Resenha | Astronauta: Magnetar (1)
Quando, após vinte anos na Editora Globo, o Estúdio Maurício de Sousa migrou para a Panini Comics em 2007, a parceria com a nova editora ampliou o resgate da Turma da Mônica em reedições do início de cada personagem, bem como a publicação de edições especiais e de encadernados com as tiras de jornal. Dois anos após a estreia na casa nova, as celebrações para a carreira cinquentenária de Maurício de Sousa foi o ponto de partida para três edições comemorativas (MSP 50, MSP +50 e MSP Novos 50) reunindo diversos artistas brasileiros compondo histórias em homenagem a Turma da Mônica.
O selo Graphic MSP surgiu a partir da boa recepção dessas três coletâneas e possibilitou uma abordagem inédita na obra de Maurício de Sousa: a reinterpretação de seus personagens por outros autores em uma história fechada. Escolhido como o primeiro projeto desta nova linha editorial, o personagem Astronauta foi revisto por Danilo Beyruth e Cris Peter.
Lançado em setembro de 2012, Astronauta – Magnetar causou um forte impacto desde o início. Um novo formato apresentando as clássicas personagens conhecidas pelo público, dessa vez, em uma vertente diferente, mais adulta pelo que sugeririam as divulgações da época. No prefácio que abre a edição, Sousa afirma que criou o Astronauta como forma de competir com outros personagens da época voltados para a ficção científica. Claro que o fez em seu estilo, um garoto carismático que fazia parte de uma organização brasileira dedicada aos astronautas, a BRASA. O conceito infantil, tônica de sua obra desde a criação é deixado de lado nessa história que se aprofunda em bases da ficção científica para gerar contraponto entre o Astronauta, um homem solitário em missões perigosas contra a vastidão do universo, imenso e silencioso.
Na trama, o personagem realiza uma missão para estudar um magnetar, uma estrela de nêutrons com um forte campo magnético, quando comete um erro que pode lhe custar a vida. Como muitas obras de ficção científica, é o cerne humano que está em discussão, contrapondo a solidão de um náufrago sendo obrigado a lidar com as adversidades do espaço e a angústia interna, lutando pela sobrevivência.
A simplicidade do roteiro de Beyruth é o destaque da trama, focada com precisão no drama, sem excessos, mas suficiente forte para demonstrar como o projeto das graphic novels produzia uma nova linha narrativa da obra de Maurício. Seu astronauta é um adulto quase amargo, resgatando do passado bonitas lições nostálgicas, como as conversas com o avô, e memórias duras como o amor perdido.
As composições dos quadros em cada página apresentam a dimensão do espaço contrastando-a com a solidão da personagem e, brevemente, retomando a sua infância, conectando-o com as origens fundamentadas por Maurício na versão clássica. Em um roteiro tradicional que cumpre seu objeto de trazer uma nova ótica após 50 anos de uma mesma versão do personagem. Ainda que pareça cedo afirmar, o selo MSP Graphic Novel é um dos marcos contemporâneos dos quadrinhos brasileiros, sem dúvida.
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