o Episódio II. Porém, Christopher Nolan assume a defesa incondicional da película pela sua qualidade em captar as nuances de cores e as profundidades (já que utilizou esse formato para filmar a trilogia nova do Batman), mas sem menosprezar o digital, que já dá sinais de ser um verdadeiro tsunami tecnológico dentro da indústria.

    Outro ponto interessante debatido em relação ao digital é a massificação não só da produção, como também do consumo, e como o digital afeta essa relação, pois gerações mais novas estão habituadas a assistirem filmes em celulares e laptops em suas casas, e não mais somente no cinema, o que pode ser considerado vantagem por alguns e desvantagem para outros, em um tópico bem interessante, que se relaciona também com a quantidade crescente de obras sendo produzidas. É melhor mais com menos qualidade ou menos com mais qualidade? Um afeta diretamente o outro? São proporcionais? Inversamente proporcionais? Hoje em dia praticamente qualquer pessoa pode fazer um filme em casa com um orçamento baixíssimo devido ao digital. Mas isso significa algo em termos de qualidade? É o debate proposto, cabendo ao espectador a resposta.

    No final, há a especulação de a película se tornar obsoleta ou morrer de vez enquanto formato (já que nenhuma fábrica de câmera está produzindo mais modelos novos para película). Mas, um dos dados mais interessantes apresentados pelo documentário é em relação justamente a preservação. A indústria do digital muda muito, e a cada década novos meios de reprodução e mídias de armazenamento são inventados, inutilizando seu predecessor, enquanto a película se mantém viva, sendo ao mesmo tempo a mídia de reprodução e de armazenamento com grande qualidade. Esse fato gera uma situação irônica, pois os grandes defensores do formato digital dizem ter várias cópias de filmes em mídias digitais, mas que não conseguem reproduzi-las simplesmente por não existirem mais os aparelhos que o façam.

    Sem tomar um lado ou propor uma solução, o documentário termina mostrando que, apesar da briga, o digital veio para ficar e é somente uma ferramenta a mais, que depende muito da forma como é usada. Portanto, é um filme indispensável a qualquer um que se interesse por cinema de forma mais profunda.

    Texto de autoria de Fábio Z. Candioto.

  • Crítica | Prometheus

    Crítica | Prometheus

    Prometheus

    Tudo começou quando Ridley Scott e James Cameron, no início dos anos 2000, resolveram fazer uma quinta produção da franquia Alien. A ideia até então seria um prequel para a famosa franquia que teve seu primeiro filme lançado em 1979 (Alien – O Oitavo Passageiro). Quando do desenvolvimento de Alien Vs. Predador, em 2003, o projeto havia sido colocado na geladeira e apenas retomado em 2009, quando o diretor resolveu dar continuidade a ele. Finalmente em 2012 temos contato com Prometheus, um filme que foi bastante esperado pelos fãs do gênero ficção científica.

    Em 2089, os arqueólogos Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) e Charlie Holloway (Logan Marshall-Green) descobrem um mapa estelar através de vestígios de antigas civilizações desconexas umas das outras. Eles acreditam que o mapa estelar os levaria para o planeta em que residem os chamados “Engenheiros”, seres responsáveis pela criação da raça humana. Com o apoio de Peter Weyland (Guy Pearce), o CEO da Weyland Corporation, a expedição científica é patrocinada e enviada em direção à lua LV-223.

    A fome insaciável do ser humano por conhecimento e os questionamentos sobre nossa existência é o ponto de partida que o filme nos traz. Prometeu, na mitologia grega, foi um Titã que defendeu a humanidade, roubando o fogo dos deuses e entregando-os aos mortais. Em sanção a esse feito, Zeus o acorrentou a uma pedra, onde teria seu fígado comido por uma águia todos os dias por toda a eternidade. Temos aqui a figura do ser humano colocando as mãos em um conhecimento divino, que não deveria ter chegado nem perto (segundo a vontade dos referidos deuses). No filme, temos a presença de uma expedição que quer se encontrar com seus criadores para que eles nos respondam sobre as questões mais elementares da nossa existência.

    O filme de Ridley Scott é claramente inspirada nas obras Eram os Deuses Astronautas (Erich von Däniken) e Nas Montanhas da Loucura (H.P. Lovecraft). Enquanto no primeiro, o autor teoriza sobre a possibilidade de que seres do espaço visitavam a Terra na época das antigas civilizações e eram considerados deuses por estas, no segundo temos uma a influência do terror que provém do desconhecido.  Ambas as influências misturadas formam uma ideia que gera muitas possibilidades, porém no roteiro de Prometheus, infelizmente, acabam se perdendo a partir de pouco antes da metade do filme. Tentou-se criar um clima de tensão o qual foi sendo desconstruído por uma série de situações não convincentes e que, algumas vezes, beiravam o cômico.

    Criador e criatura. A necessidade de se perguntar do por quê de sua existência e tentar enfrentar o “pai”, que o abandonou. Em um momento do filme é facilmente visível o rosto de um Engenheiro que evidencia seu desconforto, sem precisar expressar em palavras, ao perceber que humanos haviam chegado até ali e isso não era certo. O mesmo Engenheiro menospreza o andróide, percebendo que sua criação também queria ser criadora de uma forma de vida. Tal como Zeus, os Engenheiros também queriam penalizar os humanos por suas transgressões.

    Existencialismo, espiritualismo e criacionismo são apenas alguns dos muitos temas que são levantados pelo filme ao longo de toda sua extensão. Porém, essas discussões que poderiam ter sido exploradas de uma maneira mais profunda, dando um peso excepcional para a narrativa, acabam apenas sendo arranhadas sob a ponta de um iceberg. Por outro lado, tal fato também é responsável pela abertura de dezenas de discussões entre os espectadores. John Spaihts e Damon Lindelof, roteiristas do filme, nos entregam apenas um ponto de partida para um universo sombrio onde algo de errado aconteceu e nossos criadores mudaram de ideia quanto a seus “filhos”.

    O ponto em que Prometheus mais peca acaba sendo no desenvolvimento dos seus personagens. Ao contrário do que foi feito em “Alien – O Oitavo Passageiro” – e é o único ponto em que é justo comparar com a franquia, pois ambos os filmes são completamente desconexos um do outro e possuem propostas completamente diferentes, apesar de fazerem parte do mesmo universo – em que os personagens da tripulação da Nostromo eram carismáticos e conseguiam fazer com que o espectador simpatizasse com eles, em Prometheus tal relação resta mal sucedida. Toda a tripulação da nave, com a exceção do capitão Janek (Idris Elba, que infelizmente possui poucos momentos na trama) e o androide David, (interpretado por Michael Fassbender) não conseguem criar empatia com o espectador. Infelizmente o excelente elenco, contando com a forte presença de Charlize Theron por exemplo, é sub-aproveitado por um roteiro raso e com personagens mal explorados.

    David é de longe o maior destaque do filme, evidenciando cada vez mais a excelência na atuação de Fassbender, que tem feito uma excelente carreira nos cinemas. Nesse filme, nos proporciona uma atuação a níveis robóticos. Seu destaque se dá também ao inserir em diversos momentos do filme a discussão sobre a consciência robótica. Assim como temos os seres humanos contrapondo às figuras dos “Engenheiros”, temos os androides contrapondo aos seres humanos, pois foram criados por estes. Em cenas diversas, o espectador se questiona até que ponto o robô estava obedecendo às ordens de seus chefes e até que ponto ele conseguia manipular as pessoas a sua volta com o intuito de atingir suas próprias vontades.

    A qualidade gráfica de “Prometheus” é excepcional. A filmagem inteiramente em 3D mesclada com os efeitos especiais bem desenvolvidos deram como resultado imagens que impressionam, resultado este atingido anteriormente em filmes como Avatar (de James Cameron) e A Invenção de Hugo Cabret (de Martin Scorsese). Com certeza um dos grandes pontos altos por apresentar as capacidades impressionantes da tecnologia 3D, ao contrário dos péssimos exemplos que encontramos nos cinemas, os quais infelizmente ainda são maioria do catálogo.

    Enfim, por mais que tenha tido uma série de problemas de narrativa que acabaram incomodando muitas pessoas uma certeza que temos é que o filme conseguiu criar questionamentos e teorizações frente a uma comunidade de fãs de ficção científica e, principalmente, para os fãs da franquia Alien. Várias e várias especulações são feitas diariamente em fóruns e artigos sobre as relações com o universo de Alien e, inclusive, sobre toda a simbologia que o filme carrega. No fim das contas, Ridley Scott conseguiu o sucesso e isso é um mérito para o filme.

    “Prometheus” deve ser assistido sem a pretensão de ser uma revolução nos filmes de ficção cietífica. Para as pessoas que gostam de “nitpicking” (ou ficar “procurando pêlo em ovo”, em outras palavras),  é perfeito.  Com certeza vão se divertir muito olhando as mil referências aos antigos concept arts de H.R. Giger, ao propósito de criação do clássico Alien que conhecemos, de quem são os misteriosos Space Jockeys, citações bíblicas (O nome da Lua do filme é LV-223, depois deem uma olhada em Levítico 22:3 para entenderem do que estou falando) e, inclusive, referências a Jesus Cristo que possivelmente foi um “Engenheiro”. Enfim, Prometheus é o suficiente para valer a pena o ingresso do cinema e uma diversão despretensiosa.

    Texto de autoria de Pedro Lobato.

    – Texto de autoria de Pedro Lobato.